Caio César
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São crescentes os sinais para uma quebra de padrão após os dez primeiros dias de junho, com alguma convergência para algo até expressivo começando a aparecer nos principais modelos de longo prazo.
O controle do Euro projeta dois períodos com anomalias bastante relevantes, entre 12 e 19 e entre 21 e 28/06.
Cenário que seria até suficiente pra tornar um mês que começará muito quente em um final provavelmente abaixo da média.
O início segue indicando anomalias bastante positivas, o que de fato precisará de uma forte compensação pra virar a chave do estrago inicial.
O GFS estendido converge para o cenário indicado pelo modelo Europeu, com a quebra de padrão ocorrendo por volta dos dias 11 ou 12/06.
Outro que entrou na dança foi um que anda bastante instável, o CFS. Agora com um pouco mais de confiabilidade nesta projeção tão e somente em face dos indicativos gerados pelos demais modelos.
Caso tivéssemos rodadas isoladas de um modelo nesse sentido, o prognóstico seria mera loteria e não mereceria credibilidade. Ocorre que há claramente uma convergência se estabelecendo, puxada pelo principal modelo global e seguida pelos demais, em um cenário que poderia trazer um ou até dois pulsos relevantes de ar frio para o cone-sul em junho.
A ver as cenas dos próximos capítulos com bastante cautela. O cenário nos principais índices globais não é favorável, mas também não impede esse tipo de ocorrência.
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Atualizando ENSO / (variação em relação a semana anterior)
Nino 1+2: +2.0 / (+0.3)
Nino 3: +0.8 / (-0.1)
Nino 3.4: +0.4 / (-0.1)
Nino 4: +0.4 / (+0.1)
Fonte: CPC - NOAA
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O mais recente valor da SOI (-64) nessa onda de queda é o menor desde junho de 2010!
O que vai mostrando nos últimos dias que a atmosfera segue acoplando com vigor as condições de El Nino presentes.
Com o treshold do menino já ultrapassado, é possível que essa queda abrupta da SOI reflita em um aquecimento mais rápido das águas de Nino 3.4 de agora em diante.
É o menino se instalando de vez.
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CFS rodando os próximos 30 dias nas últimas rodadas.
O controle é mais forte para maio
Cenário que no geral é acompanhado pelo CFS mensal.
Nos principais modelos ainda nada interessante que sustente essas saídas do CFS, apenas persistente fluxo marítimo de anticiclones tangenciando o centro-sul. O que não sustenta essas anomalias continentais mais a oeste, entre o Chaco e o Paraguai.
Chama a atenção o comportamento da SOI nos últimos dias. Em padrão positivo, com anomalia em neutralidade neste mês de abril, indicando ainda que a atmosfera não está acoplada ao El Nino em formação, e que deve ganhar um impulso neste mês de maio com um provável evento de WWB.
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Em 19/04/2023 em 20:57, SandroAlex disse:
@Caio Césarfoste preciso mais uma vez em tua análise!! Aguardamos a análise posterior ao evento.
Valeu @SandroAlex ! Este foi mais um evento em que aprendemos muito.
As condições muito limítrofes impediam de que fosse possível sugerir o fenômeno em alguma medida. Entretanto, o cavado extremamente forte como os modelos apresentavam, de fato, trouxe as surpresas que poderia trazer, propiciando a passagem de nuvens muito desenvolvidas gerando instabilidades, raios e até granizo miúdo junto ao pico da adveção de frio em cidades da serra.
As nuvens de topos altos ocorrem em ambientes de muito frio e podem gerar microclimas, o que neste caso em meio a uma atmosfera já fria até a superfície propiciou condições localizadas de chuva congelada e neve misturada em pontos isolados, e que felizmente foi flagrado por poucos sortudos.
Não tivesse sido por episódios muito localizados como foi, teríamos mais registros.
Por algumas vezes alertei sobre a vorticidade intensa, e alí moravam a surpresas que ocorreram sob condições muito difíceis para a formação de flocos de neve.
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O modelo Europeu é o único modelo projetando neve, embora apresente a temperatura mais fraca entre 850 e 800mb dentre as principais rodagens.
A 18Z trouxe neve em 3 intervalos, também teve neve na 12Z de ontem.
18Z
Na 00Z reduziu um pouco, mas segue projetando o fenômeno sob condições de temperatura por ele mesmo praticamente impossíveis de ocorrer
00Z
Ainda assim mostra mais neve, inclusive, do que o memorável evento de setembro do ano passado.
A história recente mostra que há que se ter muita cautela ao analisar o fenômeno exclusivamente por essas projeções. Espero que agosto e setembro do ano passado tenham ensinado alguma coisa a pessoas e institutos.
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O Europeu voltou a incrementar ligeiramente em altura o potencial do Polar Vortex.
Isso é reflexo também da elevada vorticidade que acompanhará o sistema.
Nesse caminho o modelo voltou com pixels de neve sobre ponto isolado da serra catarinense.
Apesar de apresentar neve no seu campo, permanece a condição propícia a chuva com temperatura baixa, entre 6C e 2C nas estações serranas a depender da altitude.
Um fator a ser observado é o nível da instabilidade que se formará com essa vorticidade embebida em ar gelado a partir dos 750mb. Altos índices podem trazer por vezes surpresas interessantes em que pese condições além de limítrofes nas projeções de temperatura.
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Em 18/04/2023 em 07:55, Carlos Campos disse:
É a velha história q todos nós conhecemos: chamar atenção para a "matéria do site" e conseguir mais views.
Eu colocaria esse tipo de "notícia" no mesmo patamar de, por exemplo: " ANA PAULA ARÓSIO AGORA COM 87 ANOS, VEJA COMO ESTÁ A EX-MUSA DOS ANOS 90, VIVENDO NAS RUAS"
Não tem o menor sentido porém as pessoas clicam na "notícia" pra ver.
Muitas vzs o meteorologista aponta para uma chance de 0,1% de neve e no dia seguinte a matéria sobre a nevasca já está pronta.
É outro mal costume q veio lá dos Estados Unidos, juntamente com milhares de outros.
*O mal costume de confetir a "matéria" kkk
É isso!
Embora também tivemos notórios casos no ano passado com institutos renomados nacionalmente.
Seja ele grande ou pequeno, é a responsabilidade técnica deixada de lado pelo péssimo hábito de caçar cliques e compartilhamentos.
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Bom dia!
Euro com ligeira reduzida em 800mb. GFS agora um pouquinho mais forte nessa camada. Eventual janela de precipitação invernal é mínima, não podendo ser considerada para fins de previsão. Servindo nesse momento somente a curiosidade e avaliação da intensidade/trajetória do sistema.
Chuva muito gelada nos topos da serra (+1.600/1700m) com 1/2C de temperatura. O que é notável para a época.
Cavado é forte e vai trazer ar muito seco e continental na retaguarda. Garantindo geada sexta e final de semana em baixadas de serra nos três estados do sul.
Obs: ouvi relato de que páginas/meteorologistas levaram a possibilidade de neve a público. Não fui atrás e não pesquisei quem o fez, mas a ser verdade se junta a mais um capítulo da lamentável banalização da previsão de neve no Brasil.
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Ligeira reduzida na 00Z Euro, coisa mínima que afeta (diminui) apenas a mínima chance de alguma precipitação invernal. É o posicionamento do Polar Vortex fazendo os ajustes.
Canadense e Europeu continuam simétricos.
GFS continua mais marítimo, portanto, menos intenso o cavado, mas está dando uma boa aproximada agora na 06Z, seguindo o EuroKing.
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Em 16/04/2023 em 20:59, Matheus Vinicius disse:
Quando geralmente se dá a temperatura mínima do ano em São Joaquim e o quanto de frio geralmente faz por lá na cidade? Preciso saber disso para viajar este ano e pegar o momento correto.
Nas cidades serranas do Brasil é muito difícil de organizar uma viagem pra curtir frio intenso.
Nosso clima subtropical vive de ondas de frio, alternadas com momentos úmidos e alguns períodos de calor que podem até se estender durante o inverno.
Mas no geral os meses de junho e principalmente julho (não foi o caso ano passado) registram os principais eventos de frio, além de possuírem as menores médias e registros do ano.
Contudo, sugiro acompanhar as previsões e tendências, marcando um passeio mais encima do laço, com uma dose maior de certeza de que há chances de se pegar um pulso de ar frio mais interessante.
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CFS, Europeu e CMC muito bem alinhados e convergentes no posicionamento do "Polar Vortex".
Apenas o GFS que vem mantendo o seu padrão de um posicionamento menos continental e, portanto, mais fraco.
E temos um fator que está colaborando para esse fenômeno. A recente fase negativa da AAO.
CMC e Europeu vieram ligeiramente mais fortes na tarde de hoje. Agora é aguardar o refinamento dos ajustes que vão ocorrendo até o evento.
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Em 16/04/2023 em 09:33, jean10lj disse:
Opa agora um padrão interessante entre as rodadas
12z ontem/00z hoje/06z hoje para o mesmo horário (00z de quinta)
Muito interessante!
Europeu impressionante nas duas últimas rodadas, com -5 em 700mb, 0 em 800 associado a precipitação sobre os pontos mais elevados da serra catarinense. CMC veio na mesma balada. Não é neve ainda, mas é borderline para precipitação invernal nos picos.
GFS reduziu e veio mais fraco na 00Z. Os principais modelos seguem trocando papéis na intensidade e trajetória. Mas o Europeu agora alcançou uma estabilidade para um evento muito forte, como demonstrado.
No RS poderia chegar a -7 em 700mb. Incrível!
Ainda poderá variar nos detalhes, e os detalhes contam muito, mas a tendência está mantida.
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Cenário mais do que interessante se formando para o próximo pulso de ar frio.
O modelo Europeu ajustou um pouco a posição do cavado, posto que estava em uma trajetória muito anômala deslocado a oeste, entrando agora em uma quase que perfeita sincronia com o GFS.
Nas camadas mais abaixo alguns valores projetados impressionam para a época do ano.
Na rodada das 00Z o modelo Europeu projeta uma grande área de -5°C em 700mb sobre boa porção do RS e SC, com pico de -7 no RS, associado a chuva na passagem da baixa pressão em altos níveis entre quarta e quinta.
A manter esse prognóstico, um evento incomum pode estar a caminho, com uma configuração que aproximaria as partes mais elevadas de breves momentos limítrofes para observação de alguma precipitação invernal.
Ainda não se pode afirmar que há essa oportunidade, até porque o modelo vem realizando ajustes e diminuiu ligeiramente em relação a extremamente intensa rodada das 12Z de ontem.
Assim, novos ajustes podem afastar ou aproximar esse cenário. Vamos acompanhar!
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Em 14/04/2023 em 21:44, Daniel Lisboa disse:
Pessoal, não conhecia esse meteorologista, mas este é o vídeo mais completo sobre o El Nino que já vi. Além disso, traz algumas possíveis boas notícias pra gente: ele rebate a ideia de que teremos um super El nino, mostra que o El nino talvez dure pouco e que a atmosfera por enquanto não está dando sinais de acoplamento.
Gostei da abordagem do meteorologista. Em suma os principais ponto que ele levantou para questionar a virada para um Super El Nino estamos discutindo no outro tópico específico: o comportamento e influência da SOI e da PDO nesse tabuleiro.
Uma coisa que ele não mencionou sobre a SOI e que o colega Flávio Feltrim havia alertado é que o índice demora um pouco mais a responder as mudanças do pacífico equatorial.
Ou seja, o comportamento da atmosfera não acopla imediatamente com o do oceano. Há um conhecido delay entre a temperatura do pacífico e a resposta da atmosfera. O meteorologista Joe D'Aleo costumava mencionar o lag de alguns meses, possivelmente de 4 a 5 para o acoplamento.
Nesse sentido, a SOI ainda dá mostras de resistência a resposta do oceano, com algumas quedas e subidas vai mantendo uma neutralidade.
Mas ele fez muito bem em apontar no vídeo a influência da PDO, que no meu entendimento é o fator chave que poderá segurar o ímpeto desse menino que está chegando.
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Rodada 12Z do modelo Europeu veio bem forte e muitíssima interessante para o próximo pulso de ar frio indicado para meados da próxima semana.
É projetado um cavado em altos níveis (Upper Level Low) passando por cima dos estados do sul, trazendo um desenho sinótico incomum e consequentemente um episódio de ar frio forte para a época do ano.
O cavado é melhor visualizado olhando o nível de 500mb, aonde ar muito frio estará concentrado em uma latitude incomum simetricamente, mostrando se tratar de uma baixa fechada neste nível da atmosfera.
Em 700mb o ar frio que acompanha o sistema faz com que a isoterma de 0°C alcance até o PR, com valores baixos e raramente observados em abril.
Ainda assim há um longo prazo até que essa projeção se concretize, valendo neste momento como mera curiosidade e com maiores chances de se tratar de uma saída extremada do modelo. Faltando também convergência e suporte de outras rodagens que não apresentaram ainda cenário semelhante.
Seguimos acompanhando o que poderia ser um evento bastante singular para o período.
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Afunilando um pouco a minha avaliação dos análogos, começo a focar em três anos em especial: 1965, 1972 e 2009.
Quais as principais analogias?
Considerado um dos principais senão o principal driver do clima mundial, o fenômeno ENSO. Ambos os anos marcaram a transição de um fenômeno La Nina para um El Nino em formação em meados do ano.
Outro fator que selecionei foi o comportamento da PDO, negativa até pelo menos essa época do ano, e também o MEI que seguiu mesmo comportamento.
Considerando esses fatores e refinando os análogos para esses três anos teríamos o seguinte comportamento médio das anomalias para o inverno climático junho a agosto.
Sobre a normal 81-10:
Sobre a 91-20:
Ou seja, um inverno climático acima da média no centro-sul utilizando a normal climatológica mais antiga, e entre normal a ligeiramente acima utilizando a normal mais recente.
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@edsr97 há de fato uma leitura em abril de 1983 com +2.9 e abril de 1998 com +2.8 de anomalia em Nino 1+2. Entretanto fiz menção aos anos com El Nino em formação, como o fenômeno ainda não estabelecido.
Em abril de 1983 e 1998 o fenômeno já estava caracterizado em Nino 3.4, quando ainda neste abril a região continua em neutralidade.
Ou seja, para os anos de virada sem El Nino formado, essa leitura é recorde.
Chamo a atenção para a previsão de um possível WWB (westerly winds Burst) indicado para o final de abril, situação que pode finalmente levar ao aquecimento de Nino 3.4.
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A anomalia de +2,7 em Nino 1+2 não é apenas um salto absurdo mesmo em uma região tão volátil, mas acaba por se tornar o desvio positivo recorde para abril desde 1982.
https://www.cpc.ncep.noaa.gov/data/indices/wksst9120.for
Até então os maiores desvios em Nino1+2 para abril em um ano com El Nino em formação eram:
2015 +1.3
1997 +1.3
2002 +1.1
2009 +0.6
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Em 09/04/2023 em 10:11, Caco Pacheco disse:
Caio, o que é PDO? Sei que, quanto mais "baixo", mais ela "contribui" para o frio.
Quais fatores contribuem para que ela se mantenha consistententemente "para baixo"?
Abs
Caco, resumidamente a PDO é um índice que combina as condições da SST e pressão atmosférica no pacífico norte, a partir da latitude 20N.
Existem duas grandes áreas de anomalias avaliadas, uma próxima a costa oeste americana e outra no pacífico norte.
Quando há anomalias negativas ao norte e positivas ao longo da costa pacífica americana e a pressão fica abaixo da média sobre o pacífico norte, temos uma valor positivo da PDO. Do contrário um valor negativo.
Desde 2018/2019 estamos num longo período de fase negativa da PDO.
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Última atualização da leitura da PDO -1,56 em março após -1,1 na leitura anterior.
Dado que pode estar influenciando um pouco na lenta evolução das anomalias a oeste do pacífico equatorial.
Outra informação curiosa é o comportamento da SOI nos últimos dias.
Uma explosão positiva em um momento que já se esperava um patamar negativo mais constante.
Se um El Nino moderado a forte está vindo aí, como é projetado pela maioria dos modelos, ele ainda está encontrando certa resistência, especialmente pelo recente dado da PDO.
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Monitoramento e Previsão Climática (ENSO/SST/AAO/PDO) 2023
in Monitoramento e Previsão - América do Sul
Posted
Embora o comportamento mais usual da região 3.4 seja por mudanças mais graduais, é inegável que um aquecimento esteja ocorrendo com mais intensidade nos últimos dias.
A ver as próximas atualizações, que acredito deve devolver o threshold de El Nino.