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Brasil Abaixo de Zero

Temas Gerais


Alexandre Aguiar
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Embora tenha algumas coisas a relativizar, essa matéria ficou bem interessante pelo fato de demonstrar que, para além de um problema de ordem natural, a crise que está por chegar se trata de um tema de gestão pública da água. Enfim, algo que poderia ser evitado em vez de piorado.

 

Abraços.

 

DRAMA D'ÁGUA

Por que São Pedro sozinho não vai tirar São Paulo da seca

Com o passar dos dias e a intensificação da estiagem histórica na Cantareira, fica cada vez mais cristalino que tem algo fora do eixo na gestão da água do Estado de São Paulo

 

Vanessa Barbosa

EXAME.com - 10/04/2014

 

É fato que São Pedro não tem sido lá muito amigo dos paulistas nestes primeiros meses de 2014. Desde dezembro, o Estado de São Paulo vive sua pior estiagem em mais de 80 anos. Agora, acender vela para que o apóstolo abra as portas do céu e faça a água cair sobre as represas sedentas não é a solução mais racional.

 

Aqui em terra, a preservação e proteção desse recurso é responsabilidade de todos, mas sua correta gestão recai, principalmente, sobre o poder público.

 

Caprichos da natureza não são suficientes para justificar que o Estado com o maior PIB do país e lar de 10% da população brasileira esteja à beira de um colapso d´água.

 

Com o passar das semanas e o aprofundamento do drama da Cantareira, que atingiu seu pior nível ontem, de 12,5%, fica cada vez mais cristalino que tem alguma coisa errada na gestão da água paulista.

 

A suspeita é reforçada pela recente admissão pela Companhia de Saneamento Básico de São Paulo (Sabesp) de que existe, sim, risco de ocorrer rodízio de água, caso os níveis dos reservatórios da companhia no Estado de São Paulo não sejam reestabelecidos.

 

Essa informação não consta em algum relatório recente feito na esteira da crise paulista, mas no relatório de sustentabilidade de 2013 da empresa divulgado esta semana.

 

Até aí tudo bem, não fosse pelo fato da afirmação ir de encontro à negativa repetida a exaustão ao longo das últimas semanas pelo governo de Geraldo Alckmin de que "São Paulo não terá racionamento de água".

 

AFINAL, QUEM TEM RAZÃO?

Faz pelo menos quatro anos que o Estado de São Paulo está a par dos riscos de desabastecimento de água na Região Metropolitana.

 

Em dezembro de 2009, o relatório final do Plano da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, feito pela Fundação de Apoio à USP, não só alertou para a vulnerabilidade do sistema Cantareira como sugeriu medidas cabíveis a serem tomadas pela Sabesp a fim de garantir uma melhor gestão da água.

 

O estudo afirmava que o sistema da Cantareira tinha "déficits de grande magnitude". Entre as recomendações feitas pelo relatório estavam a instauração de processos de monitoramento de chuvas e vazões do reservatório e implementação de postos pluviométricos.

 

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o promotor Rodrigo Sanches Garcia, do Grupo Especial de Defesa do Meio Ambiente, afirmou que a Sabesp já tinha conhecimento sobre a necessidade de melhorias há mais tempo.

 

"Na outorga de 2004, uma das condicionantes era que a Sabesp tivesse um plano de diminuição de dependência do Cantareira. O grande problema foi a demora de planejamento", contou.

 

INVESTIGAÇÃO

O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) vai instaurar, ainda nesta semana, um inquérito civil para esclarecer a crise no Sistema Cantareira.

 

Além de considerar a falta de chuvas sobre as bacias hidrográficas que alimentam a Cantareira nos primeiros meses do ano, o inquérito vai apurar informações sobre a possibilidade de erros de gestão da Sabesp.

 

À frente do inquérito está o 1º Promotor de Justiça do Meio Ambiente da capital, José Eduardo Ismael Lutti.

 

Referência em matéria de direito ambiental, o promotor já fez críticas públicas à possíveis falhas dos órgãos competentes pelo abastecimento de água e ao próprio governo Alckmin.

 

"Temos o pior sistema de gestão de recursos hídricos que se pode imaginar", afirmou durante evento em São Paulo, em março, numa crítica direta a possíveis intervenções políticas.

 

"Político não serve para ser gestor onde o conhecimento técnico tem que imperar. Nosso sistema de abastecimento está no limite há no mínimo quatro anos, e o que foi feito para evitar o colapso?", questionou.

 

Segundo Lutti, a recusa por parte do governo em falar em racionamento tem conotações políticas claras, já que estamos em pleno ano eleitoral.

 

AÇÕES DE EMERGÊNCIA

Com a crise instalada, entraram em cena algumas medidas de emergência na tentativa de amenizar o problema.

 

De saída, a Sabesp ofereceu desconto de até 30% na conta para quem economizasse água. Com a adesão popular e controle dos desperdícios, a medida já economizou volume suficiente para abastecer uma cidade do tamanho de Curitiba.

 

Outra medida, essa menos popular por várias razões, foi a tentativa de provocar chuva artificial, um processo chamado de semeadura de nuvens, ao custo de R$ 4,5 milhões.

 

Especialistas em meteorologia olham com reservas a técnica, que é alvo de controvérsias, por sua eficácia e possíveis efeitos indesejados no meio ambiente.

 

Já que não chove nas represas, a investida mais radical será recorrer a obras para retirada do chamado volume morto, um reservatório que está abaixo do nível alcançado hoje pelo sistema de captação.

 

Mas mesmo essa água extra tem limite, dá para garantir líquido extra na torneira por cerca de quatro meses.

 

Outra alternativa, que depende menos do estado e mais da disposição dos vizinhos, é a proposta de construir um canal para retirar água da bacia do Rio Paraíba do Sul, que abastece o Rio de Janeiro.

 

É polêmica. Para especialistas da área, retirar água do Paraíba do Sul pode antecipar um colapso de abastecimento para o povo fluminense.

 

Agora que a crise já está instalada, começam a sair do papel projetos antigos que podem proteger a cidade de futuros colapsos.

 

É o caso da construção de um novo reservatório de água, em Ibiúna, fruto de parceria público-privada, prevista para ser concluída em 2018.

A NATUREZA FALA, MAS QUEM ESCUTA?

Todas essas ações tomadas quando a crise já está instalada mostram que a solução vai muito além da boa vontade de São Pedro.

 

A natureza fala e os sinais são claros. Mas estamos dando a devida atenção? O colapso do sistema da Cantareira é uma tragédia anunciada há tempos.

 

Verões mais intensos e com padrões de chuvas alterados são sinais de mudanças no padrão climático.

 

O verão de 2014 foi o mais quente de São Paulo em 71 anos.

 

Além dos termômetros em alta recorde, o verão também trouxe tempo seco sem precedente e a falta de chuva, que levaram as principais represas à situação de estresse hídrico.

 

Não há estudo que mostre a relação direta entre o aquecimento do planeta e as altas temperaturas registradas por aqui.

 

No entanto, com a tendência de aquecimento dos últimos anos, verificados pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPPC), os extremos climáticos tornam-se mais comuns.

 

ESCOLHAS

Em agosto de 2014, a outorga do Sistema Cantareira deverá ser renovada. Na ocasião, o governo paulista vai alterar dispositivos, ao menos é isso que se espera. Vai decidir quanto de água o sistema poderá prover por dia, que regiões serão abastecidas, e com que prioridade.

 

"Se a decisão for baseada em critérios técnicos, a vazão total deveria ser reduzida", escreveu o biólogo Fernando Reinach, em coluna no jornal Estado de S. Paulo.

 

"No futuro, teremos mais anos com pouca chuva e mais anos com um grande excesso de chuvas. Para garantir o suprimento de água nos anos secos, os reservatórios deveriam ser administrados com uma folga maior. Menos água pode ser retirada, e os níveis médios devem ser mantidos mais altos", diz.

 

Em carta, publicada no site da Agência Nacional de Águas, a Sabesp pede a renovação da outorga do sistema Cantareira.

 

O documento de 43 páginas não menciona a redução da captação de água, apenas reitera que um estudo para diminuir a dependência do sistema Cantareira será apresentado, dentro de 30 dias após contrato firmado.

 

Caberá ao governo decidir quanto de água poderá sair.

 

Se seguir o pensamento técnico e determinar a redução da captação diária, não sobrará outra alternativa à Sabesp ou outras empresas candidatas que não implementar de imediato novas soluções.

 

Se tudo permanecer do jeito que está, só vai restar acender vela para São Pedro, mesmo.

 

Link: http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/sao-pedro-sozinho-nao-vai-tirar-sao-paulo-seca-779403.shtml?func=1&pag=0&fnt=14px

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Mesmo com o fator eleição, honestamente não sei o que esses caras têm na cabeça. :rtfm:

Será que estão apostando que a chuva vai voltar com tudo em outubro? :russian:

É uma aposta muito arriscada.

 

Na minha intuição (Já que uma previsão correta é muito difícil), estou achando que as chuvas vão atrasar neste ano.

Como já comentei aqui, isso (Demora na normalização das chuvas) já aconteceu em várias secas do passado.

Honestamente, espero estar errado.

O pessoal da Climatempo está dizendo algo parecido: chuvas normais só lá pra janeiro. :russian:

O.K. que nosso "amigo" já vai estar eleito mas... e os reflexos na economia? :rtfm:

Afinal, o consumo não é apenas residencial.

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Lugar fascinante, estava pensando em ir com a patroa agora em agosto mas já não dará mais, quem sabe setembro, senão, só ano que vem.

 

Que pena Troyano..é um pesseio e tanto....O Morro do Couto imagino ser 0,5 + frio que o Massena, pelos 90 metros a mais....é um topo e tanto, mas creio que o sinal do Marcão não chegaria até lá..

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E as vencedoras do concurso da National Geographic são :

 

Uma impressionante imagem de uma grande tempestade perto da cidade de Julesburg, no Estado americano do Colorado, feita pelo esloveno Marko Korosec, foi a grande vencedora do Concurso National Geographic de Fotos de Viagem, em sua edição de 2014. A foto foi escolhida entre mais de 18 mil concorrentes e se chama 'Dia da Independência', devido à forma de nave espacial da nuvem, que remete ao filme de mesmo nome lançado em 1996 (Foto: Marko Korosec)

140804144642_11.jpg

 

A foto que conquistou o terceiro lugar, 'Mergulhador no Reino Mágico' foi clicada por Marc Henauer, de Genebra, Suíça. 'O Lago Verde (Grüner See) fica em Tragöss, na Aústria. Na primavera, o derretimento da neve aumenta em até dez metros o nível do lago. Este fenômeno dura apenas algumas semanas e cobre as trilhas, pastos e árvores. O resultado é uma paisagem de mergulho mágica", disse Henauer (Foto: Marc Henauer)

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Lugar fascinante, estava pensando em ir com a patroa agora em agosto mas já não dará mais, quem sabe setembro, senão, só ano que vem.

 

Que pena Troyano..é um pesseio e tanto....O Morro do Couto imagino ser 0,5 + frio que o Massena, pelos 90 metros a mais....é um topo e tanto, mas creio que o sinal do Marcão não chegaria até lá..

 

Um dia eu consigo.kkkk

 

Só não estou afim de ir no verão pois queria mesmo era chegar cedo e ver tudo congelado.

 

Mas meus finais de semanas estão ficando cada vez mais curtos.

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Lugar fascinante, estava pensando em ir com a patroa agora em agosto mas já não dará mais, quem sabe setembro, senão, só ano que vem.

 

Que pena Troyano..é um pesseio e tanto....O Morro do Couto imagino ser 0,5 + frio que o Massena, pelos 90 metros a mais....é um topo e tanto, mas creio que o sinal do Marcão não chegaria até lá..

 

Um dia eu consigo.kkkk

 

Só não estou afim de ir no verão pois queria mesmo era chegar cedo e ver tudo congelado.

 

Mas meus finais de semanas estão ficando cada vez mais curtos.

 

Ow tio dono da PG , to indo domingo se for pra ver geadona por la , não rola ir ?

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Ow tio dono da PG , to indo domingo se for pra ver geadona por la , não rola ir ?

 

 

Sábado aniversário do filho de um amigão mesmo em sampa, domingo dia dos pais e estarei com a minha filhota, não é um lugar para levar uma criança de 4 aninhos.

 

Cara, saia para prefeito de MF, novo pólo frio do Brasil il il.

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Nível do Cantareira cai mais nesta quinta-feira

 

O nível de armazenamento do Sistema Cantareira que abastece grande parte da região metropolitana de São Paulo caiu mais alguns décimos e está em 14,4% nesta quinta-feira, segundo dados divulgados pela SABESP. Na segunda-feira, dia 4, o Cantareira estava com 14,9%. Outro reservatório que preocupa é o Alto Tietê que hoje atingiu 19,4% de sua capacidade.

 

RycJsYV.jpg

No dia 7 de agosto de 2013, a situação dos reservatórios era bem confortável com o nível do Cantareira em 52,3% e do Alto Tietê em 62,3%. Veja a comparação do nível dos dos reservatórios em 2014 e 2013 no gráfico abaixo:

 

PC9opFu.png

 

O nível do reservatório continua baixando porque tem chovido muito pouco na Grande São Paulo e no Estado. Os dias ensolarados e secos aumentam a taxa de evaporação da água. Além disso, o consumo continua sendo maior do que a pouca reposição dos reservatórios. Agosto é o mês mais seco do ano em São Paulo e no Sul de Minas Gerais, regiões onde ficam as represas que formam o Sistema Cantareira.

 

Fonte: Climatempo

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Cantareira chega a 15 meses em queda no nível d'água

Sistema está distribuindo para o abastecimento mais água do que recebe desde maio de 2013

 

Vivendo o período de pior crise hídrica, o Sistema Cantareira completou no início de agosto 15 meses consecutivos de perda de água, devido à estiagem prolongada. Desde maio de 2013 o sistema — que abastece toda região de Campinas, Piracicaba e a Grande São Paulo — vem distribuindo mais água que recebe ou capta dos rios. Ontem, o nível do manancial era de 14,9%, contando com a reserva técnica, chamada de volume morto.

 

O Sistema Cantareira tem capacidade para 982 bilhões de litros de água — o total de déficit equivale a 647,4 bilhões de litros de água. Para especialistas, a perda contínua mostra o esgotamento da rede de reservatórios. A quantia é suficiente para abastecer 72 meses de água de Campinas, que possui 1,1 milhão de habitantes, segundo estimativa de população do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013. Por mês, são consumidos 9 bilhões de litros de água, de acordo com a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S.A. (Sanasa).

 

Desde maio o Estado tem retirado do fundo dos reservatórios do Sistema Cantareira o volume morto — a água acumulada e que é retirada por sistema de dragagem e bombas de sucção.

 

A crise hídrica que atinge um dos maiores sistemas de reservatórios do mundo é resultado da falta de chuva que vem ocorrendo desde o último Verão. Em geral o acúmulo de águas ocorre principalmente nos meses chuvosos, de outubro a março, garantindo o abastecimento no período de estiagem. Entretanto, entre outubro de 2013 e março de 2014 foram observadas vazões naturais excepcionalmente baixas para esta época. Apesar de ser apenas um período sem água, a falta de chuvas praticamente “secou” o Sistema Cantareira.

 

O Correio apurou que, se não chover antes de outubro — quando é esperada a volta de precipitações no Estado —, é possível que seja necessário o racionamento. Outra alternativa é a estudada pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que solicitou à Agência Nacional de Água (ANA) e ao Departamento de Água e Energia Elétrica (Daee) autorização para captar uma segunda parcela do volume morto. Os órgãos ainda não autorizaram.

 

A segunda parcela seria equivalente a mais 116 bilhões de litros de água — quantidade maior que a pedida anteriormente, de 182,5 bilhões de litros de água. Se autorizada a segunda cota, sobrariam no reservatório pouco mais de 100 bilhões de litros de água. Não há estudos que indiquem se a terceira cota seria utilizável, uma vez que no fundo do reservatório estão acumulados metais pesados e outros materiais.

 

http://correio.rac.com.br/_conteudo/2014/08/capa/campinas_e_rmc/195002-cantareira-chega-a-15-meses-em-queda-no-nivel-d-agua.html

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Crise da água em São Paulo e o buraco do avestruz (VÍDEO)

 

O Climatempo é uma empresa brasileira dedicada a fazer previsões meteorológicas. Eles acabam de publicar em seu website uma pequena reportagem com suas previsões de chuva para o período entre outubro e março e as possibilidades de recuperação do sistema Cantareira. É um vídeo revelador do grau de gravidade que estamos vivendo, e não nos damos conta. Mesmo por que a imprensa tradicional pouco está fazendo para esclarecer a situação. Na reportagem, eles entrevistam o professor Antônio Zuffo, chefe do Departamento de Recursos Hídricos na Universidade de Campinas (Unicamp). Sua entrevista é tão impressionante que resolvi transcrevê-la:

 

"Com a falta de água, cessariam as outorgas de irrigação e de indústrias e, talvez, de comércio. Seria um caos completo. Você teria de viver com a compra de água a granel, por caminhão pipa, mas você não tem a garantia da qualidade. É uma situação muito grave. E a gente passa ainda pela rua e vê pessoas lavando carro, lavando calçada. Não sabem da gravidade do problema. É muito grave. Nós nunca passamos uma situação como essa. E por causa do ambiente político desse ano, essa história não está vindo a público. Então, está se negando o problema e o problema já está instalado. Se não ocorrerem chuvas para reabastecer ou encher os reservatórios pelo menos 5 ou 10% a situação vai ficar extremamente grave. E esse cenário nebuloso está cada dia mais próximo."

 

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Segundo a meteorologista da Climatempo, Bianca Lobo, o volume médio de chuvas no período entre outubro a março no sistema Cantareira é de cerca de 1.250 milímetros, ajudando-o a recuperar de um ano para o outro cerca de 30% do seu volume. Ou seja, se chover a média dos outros anos, o volume de água que entrará vai ajudar a recuperar o volume morto (cerca de 18%) e vai sobrar apenas 12% acima disso para enfrentar a próxima estação seca. Isto significa que a situação vai continuar muito grave, mesmo se as chuvas seguirem os padrões. Se chover menos, será o caos, de verdade. E é exatamente isto que a Climatempo está prevendo, ou seja, que este ano o volume de chuvas ficará um pouco abaixo do normal. Nem os 30% históricos devem acontecer.

 

Imagino que a real gravidade desta situação é amplamente conhecida nos setores do governo estadual responsáveis por administrar o sistema de abastecimento de água em São Paulo. Com certeza é do conhecimento do governador Geraldo Alckmin. Se é assim, por que não estamos agora mesmo - melhor, há alguns meses - implementando uma política agressiva, bem planejada e transparente de racionamento controlado? Por que não temos uma ampla campanha pública usando todos os recursos possíveis de comunicação e mobilização para conscientizar os cidadãos de seus papéis individuais no consumo consciente de água? Por que outra parte significativa de recursos adicionais não é usada para cassar os muitos pontos de perda de água no sistema de distribuição?

 

Em vez disso, o governo estadual resolveu adotar uma atitude de avestruz, enfiando sua cabeça no buraco da contrainformação e apostando na minimização do problema, dizendo que temos água pelo menos até março. Para isso o sistema Tietê está sendo esvaziado para socorrer o sistema Cantareira e o volume morto está sendo inexoravelmente exaurido. A resposta para este desequilíbrio entre a gravidade real e imediata do problema e a forma como o Governador Geraldo Alckmim e seus acólitos no governo estão tratando o tema quase como se fosse um mero acidente da natureza tem uma única razão, bem expressa pelo Prof. Zuffo: o calendário eleitoral.

 

"É a política, seu idiota!"

 

Eis aqui minha interpretação muito pessoal de como se deu isso: quando ficou claro o que vinha pela frente, com a escassez de chuvas, o governo estadual tomou a decisão de fazer o que fosse necessário para evitar racionamento antes das eleições. Imagino que deve estar marcado na memória do PSDB o impacto político do racionamento de energia no fim do governo FHC. Agora, não se queria nada que pudesse minimamente atrapalhar a reeleição do governador.

 

A estratégia parece estar dando resultado, já que os índices de popularidade de Alckmin seguem altíssimos, resultando em uma impressionante dissociação cognitiva entre a imagem que ele projeta de administrador competente e a lambança que resultou na falta de água na maior região metropolitana da América Latina.

 

Uma vez eleito, viria a segunda parte da estratégia: o governador se imbuiria da sua autoprojetada imagem de durão e administrador sério para exigir da população um período de sacrifícios, incluindo o necessário racionamento e a tal campanha de mobilização para evitar o desperdício. Mas aí a eleição já estaria ganha. Ele ainda poderia aproveitar para exibir sua cota de sacrifício, mostrando como sua família está fazendo sua parte para economizar água.

 

Obviamente isso é só uma especulação da minha parte, mas todas as evidências sugerem esta direção. O mais curioso é que suspeito que se o governador Alckmin, assim que foi informado pela primeira vez da gravidade do problema, tivesse agido de forma diferente (e acredito que correta) ele não teria afetada realmente suas chances de reeleição e ainda sairia do episódio maior do que quando entrou.

 

E qual seria esta forma? Ele deveria ter vindo pessoalmente a público, explicado a gravidade da situação de forma aberta, chamado a população para fazer a sua parte no uso consciente da água, implementado medidas de economia e talvez até de racionamento inteligente desde o início. Ou seja, atuado como um administrador capaz até mesmo de colocar sua reeleição em risco pelo bem comum. Daria até um ótimo "storytelling" de marketing político, mas que pelo menos seria um que teria talvez minimizado muito a situação que estamos vivendo neste momento.

 

Ingenuidade? Só para dar um exemplo de uma região que está vivendo uma situação semelhante: o estado da Califórnia, nos Estados Unidos, está passando pela pior seca da história, o que já está afetando a capacidade de abastecimento de água. O governador democrata Edmund G. Brown imediatamente declarou "estado de emergência" que lhe permitiu tomar medidas, algumas bem duras, para preservar ao máximo o abastecimento de água. Foi criado um website oficial do governo no qual os cidadãos podem obter informações em tempo real de como anda a situação, com imagens mostrando o antes e o depois dos reservatórios. http://ca.gov/drought/ Há uma campanha em curso para estimular os cidadãos a economizarem no uso da água, contando inclusive com a participação voluntária de diversos artistas. Há um resumo de todas ações sendo feitas pelo governo, dados estatísticos, o diabo.

 

Enquanto isso, aqui em São Paulo quase dá para ouvir o grilo cantando, tamanho é o silêncio oficial quando comparado à gravidade do problema. Claro, são dadas entrevistas à imprensa, houve uma campanha chinfrim da Sabesp basicamente culpando São Pedro pelo problema e exaltando a força e resiliência dos paulistas e paulistanos. Mas nada que se possa chamar de uma ação pública concatenada e coordenada.

 

Bom, a opção por enfiar a cabeça no buraco pode até servir para reelegê-lo, mas com isso Geraldo Alckmin mostra de forma clara o entendimento que tem do seu papel como líder político. Enquanto isso dezenas de milhões de pessoas, moradoras da região metropolitana de São Paulo, se aproximam perigosamente de um abismo de secura de consequências imprevisíveis. Que tal propor aos californianos uma troca? Será que eles concordariam em nos emprestar seu governador por uns meses?

 

Link: http://www.brasiliaempauta.com.br/artigo/ver/id/3898/nome/Crise_da_agua_em_Sao_Paulo_e_o_buraco_do_avestruz_VIDEO

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O grande absurdo é que devido a problemas políticos (Eleições) quase toda a população de SP desconhece a verdadeira dimensão do problema.

 

O governo do estado, com a conivência da grande imprensa, finge que o pepino não existe.

 

Por enquanto, entre empresas de maior penetração na opinião pública, a Climatempo está sozinha.

 

Tenho alguns amigos (Eleitores do atual governador) que já me falaram em exagero, quando comento o problema ("Como, se a mídia não diz nada?").

Já cheguei a ouvir que é coisa de petistas querendo tumultuar...

Pode? :russian:

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O grande absurdo é que devido a problemas políticos (Eleições) quase toda a população de SP desconhece a verdadeira dimensão do problema.

 

O governo do estado, com a conivência da grande imprensa, finge que o pepino não existe.

 

Por enquanto, entre empresas de maior penetração na opinião pública, a Climatempo está sozinha.

 

Tenho alguns amigos (Eleitores do atual governador) que já me falaram em exagero, quando comento o problema ("Como, se a mídia não diz nada?").

Já cheguei a ouvir que é coisa de petistas querendo tumultuar...

Pode? :russian:

 

Por enquanto é água, depois luz... não vai polpar psdbista ou petista.

 

Se ao menos as usinas do norte estivessem em ritmo 'chinês' de construção, daria para manobrar melhor e o norte e sul tentar bancar as outras regiões.

 

Já água, provavelmente SP vai ter que importar.

 

Depois da copa, a imprensa televisiva (globo/record/band) ficou por uma/duas semanas falando do problema, depois praticamente parou.

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Cantareira: 13,1%

Alto Tietê: 18,1%

 

Parece que a chuva segurou a queda de 0,1% de ontem pra hoje. Ou será que foi "racionamento"?

 

0,2mm Zie ?? não faz nem cócegas para segurar a queda.

 

Diminuição na vazão da água do sistema.

 

Abraços

 

Suspeitei...

 

Normalmente estava caindo 0,2% por dia. De ontem pra hoje só caiu 0,1%.

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Cantareira: 13,1%

Alto Tietê: 18,1%

 

Parece que a chuva segurou a queda de 0,1% de ontem pra hoje. Ou será que foi "racionamento"?

 

0,2mm Zie ?? não faz nem cócegas para segurar a queda.

 

Diminuição na vazão da água do sistema.

 

Abraços

 

Suspeitei...

 

Normalmente estava caindo 0,2% por dia. De ontem pra hoje só caiu 0,1%.

 

Você lembra de ouvir "um dia estaremos brigando por água" ?

Rio X SP , começou.

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Cantareira: 13,1%

Alto Tietê: 18,1%

 

Parece que a chuva segurou a queda de 0,1% de ontem pra hoje. Ou será que foi "racionamento"?

 

0,2mm Zie ?? não faz nem cócegas para segurar a queda.

 

Diminuição na vazão da água do sistema.

 

Abraços

 

Suspeitei...

 

É NORMAL, ORA 0,2, ORA 0,1.

 

Normalmente estava caindo 0,2% por dia. De ontem pra hoje só caiu 0,1%.

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