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Brasil Abaixo de Zero

Monitoramento e Previsão Climática (ENSO/SST/AAO/PDO) 2024


LucianoD
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Em 10/06/2024 em 18:21, LucianoD disse:

Regiões niño, monitoramento semanal NOAA (variação em relação a semana anterior) [SST °C]

 

Niño 4: 0,8 ºC (+0,1) [29,6]

Niño 3.4: 0,1 ºC (0,0) [27,9]

Niño 3: -0,3 ºC (0,0) [26,5]

Niño 1+2: -0,5 ºC (+0,6) [23,1]

 

 

 CFS ERRANDO FEIO DEMAIS NA PROJEÇÃO DA LA NINA ATÉ AQUI

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Não esqueçam que essa rapidez que esperamos para a La Niña se configurar é justamente por conta das divagações do CFS! Tanto a Niña quanto o Niño só alcançam seu máximo no final do ano, então ainda tem chão para que a La Niña mostre se será intensa ou apenas uma "brisa fresca" 🤣

 

Até o momento, se compararmos o trimestre fechado Março-Abril-Maio de 2024 com 2010 o evento atual está 0.3 acima segundo o NOAA (lembrando que o El Niño 2009-2010 foi mais fraco que o atual também).

 

 

Year

DJF

JFM

FMA

MAM

AMJ

MJJ

JJA

JAS

ASO

SON

OND

NDJ

2010 1.5 1.2 0.8 0.4 -0.2 -0.7 -1.0 -1.3 -1.6 -1.6 -1.6 -1.6

 

                       
2024 1.8 1.5 1.1 0.7

 

Até lá o desenvolvimento dela está dentro do que já foi observado em eventos similares (ex: 2010). A propósito, naquela ocasião a La Niña foi considerada moderada a forte...

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Em 10/06/2024 em 20:12, Rodolfo Alves disse:

 

 

 CFS ERRANDO FEIO DEMAIS NA PROJEÇÃO DA LA NINA ATÉ AQUI

 

O problema foi confiar demais sem considerar a "spring preditability barrier" ou a barreira da previsibilidade. 

 

Esse ano ela mostrou todas as garras, pregando uma grande peça em quem confiou demais no CFS durante esse período. Até eu caí, considerando alguns análogos que não mais estão no cardápio, como o glorioso 1988.

 

Agora com esse comportamento atualizado o Phillip Klotzbach lançou os análogos para a temporada de furações considerando o estágio e previsão para ambos, o pacífico equatorial e o atlântico tropical: 1878, 1926, 1998, 2005, 2010 e 2020.

 

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Em 12/06/2024 em 13:38, Caio César disse:

 

O problema foi confiar demais sem considerar a "spring preditability barrier" ou a barreira da previsibilidade. 

 

Esse ano ela mostrou todas as garras, pregando uma grande peça em quem confiou demais no CFS durante esse período. Até eu caí, considerando alguns análogos que não mais estão no cardápio, como o glorioso 1988.

 

Agora com esse comportamento atualizado o Phillip Klotzbach lançou os análogos para a temporada de furações considerando o estágio e previsão para ambos, o pacífico equatorial e o atlântico tropical: 1878, 1926, 1998, 2005, 2010 e 2020.

 

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Se essa analogia valer pra gente também, é péssimo. Só 2010 teve um inverno razoável. 98, 2005 e 2020 são exemplos de invernos esqueciveis.

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@Daniel Lisboa considerando os análogos lançados pelo Klotzbach eu fiz algumas plotagens que me pareceram coerentes. E de fato, não são muito animadoras.

 

Excetuando 2020 que não foi possível incluir na plotagem por limitação da ferramenta, os anos selecionados guardam alguma semelhança com o que estamos observando no trimestre AMJ:

 

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Fortes e amplas anomalias positivas no Brasil central, denotando a massa seca bastante presente e influente nesse período, Argentina congelando ( nos análogos juntamente com o Paraguai - o que difere neste período), mas o mapa carece de maior resolução. O contexto guarda algumas semelhanças.

 

Já para o próximo trimestre é possível observar uma ligeira diminuição nas anomalias, tanto no Brasil central como na Argentina, mas há a manutenção do padrão, com o campo positivo invadindo o sudeste, especialmente SP e MG. O que não alteraria o cenário atualmente observado.

 

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Olhando isoladamente os meses a frente temos o seguinte comportamento dos análogos.

 

Julho:

 

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Agosto:

 

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Setembrão da Massa:

 

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Para o corrente mês de junho os análogos lhe lembram algo?

 

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E essa teria sido a correspondência média para maio.

 

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De maneira geral é perceptível que os análogos de junho e maio estão captando um contexto semelhante ao padrão atual, sendo maio destoando pois aquela mancha negativa esse ano foi muito mais ao sul.

 

A considerar os análogos, portanto, para o futuro trimestre podemos esperar provavelmente a manutenção do padrão atual, infelizmente.

 

Possivelmente um julho com algo mais próximo do normal. Um agosto mais frio no sertão nordestino, o que denota a presença mais influente do ASAS, e um Setembrão da Massa pra estourar o mercúrio.

 

Vamos acompanhando...

 

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Em 12/06/2024 em 14:19, Caio César disse:

@Daniel Lisboa considerando os análogos lançados pelo Klotzbach eu fiz algumas plotagens que me pareceram coerentes. E de fato, não são muito animadoras.

 

Excetuando 2020 que não foi possível incluir na plotagem por limitação da ferramenta, os anos selecionados guardam alguma semelhança com o que estamos observando no trimestre AMJ:

 

MMRnwsh6wg.png.be33c32688b4f105031b1f7c0c28817a.png

 

Fortes e amplas anomalias positivas no Brasil central, denotando a massa seca bastante presente e influente nesse período, Argentina congelando ( nos análogos juntamente com o Paraguai - o que difere neste período), mas o mapa carece de maior resolução. O contexto guarda algumas semelhanças.

 

Já para o próximo trimestre é possível observar uma ligeira diminuição nas anomalias, tanto no Brasil central como na Argentina, mas há a manutenção do padrão, com o campo positivo invadindo o sudeste, especialmente SP e MG. O que não alteraria o cenário atualmente observado.

 

hb7FLX_lNb.png.c8e4ad433f2bc330cf4978f7ba0956fc.png

 

 

Olhando isoladamente os meses a frente temos o seguinte comportamento dos análogos.

 

Julho:

 

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Agosto:

 

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Setembrão da Massa:

 

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Para o corrente mês de junho os análogos lhe lembram algo?

 

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E essa teria sido a correspondência média para maio.

 

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De maneira geral é perceptível que os análogos de junho e maio estão captando um contexto semelhante ao padrão atual, sendo maio destoando pois aquela mancha negativa esse ano foi muito mais ao sul.

 

A considerar os análogos, portanto, para o futuro trimestre podemos esperar provavelmente a manutenção do padrão atual, infelizmente.

 

Possivelmente um julho com algo mais próximo do normal. Um agosto mais frio no sertão nordestino, o que denota a presença mais influente do ASAS, e um Setembrão da Massa pra estourar o mercúrio.

 

Vamos acompanhando...

 

@Caio Césarmuito obrigado pelo trabalho em detalhar os cenários! Olha, preciso dizer que nem achei os análogos pra julho e agosto tão ruins assim. E embora em junho o análogo esteja quase perfeito, para maio eu achei que destoou bastante. Ou seja, é aquela história: nenhum ano é igual a outro, é esperar pra ver.

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Em 10/06/2024 em 18:21, LucianoD disse:

Regiões niño, monitoramento semanal NOAA (variação em relação a semana anterior) [SST °C]

 

Niño 4: 0,8 ºC (+0,1) [29,6]

Niño 3.4: 0,1 ºC (0,0) [27,9]

Niño 3: -0,3 ºC (0,0) [26,5]

Niño 1+2: -0,5 ºC (+0,6) [23,1]

 

Errar é uma coisa. Isso dai que o CFS está fazendo não só na previsão do La Nina como nas previsões de anomalias no Brasil central, já é outra coisa muito pior. Grotesco para dizer o mínimo. 

 

Se isso aí não servir de gatilho para revisarem os parâmetros do modelo e seus respectivos cálculos, nada mais vai. 

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"#ENSO-neutral conditions are present. La Niña is favored to develop during July-Sept (65% chance) and persist into Northern Hemisphere winter 2024-25 (85% chance during Nov-Jan). This is the final #ElNino Advisory. A #LaNina Watch remains in effect.

 


-- NWS Climate Prediction Center (@NWSCPC) June 13, 2024"

 

Fim do El Nino declarado oficialmente. Agora condições de neutralidade presentes em uma lenta transição para a tão antecipada e aguardada La Nina em algum momento na entre o final do inverno e a primavera.

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Como esperado, o anúncio oficial do fim do El Niño finalmente foi feito. Acredito que até o final de julho teremos parâmetros de La Niña já configurados!

 

Quanto aos análogos, ainda sigo na ideia de que 2010 é o mais semelhante no momento, embora goste sempre de lembrar que nenhum ano é igual ao outro e 14 anos depois nosso contexto é BEM diferente!

 

Analisando a TSM atual que desanima por conta de um leve aquecimento no Pacífico, isso se dá por conta da fase ativa da MJO e uma pequena onda Kelvin que estão atuando mais fortes na região 3, mas que tendem a enfraquecer até o final do mês, possibilitando um novo ciclo de resfriamento na sequência.

 

Não esqueçam que esses parâmetros sempre vão subir e descer ao longo da trajetória, a queda raramente é vertiginosa como modelos alucinados (alguém falou CFS?) costumam propagar! Seguimos monitorando...

 

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Em 14/06/2024 em 10:44, Flavio Feltrim disse:

Como esperado, o anúncio oficial do fim do El Niño finalmente foi feito. Acredito que até o final de julho teremos parâmetros de La Niña já configurados!

 

Quanto aos análogos, ainda sigo na ideia de que 2010 é o mais semelhante no momento, embora goste sempre de lembrar que nenhum ano é igual ao outro e 14 anos depois nosso contexto é BEM diferente!

 

Analisando a TSM atual que desanima por conta de um leve aquecimento no Pacífico, isso se dá por conta da fase ativa da MJO e uma pequena onda Kelvin que estão atuando mais fortes na região 3, mas que tendem a enfraquecer até o final do mês, possibilitando um novo ciclo de resfriamento na sequência.

 

Não esqueçam que esses parâmetros sempre vão subir e descer ao longo da trajetória, a queda raramente é vertiginosa como modelos alucinados (alguém falou CFS?) costumam propagar! Seguimos monitorando...

 

Flavio, eu temo cada vez mais que esse inverno seja um repeteco de 2020. Naquele ano, também estávamos com La Nina em formação e tivemos uma única mp decente no final de agosto. Vc sabe se as condições oceânicas eram parecidas com as de agora?

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Em 14/06/2024 em 11:14, Daniel Lisboa disse:

Flavio, eu temo cada vez mais que esse inverno seja um repeteco de 2020. Naquele ano, também estávamos com La Nina em formação e tivemos uma única mp decente no final de agosto. Vc sabe se as condições oceânicas eram parecidas com as de agora?

As condições em 2020 eram bem diferentes em vários aspectos... já começa pelo fato de que o Pacífico teve bem menos "trabalho" para resfriar em 2020 pois não vinha de um forte El Niño, portanto em junho de 2020 já estava mais frio que hoje.

 

O que ainda me deixa intrigado é o aumento significativo, em escala global, da temperatura dos oceanos a partir da metade de 2023, em especial no Atlântico Norte: alguns estudos relacionam com uma diminuição na movimentação de navios, principalmente nas rotas entre EUA-Europa e EUA-Ásia, que teria diminuído as emissões de SO2 e consequentemente aumentado a absorção da radiação solar na superfície do mar nesses locais.

 

Esse aumento foi muito abrupto, em questão de meses, e não encontro explicação em nenhum dos índices oceânicos ou atmosféricos conhecidos que tenham mudado de forma significativa nesse período. Esse aumento era projetado para ocorrer nas próximas décadas e de forma gradual...

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A propósito: o único índice que mudou significativamente em meses naquele período foi o ENOS por conta da configuração do último El Niño, mas em anos passados a TSM global ou do Atlântico não tiveram uma mudança tão abrupta como essa de 2023... pode ser uma nova tendência por conta das mudanças climáticas, pode ser o lance dos navios ou algo que ainda não compreendemos sobre o clima ou sobre a dinâmica dos oceanos!

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Em 14/06/2024 em 10:44, Flavio Feltrim disse:

Como esperado, o anúncio oficial do fim do El Niño finalmente foi feito. Acredito que até o final de julho teremos parâmetros de La Niña já configurados!

 

Quanto aos análogos, ainda sigo na ideia de que 2010 é o mais semelhante no momento, embora goste sempre de lembrar que nenhum ano é igual ao outro e 14 anos depois nosso contexto é BEM diferente!

 

Analisando a TSM atual que desanima por conta de um leve aquecimento no Pacífico, isso se dá por conta da fase ativa da MJO e uma pequena onda Kelvin que estão atuando mais fortes na região 3, mas que tendem a enfraquecer até o final do mês, possibilitando um novo ciclo de resfriamento na sequência.

 

Não esqueçam que esses parâmetros sempre vão subir e descer ao longo da trajetória, a queda raramente é vertiginosa como modelos alucinados (alguém falou CFS?) costumam propagar! Seguimos monitorando...

 

2010 é um bom análogo pra cá, com a ressalva de que teve seca prolongada, e espero não ter este ano, mas naquele ano teve frio vampiresco em maio, seguido de um junho quente, mas em julho uma bomba polar continental trouxe máximas bem baixas pra minha região, e em agosto teve toda aquela neve em Santa Catarina.

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Em 14/06/2024 em 13:57, Flavio Feltrim disse:

As condições em 2020 eram bem diferentes em vários aspectos... já começa pelo fato de que o Pacífico teve bem menos "trabalho" para resfriar em 2020 pois não vinha de um forte El Niño, portanto em junho de 2020 já estava mais frio que hoje.

 

O que ainda me deixa intrigado é o aumento significativo, em escala global, da temperatura dos oceanos a partir da metade de 2023, em especial no Atlântico Norte: alguns estudos relacionam com uma diminuição na movimentação de navios, principalmente nas rotas entre EUA-Europa e EUA-Ásia, que teria diminuído as emissões de SO2 e consequentemente aumentado a absorção da radiação solar na superfície do mar nesses locais.

 

Esse aumento foi muito abrupto, em questão de meses, e não encontro explicação em nenhum dos índices oceânicos ou atmosféricos conhecidos que tenham mudado de forma significativa nesse período. Esse aumento era projetado para ocorrer nas próximas décadas e de forma gradual...

Bom, mas então a situação é pior do que eu pensava. Se em 2020 o oceano estava esfriando mais rápido e o inverno foi um lixo, imagino agora.

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Em 14/06/2024 em 16:12, Daniel Lisboa disse:

Bom, mas então a situação é pior do que eu pensava. Se em 2020 o oceano estava esfriando mais rápido e o inverno foi um lixo, imagino agora.

Como o pessoal costuma dizer, "só termina quando acaba" 🤣

Isso significa que até meados de setembro, que é quando supostamente termina o inverno austral, que eu jogaria a toalha!

 

De qualquer forma, temos que nos acostumar com tudo isso pois será a tendência daqui para frente: invernos no geral mais quentes, com eventos pontuais "tiro curto" de frio, que até podem ser fortes, mas serão a exceção!

 

Minha aposta continua sendo: inverno 2024 um pouco melhor que o de 2023... inverno 2025 melhor que 2024 (para Curitiba pelo menos)!

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Em 14/06/2024 em 19:08, Leandro A M Leite disse:

As previsões a longo prazo colocam o inverno de 2025 com uma neutralidade de viés frio, historicamente favorável a grandes ondas de frio. 

É sério que você já tá pensando no inverno/25????

 

Deus do céu!!!

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Caras, realmente estou muitíssimo decepcionado, ATÉ AGORA

 

Abril, maio e junho TERRÍVEIS

 

Mas ainda tem julho, agosto e até 10 primeiros dias de setembro...

 

Penso em 2002 (ano TRÁGICO....), mas MP início de setembro foi show bola naquele ano.

 

Em relação a análogos, não creio nisso não

 

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Em 14/06/2024 em 19:08, Leandro A M Leite disse:

As previsões a longo prazo colocam o inverno de 2025 com uma neutralidade de viés frio, historicamente favorável a grandes ondas de frio. 

Não tem nada garantido que até o inverno de 2025 possa ser bom, normal, pois não depende apenas de ninos, podem ocorrer outros fatores como este ano as correntes de jato oeste/este mais intensa e ao sul, alta no sudeste, falta de ciclones, atlântico mais quente, etc

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Em 14/06/2024 em 19:08, Leandro A M Leite disse:

As previsões a longo prazo colocam o inverno de 2025 com uma neutralidade de viés frio, historicamente favorável a grandes ondas de frio. 

 

Eu gosto de olhar o final da grade como curiosidade, mas essa daí já é demais pra mim hehehe 

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Em 14/06/2024 em 14:01, Flavio Feltrim disse:

A propósito: o único índice que mudou significativamente em meses naquele período foi o ENOS por conta da configuração do último El Niño, mas em anos passados a TSM global ou do Atlântico não tiveram uma mudança tão abrupta como essa de 2023... pode ser uma nova tendência por conta das mudanças climáticas, pode ser o lance dos navios ou algo que ainda não compreendemos sobre o clima ou sobre a dinâmica dos oceanos!

 

Parece aqueles roteiros de filmes sobre o fim do mundo, estilo "O Dia Depois de Amanhã" e "2012". Só falta alguém lá no interior da Índia fazer uma descoberta de que o sol está torrando o núcleo da terra e com isso os oceanos vão começar a ferver. 

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Olá meu povo! Voltei depois de muito tempo. Estou vivo, bem e trabalhando muito.

 

Let's take a look no inverno 2024.

 

Antes de tudo, vamos dar uma olhadinha nos precedentes. 

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O que a gente nota é que houve uma grande irregularidade na precipitação nos últimos 6 meses sobretudo na região Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, além de excesso no RS e parte de SC, especialmente nos últimos 2 meses. Grande parte disso se deve ao último El Niño, que favoreceu a seca na região Amazônica, bem como a persistência de circulação anticiclônica no período chuvoso, isso atrapalha a formação de grandes corredores de umidade. Mesmo com chuvas frequentes, espacialmente elas foram muito mal distribuídas. Além disso, as altas temperaturas contribuíram também para o déficit hídrico observado em grande parte do interior do Brasil.

 

Nos oceanos, saímos do El Niño em meados de maio (mas como vocês bem sabem, a atmosfera não responde de forma imediata à mudança no padrão térmico dos oceanos) para uma neutralidade, que está atualmente em vigência. Na última semana, o 3.4 zerou. O resfriamento do Pacífico equatorial é gradual, e deverá continuar assim durante todo o inverno, sendo altamente provável a instalação do La Niña ali por meados da estação. 

 

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O Pacífico equatorial é um importante driver no nosso clima, mas o Atlântico também tem um papel crucial. Desde o início do ano, praticamente todo o Atlântico tropical tem ficado muito mais aquecido que o normal, o que atenuou um cenário de seca no norte do Nordeste que poderia ter sido grave por conta do El Niño (mais energia na atmosfera, mais vapor d'água, e maior atividade da ZCIT em períodos de convecção favorecida), e também favoreceu mais umidade no leste do Sudeste em meados do verão. No entanto, quando a ASAS se expande, esse aquecimento oceânico pode ter um efeito contrário: a manutenção de bloqueios atmosféricos, e a daí pra frente é só pra trás, as coisas vão se retroalimentando. E vimos bem isso entre abril e maio, com algo que foi disparado por convecção acentuada no Índico (que também está aquecido) e o travamento da circulação meandrante em torno do Hemisfério Sul. Olhem também aquela mancha alaranjada bem ali no Pacífico Sul, um dos meandros trava ali e mantém sistemas de alta pressão semi-estacionados.

 

O aquecimento do Atlântico tropical reduziu nas últimas semanas, mas ainda segue expressivo ao largo da costa leste brasileira, especialmente entre o ES e o RN. Indica maior dificuldade dos modelos de previsão sazonal em pegarem extremos de precipitação em especial ali naquele trecho entre PE e RN; Ondas de Leste podem provocar volumes muito altos em pouco tempo. Água quente ajuda a perturbar mais a atmosfera acima. Na faixa equatorial, um padrão de 'Atlantic Niña' contribui neste momento para manter a ZCIT mais afastada da costa norte, porém a sul pode acabar gerando algumas LI tropicais costa adentro no Norte e Nordeste.

 

Nos pés do continente o oposto, águas mais frias tanto do lado do Pacífico quanto no Atlântico, por conta do ar frio represado no decorrer de maio. Bem na linha da costa do Sul e Sudeste, águas resfriando podem ter tido dois disparos: recorrente ingresso de ar quente e seco do interior do continente rumo a costa e, claro, intensificação natural da corrente das Malvinas. Essa condição favorece nevoeiros marítimos e temperaturas amenas nessas áreas.

 

E logicamente né, galera. Notamos que o que predomina em quase todas as bacias oceânicas do planeta são anomalias positivas, e este infelizmente é o padrão daqui pra frente. Há várias ondas de calor marítimas neste momento. O aquecimento global antrópico é uma realidade, só não vê quem não quer.

 

Agora, vamos ao inverno de 2024.

 

Durante os próximos 3 meses, vamos continuar com o resfriamento gradual no Pacífico equatorial, e um novo evento de La Niña é provável de se iniciar formalmente entre o fim de julho e agosto. Conhecidamente, o fenômeno favorece mais chuvas no Norte/Nordeste, e mais estiagens no Sul. Só que no inverno, La Niña favorece tempo mais seco em quase todo o Brasil Central, sul da região Norte e interior do Nordeste. Com tanta energia acumulada nos oceanos, e ar mais seco no interior do país, é bastante coerente a previsão do ECMWF no que diz respeito às temperaturas. E com base no mapa abaixo podemos inferir alguns pontos.

 

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- Bloqueios atmosféricos serão recorrentes, e muitas vezes prolongados ao longo do inverno. Eles vão dificultar o avanço do ar frio para áreas mais ao interior. Digo dificultar, não impedir totalmente.

- A circulação anticiclônica dos sistemas que mantêm o ar seco favorecem transporte de ar quente pela fronteira oeste, desde o Norte até o Sul, com ar quente adentrando o MS e SP muito frequentemente.

- Áreas mais centrais e interior do Nordeste deverão ter noites mais frias que o normal justamente por conta do ar seco, e mais seco que neste mesmo período em 2023.

- No Sul, grandes oscilações térmicas. Provavelmente teremos mais eventos de veranicos, mas de julho em diante o ar frio deve chegar com mais frequência pelo menos no RS. Nas demais áreas do país? Vai depender da boa vontade do ar seco. Mas em suma, por conta do La Niña, é maior o risco de geadas amplas neste inverno do que no último, principalmente agosto e setembro.

- Marasmo no Sudeste, sinto muito.

- Recordes de calor em MT, MS, norte do PR e interior de SP são altamente prováveis já a partir de julho. Setembro então nem se fala, fogo, fogo, fogo e mais fogo.

- Vamos ter que fundar o BAF: Brasil Abaixo de Fumaça. Cerrado, Amazônia e Pantanal vão pegar fogo como poucas vezes se viu.

- A Amazônia vai penar mais uma vez, provavelmente com baixas cotas no Rio Negro em Manaus - e possivelmente passando (pelo menos) a marca de 2010. Navegação vai ser bastante prejudicada para a população e escoamento logístico.

- Agosto e setembro, os meses do fogo, poderão ter alívios significativos no leste do Sul e Sudeste. Vai de 8 a 80.

 

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A chuva no Sul deve reduzir de forma gradual ao longo do inverno também. Mas com tanto ar quente duelando com o ar frio, eventos de chuva volumosa e salvas de temporais ainda devem ocorrer até setembro - o que vai mudar vai ser o intervalo entre um evento e outro, vão ficar cada vez mais espaçados. Bem provável que tenhamos um inverno mais seco que o último não apenas no Sul, mas em todas as regiões.

 

Ok, mas e cadê essa menina que não quer trabalhar?

 

Gente, estamos falando de La Niña em tempos de planeta aquecendo. La Niña hoje em dia já não é mais sinônimo de frio garantido, ao menos nos primeiros 6 meses desde seu embrião até seus meses iniciais. Efeitos nas temperaturas médias vamos começar a sentir mesmo só de meados da primavera para frente. O verão próximo, por exemplo, já deve ser menos quente que o último. Mas La Niña favorece condições secas e mais quentes no RS, então...

 

Se a menina continuar ali ao longo de 2025 e repicar no fim do ano para 2026, aí podemos ter uma condição legal para frio. 

Edited by Vinicius Lucyrio
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Em 17/06/2024 em 16:59, Vinicius Lucyrio disse:

Olá meu povo! Voltei depois de muito tempo. Estou vivo, bem e trabalhando muito.

 

Let's take a look no inverno 2024.

 

Antes de tudo, vamos dar uma olhadinha nos precedentes. 

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O que a gente nota é que houve uma grande irregularidade na precipitação nos últimos 6 meses sobretudo na região Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, além de excesso no RS e parte de SC, especialmente nos últimos 2 meses. Grande parte disso se deve ao último El Niño, que favoreceu a seca na região Amazônica, bem como a persistência de circulação anticiclônica no período chuvoso, isso atrapalha a formação de grandes corredores de umidade. Mesmo com chuvas frequentes, espacialmente elas foram muito mal distribuídas. Além disso, as altas temperaturas contribuíram também para o déficit hídrico observado em grande parte do interior do Brasil.

 

Nos oceanos, saímos do El Niño em meados de maio (mas como vocês bem sabem, a atmosfera não responde de forma imediata à mudança no padrão térmico dos oceanos) para uma neutralidade, que está atualmente em vigência. Na última semana, o 3.4 zerou. O resfriamento do Pacífico equatorial é gradual, e deverá continuar assim durante todo o inverno, sendo altamente provável a instalação do La Niña ali por meados da estação. 

 

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O Pacífico equatorial é um importante driver no nosso clima, mas o Atlântico também tem um papel crucial. Desde o início do ano, praticamente todo o Atlântico tropical tem ficado muito mais aquecido que o normal, o que atenuou um cenário de seca no norte do Nordeste que poderia ter sido grave por conta do El Niño (mais energia na atmosfera, mais vapor d'água, e maior atividade da ZCIT em períodos de convecção favorecida), e também favoreceu mais umidade no leste do Sudeste em meados do verão. No entanto, quando a ASAS se expande, esse aquecimento oceânico pode ter um efeito contrário: a manutenção de bloqueios atmosféricos, e a daí pra frente é só pra trás, as coisas vão se retroalimentando. E vimos bem isso entre abril e maio, com algo que foi disparado por convecção acentuada no Índico (que também está aquecido) e o travamento da circulação meandrante em torno do Hemisfério Sul. Olhem também aquela mancha alaranjada bem ali no Pacífico Sul, um dos meandros trava ali e mantém sistemas de alta pressão semi-estacionados.

 

O aquecimento do Atlântico tropical reduziu nas últimas semanas, mas ainda segue expressivo ao largo da costa leste brasileira, especialmente entre o ES e o RN. Indica maior dificuldade dos modelos de previsão sazonal em pegarem extremos de precipitação em especial ali naquele trecho entre PE e RN; Ondas de Leste podem provocar volumes muito altos em pouco tempo. Água quente ajuda a perturbar mais a atmosfera acima. Na faixa equatorial, um padrão de 'Atlantic Niña' contribui neste momento para manter a ZCIT mais afastada da costa norte, porém a sul pode acabar gerando algumas LI tropicais costa adentro no Norte e Nordeste.

 

Nos pés do continente o oposto, águas mais frias tanto do lado do Pacífico quanto no Atlântico, por conta do ar frio represado no decorrer de maio. Bem na linha da costa do Sul e Sudeste, águas resfriando podem ter tido dois disparos: recorrente ingresso de ar quente e seco do interior do continente rumo a costa e, claro, intensificação natural da corrente das Malvinas. Essa condição favorece nevoeiros marítimos e temperaturas amenas nessas áreas.

 

E logicamente né, galera. Notamos que o que predomina em quase todas as bacias oceânicas do planeta são anomalias positivas, e este infelizmente é o padrão daqui pra frente. Há várias ondas de calor marítimas neste momento. O aquecimento global antrópico é uma realidade, só não vê quem não quer.

 

Agora, vamos ao inverno de 2024.

 

Durante os próximos 3 meses, vamos continuar com o resfriamento gradual no Pacífico equatorial, e um novo evento de La Niña é provável de se iniciar formalmente entre o fim de julho e agosto. Conhecidamente, o fenômeno favorece mais chuvas no Norte/Nordeste, e mais estiagens no Sul. Só que no inverno, La Niña favorece tempo mais seco em quase todo o Brasil Central, sul da região Norte e interior do Nordeste. Com tanta energia acumulada nos oceanos, e ar mais seco no interior do país, é bastante coerente a previsão do ECMWF no que diz respeito às temperaturas. E com base no mapa abaixo podemos inferir alguns pontos.

 

5haAzB7.png

 

- Bloqueios atmosféricos serão recorrentes, e muitas vezes prolongados ao longo do inverno. Eles vão dificultar o avanço do ar frio para áreas mais ao interior. Digo dificultar, não impedir totalmente.

- A circulação anticiclônica dos sistemas que mantêm o ar seco favorecem transporte de ar quente pela fronteira oeste, desde o Norte até o Sul, com ar quente adentrando o MS e SP muito frequentemente.

- Áreas mais centrais e interior do Nordeste deverão ter noites mais frias que o normal justamente por conta do ar seco, e mais seco que neste mesmo período em 2023.

- No Sul, grandes oscilações térmicas. Provavelmente teremos mais eventos de veranicos, mas de julho em diante o ar frio deve chegar com mais frequência pelo menos no RS. Nas demais áreas do país? Vai depender da boa vontade do ar seco. Mas em suma, por conta do La Niña, é maior o risco de geadas amplas neste inverno do que no último, principalmente agosto e setembro.

- Marasmo no Sudeste, sinto muito.

- Recordes de calor em MT, MS, norte do PR e interior de SP são altamente prováveis já a partir de julho. Setembro então nem se fala, fogo, fogo, fogo e mais fogo.

- Vamos ter que fundar o BAF: Brasil Abaixo de Fumaça. Cerrado, Amazônia e Pantanal vão pegar fogo como poucas vezes se viu.

- A Amazônia vai penar mais uma vez, provavelmente com baixas cotas no Rio Negro em Manaus - e possivelmente passando (pelo menos) a marca de 2010. Navegação vai ser bastante prejudicada para a população e escoamento logístico.

- Agosto e setembro, os meses do fogo, poderão ter alívios significativos no leste do Sul e Sudeste. Vai de 8 a 80.

 

CzLXeaG.png

 

A chuva no Sul deve reduzir de forma gradual ao longo do inverno também. Mas com tanto ar quente duelando com o ar frio, eventos de chuva volumosa e salvas de temporais ainda devem ocorrer até setembro - o que vai mudar vai ser o intervalo entre um evento e outro, vão ficar cada vez mais espaçados. Bem provável que tenhamos um inverno mais seco que o último não apenas no Sul, mas em todas as regiões.

 

Ok, mas e cadê essa menina que não quer trabalhar?

 

Gente, estamos falando de La Niña em tempos de planeta aquecendo. La Niña hoje em dia já não é mais sinônimo de frio garantido, ao menos nos primeiros 6 meses desde seu embrião até seus meses iniciais. Efeitos nas temperaturas médias vamos começar a sentir mesmo só de meados da primavera para frente. O verão próximo, por exemplo, já deve ser menos quente que o último. Mas La Niña favorece condições secas e mais quentes no RS, então...

 

Se a menina continuar ali ao longo de 2025 e repicar no fim do ano para 2026, aí podemos ter uma condição legal para frio. 

Excelente explanação. Como sempre. Pena que as notícias trazidas não são tão alvissareiras. 

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Em 17/06/2024 em 16:59, Vinicius Lucyrio disse:

Olá meu povo! Voltei depois de muito tempo. Estou vivo, bem e trabalhando muito.

 

Let's take a look no inverno 2024.

 

Antes de tudo, vamos dar uma olhadinha nos precedentes. 

cmorph_180day_sam_anom.gif

 

O que a gente nota é que houve uma grande irregularidade na precipitação nos últimos 6 meses sobretudo na região Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, além de excesso no RS e parte de SC, especialmente nos últimos 2 meses. Grande parte disso se deve ao último El Niño, que favoreceu a seca na região Amazônica, bem como a persistência de circulação anticiclônica no período chuvoso, isso atrapalha a formação de grandes corredores de umidade. Mesmo com chuvas frequentes, espacialmente elas foram muito mal distribuídas. Além disso, as altas temperaturas contribuíram também para o déficit hídrico observado em grande parte do interior do Brasil.

 

Nos oceanos, saímos do El Niño em meados de maio (mas como vocês bem sabem, a atmosfera não responde de forma imediata à mudança no padrão térmico dos oceanos) para uma neutralidade, que está atualmente em vigência. Na última semana, o 3.4 zerou. O resfriamento do Pacífico equatorial é gradual, e deverá continuar assim durante todo o inverno, sendo altamente provável a instalação do La Niña ali por meados da estação. 

 

uYpKBCr.gif

O Pacífico equatorial é um importante driver no nosso clima, mas o Atlântico também tem um papel crucial. Desde o início do ano, praticamente todo o Atlântico tropical tem ficado muito mais aquecido que o normal, o que atenuou um cenário de seca no norte do Nordeste que poderia ter sido grave por conta do El Niño (mais energia na atmosfera, mais vapor d'água, e maior atividade da ZCIT em períodos de convecção favorecida), e também favoreceu mais umidade no leste do Sudeste em meados do verão. No entanto, quando a ASAS se expande, esse aquecimento oceânico pode ter um efeito contrário: a manutenção de bloqueios atmosféricos, e a daí pra frente é só pra trás, as coisas vão se retroalimentando. E vimos bem isso entre abril e maio, com algo que foi disparado por convecção acentuada no Índico (que também está aquecido) e o travamento da circulação meandrante em torno do Hemisfério Sul. Olhem também aquela mancha alaranjada bem ali no Pacífico Sul, um dos meandros trava ali e mantém sistemas de alta pressão semi-estacionados.

 

O aquecimento do Atlântico tropical reduziu nas últimas semanas, mas ainda segue expressivo ao largo da costa leste brasileira, especialmente entre o ES e o RN. Indica maior dificuldade dos modelos de previsão sazonal em pegarem extremos de precipitação em especial ali naquele trecho entre PE e RN; Ondas de Leste podem provocar volumes muito altos em pouco tempo. Água quente ajuda a perturbar mais a atmosfera acima. Na faixa equatorial, um padrão de 'Atlantic Niña' contribui neste momento para manter a ZCIT mais afastada da costa norte, porém a sul pode acabar gerando algumas LI tropicais costa adentro no Norte e Nordeste.

 

Nos pés do continente o oposto, águas mais frias tanto do lado do Pacífico quanto no Atlântico, por conta do ar frio represado no decorrer de maio. Bem na linha da costa do Sul e Sudeste, águas resfriando podem ter tido dois disparos: recorrente ingresso de ar quente e seco do interior do continente rumo a costa e, claro, intensificação natural da corrente das Malvinas. Essa condição favorece nevoeiros marítimos e temperaturas amenas nessas áreas.

 

E logicamente né, galera. Notamos que o que predomina em quase todas as bacias oceânicas do planeta são anomalias positivas, e este infelizmente é o padrão daqui pra frente. Há várias ondas de calor marítimas neste momento. O aquecimento global antrópico é uma realidade, só não vê quem não quer.

 

Agora, vamos ao inverno de 2024.

 

Durante os próximos 3 meses, vamos continuar com o resfriamento gradual no Pacífico equatorial, e um novo evento de La Niña é provável de se iniciar formalmente entre o fim de julho e agosto. Conhecidamente, o fenômeno favorece mais chuvas no Norte/Nordeste, e mais estiagens no Sul. Só que no inverno, La Niña favorece tempo mais seco em quase todo o Brasil Central, sul da região Norte e interior do Nordeste. Com tanta energia acumulada nos oceanos, e ar mais seco no interior do país, é bastante coerente a previsão do ECMWF no que diz respeito às temperaturas. E com base no mapa abaixo podemos inferir alguns pontos.

 

5haAzB7.png

 

- Bloqueios atmosféricos serão recorrentes, e muitas vezes prolongados ao longo do inverno. Eles vão dificultar o avanço do ar frio para áreas mais ao interior. Digo dificultar, não impedir totalmente.

- A circulação anticiclônica dos sistemas que mantêm o ar seco favorecem transporte de ar quente pela fronteira oeste, desde o Norte até o Sul, com ar quente adentrando o MS e SP muito frequentemente.

- Áreas mais centrais e interior do Nordeste deverão ter noites mais frias que o normal justamente por conta do ar seco, e mais seco que neste mesmo período em 2023.

- No Sul, grandes oscilações térmicas. Provavelmente teremos mais eventos de veranicos, mas de julho em diante o ar frio deve chegar com mais frequência pelo menos no RS. Nas demais áreas do país? Vai depender da boa vontade do ar seco. Mas em suma, por conta do La Niña, é maior o risco de geadas amplas neste inverno do que no último, principalmente agosto e setembro.

- Marasmo no Sudeste, sinto muito.

- Recordes de calor em MT, MS, norte do PR e interior de SP são altamente prováveis já a partir de julho. Setembro então nem se fala, fogo, fogo, fogo e mais fogo.

- Vamos ter que fundar o BAF: Brasil Abaixo de Fumaça. Cerrado, Amazônia e Pantanal vão pegar fogo como poucas vezes se viu.

- A Amazônia vai penar mais uma vez, provavelmente com baixas cotas no Rio Negro em Manaus - e possivelmente passando (pelo menos) a marca de 2010. Navegação vai ser bastante prejudicada para a população e escoamento logístico.

- Agosto e setembro, os meses do fogo, poderão ter alívios significativos no leste do Sul e Sudeste. Vai de 8 a 80.

 

CzLXeaG.png

 

A chuva no Sul deve reduzir de forma gradual ao longo do inverno também. Mas com tanto ar quente duelando com o ar frio, eventos de chuva volumosa e salvas de temporais ainda devem ocorrer até setembro - o que vai mudar vai ser o intervalo entre um evento e outro, vão ficar cada vez mais espaçados. Bem provável que tenhamos um inverno mais seco que o último não apenas no Sul, mas em todas as regiões.

 

Ok, mas e cadê essa menina que não quer trabalhar?

 

Gente, estamos falando de La Niña em tempos de planeta aquecendo. La Niña hoje em dia já não é mais sinônimo de frio garantido, ao menos nos primeiros 6 meses desde seu embrião até seus meses iniciais. Efeitos nas temperaturas médias vamos começar a sentir mesmo só de meados da primavera para frente. O verão próximo, por exemplo, já deve ser menos quente que o último. Mas La Niña favorece condições secas e mais quentes no RS, então...

 

Se a menina continuar ali ao longo de 2025 e repicar no fim do ano para 2026, aí podemos ter uma condição legal para frio. 

Mas podem ter ondas de frio tardias, inclusive em setembro, como aconteceu por aqui em 1998 e 2016, e os anos de introdução da La Niña muitas vezes não fazem muito frio, como aconteceu em 1995 e 1998, e quanto às ondas de calor, o Coutinho já falou que este ano elas não serão tão persistentes no Brasil Central como no ano passado, e que o cenário a partir de julho se torna mais favorável a ondas de frio, que pode ter episódios mais fortes de frio entre julho e agosto, que a tendência é ficar mais favorável, leve em conta também a AAO, que tem estado várias vezes negativa. 

Edited by Leandro A M Leite
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Em 17/06/2024 em 16:59, Vinicius Lucyrio disse:

Olá meu povo! Voltei depois de muito tempo. Estou vivo, bem e trabalhando muito.

 

Let's take a look no inverno 2024.

 

Antes de tudo, vamos dar uma olhadinha nos precedentes. 

cmorph_180day_sam_anom.gif

 

O que a gente nota é que houve uma grande irregularidade na precipitação nos últimos 6 meses sobretudo na região Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, além de excesso no RS e parte de SC, especialmente nos últimos 2 meses. Grande parte disso se deve ao último El Niño, que favoreceu a seca na região Amazônica, bem como a persistência de circulação anticiclônica no período chuvoso, isso atrapalha a formação de grandes corredores de umidade. Mesmo com chuvas frequentes, espacialmente elas foram muito mal distribuídas. Além disso, as altas temperaturas contribuíram também para o déficit hídrico observado em grande parte do interior do Brasil.

 

Nos oceanos, saímos do El Niño em meados de maio (mas como vocês bem sabem, a atmosfera não responde de forma imediata à mudança no padrão térmico dos oceanos) para uma neutralidade, que está atualmente em vigência. Na última semana, o 3.4 zerou. O resfriamento do Pacífico equatorial é gradual, e deverá continuar assim durante todo o inverno, sendo altamente provável a instalação do La Niña ali por meados da estação. 

 

uYpKBCr.gif

O Pacífico equatorial é um importante driver no nosso clima, mas o Atlântico também tem um papel crucial. Desde o início do ano, praticamente todo o Atlântico tropical tem ficado muito mais aquecido que o normal, o que atenuou um cenário de seca no norte do Nordeste que poderia ter sido grave por conta do El Niño (mais energia na atmosfera, mais vapor d'água, e maior atividade da ZCIT em períodos de convecção favorecida), e também favoreceu mais umidade no leste do Sudeste em meados do verão. No entanto, quando a ASAS se expande, esse aquecimento oceânico pode ter um efeito contrário: a manutenção de bloqueios atmosféricos, e a daí pra frente é só pra trás, as coisas vão se retroalimentando. E vimos bem isso entre abril e maio, com algo que foi disparado por convecção acentuada no Índico (que também está aquecido) e o travamento da circulação meandrante em torno do Hemisfério Sul. Olhem também aquela mancha alaranjada bem ali no Pacífico Sul, um dos meandros trava ali e mantém sistemas de alta pressão semi-estacionados.

 

O aquecimento do Atlântico tropical reduziu nas últimas semanas, mas ainda segue expressivo ao largo da costa leste brasileira, especialmente entre o ES e o RN. Indica maior dificuldade dos modelos de previsão sazonal em pegarem extremos de precipitação em especial ali naquele trecho entre PE e RN; Ondas de Leste podem provocar volumes muito altos em pouco tempo. Água quente ajuda a perturbar mais a atmosfera acima. Na faixa equatorial, um padrão de 'Atlantic Niña' contribui neste momento para manter a ZCIT mais afastada da costa norte, porém a sul pode acabar gerando algumas LI tropicais costa adentro no Norte e Nordeste.

 

Nos pés do continente o oposto, águas mais frias tanto do lado do Pacífico quanto no Atlântico, por conta do ar frio represado no decorrer de maio. Bem na linha da costa do Sul e Sudeste, águas resfriando podem ter tido dois disparos: recorrente ingresso de ar quente e seco do interior do continente rumo a costa e, claro, intensificação natural da corrente das Malvinas. Essa condição favorece nevoeiros marítimos e temperaturas amenas nessas áreas.

 

E logicamente né, galera. Notamos que o que predomina em quase todas as bacias oceânicas do planeta são anomalias positivas, e este infelizmente é o padrão daqui pra frente. Há várias ondas de calor marítimas neste momento. O aquecimento global antrópico é uma realidade, só não vê quem não quer.

 

Agora, vamos ao inverno de 2024.

 

Durante os próximos 3 meses, vamos continuar com o resfriamento gradual no Pacífico equatorial, e um novo evento de La Niña é provável de se iniciar formalmente entre o fim de julho e agosto. Conhecidamente, o fenômeno favorece mais chuvas no Norte/Nordeste, e mais estiagens no Sul. Só que no inverno, La Niña favorece tempo mais seco em quase todo o Brasil Central, sul da região Norte e interior do Nordeste. Com tanta energia acumulada nos oceanos, e ar mais seco no interior do país, é bastante coerente a previsão do ECMWF no que diz respeito às temperaturas. E com base no mapa abaixo podemos inferir alguns pontos.

 

5haAzB7.png

 

- Bloqueios atmosféricos serão recorrentes, e muitas vezes prolongados ao longo do inverno. Eles vão dificultar o avanço do ar frio para áreas mais ao interior. Digo dificultar, não impedir totalmente.

- A circulação anticiclônica dos sistemas que mantêm o ar seco favorecem transporte de ar quente pela fronteira oeste, desde o Norte até o Sul, com ar quente adentrando o MS e SP muito frequentemente.

- Áreas mais centrais e interior do Nordeste deverão ter noites mais frias que o normal justamente por conta do ar seco, e mais seco que neste mesmo período em 2023.

- No Sul, grandes oscilações térmicas. Provavelmente teremos mais eventos de veranicos, mas de julho em diante o ar frio deve chegar com mais frequência pelo menos no RS. Nas demais áreas do país? Vai depender da boa vontade do ar seco. Mas em suma, por conta do La Niña, é maior o risco de geadas amplas neste inverno do que no último, principalmente agosto e setembro.

- Marasmo no Sudeste, sinto muito.

- Recordes de calor em MT, MS, norte do PR e interior de SP são altamente prováveis já a partir de julho. Setembro então nem se fala, fogo, fogo, fogo e mais fogo.

- Vamos ter que fundar o BAF: Brasil Abaixo de Fumaça. Cerrado, Amazônia e Pantanal vão pegar fogo como poucas vezes se viu.

- A Amazônia vai penar mais uma vez, provavelmente com baixas cotas no Rio Negro em Manaus - e possivelmente passando (pelo menos) a marca de 2010. Navegação vai ser bastante prejudicada para a população e escoamento logístico.

- Agosto e setembro, os meses do fogo, poderão ter alívios significativos no leste do Sul e Sudeste. Vai de 8 a 80.

 

CzLXeaG.png

 

A chuva no Sul deve reduzir de forma gradual ao longo do inverno também. Mas com tanto ar quente duelando com o ar frio, eventos de chuva volumosa e salvas de temporais ainda devem ocorrer até setembro - o que vai mudar vai ser o intervalo entre um evento e outro, vão ficar cada vez mais espaçados. Bem provável que tenhamos um inverno mais seco que o último não apenas no Sul, mas em todas as regiões.

 

Ok, mas e cadê essa menina que não quer trabalhar?

 

Gente, estamos falando de La Niña em tempos de planeta aquecendo. La Niña hoje em dia já não é mais sinônimo de frio garantido, ao menos nos primeiros 6 meses desde seu embrião até seus meses iniciais. Efeitos nas temperaturas médias vamos começar a sentir mesmo só de meados da primavera para frente. O verão próximo, por exemplo, já deve ser menos quente que o último. Mas La Niña favorece condições secas e mais quentes no RS, então...

 

Se a menina continuar ali ao longo de 2025 e repicar no fim do ano para 2026, aí podemos ter uma condição legal para frio. 

O inverno norte-americano último foi o mais quente já registrado nos 48 estados contíguos, muito por conta do dezembro que foi o mais quente já registrado, mas janeiro cai para a posição 48 devido a uma intensa onda de frio no meio oeste, depois fevereiro foi quente, historicamente parece haver alguma correlação com os EUA, vide 1985 e 1994, ou dezembro de 2022 que parece ter refletido em junho de 2023 na minha região, talvez algo excepcional possa acontecer em julho em termos de frio, mesmo que o inverno na média ainda seja quente, aí esquenta em agosto.

Edited by Leandro A M Leite
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Em 17/06/2024 em 20:00, Leandro A M Leite disse:

Mas podem ter ondas de frio tardias, inclusive em setembro, como aconteceu por aqui em 1998 e 2016, e os anos de introdução da La Niña muitas vezes não fazem muito frio, como aconteceu em 1995 e 1998, e quanto às ondas de calor, o Coutinho já falou que este ano elas não serão tão persistentes no Brasil Central como no ano passado, e que o cenário a partir de julho se torna mais favorável a ondas de frio, que pode ter episódios mais fortes de frio entre julho e agosto, que a tendência é ficar mais favorável, leve em conta também a AAO, que tem estado várias vezes negativa. 

 

Boa noite, Leandro.

 

De nada adianta a AAO negativa (jatos mais meandrantes, com maior peso na componente meridional do vento, maior troca de calor entre trópicos e regiões polares) se houver grandes bloqueios atuando sobre o interior do país. Podemos ter a circulação meandrante com ela totalmente travada.

 

E sim, La Niña pode favorecer ondas de frio tardias, como eu bem falei ali no 4º ponto em que menciono maior dinamismo entre agosto e setembro. No caso, eu mesmo faço os prognósticos, não vou comentar o trabalho de colegas.

 

Em 17/06/2024 em 20:13, Leandro A M Leite disse:

O inverno norte-americano último foi o mais quente já registrado nos 48 estados contíguos, muito por conta do dezembro que foi o mais quente já registrado, mas janeiro cai para a posição 48 devido a uma intensa onda de frio no meio oeste, depois fevereiro foi quente, historicamente parece haver alguma correlação com os EUA, vide 1985 e 1994, ou dezembro de 2022 que parece ter refletido em junho de 2023 na minha região, talvez algo excepcional possa acontecer em julho em termos de frio, mesmo que o inverno na média ainda seja quente, aí esquenta em agosto.

 

Na minha época de esperançoso irremediável eu dava crédito pra essa relação entre inverno da América do Norte e América do Sul. Hoje acho isso uma grande bobagem, prefiro me pautar em índices concretos. Temos muitos.

 

Abraços.

 

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Em 17/06/2024 em 20:20, Vinicius Lucyrio disse:

 

Boa noite, Leandro.

 

De nada adianta a AAO negativa (jatos mais meandrantes, com maior peso na componente meridional do vento, maior troca de calor entre trópicos e regiões polares) se houver grandes bloqueios atuando sobre o interior do país. Podemos ter a circulação meandrante com ela totalmente travada.

 

E sim, La Niña pode favorecer ondas de frio tardias, como eu bem falei ali no 4º ponto em que menciono maior dinamismo entre agosto e setembro. No caso, eu mesmo faço os prognósticos, não vou comentar o trabalho de colegas.

 

 

Na minha época de esperançoso irremediável eu dava crédito pra essa relação entre inverno da América do Norte e América do Sul. Hoje acho isso uma grande bobagem, prefiro me pautar em índices concretos. Temos muitos.

 

Abraços.

 

Tantos fatores em épocas diferentes, forçado demais.

Mais para coincidência.

Previam frio mais cedo e la nina no inverno a mais forte do século com análogo 1973/1975, depois o análogo foi para 2010, qual será o próximo e nada de inverno.

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Em 17/06/2024 em 16:59, Vinicius Lucyrio disse:

Olá meu povo! Voltei depois de muito tempo. Estou vivo, bem e trabalhando muito.

 

Let's take a look no inverno 2024.

 

Antes de tudo, vamos dar uma olhadinha nos precedentes. 

cmorph_180day_sam_anom.gif

 

O que a gente nota é que houve uma grande irregularidade na precipitação nos últimos 6 meses sobretudo na região Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, além de excesso no RS e parte de SC, especialmente nos últimos 2 meses. Grande parte disso se deve ao último El Niño, que favoreceu a seca na região Amazônica, bem como a persistência de circulação anticiclônica no período chuvoso, isso atrapalha a formação de grandes corredores de umidade. Mesmo com chuvas frequentes, espacialmente elas foram muito mal distribuídas. Além disso, as altas temperaturas contribuíram também para o déficit hídrico observado em grande parte do interior do Brasil.

 

Nos oceanos, saímos do El Niño em meados de maio (mas como vocês bem sabem, a atmosfera não responde de forma imediata à mudança no padrão térmico dos oceanos) para uma neutralidade, que está atualmente em vigência. Na última semana, o 3.4 zerou. O resfriamento do Pacífico equatorial é gradual, e deverá continuar assim durante todo o inverno, sendo altamente provável a instalação do La Niña ali por meados da estação. 

 

uYpKBCr.gif

O Pacífico equatorial é um importante driver no nosso clima, mas o Atlântico também tem um papel crucial. Desde o início do ano, praticamente todo o Atlântico tropical tem ficado muito mais aquecido que o normal, o que atenuou um cenário de seca no norte do Nordeste que poderia ter sido grave por conta do El Niño (mais energia na atmosfera, mais vapor d'água, e maior atividade da ZCIT em períodos de convecção favorecida), e também favoreceu mais umidade no leste do Sudeste em meados do verão. No entanto, quando a ASAS se expande, esse aquecimento oceânico pode ter um efeito contrário: a manutenção de bloqueios atmosféricos, e a daí pra frente é só pra trás, as coisas vão se retroalimentando. E vimos bem isso entre abril e maio, com algo que foi disparado por convecção acentuada no Índico (que também está aquecido) e o travamento da circulação meandrante em torno do Hemisfério Sul. Olhem também aquela mancha alaranjada bem ali no Pacífico Sul, um dos meandros trava ali e mantém sistemas de alta pressão semi-estacionados.

 

O aquecimento do Atlântico tropical reduziu nas últimas semanas, mas ainda segue expressivo ao largo da costa leste brasileira, especialmente entre o ES e o RN. Indica maior dificuldade dos modelos de previsão sazonal em pegarem extremos de precipitação em especial ali naquele trecho entre PE e RN; Ondas de Leste podem provocar volumes muito altos em pouco tempo. Água quente ajuda a perturbar mais a atmosfera acima. Na faixa equatorial, um padrão de 'Atlantic Niña' contribui neste momento para manter a ZCIT mais afastada da costa norte, porém a sul pode acabar gerando algumas LI tropicais costa adentro no Norte e Nordeste.

 

Nos pés do continente o oposto, águas mais frias tanto do lado do Pacífico quanto no Atlântico, por conta do ar frio represado no decorrer de maio. Bem na linha da costa do Sul e Sudeste, águas resfriando podem ter tido dois disparos: recorrente ingresso de ar quente e seco do interior do continente rumo a costa e, claro, intensificação natural da corrente das Malvinas. Essa condição favorece nevoeiros marítimos e temperaturas amenas nessas áreas.

 

E logicamente né, galera. Notamos que o que predomina em quase todas as bacias oceânicas do planeta são anomalias positivas, e este infelizmente é o padrão daqui pra frente. Há várias ondas de calor marítimas neste momento. O aquecimento global antrópico é uma realidade, só não vê quem não quer.

 

Agora, vamos ao inverno de 2024.

 

Durante os próximos 3 meses, vamos continuar com o resfriamento gradual no Pacífico equatorial, e um novo evento de La Niña é provável de se iniciar formalmente entre o fim de julho e agosto. Conhecidamente, o fenômeno favorece mais chuvas no Norte/Nordeste, e mais estiagens no Sul. Só que no inverno, La Niña favorece tempo mais seco em quase todo o Brasil Central, sul da região Norte e interior do Nordeste. Com tanta energia acumulada nos oceanos, e ar mais seco no interior do país, é bastante coerente a previsão do ECMWF no que diz respeito às temperaturas. E com base no mapa abaixo podemos inferir alguns pontos.

 

5haAzB7.png

 

- Bloqueios atmosféricos serão recorrentes, e muitas vezes prolongados ao longo do inverno. Eles vão dificultar o avanço do ar frio para áreas mais ao interior. Digo dificultar, não impedir totalmente.

- A circulação anticiclônica dos sistemas que mantêm o ar seco favorecem transporte de ar quente pela fronteira oeste, desde o Norte até o Sul, com ar quente adentrando o MS e SP muito frequentemente.

- Áreas mais centrais e interior do Nordeste deverão ter noites mais frias que o normal justamente por conta do ar seco, e mais seco que neste mesmo período em 2023.

- No Sul, grandes oscilações térmicas. Provavelmente teremos mais eventos de veranicos, mas de julho em diante o ar frio deve chegar com mais frequência pelo menos no RS. Nas demais áreas do país? Vai depender da boa vontade do ar seco. Mas em suma, por conta do La Niña, é maior o risco de geadas amplas neste inverno do que no último, principalmente agosto e setembro.

- Marasmo no Sudeste, sinto muito.

- Recordes de calor em MT, MS, norte do PR e interior de SP são altamente prováveis já a partir de julho. Setembro então nem se fala, fogo, fogo, fogo e mais fogo.

- Vamos ter que fundar o BAF: Brasil Abaixo de Fumaça. Cerrado, Amazônia e Pantanal vão pegar fogo como poucas vezes se viu.

- A Amazônia vai penar mais uma vez, provavelmente com baixas cotas no Rio Negro em Manaus - e possivelmente passando (pelo menos) a marca de 2010. Navegação vai ser bastante prejudicada para a população e escoamento logístico.

- Agosto e setembro, os meses do fogo, poderão ter alívios significativos no leste do Sul e Sudeste. Vai de 8 a 80.

 

CzLXeaG.png

 

A chuva no Sul deve reduzir de forma gradual ao longo do inverno também. Mas com tanto ar quente duelando com o ar frio, eventos de chuva volumosa e salvas de temporais ainda devem ocorrer até setembro - o que vai mudar vai ser o intervalo entre um evento e outro, vão ficar cada vez mais espaçados. Bem provável que tenhamos um inverno mais seco que o último não apenas no Sul, mas em todas as regiões.

 

Ok, mas e cadê essa menina que não quer trabalhar?

 

Gente, estamos falando de La Niña em tempos de planeta aquecendo. La Niña hoje em dia já não é mais sinônimo de frio garantido, ao menos nos primeiros 6 meses desde seu embrião até seus meses iniciais. Efeitos nas temperaturas médias vamos começar a sentir mesmo só de meados da primavera para frente. O verão próximo, por exemplo, já deve ser menos quente que o último. Mas La Niña favorece condições secas e mais quentes no RS, então...

 

Se a menina continuar ali ao longo de 2025 e repicar no fim do ano para 2026, aí podemos ter uma condição legal para frio. 

 

Muito bom, Vini ! Obrigado por isso...

 

Nota-se que, nos tempos atuais, o El Niño traz um efeito mais rápido e mais potencializado para nós do que a La Niña. Bem, que seja, ao menos pela sua descrição teremos uma primavera cheia de emoções (não raro, essa bagunça atmosférica em Setembro traz severas tempestades para o Sudeste). Quanto a este inverno, se conseguir ser menos pior que o de 2023 eu já me dou por satisfeito.

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Como se ondas de frio não fossem mais ultrapassar o trópico de capricórnio, sendo que vivemos no único continente do mundo em que frentes frias ultrapassam a linha do Equador, característica que não mudaria tão fácil, como se o Sudeste e o Centro-Oeste fossem se tornar igual ao Tocantins, sudeste do Pará, sul do Maranhão e do Piauí, onde o ar frio não chega, ou raramente chega enfraquecido, e a única coisa que coloca fim no ar quente e seco são as chuvas, no passado muitas grandes onda de frio foram antecedidas por longos bloqueios, La Niñas deixam como marca grandes ondas de frio, vide 2021, se não for em 2024, vai ser em 2025, o desenho do NOAA é favorável. 

Edited by Leandro A M Leite
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Em 17/06/2024 em 16:59, Vinicius Lucyrio disse:

Olá meu povo! Voltei depois de muito tempo. Estou vivo, bem e trabalhando muito.

 

Let's take a look no inverno 2024.

 

Antes de tudo, vamos dar uma olhadinha nos precedentes. 

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O que a gente nota é que houve uma grande irregularidade na precipitação nos últimos 6 meses sobretudo na região Norte, Centro-Oeste e parte do Sudeste, além de excesso no RS e parte de SC, especialmente nos últimos 2 meses. Grande parte disso se deve ao último El Niño, que favoreceu a seca na região Amazônica, bem como a persistência de circulação anticiclônica no período chuvoso, isso atrapalha a formação de grandes corredores de umidade. Mesmo com chuvas frequentes, espacialmente elas foram muito mal distribuídas. Além disso, as altas temperaturas contribuíram também para o déficit hídrico observado em grande parte do interior do Brasil.

 

Nos oceanos, saímos do El Niño em meados de maio (mas como vocês bem sabem, a atmosfera não responde de forma imediata à mudança no padrão térmico dos oceanos) para uma neutralidade, que está atualmente em vigência. Na última semana, o 3.4 zerou. O resfriamento do Pacífico equatorial é gradual, e deverá continuar assim durante todo o inverno, sendo altamente provável a instalação do La Niña ali por meados da estação. 

 

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O Pacífico equatorial é um importante driver no nosso clima, mas o Atlântico também tem um papel crucial. Desde o início do ano, praticamente todo o Atlântico tropical tem ficado muito mais aquecido que o normal, o que atenuou um cenário de seca no norte do Nordeste que poderia ter sido grave por conta do El Niño (mais energia na atmosfera, mais vapor d'água, e maior atividade da ZCIT em períodos de convecção favorecida), e também favoreceu mais umidade no leste do Sudeste em meados do verão. No entanto, quando a ASAS se expande, esse aquecimento oceânico pode ter um efeito contrário: a manutenção de bloqueios atmosféricos, e a daí pra frente é só pra trás, as coisas vão se retroalimentando. E vimos bem isso entre abril e maio, com algo que foi disparado por convecção acentuada no Índico (que também está aquecido) e o travamento da circulação meandrante em torno do Hemisfério Sul. Olhem também aquela mancha alaranjada bem ali no Pacífico Sul, um dos meandros trava ali e mantém sistemas de alta pressão semi-estacionados.

 

O aquecimento do Atlântico tropical reduziu nas últimas semanas, mas ainda segue expressivo ao largo da costa leste brasileira, especialmente entre o ES e o RN. Indica maior dificuldade dos modelos de previsão sazonal em pegarem extremos de precipitação em especial ali naquele trecho entre PE e RN; Ondas de Leste podem provocar volumes muito altos em pouco tempo. Água quente ajuda a perturbar mais a atmosfera acima. Na faixa equatorial, um padrão de 'Atlantic Niña' contribui neste momento para manter a ZCIT mais afastada da costa norte, porém a sul pode acabar gerando algumas LI tropicais costa adentro no Norte e Nordeste.

 

Nos pés do continente o oposto, águas mais frias tanto do lado do Pacífico quanto no Atlântico, por conta do ar frio represado no decorrer de maio. Bem na linha da costa do Sul e Sudeste, águas resfriando podem ter tido dois disparos: recorrente ingresso de ar quente e seco do interior do continente rumo a costa e, claro, intensificação natural da corrente das Malvinas. Essa condição favorece nevoeiros marítimos e temperaturas amenas nessas áreas.

 

E logicamente né, galera. Notamos que o que predomina em quase todas as bacias oceânicas do planeta são anomalias positivas, e este infelizmente é o padrão daqui pra frente. Há várias ondas de calor marítimas neste momento. O aquecimento global antrópico é uma realidade, só não vê quem não quer.

 

Agora, vamos ao inverno de 2024.

 

Durante os próximos 3 meses, vamos continuar com o resfriamento gradual no Pacífico equatorial, e um novo evento de La Niña é provável de se iniciar formalmente entre o fim de julho e agosto. Conhecidamente, o fenômeno favorece mais chuvas no Norte/Nordeste, e mais estiagens no Sul. Só que no inverno, La Niña favorece tempo mais seco em quase todo o Brasil Central, sul da região Norte e interior do Nordeste. Com tanta energia acumulada nos oceanos, e ar mais seco no interior do país, é bastante coerente a previsão do ECMWF no que diz respeito às temperaturas. E com base no mapa abaixo podemos inferir alguns pontos.

 

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- Bloqueios atmosféricos serão recorrentes, e muitas vezes prolongados ao longo do inverno. Eles vão dificultar o avanço do ar frio para áreas mais ao interior. Digo dificultar, não impedir totalmente.

- A circulação anticiclônica dos sistemas que mantêm o ar seco favorecem transporte de ar quente pela fronteira oeste, desde o Norte até o Sul, com ar quente adentrando o MS e SP muito frequentemente.

- Áreas mais centrais e interior do Nordeste deverão ter noites mais frias que o normal justamente por conta do ar seco, e mais seco que neste mesmo período em 2023.

- No Sul, grandes oscilações térmicas. Provavelmente teremos mais eventos de veranicos, mas de julho em diante o ar frio deve chegar com mais frequência pelo menos no RS. Nas demais áreas do país? Vai depender da boa vontade do ar seco. Mas em suma, por conta do La Niña, é maior o risco de geadas amplas neste inverno do que no último, principalmente agosto e setembro.

- Marasmo no Sudeste, sinto muito.

- Recordes de calor em MT, MS, norte do PR e interior de SP são altamente prováveis já a partir de julho. Setembro então nem se fala, fogo, fogo, fogo e mais fogo.

- Vamos ter que fundar o BAF: Brasil Abaixo de Fumaça. Cerrado, Amazônia e Pantanal vão pegar fogo como poucas vezes se viu.

- A Amazônia vai penar mais uma vez, provavelmente com baixas cotas no Rio Negro em Manaus - e possivelmente passando (pelo menos) a marca de 2010. Navegação vai ser bastante prejudicada para a população e escoamento logístico.

- Agosto e setembro, os meses do fogo, poderão ter alívios significativos no leste do Sul e Sudeste. Vai de 8 a 80.

 

CzLXeaG.png

 

A chuva no Sul deve reduzir de forma gradual ao longo do inverno também. Mas com tanto ar quente duelando com o ar frio, eventos de chuva volumosa e salvas de temporais ainda devem ocorrer até setembro - o que vai mudar vai ser o intervalo entre um evento e outro, vão ficar cada vez mais espaçados. Bem provável que tenhamos um inverno mais seco que o último não apenas no Sul, mas em todas as regiões.

 

Ok, mas e cadê essa menina que não quer trabalhar?

 

Gente, estamos falando de La Niña em tempos de planeta aquecendo. La Niña hoje em dia já não é mais sinônimo de frio garantido, ao menos nos primeiros 6 meses desde seu embrião até seus meses iniciais. Efeitos nas temperaturas médias vamos começar a sentir mesmo só de meados da primavera para frente. O verão próximo, por exemplo, já deve ser menos quente que o último. Mas La Niña favorece condições secas e mais quentes no RS, então...

 

Se a menina continuar ali ao longo de 2025 e repicar no fim do ano para 2026, aí podemos ter uma condição legal para frio. 

 

Oi, Vinicius, primeiro, obrigado pela disposição em interpretar e mastigar tudo isso aqui pra gente.

 

Frequentemente me bate uma dúvida quanto ao ENOS em tempos de aquecimento global. O planeta está aquecendo (fato) e, com isso, já li por aí que os atuais episódios de la Nina causam temperaturas globais superiores aos antigos episódios de el nino, o que me parece plausível.

 

Minha dúvida é a seguinte: como o planeta responde ao ENOS nesse caso? Em termos absolutos da temperatura dos oceanos ou relativos em relação as respectivos padrões vigentes? Por exemplo, supondo que no futuro uma la nina de intensidade -2,5 traga um valor de 27,0C na região 3.4, quente, o que na década de 50 seria um El Nino. Nesse caso, a la nina continuaria sendo la nina pelo desvio da média em relação às águas ao redor - quanto às tendências climáticas de chuva, desvios de temperatura, etc? Ou os valores absolutos de temperatura ditariam as regras? O mesmo raciocínio para o El nino...

 

Obrigado.

Edited by LeoP
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Em 17/06/2024 em 21:58, Leandro A M Leite disse:

Como se ondas de frio não fossem mais ultrapassar o trópico de capricórnio, sendo que vivemos no único continente do mundo em que frentes frias ultrapassam a linha do Equador, característica que não mudaria tão fácil, como se o Sudeste e o Centro-Oeste fossem se tornar igual ao Tocantins, sudeste do Pará, sul do Maranhão e do Piauí, onde o ar frio não chega, ou raramente chega enfraquecido, e a única coisa que coloca fim no ar quente e seco são as chuvas, no passado muitas grandes onda de frio foram antecedidas por longos bloqueios, La Niñas deixam como marca grandes ondas de frio, vide 2021, se não for em 2024, vai ser em 2025, o desenho do NOAA é favorável. 

 

Bom dia, Leandro.

 

Se você ler com bastante atenção meu post, e interpretar direitinho, vai ver que eu não disse que o inverno será flat sem nenhuma variação de SC para cima. Falei até em maior risco de geadas em relação a 2023, basta interpretar de forma mais lógica e menos apaixonada.

 

Abraços.

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Em 17/06/2024 em 21:58, Leandro A M Leite disse:

Como se ondas de frio não fossem mais ultrapassar o trópico de capricórnio, sendo que vivemos no único continente do mundo em que frentes frias ultrapassam a linha do Equador, característica que não mudaria tão fácil, como se o Sudeste e o Centro-Oeste fossem se tornar igual ao Tocantins, sudeste do Pará, sul do Maranhão e do Piauí, onde o ar frio não chega, ou raramente chega enfraquecido, e a única coisa que coloca fim no ar quente e seco são as chuvas, no passado muitas grandes onda de frio foram antecedidas por longos bloqueios, La Niñas deixam como marca grandes ondas de frio, vide 2021, se não for em 2024, vai ser em 2025, o desenho do NOAA é favorável. 

Para uma frente fria chegar na linha do Equador é um parto de sêxtuplos, acontece uma ou duas vezes por ano e tem anos que nem ocorre e ondas de frio ultimamente mal chegam aqui no RS, o que dirá acima do Trópico de Capricórnio.

Edited by Edison Bocorny Jr
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Antes desse El Niño as temperaturas no território brasileiro se mantinham mais ou menos em cima da normal climatológica 1991-2020, ou até 1981-2010, ou até ligeiramente abaixo, os mapas mostram anomalias negativas no Brasil em 2021, 2022 e primeiro semestre de 2023, o Brasil vivia em clima de lua de mel com essa menina, o Mato Grosso mesmo, ficou entre 0 e -0,5 C com relação à média 1991-2020 de janeiro a junho de 2023, junho de 2023 teve anomalias negativas mais acentuadas no Mato Grosso do Sul, norte do Paraná, oeste paulista, sul do Mato Grosso, justo as regiões que sofreriam a partir de agosto com tantas ondas de calor, e muito graças à forte onda de frio daquele mês, a La Niña poderia nos garantir tudo isso novamente:

map_1month_anomaly_Global_ea_2t_202306_1991-2020_v02.1.png

map_12month_anomaly_Global_ea_2t_202212_1981-2010_v02.1.png

C3S_12month_anomaly_202101-202112_1991-2020_690px.jpg

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Edited by Leandro A M Leite
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foram 3 anos de la ninã, 2020, 2021 e 2022. RS teve pouca chuva. A natureza deu um jeito de compensar. Niño 1+2 tem impacto direto nas chuvas por aqui, 3 anos direto de anomalia negativa e aí reverteu p uma anomalia que teve pico de +3,5 em julho de 2023, o impacto que isso causou na atmosfera não pode ser ignorado, uma mudança muito brusca. E anomalia acima de +3 °C em 1+2, pelo monitoramento que temos desde 1981 ocorreu apenas em 1982/83 (enchentes catastróficas em SC), 1997/98 e agora 2023 (chuvas recordes amplas no RS). Vemos que os anos 2000 foram muito tranquilos, pq podemos dizer que é esperado um evento significativo de el niño pelo menos uma vez por década.

 

Primeiro semestre inteiro de 2024 ainda afetado pela circulação atmosférica que o el niño de 2023 causou.

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Em 17/06/2024 em 23:44, LeoP disse:

 

Oi, Vinicius, primeiro, obrigado pela disposição em interpretar e mastigar tudo isso aqui pra gente.

 

Frequentemente me bate uma dúvida quanto ao ENOS em tempos de aquecimento global. O planeta está aquecendo (fato) e, com isso, já li por aí que os atuais episódios de la Nina causam temperaturas globais superiores aos antigos episódios de el nino, o que me parece plausível.

 

Minha dúvida é a seguinte: como o planeta responde ao ENOS nesse caso? Em termos absolutos da temperatura dos oceanos ou relativos em relação as respectivos padrões vigentes? Por exemplo, supondo que no futuro uma la nina de intensidade -2,5 traga um valor de 27,0C na região 3.4, quente, o que na década de 50 seria um El Nino. Nesse caso, a la nina continuaria sendo la nina pelo desvio da média em relação às águas ao redor - quanto às tendências climáticas de chuva, desvios de temperatura, etc? Ou os valores absolutos de temperatura ditariam as regras? O mesmo raciocínio para o El nino...

 

Obrigado.

Oi Leo,

 

A resposta para a sua pergunta é: ainda não sabemos ao certo.

 

De fato, considerando a ascendente das temperaturas nos últimos anos, e a provável continuidade disso nos próximos anos, em termos de temperatura média global teremos desvios para cima em períodos de El Niño e para baixo em períodos de La Niña. Os efeitos dos fenômenos aqui na América do Sul vão depender muito da intensidade deles e claro, devemos considerar que outras bacias oceânicas tem um peso importante. Eu imagino que no auge da intensidade deles, El Niño e La Niña vão continuar sendo os principais drivers do sistema climático, especialmente no que se refere a chuva.

 

Neste último evento de El Niño, tivemos efeitos clássicos, mas imagino que seriam igualmente intensos caso o EN tivesse sido mais fraco, pois quase todas as regiões oceânicas estavam (e ainda seguem) com temperaturas acima da média. Já um La Niña, não vejo mais tanto como causador de temperaturas baixas, mas sim de maior dinamismo, pois as temperaturas variam mais no Centro-Sul do Brasil mesmo durante o verão; no RS, um efeito que hoje considero como esperado em eventos de LN, é a ocorrência de longos períodos de tempo seco e ondas de calor no verão.

 

Os próximos anos serão um laboratório neste sentido. Precisamos redescobrir os efeitos clássicos do EN e LN em um contexto de aquecimento contínuo do planeta.

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Em 20/06/2024 em 10:54, Flavio Feltrim disse:

Saída interessante para as chuvas do mês de julho a partir de um modelo experimental baseado em machine learning:

 

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aproveitando a deixa, será que com os algoritmos de linguagem de máquina teremos um futuro pronissor nesses modelos de previsão? acredito que já estejam havendo pesquisas e novas implementações incorporando big data e machine learning aos modelos clássicos de previsão, não? seria top

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Em 24/06/2024 em 16:09, Rodolfo Alves disse:

E O NINO 3.4 QUE SUBIU +0.3ºC E FOI PRA 0.3ºC ????   

 

DAQUI A POUCO VAMOS VOLTAR PRA EL NINO KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

 

001.png.6a289383c879a46a19b5d9f43d650afd.png

 

 

PELO CFS JÁ ERAMOS PARA ESTAR ENTRE -0,5 E -1,0 AGORA..... KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK

 

ECMWF PISANDO NO "DEUS" CFS....

 

(PREVISÃO DE FEVEREIRO)

 

E SEGUE O BAILE.....

 

001.thumb.png.e3c8723aef83c4abc3211ae1c76ce7e6.png

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A última atualização do IRI-ENSO mostra a mediana dos modelos entre um cool-neutral a uma La Nina fraca.

 

Ou seja, não se descarta nesse momento até a manutenção de uma neutralidade a neutralidade-fria, sem a configuração de um episódio de La Nina oficialmente.

 

Porém, a maioria dos modelos ainda flerta com um episódio fraco da menina. Mas a considerar o recuo em relação as projeções anteriores, o cenário segue tendendo a um arrefecimento das condições para a formação oficial do fenômeno.

 

 

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