RESUMO: Pacífico frio traz menos chuva ao inverno e primavera do centro e sul do Brasil ANÁLISE: Após muita ameaça, o oceano Pacífico finalmente entra em seu período frio. Dependendo da simulação usada, pode-se chegar à conclusão de que a intensidade e duração da temperatura abaixo da média dará origem a um fenômeno La Niña ou que haverá, sim, um período frio no Pacífico, mas que ele não será duradouro e intenso suficiente para formação de um La Niña. Cada simulação tem uma metodologia diferente, mas o que chama a atenção é a temperatura no oceano Pacífico profundo. Embora exista água fria em profundidade, algo que manterá a temperatura da superfície mais baixa que o normal, na porção oeste do Pacífico profundo não são vistas grandes massas de água fria que poderiam manter o resfriamento por tempo suficiente para nomear o fenômeno como La Niña. Mas independentemente da formação ou não do fenômeno, o fato é que a atmosfera sentirá a queda da temperatura do maior oceano do globo e trará um padrão climático próximo de uma La Niña. No Brasil, o maior efeito do resfriamento do Pacífico durante o inverno é a chuva mais fraca que o normal no Sul e em partes do Sudeste e Centro-Oeste. As frentes frias não têm amplitude suficiente para avançar pelo interior da América do Sul, conectar com a umidade da Amazônia e trazer chuva. Boa parte dos sistemas frontais afasta-se para a costa do Brasil mantendo a precipitação abaixo da média histórica. Importante afirmar que este efeito será visto principalmente no decorrer do segundo semestre. Atualmente, a atmosfera ainda não sente o efeito do declínio e o que predomina é a sazonalidade-climatologia. E a sazonalidade indica que a chuva neste momento acontece de forma mais frequente sobre o centro e sul do Brasil por conta do avanço das primeiras grandes ondas de frio e a presença da umidade da Amazônia. Importante pontuar este curto intervalo com chuva mais regular e intensa, porque a Região Sul já vem de um período de estiagem que, dependendo da localidade, já dura seis meses. E se analisarmos o que virá pela frente de forma linear, poderemos ser surpreendidos por chuva forte que já vem acontecendo neste mês de maio em partes do Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Por fim, de uma forma geral as simulações americanas CFSv2 e NASA-GEOS5v2 e a média sete simulações americanas e canadenses (NMME) indicam um padrão semelhante para o período entre junho e agosto com chuva abaixo da média na maior parte do Brasil. As poucas áreas com precipitação acima da média estão no Rio Grande do Sul e no leste das Regiões Sudeste e Nordeste. Trata-se de um padrão intermediário entre o que acontece com a atmosfera quando o Pacífico esfria e o atual período em que a atmosfera e o oceano ainda estão sob neutralidade. As simulações foram escolhidas por terem melhor desempenho na previsão da posição de chuva acima e abaixo da média em abril. O ECMWF não mostra a mesma escala das simulações anteriores e acaba indicando muitas áreas com precipitação dentro da média para o trimestre. Por fim, todas as simulações indicam temperatura acima da média para a maior parte do Brasil no trimestre. Embora, 2020 mostre-se mais frio que 2019, espera-se alternância entre períodos frios e de calor. E no fim das contas, o calor predominará mais que o frio.