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Brasil Abaixo de Zero

Fotos de Campos do Jordão


Pcacella
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acerca da artificialidade da cidade quanto à cultura européia, trata-se de uma maioria de descentes de italianos, seguindo a regra do estado de SP, com o maior contingente de descendentes e imigrantes de todos os países localizados no brasil, principalmente italianos e alemães. não era de se esperar o contrário dos proprietários destas orígens.

 

Eu discordo, não se trata de colonização. É mesmo um processo deliberado de produção de um pólo turístico o mais próximo possível dos padrões - sejam climáticos, culturais, urbanísticos etc. do mundo europeu.

 

Provar definitivamente isso seria simples: bastaria que algum conhecedor de CJ fizesse uma pesquisa dos traços urbanísticos da cidade antes de se tornar pólo turístico e antes de investirem na cidade. Antes disso, a cidade certamente era apenas "mais uma" na serra da mantiqueira, como o são várias cidades mineiras um pouquinho menos frias, porém sem qualquer resquício de Quatre Saisons, Le Capivari, Bourbons etc. Trata-se de miséria tupiniquim, tal como em qualquer outro canto deste país.

 

abraços

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Mas apesar de toda essa crítica da lógica e dos valores tupiniquins e da falta e de uma certa artificialidade burguesa em CJ e mesmo em Gramado, sabem que eu preferia que TODAS as cidades do Brasil fossem limpas, floridas e com uma arquitetura bonita como a delas. Não estou nem falando em estilo germânico não. Falo de bom gosto e de uma paisagem mais humana. Pois as cidades brasileiras estão se tornando desumanas!

 

Isto é, que as cidades brasileiras se aproximassem mais do padrão euro-americano de modelo de cidade e de ideal estético, aquele rotulado como "ocidental moderno". Também cultivo este padrão, como qualquer ocidental (mesmo que a contragosto), porém o drama nacional é cultivá-lo a todo custo e ao mesmo tempo precisar se afirmar contra ele em prol de uma pretensa "identidade nacional".

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Ótimo, bem isso o que precisava. Pelas fotos percebe-se também que não foi somente a arquitetura e o "espírito" europeu que foi importado, mas também a vegetação. Acho que as araucárias devem ser das menos valorizadas por lá, já que só utilizaram espécies temperadas p/ embelezar a cidade. Sem dúvida fica bem mais bonita, mas entra no esquema que foi discutido.

 

Sempre bom enfatizar novamente a "mutação" que um termo genuinamente tupiniquim como "Capivari", prov. de raízes indígenas, passa para se adaptar ao sonho tupiniquim do "país do futuro" (i.e.: europeu), em suas versões à francesa e à inglesa da nova Campos.

 

abs

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acerca da artificialidade da cidade quanto à cultura européia, trata-se de uma maioria de descentes de italianos, seguindo a regra do estado de SP, com o maior contingente de descendentes e imigrantes de todos os países localizados no brasil, principalmente italianos e alemães. não era de se esperar o contrário dos proprietários destas orígens.

 

Eu discordo, não se trata de colonização. É mesmo um processo deliberado de produção de um pólo turístico o mais próximo possível dos padrões - sejam climáticos, culturais, urbanísticos etc. do mundo europeu.

 

Provar definitivamente isso seria simples: bastaria que algum conhecedor de CJ fizesse uma pesquisa dos traços urbanísticos da cidade antes de se tornar pólo turístico e antes de investirem na cidade. Antes disso, a cidade certamente era apenas "mais uma" na serra da mantiqueira, como o são várias cidades mineiras um pouquinho menos frias, porém sem qualquer resquício de Quatre Saisons, Le Capivari, Bourbons etc. Trata-se de miséria tupiniquim, tal como em qualquer outro canto deste país.

 

abraços

 

francamente, creio que exagerei, mas se eu tivesse R$2.000.000,00 pra torrar, faria uma "casinha", um "bangalô", estilo europeu com lareiras até nos banheiros, com heliporto, estilo alpino e tudo mais.

 

e diria: que se dane a miséia tupiniquim. o povo de lá que tem casas assim a fazem por puro status, gosto ou mero deleite, imaginam-do estarem nos alpes, ou seguindo à risca o adágio "suiça brasileira".

 

mas como não tenho esta pequena cifra... :idea:

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Pra mim Campos não tem nada de artificial, essas construções em estilo alpino já faz parte a decadas na cidade ...é cultural seja com descendência ou não.

 

Verade Carlos.

Faz MUITO tempo que a cidade tem esse estilo.

 

A respeito da vegetação e do valor das aráucárias

É só você sair do "centrinho" e começar a ver bastante mata nativa.

É muito mais fácil encontrar algum lugar chamado "Xxxxxx Araucária" do que "Xxxxx Platanus", por exemplo, Fábrica de Chocolates Araucária(que existe) ou Acampamento Araucária.

Edited by Guest
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Pra mim Campos não tem nada de artificial, essas construções em estilo alpino já faz parte a decadas na cidade ...é cultural seja com descendência ou não.

Artificial

 

do Lat. artificale

 

adj. 2 gén.,

produzido por arte ou indústria;

fingido;

dissimulado;

postiço;

que não é natural.

---

Original

 

 

do Lat. originali

 

adj. 2 gén.,

relativo à origem;

que está na origem;

primitivo;

natural;

inato;

que tem carácter próprio;

inventado, feito sem modelo;

que não tem semelhante;

singular, extravagante, excêntrico;

fora do vulgar;

 

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As definições do dicionário às vezes vem em boas mãos, embora eventualmente inconvenientes. Muito bom, Luiz.

 

Quanto aos argumentos colocados: o tempo também não é fator determinante, em primeiro lugar pois a ordem p/ se constituir uma cultura é bastante grande, no mínimo algumas gerações. A constituição de uma cultura autônoma, diferenciada, implica em uma estrutura de sistemas simbólicos particulares (em geral linguagem, organização social particular, parentesco e outros). Ora, esta Campos turística nada mais é do que padrões europeus importados. A cultura de Campos real, quer dizer, aquela que nós obviamente não queremos ver, genuinamente brasileira, esta sim vai ter todas as propriedades necessárias para ser considerada uma cultura própria. Entretanto, não sairia bem na foto. Quanto à "nova" Campos - sobretudo esteticamente, urbanisticamente - a distância de seus traços e propriedades em relação ao estilo e padrão que simula (europeu), ao ponto de até mesmo copiar a sua linguagem - um dos elementos centrais de uma cultura - é tão ínfima que falar em uma "nova cultura" só faria sentido se pensássemos numa adaptação de um padrão legítimo à realidade tupiniquim, e mesmo assim não suprimiríamos o fato inconveniente de sermos nós a buscar uma pdrão estrangeiro, e por causa de uma relação de força entre as culturas (ou é o mundo a copiar o estilo brasileiro? Aliás, qual é o estilo brasileiro?). Mas mesmo isso não refutaria a tese de que se trata de importação, por parte de uma cultura dominada, de elementos de uma cultura dominante. Recusar esta asserção, nos termos de uma saída simplista da constituição de uma cultura "nova" - portanto, autônoma, irredutível, "natural" etc. -, segundo o critério tempo, é simplesmente querer mistificar a verdade objetiva de CJ como produto de uma cultura dominada destituída de identidade (o Brasil), e nisso ela não está sozinha: em geral, trata-se do drama tupiniquim que existe há séculos, vide as reformas urbanas cariocas do início do século XX, o estilo de vida ostentado pela aristocracia brasileira, a elite latifundiária etc., além das próprias metrópoles, baseadas no urbanismo das cidades norte-americanas (e muito mal-copiadas, diga-se de passagem). Estamos tão acostumados com estes fenômenos e estes padrões, quer dizer, eles estão tão incorporados que simplesmente não os percebemos - achamos que é universal. Isto é um dos principais axiomas dos efeitos da violência simbólica, isto é, de se dissimular como arbitrária, de parecer natural. Assim, percebemos como nosso um padrão (estético, urbanístico, o que seja) externo.

Em segundo lugar, pois é um efeito mercadológico, portanto pontual e incompatível com as condições p/ uma cultura no sentido estrito do termo, e em terceiro lugar, é um efeito mercadológico produzido pela estrutura do campo cultural, isto é, da posição dominada do Brasil (e dos brasileiros) - e de sua elite - em relação às elites dos países dominantes e da cultura dos países dominantes. Isto quer dizer que a mercadológica de CJ, obviamente, não importa o estilo das urbes africanas ou sul-asiáticas, porém, importa o estilo alpino. Isto não é coincidência, é um efeito da estrutura das relações de força entre os países e suas respectivas culturas: dominante é apenas um conceito para definir o reconhecimento de maior valor, prestígio, beleza, virtuosidade e todos os atributos positivos possíveis que uma cultura legítima possui, aos olhos das outras.

 

Deste modo, em vias de conclusão, o fato de esta cultura estar exportada e incorporada em outras culturas (dominadas, como a nossa), de forma que pareça que este padrão particular faz parte de "todas" as culturas, como se estivesse "adaptado", nada mais é do que precisamente o efeito do imenso poder e valor desta cultura legítima (neste caso, euro-americana), e seu imenso poder de adaptação e de domínio para além de suas fronteiras (basta comparar, por exemplo, com as culturas indígenas: qual o seu peso na estrutura do campo cultural, isto é, seu peso na constituição da cultura ocidental ou dos países em geral? Subsistem apenas nos níveis mais profundos, e sempre em territórios muito restritos, ao contrário da cultura ocidental - euro-americana - com alcance global).

 

Assim sendo, podemos naturalmente dizer que CJ é linda - e ela é, pois ostenta os traços legítimos, mais belos etc., podemos gostar e achar que o que ela é é maravilhoso, porém, daí partir para a justificação, naturalização e sua afirmação como produto de todas as virtuosidades, como produto de um processo "natural" e inexorável, ou pior, um processo "justo", é dissimular a lógica inconveniente que a funda para nossas afirmações pessoais, em simples termos, é mistificação.

 

abraços

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Com o controle que estou fazendo de temperaturas da cidade, posso afirmar pra voces: as maximas sao muito isoladas em CDJ. Quem ve esse maluquinho, pode achar que fez 23C o dia todo. Mas quem sabe nao estava 17C a uma hora atras ou 15C duas horas antes.

Com maximas isoladas, fica muito frio dentro de casa. As pessoas tendem a sair agasalhadas. Eu acabei de voltar de lá... hoje estava uns 19C quando fui almoçar no centro. E eu fui de calça e moleton porque estava muito frio em casa, na hora que sai.

 

COnclusao: tem gente que adora mostrar roupa, marca, etc. Mas tem gente que passa o dia inteiro no centro e nao pode se preparar apenas pro momento em que estiver 23 C. Nao dá pra afirmar totalmente baseado nessa foto apenas.

 

Abs

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É verdade Tucci, dentro de casa a temperatura é mais baixa do que fora.

Mas eu disse também que há pessoas que no verão, vestem-se com roupas às vezes que nem no inverno se usa. Lógico que tem suas noites frias e as vezes dias frios, mas com 15/16 graus de luva, gorro, etc, é exagero. Você provavelmente ja viu isso lá. E às vezes me pergunto, com certeza se essas pessoas estivessem em São Paulo, ou qualquer outra cidade se não CJ, não usariam aquele tipo de roupa.

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Gurizada,

 

Sinceramente não condeno o estilo arquitetônico de CDJ e Gramado, pelo contrário acho-o maravilhoso.

As casas do interior dos EUA, principalmente aquelas, com varandas amplas, paredes com tábuas no sentido horizontal, telhados ultra-recortados...isso é que dá beleza às construções.

Os telhados cobetos com telhas asfálticas tipo shingle, são de tirar o fôlego!!

O estilo germânico enxaimel é outro exemplo. Fantástico!! Há centenas de residências neste estilo em Ctba.

Vou com o Shimutz, se tivesse bastante dinheiro, eu despudoradamente construiria uma casa 100% norte-americana e com o terreno repleto de espécies exóticas.

Que se dane a miséria tupiniquim.

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Artificial

 

do Lat. artificale

 

adj. 2 gén.,

produzido por arte ou indústria;

fingido;

dissimulado;

postiço;

que não é natural.

---

Original

 

 

do Lat. originali

 

adj. 2 gén.,

relativo à origem;

que está na origem;

primitivo;

natural;

inato;

que tem carácter próprio;

inventado, feito sem modelo;

que não tem semelhante;

singular, extravagante, excêntrico;

fora do vulgar;

 

partindo desta sua linha exegética e simplória, bastanto a interpretação gramatical:

 

valho-me dos seus ensinamentos para admoestá-lo acerca da artificialidade existente nas colônias antigas em SC: o BRASIL todo, de norte a sul, SEMPRE foi tupiniquim, indígena, BUGRE. nada de originalidade no estilo enxaimel, videiras, alcachofras...

 

o alemão trouxe o estilo que é original SÓ na alemanha.

 

só quero ver meu amigo tucci ser obrigado a plantar uva nos fundos da casa dada a sua indebelável origem italiana. nada a ver né? :lol: :lol:

 

já disse outra vez aqui: por que não moram em ocas? em tribos? gente, houve uma influência, em diversos graus, no nosso dia a dia. aceitamo-los naturalmente:

 

-falar inglês

-usar terno

-tênis

-hábitos alimentares.

 

tudo influi, independentemente da artificialidade ou originalidade.

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Neste site há algumas fotos antigas de Campos do Jordão:

 

http://www.camposonline.com.br/cultura/fotosantigas/

http://www.camposonline.com.br/cultura/fotosantigas/mais_fotos.asp

 

Se me perguntarem, gosto mais como está agora.

 

CONCORDO E TORÇO P/QUE OCORRA O MESMO AQUI, INCLUSIVE COM ÁRVORES DE CLIMA TEMPERADO.

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Neste site há algumas fotos antigas de Campos do Jordão:

 

http://www.camposonline.com.br/cultura/fotosantigas/

http://www.camposonline.com.br/cultura/fotosantigas/mais_fotos.asp

 

Se me perguntarem, gosto mais como está agora.

 

Para ser sincero eu também, embora haja um pouco de exagero na germanização da estética.

Mas confesso que se eu tivesse grana eu compraria um terreno na serra catarinense ou gaúcha e faria uma casa despudoradamente européia. Acho que enxaimel não, pois aí já seria demais, mas pelo menos uma casa em estilo normando, de telhado alto e cinza, e tijolos à vista.

Colocaria canteiros de flores, áceres, araucárias e pinheiros prá todo canto, heheheh

Mas confesso que eu também sei apreciar uma bela vegetação tropical.

 

Bom, esse negócio de importar culturas é algo muito antigo. As culturas dominantes sempre são importadas.

Em um primeiro momento Roma embebedou-se da cultura grega, a qual, por sua vez, permeou no mundo oriental amalgamando-se à sua cultura, originando a cultura helenística.

Depois foi a vez dos gauleses e de vários outros povos europeus importarem largamente a cultura romana. A prova disso é que eu estou escrevendo em uma língua derivada do latim.

O Japão importou a cultura chinesa nos século VI a VIII. A escrita japonesa provém da chinesa, além de vários conceitos estéticos e aspectos culturais como a penetração do budismo em solo japonês (o qual por sua vez, a China importou da Índia), e o cultivo de bonsai.

Em todos esses locais, o passar do tempo modificou a cultura importada, criando uma cultura própria, num processo muito longos.

Ainda somos um país atrasado e desprestigiado. Portanto, gostamos de copiar os outros, e, pelo menos deveríamos reconhecer isso.

E não é só os ricos. Vai numa favela e veja quantos nomes "anglofonoides" (Robertson) e até exdruxulamente afrancesados (tipo Cledienne, etc) se acha por lá. Foi-se a época que pobrezinho era sempre José, João, Joaquim, Xico, dona Maria...

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Shimutz,

 

Parece-me que minha "simplória" exegese o confundiu. Primeiramente, não creio ser nem uma exegese. Apenas citei os dois conceitos, sublinhando aquilo que achei mais importante, abstendo-me de dar um parecer pessoal sobre o tema.

 

Particularmente, acredito que seja válido reproduzir em nossas cidades a arquitetura encontrada em outros países. Não há mal algum nisso. Pelo contrário. A minha cidade é campeã em adotar este tipo de política de planejamento e acho isso bastante interessante e mesmo importante para conduzir o desenvolvimento urbano.

 

Não acredito que o caso de Campos do Jordão seja o mesmo das cidades catarinenses. Talvez possa até ser, mas em menor escala. No interior de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e pontos específicos do Paraná, temos uma cultura praticamente alienígena que foi inserida em território nacional. Os imigrantes que se estabeleceram nestas colônias possuem grande coesão e a cultura original não foi perdida. Isso se revela nos modos de ser, de falar e mesmo na conservação de certos dialetos que nem mesmo na terra de origem existem mais. Tinha vários colegas em Blumenau que falavam alemão. Olhava-se para a sala e poderia-se dizer sem muito risco que se tratava de uma turma de uma escola alemã. Poucos eram japoneses ou tinham pele morena ou negra, tal era a coesão dali. Isso eu só observei nesta cidade, pois em Florianópolis e aqui em Maringá a situação é outra. Apesar de encontrar japoneses aos montes por aqui, é visível a miscigenação (que em cidades do interior é menos intensa, validando certas formas culturais que lá existem). A cidade, mesmo tendo alto grau de colonização nipônica, é brasileira em essência. Não há casinhas asiáticas pelas ruas. Mas como em Blumenau, tinha colegas na escola que falavam o japonês e pela cidade não freqüentemente, mas também não raro se ouve alguém (geralmente com mais idade) a falar tal idioma.

 

Com esta abordagem, suporto a idéia de que no sul do país o desenvolvimento, a manutenção e a assimilação destas formas estrangeiras se deu naturalmente, como afirmação de uma cultura remanescente, não adquirida, trazida ao país por imigrantes, que como agentes transformadores imprimiram em sua nova terra aquilo que conheciam, originando um reflexo daquilo que tinham outrora em seu país de origem. É certo que em muitos locais esta manutenção se deu por incentivos ou mesmo (em menor parte) por motivações econômicas, mas creio ter sido a necessidade de afirmação da cultura remanescente e não a afirmação de uma cultura a adquirida (desejada, tida como algo superior, mais belo, mais aprazível), que governou este tipo de (talvez) forma cultural por aqui. Já em Campos, imagino que a cultura estrangeira traria a uma população com uma cultura ordinária (média, comum) o status de outra, presumivelmente tida como superior e todos os benefícios a ela associados... sem querer aqui explanar os motivos/motivadores.

 

Neste contexto, afirmo que Campos do Jordão, por mais bela, é artificial, enquanto Treze Tílias, por exemplo, é natural.

 

Artificial: reprodução de uma cultura alheia sobre outra pré-existente (alteração).

Natural: reprodução de uma cultura pré-existente sobre si mesma (manutenção).

 

Cordialmente,

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Shimutz,

 

Parece-me que minha "simplória" exegese o confundiu. Primeiramente, não creio ser nem uma exegese. Apenas citei os dois conceitos, sublinhando aquilo que achei mais importante, abstendo-me de dar um parecer pessoal sobre o tema.

 

a conclusão que tive, bem lacônica, encarei-a como tal. :wink:

 

eu disse linha exegética, não exegese. note bem lá. :wink:

 

Particularmente, acredito que seja válido reproduzir em nossas cidades a arquitetura encontrada em outros países. Não há mal algum nisso. Pelo contrário. A minha cidade é campeã em adotar este tipo de política de planejamento e acho isso bastante interessante e mesmo importante para conduzir o desenvolvimento urbano.

 

Não acredito que o caso de Campos do Jordão seja o mesmo das cidades catarinenses. Talvez possa até ser, mas em menor escala. No interior de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e pontos específicos do Paraná, temos uma cultura praticamente alienígena que foi inserida em território nacional. Os imigrantes que se estabeleceram nestas colônias possuem grande coesão e a cultura original não foi perdida. Isso se revela nos modos de ser, de falar e mesmo na conservação de certos dialetos que nem mesmo na terra de origem existem mais. Tinha vários colegas em Blumenau que falavam alemão. Olhava-se para a sala e poderia-se dizer sem muito risco que se tratava de uma turma de uma escola alemã. Poucos eram japoneses ou tinham pele morena ou negra, tal era a coesão dali. Isso eu só observei nesta cidade, pois em Florianópolis e aqui em Maringá a situação é outra. Apesar de encontrar japoneses aos montes por aqui, é visível a miscigenação (que em cidades do interior é menos intensa, validando certas formas culturais que lá existem). A cidade, mesmo tendo alto grau de colonização nipônica, é brasileira em essência. Não há casinhas asiáticas pelas ruas. Mas como em Blumenau, tinha colegas na escola que falavam o japonês e pela cidade não freqüentemente, mas também não raro se ouve alguém (geralmente com mais idade) a falar tal idioma.

 

ninguém contesta isso. note bem!

 

reitero: o brasil, partindo das tuas definições semânticas, é originariamente indígena. tudo que vier depois dela, é artificial. notou a exegese que acabou de fazer?

 

Com esta abordagem, suporto a idéia de que no sul do país o desenvolvimento, a manutenção e a assimilação destas formas estrangeiras se deu naturalmente, como afirmação de uma cultura remanescente, não adquirida, trazida ao país por imigrantes, que como agentes transformadores imprimiram em sua nova terra aquilo que conheciam, originando um reflexo daquilo que tinham outrora em seu país de origem. É certo que em muitos locais esta manutenção se deu por incentivos ou mesmo (em menor parte) por motivações econômicas, mas creio ter sido a necessidade de afirmação da cultura remanescente e não a afirmação de uma cultura a adquirida (desejada, tida como algo superior, mais belo, mais aprazível), que governou este tipo de (talvez) forma cultural por aqui. Já em Campos, imagino que a cultura estrangeira traria a uma população com uma cultura ordinária (média, comum) o status de outra, presumivelmente tida como superior e todos os benefícios a ela associados... sem querer aqui explanar os motivos/motivadores.

 

como comentado alhures, a característica de CJ, pelo teu raciocínio exposto, é antiga, cultural. natural portanto e nada de artificial. veja, parto das definições semânticas que fizeste. apenas me atenho à elas. :wink:

 

Neste contexto, afirmo que Campos do Jordão, por mais bela, é artificial, enquanto Treze Tílias, por exemplo, é natural.

 

certo. antes de surgir estas cidades, elas era bem bugrinas... veio o loiro austríaco e deixou-a autêntica, natural. mas no brasil? não, seria natural na àustria. :idea:

 

Artificial: reprodução de uma cultura alheia sobre outra pré-existente (alteração).

Natural: reprodução de uma cultura pré-existente sobre si mesma (manutenção).

 

Cordialmente,

 

casa em ganharuns, feitas em estilo alpino, não pagam IPTU. incentivo do governo local para "embelezar" e "dar veste nova" à cidade serrana. artificial.

 

mas não será artificial aquela feita por um morador, naural de braunau, áustria?

 

não vejo diferença nenhuma.

 

ambas são artificiais. não reproduzem culturas e costumes sua terra em que estão. natural é lá, e não aqui, que é terra tupiniquim, de óca, sem vigas e tijolo à vista. (acho linda a cultura européia)

 

PS: se bem que não existem mais naturais da áustria em treze tílias. todos já morreram

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Não tenho tempo agora para rever toda a tua mensagem, exceto um único ponto. Novamente não fui compreendido.

 

Não há, em meus argumentos, qualquer coisa que justifique ser a arquitetura indígena a "natural" do Brasil. Até porque - salvo em áreas específicas - esta cultura nem arquitetura tinha. Eram apenas cabanas rústicas, ocas etc.

 

Uma arquitetura é tão natural quanto mais parecida à do país de origem da população em questão.

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Bem, todas as mensagens e argumentos, sem excessão, manifestam e constituem evidências do axioma da violência simbólica q/ é a condição de existência das próprias sociedades (e da ciência que as estuda). Esta relação é manifestada na relação entre culturas e na representação, na prática efetiva, no discurso, ou melhor, nos posts no fórum Brasil Abaixo de Zero, que os agentes (indivíduos) fazem desta relação entre culturas. Há também várias formas de se lidar com a relação, quando se ocupa uma posição dominada: geralmente ocorre uma espécie de recalque que se reflete no que Bourdieu chama de "transfiguração da necessidade em virtude", de modo a dissimular os constrangimentos e os elementos inconvenientes da realidade (a relação cultural) com o objetivo de auto-justificação e afirmação. Isto é natural, e não há culpados. Ocorre com todos ou com a maioria, pois é um fenômeno estrutural e objetivo.

 

A moral da história, em simples termos, de fato, todos nós queremos casas enchaimel, estilo europeu, queremos rasgar e ostentar a maior quantia de prestígio e poder econômico possível. Faz parte de nossa condição como brasileiros, e tudo isso é produto de uma ambivalência estrutural sem tamanho (descrita nos posts anteriores; paradoxo em se almejar algo e ao mesmo tempo precisar se opor contra alto, para afirmar uma identidade irredutível), ambivalência tal que é incorporada através dos processos pedagógicos mais ínfimos e microscópicos que se pode imaginar. Isto é a miséria tupiniquim, está em nossas entranhas desde o "sabe com quem está falando" das relações sociais na esquina às discussões do alto escalão do Estado, passando, obviamente, pelas escolhas e gostos estéticos, seja dita, a incorporação, por parte dos habitantes, de duas sócio-lógicas diametralmente distintas (sistemas de relações sociais, simbólicas etc. etc.): a lógica da dádiva e do dom (predominante no brasil império e, hoje, no nordeste, os tais paternalismos, coronelismos etc.); e a lógica do mercado e do individualismo (produto das revoluções modernas na Europa a partir do sec.XVIII.).

 

Apenas coloco uma questão para fechar minha participação (o Clóvis de fato percebeu que é off-topic. Mas, cá entre nós, meio difícil falar só de meteorologia com imagens de cidades): por estarmos fadados a buscar os valores estrangeiros (dominantes), estamos automaticamente fadados a nunca superá-los. A Suíça sempre vai ser mais fria do que aqui. O estilo arquitetônico que a define sempre parecerá mais natural por lá. Assim como a música clássica é eminentemente européia, assim como a cultura européia e a estética temperada sempre serão um padrão indissociável; estas manifestações culturais estão profundamente compatíveis com seu meio sócio-econômico, geográfico, etc. pois estes países DEFINEM a estrutura e os elementos destes padrões culturais, ou seja, estão precisamente adaptados a eles, e o efeito direto disso é que o rendimento simbólico destes países será sempre maior. Não há como superá-los n'algo que se confunde com eles próprios através de um processo histórico milenar. Seria análogo a, por exemplo, o Japão almejar superar o Brasil em samba ou em quaisquer elementos culturais estritamente tupiniquins. O Brasil define o que é samba. Ele é o dominante no samba. Para mudar isso, apenas mudando as regras do jogo, isto é, apenas redefinindo totalmente o samba em um processo histórico extremamente árduo. Cá entre nós, é quase impossível, exceto por alguma singularidade sociológica ou uma catástrofe natural sem tamanho.

 

abraços

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Aí entramos num ponto de discordância importante. Não quero ter uma casa enxaimel, nem em estilo americano, chinês ou etíope! O que importa é ter onde morar. Não quero ostentar dinheiro nem prestígio. Para que? :oops:

 

É Off-topic, mas de fundo válido. No final das contas, discutimos o que de fato é o frio para os bazianos!

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