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Gostei da abordagem do meteorologista. Em suma os principais ponto que ele levantou para questionar a virada para um Super El Nino estamos discutindo no outro tópico específico: o comportamento e influência da SOI e da PDO nesse tabuleiro. Uma coisa que ele não mencionou sobre a SOI e que o colega Flávio Feltrim havia alertado é que o índice demora um pouco mais a responder as mudanças do pacífico equatorial. Ou seja, o comportamento da atmosfera não acopla imediatamente com o do oceano. Há um conhecido delay entre a temperatura do pacífico e a resposta da atmosfera. O meteorologista Joe D'Aleo costumava mencionar o lag de alguns meses, possivelmente de 4 a 5 para o acoplamento. Nesse sentido, a SOI ainda dá mostras de resistência a resposta do oceano, com algumas quedas e subidas vai mantendo uma neutralidade. Mas ele fez muito bem em apontar no vídeo a influência da PDO, que no meu entendimento é o fator chave que poderá segurar o ímpeto desse menino que está chegando.
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Rodada 12Z do modelo Europeu veio bem forte e muitíssima interessante para o próximo pulso de ar frio indicado para meados da próxima semana. É projetado um cavado em altos níveis (Upper Level Low) passando por cima dos estados do sul, trazendo um desenho sinótico incomum e consequentemente um episódio de ar frio forte para a época do ano. O cavado é melhor visualizado olhando o nível de 500mb, aonde ar muito frio estará concentrado em uma latitude incomum simetricamente, mostrando se tratar de uma baixa fechada neste nível da atmosfera. Em 700mb o ar frio que acompanha o sistema faz com que a isoterma de 0°C alcance até o PR, com valores baixos e raramente observados em abril. Ainda assim há um longo prazo até que essa projeção se concretize, valendo neste momento como mera curiosidade e com maiores chances de se tratar de uma saída extremada do modelo. Faltando também convergência e suporte de outras rodagens que não apresentaram ainda cenário semelhante. Seguimos acompanhando o que poderia ser um evento bastante singular para o período.
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Afunilando um pouco a minha avaliação dos análogos, começo a focar em três anos em especial: 1965, 1972 e 2009. Quais as principais analogias? Considerado um dos principais senão o principal driver do clima mundial, o fenômeno ENSO. Ambos os anos marcaram a transição de um fenômeno La Nina para um El Nino em formação em meados do ano. Outro fator que selecionei foi o comportamento da PDO, negativa até pelo menos essa época do ano, e também o MEI que seguiu mesmo comportamento. Considerando esses fatores e refinando os análogos para esses três anos teríamos o seguinte comportamento médio das anomalias para o inverno climático junho a agosto. Sobre a normal 81-10: Sobre a 91-20: Ou seja, um inverno climático acima da média no centro-sul utilizando a normal climatológica mais antiga, e entre normal a ligeiramente acima utilizando a normal mais recente.
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@edsr97 há de fato uma leitura em abril de 1983 com +2.9 e abril de 1998 com +2.8 de anomalia em Nino 1+2. Entretanto fiz menção aos anos com El Nino em formação, como o fenômeno ainda não estabelecido. Em abril de 1983 e 1998 o fenômeno já estava caracterizado em Nino 3.4, quando ainda neste abril a região continua em neutralidade. Ou seja, para os anos de virada sem El Nino formado, essa leitura é recorde. Chamo a atenção para a previsão de um possível WWB (westerly winds Burst) indicado para o final de abril, situação que pode finalmente levar ao aquecimento de Nino 3.4.
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A anomalia de +2,7 em Nino 1+2 não é apenas um salto absurdo mesmo em uma região tão volátil, mas acaba por se tornar o desvio positivo recorde para abril desde 1982. https://www.cpc.ncep.noaa.gov/data/indices/wksst9120.for Até então os maiores desvios em Nino1+2 para abril em um ano com El Nino em formação eram: 2015 +1.3 1997 +1.3 2002 +1.1 2009 +0.6
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Caco, resumidamente a PDO é um índice que combina as condições da SST e pressão atmosférica no pacífico norte, a partir da latitude 20N. Existem duas grandes áreas de anomalias avaliadas, uma próxima a costa oeste americana e outra no pacífico norte. Quando há anomalias negativas ao norte e positivas ao longo da costa pacífica americana e a pressão fica abaixo da média sobre o pacífico norte, temos uma valor positivo da PDO. Do contrário um valor negativo. Desde 2018/2019 estamos num longo período de fase negativa da PDO.
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Última atualização da leitura da PDO -1,56 em março após -1,1 na leitura anterior. Dado que pode estar influenciando um pouco na lenta evolução das anomalias a oeste do pacífico equatorial. Outra informação curiosa é o comportamento da SOI nos últimos dias. Uma explosão positiva em um momento que já se esperava um patamar negativo mais constante. Se um El Nino moderado a forte está vindo aí, como é projetado pela maioria dos modelos, ele ainda está encontrando certa resistência, especialmente pelo recente dado da PDO.
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CFS 12Z veio com uma saída bastante fria para os próximos 30 dias. Com um período bastante frio na segunda quinzena do mês, e que pela trajetória claramente indica anticiclones continentais Sinceramente, acredito se tratar de uma saída bastante extremada. Nos modelos determinísticos de curto prazo já é possível observar a tendência de avanço de alguns anticiclones na grade de dez dias, mas ainda nada que tenha o potencial para causar essas anomalias sugeridas. Vamos acompanhar.
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Últimas rodadas próximos 30 dias nos principais modelos e CFS mensal para abril em sua última rodada.
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Excepcional explicação, Flávio. Importante observação quanto a queda da SOI, o que começa de fato a demonstrar a atmosfera iniciando uma resposta a mudança que vem sendo observada no pacífico equatorial. Outro índice que eu acompanho e acho bastante interessante é o MEI (Multivariate ENSO Index) que além da SST utiliza a SLP, vento zonal e meridional, além da OLR (Radiação terrestre liberada no espaço, cobertura de nuvens e vapor na atmosfera). Acho mais completo e reflete melhor o acoplamento da atmosfera ao comportamento do pacífico.
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Essas são as anomalias para os próximos 30 dias de acordo com as últimas rodadas do Euro, GFS e CFS: Chama a atenção a similaridade entre a projeção do modelo europeu e a do americano para o período.
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Obrigado Flávio pela deferência, especialmente vindo de um profissional do seu gabarito. Concordo com a sua opinião de que o último cenário de análogos, sobre a normal 81-10 se coloca como o mais provável. E os fatores foram todos pontuados por você de maneira certeira: El Nino clássico em evolução, fase da AMO (bem lembrada), condição do Atlântico de difícil reversão. Fatores que deixam os adoradores das frentes-frias invernais, acompanhadas de um potente e vigoroso anticiclone polar continental, sem muitas expectativas. A única coisa que resta acompanhar é a SOI que ainda não mergulhou em padrão de El Nino, e torcer por um comportamento da AAO favorável pra tentar mitigar um pouco as condições desfavoráveis que o menino impõe a nossas latitudes brasileiras.
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Dando continuidade as análises dos análogos, eles podem também ser comparados a normal anterior 81-10 e chega-se aos seguintes resultados: Anomalia temperatura 1000mb Anomalia temperatura 2m Anomalia temperatura mínima Anomalia temperatura máxima Diante desse quadro geral as notícias podem ser piores para a Argentina do que para o Brasil, e até relativamente positivas para o sudeste do Brasil. Nesse contexto é possível sugerir uma influência maior do ASAS atuando nas anomalias observados no centro e sudeste do Brasil para os anos análogos. Condição que "premia" o sul com temperaturas acima da média e, como se verifica nas imagens, sendo ainda pior para o centro do país vizinho. Com exceção ao sul da Patagônia que geralmente vivencia frio mais intenso que o normal em condições de El Nino.
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Por sugestão do colega Guto no grupo de WhatsApp plotei os anos pós 1990, mais quentes no geral e compreendidos pela normal climatológica que se utiliza como base de comparação. Para as temperaturas temos o seguinte resultado: Novamente um padrão próximo a normal, com tendência ligeiramente acima da média pelas anomalias em parte do sul e sudeste do Brasil. Para a SST ficamos: Dentro da normal no A.S e El Nino no pacífico equatorial.
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Alguns dos principais análogos do momento se formos considerar a condição e projeções para Nino 3.4: Se plotarmos as condições de anomalia de temperatura de junho a agosto destes anos chegamos a essa projeção: Um ponto interessante é a anomalia da superfície do mar, que para os mencionados anos com analogia apontada me causou surpresa e esperança quanto as condições no atlântico sul junto ao conesul. O que se observa no geral: - Nino 1+2 bem aquecido - Atlântico sul resfriado (que pelas condições atuais terá que haver um duvidoso mergulho profundo nas anomalias) - Meses de inverno próximos a normal climatológica. Será mesmo?
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As águas subsuperficiais no pacífico equatorial apontam na direção de um cenário cada vez mais aquecido. Com a SOI ainda rodando flat, sem mergulhar no terreno negativo, a questão que fica é o tamanho do aquecimento que virá quando a SOI despencar. O que poderá ocorrer mais para o final de abril quando a MJO deverá retornar a uma fase mais favorável a El Nino.
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Isso é um péssimo sinal. Apesar de ainda estarmos em uma época considerada a zona de imprevisibilidade de ENSO, já começamos a entrar em uma fase com saídas mais confiáveis. A propósito hoje tivemos mais uma atualização: Atualização ENSO (variação semana anterior): NINO 1+2: 1.4 (-0.1) NINO 3: 0.6 (+0.2) NINO 3.4: 0.1 (+0.2) NINO 4: -0.1 (+0.1) Fonte: CPC - NOAA