Leandro A M Leite

Pra efeito de comparação, menores máximas diárias de 2023, com respectivas mínimas e médias compensadas diárias, automáticas INMET: Campo Grande/MS mín. 7,2 C med. comp. 8,1 C máx. 8,9 C em 14/06 Campos do Jordão/SP min. 7,6 C med. comp. 8,3 C máx. 9,7 C em 27/08 Curitiba/PR mín. 7,6 C med. comp. 8,9 C máx. 11,2 C em 28/08 Monte Verde/MG mín. 7,7 C med. comp. 8,8 C máx. 11,5 C em 27/08 Primavera do Leste/MT mín. 7,9 C med. comp. 9,2 C máx. 11,7 C em 14/06

Em 2016 Cuiabá teve uma onda de frio no fim de abril com máxima de 16 C, sendo então o dia mais frio desde julho de 2014, encerrando a onda de calor e o padrão El-Niño, depois teve uma onda de frio mais forte no começo de setembro, com direito a uma máxima diurna sub-15, interessante é que esse frio foi fraco no Sul e Sudeste, diferente de junho, que esfriou muito no Sul e parte do Sudeste, e pouco em Cuiabá.

Em Cuiabá eu não dou menos de 50%, até em casas de classes sociais mais baixas eu vejo ar split instalado, ainda mais que essas casas são ainda mais quentes, não é bem supérfluo, não é dinheiro jogado fora, não dou menos de 50% até pelo fato de Cuiabá está entre as 10 maiores rendas médias populacionais entre as capitais do País, e é bem possível que as menores percentagens de ar-condicionado no País se dão nas regiões onde se usaria por mais dias durante o ano, por se tratarem de regiões mais pobres, aquelas que dão 40 C enquanto neva no Sul, que estão escaldantes enquanto metade do Brasil e até Cuiabá estão gelando com uma poderosa onda de frio, enquanto que onde se usa por menos dias durante o ano, como no Sul, se tem das maiores percentagens, mas no Sul também é comum ar-condicionado com ar quente.

Pelo menos a percentagem de brasileiros com ar-condicionado hoje é maior que a de americanos há 60 anos; e pra não ficar off-topic, a máxima ontem em Primavera do Leste no INMET foi 37,7 C, mas no fim da tarde nublou e ameaçou chover, caindo pra 30,1 C às 5 da tarde e 26,8 C às 7 da noite, hoje às 10 da manhã estava 29,1 C, ante os 34,7 C de ontem no mesmo horário, me refiro aos valores instantâneos.

Na realidade 17% dos domicílios brasileiros têm ar-condicionado, até que não é uma percentagem tão baixa: https://abrava.com.br/mesmo-com-conta-de-luz-alta-calorao-impulsiona-venda-de-ar-condicionado-no-pais-confira-a-entrevista-com-o-presidente-do-dn-comercio-gilson-miranda/#:~:text=De acordo com os dados,com aparelhos de ar-condicionado.

Em Primavera do Leste no INMET a máxima foi 35,3 C entre 11 horas e meio-dia local, em seguida uma chuva forte com ventos derrubou a temperatura pra uma mínima de 21,5 C na hora cheia seguinte, e acredito que essa chuva tenha sido a causa da queda na internet, que só voltou depois das 4 horas da tarde, e passada a chuva, agora de tarde a temperatura já subiu pra 32,6 C entre 4 e 5 da tarde.

Eu odeio estações que sofrem com superaquecimento, no município de Primavera do Leste tinham duas que sofriam, e com isso só eram confiáveis na ausência do sol, ou seja, só de noite e em dias nublados ou chuvosos.

Se por um lado as ondas de calor estão aumentando a frequência, as onda de frio estão mesmo diminuindo a frequência? Veja, a onda de frio do fim de junho de 2021 com registro de neve por três dias consecutivos no Sul, o que não ocorria desde julho de 2000, um mês depois a maior nevada desde 2013 na Serra Gaúcha, e as tardes sub-10 em Sampa ocorridas nos três primeiros 2020's, e a leve neve em Curitiba em agosto de 2020, e a onda de frio de maio de 2022 com geadas no Mato Grosso, Goiás e Brasília e sincelo na Serra da Mantiqueira, e até uma possível geada fraca isolada em áreas da Bahia, e a primeira neve em novembro de que se tem registro no território brasileiro ocorrida no Morro da Igreja, no mesmo dia uma tarde excepcionalmente fria em Primavera e nos dias seguintes máximas sub-5 no PNI, e por fim, a onda de frio de junho de 2023 nos estados ocidentais, que provocou a menor máxima em Primavera possivelmente desde julho de 2000, e a menor máxima pra junho em Campo Grande.

É como se os El Niños fortes fossem a parte vertical e o período entre esses El Niños fortes fosse a parte horizontal dos degraus de uma escada:

Tirando parte do Sul, quase que todo o Brasil ficou meio que em cima da média no primeiro semestre de 2023, o Mato Grosso ficou entre 0,0 C e -0,5 C de anomalia.

Quem colocou o Brasil no forno foi mesmo o El Niño, o mês de julho foi um verdadeiro divisor de águas, foi o fim das anomalias negativas, ou áreas azuladas, que vinham ocupando boa parte do País desde o ano passado, e ainda predominaram no primeiro semestre deste ano, interessante é que outras áreas que tiveram anomalias negativas por meses, como o oeste dos EUA, também foram assoladas por ondas de calor a partir de julho, Phoenix teve recorde de dias acima de 100 F e 110 F, que dá 38 C e 43 C, respectivamente.

O El Niño pôs um fim ao ciclo ameno que o Brasil vivia desde o ano passado:

Em julho o número de dias com 35 C ou mais na automática de Cuiabá subiu pra 22, mais que o triplo do mês anterior, e 11 vezes, nesse mês que é considerado o auge do inverno climático, o número de dias de janeiro, que teve a menor quantidade do ano, só dois, no mês que é considerado o auge do verão climático, mas justamente porque é o auge da estação chuvosa.

#ELNIÑONUNCAMAIS

O Brasil e seus análogos latitudinais no Hemisfério Norte: Cuiabá/MT-Cartum/Sudão e Matam/Senegal Jataí/GO-Hyderabad/Índia Araçatuba/SP e Ribeirão Preto/SP-Meca/Arábia Saudita Cascavel/PR-Riad e Medina/Arábia Saudita Grande Porto Alegre-Cidade do Kwait/Kwait O Centro-Sul brasileiro tinha tudo pra ser um deserto escaldante, só não é por causa das chuvas, daí dá pra entender o porquê de tanto calor, é uma região potencialmente favorável.

Na realidade até hoje não há registros de 40 C ou mais no primeiro semestre em Cuiabá em mais de 100 anos de medições, os recordes vão até 39,X C, e vêm se mantendo intactos, há um recorde de 38,8 C em maio que parece difícil de ser quebrado, e há anos que não se tem uma onda de calor forte em abril.

Alívio em 2024 com o El Niño no olho da rua!

Primeiro semestre 2023, quero que volte esse padrão o mais breve possível! Dias com máximas iguais ou acima de 35 C na automática de Cuiabá: Janeiro: 2 dias Fevereiro: 9 dias Março: 13 dias Abril: 3 dias Maio: 9 dias Junho: 7 dias Total: 43 dias!

A máxima absoluta em Cartum entre 1991 e 2020 é de 47,5 C em maio, o clima lá sempre foi o mesmo, desértico, temperaturas máximas de 45 C ou mais sempre ocorreram, no período 1991-2020 o único mês que não registrou 40 C ou mais foi dezembro, mas mesmo assim 39,5 C, Cuiabá é totalmente diferente, tem uma estação chuvosa muito bem definida, é beneficiada pela cordilheira dos Andes, que canaliza o ar úmido da Amazônia do verão e o ar polar da Antártida no inverno.

2022 foi dentro da média em Cuiabá, e o primeiro semestre de 2023 ficou na maioria dos meses dentro da média ou no máximo ligeiramente mais quente que o normal, com junho ligeiramente mais frio devido à onda de frio poderosa da metade do mês, começou a ficar mais quente que o normal a partir de julho e principalmente agosto, devido à ascensão do El Niño.

Na realidade a precipitação nos meses chuvosos (outubro a abril) no Mato Grosso aumentou entre 2005 e 2021 com relação ao período de 1988 a 2004, houve uma redução com relação ao mês de setembro, e é isso que tem favorecido as ondas de calor: https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-/noticia/81066235/pesquisa-estuda-as-tendencias-de-chuvas-em-mato-grosso-nos-ultimos-34-anos Além do mais, só 7 % do território do Mato Grosso é destinado à agricultura, enquanto 60 % ainda é preservado: https://www.indea.mt.gov.br/web/mt/w/23193490-mato-grosso-contribui-com-62-do-territorio-preservado-enquanto-meta-da-cop15-e-30- Ano passado a média anual foi 26,2 C no aeroporto em VG, e no próximo ano o calor no segundo semestre deve ser mais ponderado, ou ao menos não tão duradouro, com a entrada do Pacífico em neutralidade fria.

Em 2022 Cartum teve 70 dias consecutivos com máximas de 40 C ou mais, e picos de até 45 C, de 31 de março até 8 de junho, além de outros dias com 40 C ou mais, algo como Cuiabá ficar assim do final de setembro até o começo de dezembro, mas graças a Deus temos as chuvas pra impedir isso, os dados da tutiempo mostram que Cartum já era uma fornalha nos anos 50 e 60, o clima de lá não mudou muito, já passava dos 45 C naquela época, em 1958 teve 46,1 C em 17 de maio e média anual de 30,1 C.

Não fosse o bendito verão chuvoso, Cuiabá teria o clima dos seus análogos latitudinais no norte da África, como Cartum/Sudão, considerada a capital nacional mais quente do mundo, e Matam/Senegal, com a maior média máxima anual do mundo, o mês mais quente do ano em Cartum é maio, que corresponde ao nosso novembro, com as médias min. 28 C med. 35 C máx.. 42 C, em Matam, também maio, com média min. 27 C med. 35 C máx. 43 C, a média anual em Matam é 29,8 C e em Cartum é 30,4 C, ante os 26,3 C de média anual de Cuiabá, em 2022 no aeroporto em VG foi 26,2 C.