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Brasil Abaixo de Zero

Nestor Antonio Bresolin Junior

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Everything posted by Nestor Antonio Bresolin Junior

  1. Finalmente tenho energia em casa, mas o abastecimento de água continua suspenso. Agora consigo respirar um pouco e processar tudo que aconteceu. Sobre as considerações a fazer a respeito desse evento, o que pode-se concluir é que o clima do Rio Grande do Sul está ficando cada vez mais hostil. As dinâmicas climáticas que tanto gostamos estão ficando muito extremas. A impressão que eu tenho é que especialmente esse ano o RS está sendo, de certa forma, afetado por eventos estacionários. As massas polares pouco avançaram ao norte do RS esse ano, e as baixas pressões também. Mesmo o Vale do Taquari e Serra sendo das regiões mais prósperas do estado, não há estrutura suficiente pra suportar a violência e velocidade das águas. É simplesmente indescritível o que aconteceu. Saiu uma notícia no The New York Times do ocorrido, mas atualizando o número de óbitos, já chega aos 36. Aqui está um pouco da destruição no município de Muçum:
  2. Obrigado pelas mensagens, pessoal. Felizmente moro em um bairro alto, então não tive perda nenhuma, nem minha família. Porém alguns amigos e conhecidos perderam absolutamente tudo. Já são 33 óbitos, e muitas outras pessoas estão desaparecidas, então é provável que esse número aumente muito. em Roça Sales o comércio foi completamente destruído. Espera-se que amanhã volte a chover, e na semana que vem, de novo.
  3. O rio está lentamente baixando mas continha muito alto. A cota máxima atingiu 29,62 m, sendo superada somente pela cheia de 1941 com 29,92 m. A violência das águas, velocidade e a rapidez da enxurrada fez ser, sem dúvida, muito maior do o evento de 80 anos atrás. É sem dúvida o pior cenário que essa geração já viu. A cada hora se encontram mais vítimas. São 15 helicópteros sobrevoando a região e resgatando as pessoas. Há ainda uma menina de 3 anos desaparecida. Na tentativa de salvamento, a corda de um dos helicópteros rompeu e uma mulher caiu na água e não resistiu. O bombeiro caiu junto também é está hospitalizado. Os municípios de Muçum e Roca Sales estão 90% completamente destruídos. Encantado, Lajeado e Estrela foram fortemente castigadas. Muitas pessoas nos hospitais pois sofreram de hipotermia à noite devido ao frio de 7 graus. A região aqui tem muitos idosos, que foram a maior parte das vítimas. Muito lodo e sujeira nas ruas, e abastecimento de água e energia ainda suspensos. Houve vítimas eletrocutadas também. Ministros do governo, deputados e o governador Eduardo Leite estão aqui na cidade já. Nas páginas da Rádio Independente e do Agora no Vale, assim como na Metsul, tem várias imagens e informações, pra quem quiser e se interessar.
  4. Consegui somente agora ter um pouco de carga no celular. Não temos luz nem água. A situação é de completo desastre. Muitos desaparecidos e mortos até agora. É de longe o maior desastre da história do Vale do Taquari. Espero que eu consiga nas próximas horas postar mais informações!
  5. Chegaram helicópteros do exército, da PRF e da defesa civil em Lajeado hoje pra fazer buscas. O governador Eduardo Leite há pouco chegou na cidade. O nível do Taquari atingiu o segundo maior da história: 29,56 m; só superado pelos 29,92 de 1941. O cenário é catastrófico. Há pouco vi porcos, vacas e cães presos nos entulhos passando pela correnteza fortíssima no Rio Forqueta, um afluente do Taquari, entre Lajeado e Arroio do meio. Já se fala em cerca de 20 mortos e vários desaparecidos.
  6. Lajeado e região estão completamente sem luz, inclusive eu. Sinal de internet fraquíssimo. Já são 4 mortes no município, mais as em outros locais. Até agora é a segunda maior cheia da história, por 1m de diferença. Tem potencial para nas próximas horas se tornar a maior cheia da história. A água atingiu locais que eu jamais tinha visto. Provavelmente haverá muito mais mortes do que relatado até agora. Casas inteiras foram arrastadas pela água. As pontes pontes do Rio Taquari foram interditadas devido aos danos às estruturas. A água invadiu a BR-386. Além disso, a temperatura caiu muito. Mínima de 8 graus em Lajeado. Em Garibaldi chegou aos 5 graus.
  7. Moro há 30 anos no Vale do Taquari e estou acostumados com as cheias, que ocorrem de uma a duas vezes ao ano, já que todo o sistema Taquari-Antas (que nasce em Ausentes) desagua aqui, assim como os rios de região de Passo Fundo e Soledade, mas uma inundação tão rápida e tão alta assim eu não tinha visto.
  8. A chuva segue muito forte, com 330 mm na região de Passo Fundo nas últimas 24h. Aqui na região já são 241 mm em Imigrante. Em Vacaria as rajadas de vendo chegaram aos 152 km/h Situação extremamente caótica no baixo Vale do Taquari, pois a chuva não para. Lajeado já está debaixo d'água.
  9. A estação do INMET de Vacaria registrou rajada de vento máxima de 123 km/h. A chuva retomou com força há pouco, e aqui na região o acumulado máximo, até agora, é de 226 mm em Imigrante e 206 mm em Antônio Prado, nas últimas 24h.
  10. A chuvarada deu uma trégua na última hora e o vento gelado de quadrante sul já começa a soprar. Espera-se mínimas perto dos 3ºC no sul do estado. Em Garibaldi espera-se algo em torno de 5/6ºC. Em Lajeado a Defesa Civil já faz a remoção de famílias das áreas de inundação devido à terceira grande cheia do ano. Pinheiro Machado:
  11. Em Ernestina, próximo a Passo Fundo, já supera os 300 mm somente hoje, e aparentemente é a região mais castigada do estado
  12. Volumes altíssimos de chuva na metade norte do RS, acompanhados de granizo e vento forte. A maioria dos rios do planalto norte e serra já saíram de calha, e já conta-se 2 mortes no estado. É um dos maiores eventos de precipitação do ano, competindo ou até superando os dos ciclones. Em Garibaldi a chuva é ininterrupta e volumosa, há pelo menos, 72h, e a previsão de continuar, e temperatura de 16,5ºC. No sul do estado a tarde gira em torno de 12ºC. Maiores volumes até agora no RS: Ernestina: 299,1 mm Imigrante: 209,6 mm Campos Borges: 190,0 mm Pejuçara: 189,5 mm Antônio Prado: 188,7 mm Ijuí: 178 mm Desde o início do período de instabilidade, que começou no sábado, já são acumulados, de acordo com a rede INMET: Passo Fundo: 278 mm Cruz Alta: 273 mm Serafina Correa: 260 mm São Luiz Gonzaga: 228 mm Cambará do Sul: 205 mm Em relação à temperatura, a maioria do estado oscila em torno de 15-18ºC no momento.
  13. Resumão de agosto no RS. Minhas considerações são que tivemos uma boa sequência de mínimas e máximas, onde tivemos as mínimas absolutas neste ano. Pinheiro Machado ficou as máximas bastante baixar, inferiores até a Ausentes, mostrando que os topos na faixa de 450/600m do extremo sul do RS tem o clima muito parecido (em relação às temperaturas) com o topo da serra de nordeste, porém com uma certa "estabilidade" de temperaturas, em confronto com a metade norte do estado que está mais suscetível a oscilações maiores. No geral, nada a reclamar dada as circunstâncias de 2023.
  14. Tens razão, Aldo. A amplitude térmica anual é um belo indicativo também, que vai aumentando conforme se ganha latitude.
  15. Ficamos todos gratos pela mea culpa, @Carlos Campos. Que sigamos, evoluamos e elevemos o debate. Vida que segue. -- Sobre a definição climática, eu gostaria de trazer um ponto de reflexão. Farei um link com outras ciências, a dos solos mais precisamente. Sabemos que, na mecânica dos solos clássica e na pedologia, utilizamos como referência as classificações desenvolvidas sobretudo nos Estados Unidos e no Reino Unido. Nos baseamos nos parâmetros determinados em solos ensaiados em laboratórios europeus e norte-americanos, e que os dados foram meramente extrapolados através de modelagem matemática para, virtualmente, todos os locais do mundo, gerando mapas super bonitos. Hoje sabemos que nenhuma dessas classificações são reais para solos fora dos EUA e da Europa, pois não levam em consideração quase nenhuma ou nenhuma característica dos solos brasileiros, e aqui me refiro aos solos tropicais, que são presentes em quase 100% do território. Logo, há um esforço de vários cientistas no Brasil para que tenhamos uma classificação nossa, que leva em consideração nossas características climáticas, ciclo de saturação, taxa de decomposição, microorganismos e etc. Isso tudo é muito diferente, exclusivo e particular de cada ponto do globo. Em suma, não se classifica solos tropicais (brasileiros) com parâmetros e metodologia dos solos temperados, pois é grotesco, anticientífico e impreciso. Na classificação climática, é a mesmíssima coisa. Utilizamos com frequência definições feitas nos EUA e na Europa para classificarmos os climas que eles sequer conhecem, com parâmetros que eles nunca utilizaram ou consideraram, o que resulta em mapas muito imprecisos e extremamente genéricos. Na verdade pouco importa pra eles os nossos microclimas. Meu ponto é que devemos, ou deveríamos, utilizar e apoiar uma classificação brasileira, feita por brasileiros, levando com consideração nossas particularidades climáticas, topográficas, hidrográficas. Felizmente temos a classificação do IBGE, que por mais simples e rudimentar que seja, é uma tentativa se não ficarmos reféns de definições que não nos representem. As nomenclaturas de subquente, mesotérmico e etc vêm daí. Sobre a longa discussão de ontem, e que aparentemente ainda é tópico hoje, o que eu falei foi que conforme viajamos para sul, perde-se tropicalidade e ganha-se subtropicalidade. Curitiba compartilha mais características tropicalizadas do que Porto Alegre, ou até Florianópolis, por exemplo. Não foi dito nada além disso. E como o @LeoP colocou, basta desse bicho-papão com a palavra tropical. -- Pra não ficar tão off topic assim, saibam que foi instalada uma nova estação em Vacaria/RS em uma das vinícolas de altitude da região! Ela já está funcionando e esta manhã já marcou a menor mínima entre as estações do município, inclusive a da BASF e INMET.
  16. Mínimas muito mais agradáveis hoje. Em Garibaldi tivemos 7,2ºC. As menores mínimas hoje no RS: --- Eu gostaria de me abster sobre o episódio neandertal de ontem, mas como finalmente houve uma manifestação civilizada, necessito, também, fazer minhas considerações. A primeira problemática do flebilis res de ontem é que, ao associar a definição 'tropical' a certo lugar, qualquer que seja, isso seja considerado uma ofensa. Por que a palavra 'tropical' fere tanto os egos a ponto de serem sujeitos a ofensas? Esse é o questionamento que fica. Em relação às minhas opiniões sobre os climas de determinados locais, isso pouco importa. O que importa é que ao expor opiniões, que alguém as ache erradas, ruins, ou que alguém simplesmente discorde, o que deve ser feito ou, espera-se em um ambiente minimamente civilizado, é debater, trocar ideia, e não encher essa plataforma com posts irônicos, ácidos, debochados e com ataques velados, deslegitimando ou insinuando pouca inteligência dos membros e até brincadeiras com suicídio na tentativa de descredibilizar a opinião alheia quando ela diverge da sua. O que nos une aqui é justamente a vontade de saber mais sobre uma paixão em comum. O que acontece, entretanto, é que qualquer momento que se traga algum argumento que vá contra a "paixão" de alguém, recebe-se muito ataques mascarados. Como o colega comentou antes, em momento algum foi dito ou sequer insinuado as coisas as quais foram sugeridas. Se estamos em uma plataforma de debate, não deveria haver espaço para intimidação quando se posta alguma coisa, como se o que publicamos devesse ser passado em uma peneira do "eu concordo" aplicada por alguns usuários para que, aí sim, o post seja digno de publicação. É patético e cansativo. Todos aqui temos nossas próprias vivências e percepções sobre as coisas. Sejam por mera observação, seja por anos de estudo, publicações de artigos, congressos, leitura. Seja por interpretação de modelagem matemática, utilização de método científico, matemática básica, ou simplesmente por observação a partir do quintal sua casa. Tudo é válido. Ninguém determina o que está correto ou não, senão a academia, e que, ainda assim, não está isenta de questionamentos; porém, ao contrario do que observamos ontem (e sinceramente, temos observado em vários momentos), com respeito. Respeitemos os profissionais geógrafos, meteorologistas, agrônomos, engenheiros, que se fazem presentes nessa plataforma. Respeitemos também quem é simplesmente entusiasta.
  17. É que quando se trata da natureza, não existe somente os extremos, mas sim um limiar entre as coisas. A curva pluviométrica vai se ajustando conforme se viaja para sul, mas não quer dizer que não seja uma curva em U, matematicamente modelada e definida. E não sei exatamente o que você quis dizer com "cara tropical" mas, se eu entendi corretamente, acho que você se refere à aparência fitoecológica, e aí o Brasil tem várias caras. Por exemplo, o litoral do nordeste, que é diferente do interior de MG, que é diferente do litoral do RJ e SP. Muitíssimo diferentes, mas são nuances do clima tropical. Uns mais úmidos, outros menos. No interior de MG reina o cerrado enquanto que no litoral do Rio e SP se vê a mata atlântica propriamente dita. Os litorais sul de SP e do PR, e até do extremo norte de SC, têm o que mais se assemelharia a um clima monsônico no Brasil, tendendo até ao equatorial, se extrapolarmos ao extremo. Mas aí você falou sobre questão de percepção, que é, de fato, algo indiscutível, uma vez que cada um tem a sua a respeito de como se vê e encara a realidade e etc, o que é muito bacana.
  18. Nessa eu concordo com o @Caco Pacheco. Se levarmos em consideração várias aspectos e não somente o regime de temperaturas, eu também consideraria como as praias imediatamente ao sul de Florianópolis como esse "divisor". A maioria das classificações e artigos disponíveis que eu li colocam dessa forma, inclusive o IBGE, que classifica a maior parte do Paraná, Vale do Itajaí e litoral de SC como 'subquente'. Coincide-se, portanto, onde se contra a floresta ombrófilo densa. Onde há o benefício único e exclusivo da altitude, gera-se um clima tropicalizado de altitude, que inclusive se observa nas curvas pluviométricas em U, típicas das zonas tropicais. O topo das serras do sul tem várias características tropicalizadas de altitude, uma delas é os gradientes bizarros de umidade relativa do ar, que de acordo com a classificação climática brasileira, elaborada pelo IBGE, configura como uma pequena estação seca, que confirma a tendência de curva em U que mencionei. É semelhante ao que ocorre no interior da Sicília, que devido à altitude tem um clima mais brando, podendo ser considerado até frio, quando comparado à costa, mas na verdade são somente variações do mesmo clima/ambiente/ecossistema mediterrâneo.
  19. Sim! A metade sul/sudoeste do RS tem muito potencial, e só recentemente vem sendo explorada, como Herval, Pedras Altas, Pinheiro Machado e essas novas estações no interior de Pelotas. Espero que o monitoramento por ali crença e que tenhamos novas estações, já que um dos melhores cursos de meteorologia do Brasil fica no município.
  20. Em Chácara dos Pinus, no interior de Pelotas, a 52 m, a mínima essa manhã foi de -2,5ºC, sendo assim a mínima no RS hoje.
  21. Pela rede do INMET, a menor mínima no RS foi 2,3ºC em Quaraí. Porto Alegre registrou 7,6ºC e 5,8ºC no Jardim Botânico e Belém Novo, respectivamente. Aqui na região tivemos 4,5ºC em Teutônia e 6,8ºC em Bento Gonçalves.
  22. Mínimas muitíssimo mais agradáveis hoje. Em Garibaldi esfriou menos do que eu esperava, fazendo mínima de 5,0ºC. Em Lajeado fez 5,9ºC. Em Teutônia, 2,2ºC. Espera-se que as máximas hoje se elevem até perto dos 18ºC e que, com esse solzão lindo, renderão um baita dia, apesar de haver novamente forte neblina no início da manhã. As menores mínimas hoje:
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