Flavio Feltrim

Em minhas memórias, julho costuma trazer boas surpresas sempre a partir do dia 15, principalmente depois de um período de aquecimento como o atual...

Interessante o vídeo sobre as correntes de jato estarem cruzando o equador... só achei que usar o termo "sem precedentes" foi muito forte, pois acredito que nos falta compreensão maior sobre a dinâmica atmosférica para dizer que é algo anômalo. Provavelmente já ocorreu antes, mas não tínhamos ferramentas como as de hoje para verificar!

Natureza fazendo arte: :heart: :heart: :heart:

A priori todas deveriam trabalhar normalmente dentro dos extremos mencionados Deivid, mas como o Mafili ressaltou, se não houver manutenção... para nossa sorte, aqui em Curitiba temos 3 estações diferentes e oficiais funcionando no mesmo espaço: automática e convencional do Inmet e automática do Simepar! Toda área dentro do quadrado maior (azul) é do Inmet; o quadrado menor (branco) é o cercado da convencional do Inmet; no círculo vermelho está a automática do Simepar (isso mesmo, Simepar) e no círculo amarelo a automática do Inmet. A "casinha" dentro do quadrado azul é o escritório do Inmet onde fica o técnico/meteorologista e outros aparelhos: Tirem o zoom para ver o contexto do local onde as 3 estão instaladas! Área bem urbanizada dentro do Centro Politécnico da UFPR: https://www.google.com.br/maps/@-25.4484567,-49.2309149,124m/data=!3m1!1e3?hl=pt-BR

Uma automática, no caso uma Davis com weatherlink e em local dentro dos padrões de mostra bem confiável, porque mesmo que dê pau na energia ou sinal, ela acaba gravando todos os dados no weatherlink. Não sei qual é o modelo da estação do INMET, mas vejo bastante reclamações da confiabilidade dos dados. A precisão de uma automática depende da qualidade da estação e como ela é manejada é feita sua manutenção. Uma automática de qualidade e bem manejada é melhor do que uma convencional. Minha opinião. Não quis dizer que automáticas são ruins, apenas que não devemos crer cegamente nos dados delas. É sempre importante ter outros parâmetros... as Davis que costumamos usar e que gosto muito (Pro, Vue, etc) são amadoras perto das estações dos institutos. Só para ter uma ideia por exemplo, as estações usadas pelo Inmet e Simepar não saem por menos de 30 mil reais e seguem padrão internacional da OMM. Claro que podemos confiar numa Davis, Oregon, Campbell e similares se estiverem bem calibradas, mas oficialmente estas estações que usamos não entram na listagem oficial.

Um adendo ao meu comentário acima: nos dias mais frios a automática do Inmet parava de registrar, só apresenta dados das 14 as 23h, ou seja, no horário mais frio dava bug. Proposital????

Culpa do céu limpo que fez desde o início da noite de ontem e durou toda madrugada! Não temos calor em Curitiba desde o final de abril... Aproveitando o gancho sobre a discussão convencionais X automáticas, peço que façam o seguinte exercício: baixem no Inmet os dados da estação automática de Curitiba a partir de 27/04: acabei de fazer isso e para minha surpresa a temperatura mais baixa registrada em todo esse período até hoje foi 4,1ºC no dia 01 de maio! Tal estação ignorou o frio que fez no em junho, inclusive os valores próximos de zero e negativos registrados pela convencional e pela automática do Simepar (todas estão juntas)! E olha que no fim do ano passado os técnicos do Inmet estiveram aqui em Curitiba calibrando tanto os sensores da automática quanto os instrumentos da convencional, eu estava junto inclusive e acompanhei! Muito cuidado ao confiar cegamente nos dados que temos disponível...

Parece granizo de tamanho bem pequeno, observem na hora que o cinegrafista mexe com os pés no gelo que está no chão que tem várias bolinhas do tamanho de ervilhas, talvez um pouco maiores. Talvez estivessem um pouco "erráticos" na queda por serem leves.

Para rolar uma ASAS fria como essa antes precisaria ocorrer uma boa polar, fria e seca, que após passar pelo sul se estabeleceria por vários dias no meio do Atlântico provocando várias madrugadas de frio vampiro no interior do país. Isso normalmente causa bloqueios no sul, com escoamento de vento N-NW na altura do Rio Grande do Sul... veranico à vista? O litoral do nordeste, em especial da Bahia, precisa se preparar pra muita chuva se for o caso!

Coincidência ou não, esse período que destaquei no quadrado verde aconteceu juntamente com nosso maravilhoso período de frio recente: Começa no final de abril e vai até semana passada! Para quem não entendeu, isso é anomalia de pressão em 500 hPa no Hemisfério Sul, próximo à costa oeste ao sul do Chile.

Sim. No início do mês a atmosfera levou um tranco com a propagação de uma gigantesca MJO a maior desde 2010. Uma maneira de visualizar isto é através do AAM (momentum angular da atmosfera). E um modo de entender o AAM é imaginar (imagine a verdade) o planeta Terra gira cercado pela sua atmosfera (imagine se ele girasse dentro de um pote de mel....é uma coisa....imagine que ela girasse dentro de um pote d'água....ou ar mesmo). Este atrito gera uma resistência. Se os ventos "sopram" no sentido América do Sul / Indonésia com "força" temos um padrão La Niña e a linda bola azul é "freada" se os ventos "sopram" fraquinho a bola é "acelerada". "Freio" = La Niña = dia uns microssegundos mais lento = AAM negativo. "Acelerar" = El Niño = dia uns microssegundos mais rápido = AAM positivo. Então, Danilo no primeiro gráfico ficam evidentes duas coisas o "período El Niño de circulação" e o modelo aprofundando a La Niña. (coisas características do período Neutralidade). No segundo gráfico mostra "o curto período de padrão de circulação El Niño'' e a atmosfera acoplando com a SST ruma a La Niña. Apesar da MJO ser característica do período Neutro de ENSO é sempre divertido o susto de quem confia piamente em modelos.... Os dados anteriores não foram plotados. Observe que agora mergulha rumo a se tornar mais negativa e mais e mais....La Niña....que pode vir ou não. Assino embaixo Mafili, inclusive já vinha fazendo esse tipo de análise relacionada a velocidade de rotação do planeta e os eventos ENOS. Um aluno meu está querendo fazer o TCC sobre esse tema: Quanto a redução do gelo Antártico comparada a 2014 e 2015, acredito em uma compensação ao aquecimento do último grande El Niño feita através das correntes... mas precisamos analisar com mais carinho!

Quero dar os parabéns pela criação deste tópico! Aproveito para dar algumas sugestões: essa diferença toda detectada nos modelos em relação aos dados de superfície são devido aos microclimas que já foram citados, portanto seria interessante também fazer o comparativo das previsões para 850 hPa e a partir desses resultados, subtrairmos a diferença para identificar com mais facilidade o peso desses microclimas. Existem inúmeros estudos sobre a interferência da camada urbana, onde podemos citar as contribuições de Oke (Canadá) e Monteiro (Brasil): Os microclimas acontecem na camada urban canopy layer enquanto a urban boundary layer é mais susceptível a interferência dos sistemas atmosféricos, ou seja, na escala em que os modelos trabalham!

Fuja do lago!!! Com certeza fique longe do lago, a água armazena calor durante o dia e emite na madrugada, restringindo a queda da temperatura e a perda radioativa devido a umidade. Baixadas e vales são bons quando tem apenas um pequeno córrego!

Aguardando o tabelão final, agora é curtir a ressaca. Essa onda de frio merece nosso respeito e garantiu uma bela posição no ranking das ondas mais frias, tanto em intensidade como em duração... :clapping: :good:

Meio-dia pessoal, que comece o nowcast da neve!

Pelo inmet a minima ai em Maringa foi de 8,7c Aos meus conterrâneos pé vermelhos: são duas estações diferentes em locais diferentes: tem duas do Inmet (convencional e automática) na UEM: https://www.google.com.br/maps/@-23.4051648,-51.9327425,277m/data=!3m1!1e3?hl=pt-BR Uma do Simepar aqui: https://www.google.com.br/maps/@-23.4487099,-51.9871843,239m/data=!3m1!1e3?hl=pt-BR E a do aeroporto, que registrou mínima de 7 graus (arredondada): 2016060808 - METAR SBMG 080800Z 14009KT CAVOK 07/05 Q1020=

Mínimas nas estações do SIMEPAR:

E qual seria a intensidade ? Algo parecido com Agosto de 2013 ? Digo na intensidade. Nesse exato momento a chance é menor que em 2013, pois o ar secou bastante. Como eu disse antes, precisamos aguardar até a última rodada de amanhã para ter uma ideia melhor do cenário, acho cedo especular agora!

Compreendi :good2: E sobre a neve, se tu pudesse dar um ''palpite'', seria pra quando e qual intensidade ? Achas que existe a possibilidade de uma boa nevada ou no máximo uma paraguaia ? No momento só vejo possibilidade de precipitação invernal (neve, freezing rain, etc) no eixo que vai de Caxias do Sul até o quintal do Coutinho, nos dias 10 e 11, mas pra isso melhor esperar mais um pouco porque faltam mais de 40 horas ainda.

Sensacional Flavio !! Tu que tens um bom conhecimento, acredita na marca de dois dígitos negativos ? Sou muito cauteloso quanto a isso, eu acho que não vai rolar nenhuma negativa de 2 dígitos, mas vai chegar perto... a mesma nebulosidade que começará a entrar pelo oeste no fim do dia de hoje, que poderia trazer uma esperança de neve, também pode frustrar uma queda maior na temperatura. Vamos aguardar

E pensar que á para esfriar mais...

O que a SOI controla pra frio ela é boa positiva ou negativa ? Grande abraço professor ! O Klinsmann respondeu bem e de forma objetiva! O pessoal tem reclamado que o El Niño ainda dá o tom porque de fato a atmosfera ainda esteve respondendo por ele... existe um lag de 1 a 3 meses entre as mudanças na TSM e a resposta, portanto agora que a atmosfera vai começar a se comportar de fato como condição de ENSO neutra. E como bem citou o Mafili, a MJO logo dará as caras:

Falando nisso, a SOI positivou de forma persistente (média de 30 dias) pela primeira vez desde junho de 2015, ou seja, parece que somente agora a atmosfera está começando a responder:

Cenário que está se desenhando para os dias 05 e 06 de junho pode prometer fortes emoções quanto a precipitações invernais... mas como está longe ainda, continuemos o monitoramento!