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Brasil Abaixo de Zero

Vinicius Lucyrio

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Everything posted by Vinicius Lucyrio

  1. Eu trouxe este artigo aqui neste mesmo tópico há uns dias. Sobre poeira, algumas espécies de aerossóis geram feedback negativo nas temperaturas (ou seja, propiciam queda nas médias térmicas) por refletirem parte da radiação solar incidente, fazendo com que menos radiação chegue à superfície. Por isso que quando há grandes erupções vulcânicas há queda nas temperaturas nos meses/anos seguintes. Quedas de temperatura provocadas por aerossóis geralmente não tendem a durar muito tempo se não houve manutenção pois, principalmente os de moda grossa, não costumam ficar em suspensão por muito tempo, eles acabam se depositando na superfície.
  2. Pessoal, boa tarde! No intuito de melhorar a qualidade do fórum, fizemos algumas alterações nas regras do BAZ. Peço a todos que tirem 2 minutos para ler atentamente cada uma delas: Mensagens que não agreguem valor ao fórum podem ser desaprovadas sem prévio aviso. Fiquem atentos!
  3. Eu vou repetir mais uma vez que só considero esse tal ICA com referência bibliográfica de impacto no meio científico, mas aos outros pontos vamos lá. Não houve fase fria entre as décadas de 1940 e 1970, houve um período de estabilidade. Não sei ao certo o motivo, mas o retorno do aquecimento pós 1970 pode estar relacionado ao aumento importante do uso de petróleo e de carvão mineral a partir de meados da década de 1960, o que fez com que a concentração de gases do efeito estufa aumentasse muito. De fato, o uso já era crescente antes, mas num nível bem inferior. Faz sentido pensar na atividade solar como modulador natural do clima, desde que haja um impacto significante na dose de radiação solar que chega ao topo da atmosfera. Aproximadamente 50% dessa radiação chega à superfície, aquecendo a atmosfera de baixo para cima. Só que se você tem componentes que são fortes absorvedores de radiação no infravermelho termal (o calor, sendo mais informal), você acaba por compensar parte do feedback negativo na temperatura que ocorreria por uma menor irradiância chegando até a superfície, pois o calor fica retido. Para uma compensação total, seriam necessários sucessivos ciclos solares muito fracos, ao longo de muitos anos, para diminuir a quantidade de radiação terrestre retida. Sobre poeira cósmica, prefiro não opinar pois não conheço nada sobre. Mas para haver condensação de água na atmosfera (formação de nuvens, por assim dizer), é necessário que haja núcleos de condensação, que são partículas higroscópicas que servem de catalisador na formação de gotas. Sobre a Lua, conheço um pouco apenas de seus efeitos nas marés devido a ação da força gravitacional.
  4. O artigo que me baseei é este: Oliveira et al. (2017).pdf Este artigo teve, inclusive, revisão crítica da minha orientadora e professora na Unifei, a Drª. Michelle Reboita, que desenvolve pesquisas nas áreas de meteorologia sinótica e mudanças climáticas.
  5. Há ciclos naturais que interferem no clima, isso é inegável. Ano passado estudei em cima de um artigo que mostra os impactos do Sol no clima a longo prazo, mas não pela constante solar (irradiância emitida e que chega ao topo da atmosfera), um estudo sobre os ciclos de Milankowich, que são variações em movimentos da Terra em relação a si próprio e a outros corpos celestes. Algumas destas variações: - Precessão axial: é um movimento de muito baixa frequência, com ciclos que duram quase 26 mil anos, e consiste em uma variação na orientação do eixo de rotação, ou seja, é como se a Terra estivesse rodando em torno de si próprio e em torno de outro eixo como se fosse um pião (exemplo abaixo). Essa volta completa dura ~25770 anos. - Excentricidade da órbita: a Terra possui uma órbita elíptica em torno do Sol. Isso altera as distâncias Terra-Sol durante o afélio e o periélio, é como se periodicamente a órbita passasse a ser mais circular ou mais elíptica. - Inclinação axial: variação do ângulo de inclinação do eixo da Terra, que varia de 21,5° a 24,5°, num ciclo que dura 41 mil anos. Essa oscilação sozinha seria capaz de tornar estações do ano mais ou menos extremas devido à quantidade de radiação solar que chega perpendicularmente em determinadas regiões do planeta. Atualmente é 23,43°, o que compreende em termos de latitude (a norte e a sul) os trópicos. - Precessão apsidal ou orbital: esse eu vou ilustrar pois é difícil explicar. São 112 mil anos para um ciclo completo. Há vários outros. Cada ciclo tem um peso sobre o clima. Mas aí veio o homem e despejou toneladas de carbono na atmosfera, só ta acelerando alguns processos.
  6. Isso não sou eu quem disse, é a ciência. Opinião sem base e achismo não vale nada aqui.
  7. Vou tentar ser breve e didático, e tentar definir alguns termos. Radiação de onda curta (até ~4 micrômetros, compreende as bandas do UV, Visível e Infravermelho próximo) é a radiação dita solar. Radiação de onda longa (> 4 micrômetros, na faixa do infravermelho termal ou distante) é a radiação emitida pela superfície terrestre, ou a dita radiação terrestre. Em radiação, um corpo negro é definido como um corpo que emite toda a radiação que absorve, não retendo nada. Efeito estufa é um processo natural pelo qual a atmosfera, com seus componentes, retém parte da radiação terrestre, o que mantém o planeta numa temperatura propícia a vida. Apenas 1% dos gases que compõem a atmosfera são os ditos gases-traço, pois estão em quantidades muito pequenas, dentre eles estão o Ozônio, Dióxido de Carbono, Monóxido de Carbono, Óxidos de Nitrogênio, Metano, etc. Cada gás absorve radiação em determinadas bandas do espectro eletromagnético. Quando falamos de efeito estufa, falamos principalmente do efeito do vapor d'água (o principal) e o dióxido de carbono (que tem suas concentrações aumentando ano após ano). Estes dois gases absorvem muita radiação em faixas termais do espectro, por isso o efeito no aquecimento do planeta. Aquecimento global é o fenômeno causado pelo desequilíbrio do efeito estufa, ou seja, o aumento na concentração de alguns componentes. Não é difícil entender: o dióxido de carbono, mesmo em partes por milhão, tem alta capacidade de absorção de radiação terrestre. As concentrações crescentes aumentam essa capacidade cada vez mais, o que aquece a troposfera, aquece as massas d'água aumentando a concentração de vapor d'água o que aumenta AINDA MAIS a retenção de radiação. Quanto ao papel da radiação solar, ela tem pouca participação no aquecimento direto da atmosfera. Ela precisa chegar à superfície, e aí sim por meio da radiação terrestre aquecer a troposfera de baixo para cima. Os ciclos solares poderiam ter algum efeito se a concentração dos gases do efeito estufa estivessem dentro de uma faixa considerada normal. Ah, outra coisa, o CO2 é um gás de alto tempo de residência na atmosfera, ele não fica pouco tempo à deriva depois de ser emitido. Estamos falando de algo em torno de 100 anos. Não pense que por ser uma concentração na ordem de ppm não vai ter efeitos no clima. Vai. E isso pode ser explicado matematicamente. Eu, na minha paixão por frio, tinha uma visão limitada pois via apenas o que eu queria ver, mas me livrei disso, amém. Sobre este tal de ICA, ainda espero uma referência bibliográfica de impacto.
  8. Um esquema bem grosseiro, diga-se de passagem hahaha. Cheguei a essa conclusão numa conversa com o @Augusto Goelzer sobre padrões atmosféricos associados a picos negativos da Oscilação Antártica, que querendo ou não é um dos principais moduladores do clima durante o inverno climático no Hemisfério Sul. Resolvi plotar alguns campos, como anomalia da altura geopotencial em 500 hPa (H500), para verificar a maior propensão a formação de bloqueios durante estes picos. Em tese, quando a AAO é negativa o cinturão de westerlies (ventos de oeste) tende a se apresentar pouco mais ao norte e enfraquecido, o que gera de certa maneira maior deformação, digamos assim. Portanto, na fase negativa (considerei apenas os meses de junho e julho na análise), há uma maior tendência para a formação de bloqueios nas regiões sub-polares, que pode acabar refletindo nos trópicos. Em linhas mais gerais, há uma maior eficiência na troca de calor polo-trópico. Conservação de massa: se ar frio sobe, ar quente tem que descer, e vice-versa. Na análise considerei as seguintes datas: 28/07/1980, 24/06/1983, 14/07/1990, 24/07/1991, 20/06/1992, 28/06/1992, 24/06/1994, 08/07/1995, 19/07/1995, 26/07/1995, 17/06/1999, 17/07/2001, 24/06/2007, 05/07/2007, 24/07/2007, 28/06/2009, 29/07/2011. Estas datas coincidem com picos abaixo de -3 no índice da AAO desde 1979. Fiz uma composição destas datas para a anomalia de H500 e para a temperatura em 850 hPa (T850). Abaixo, os mapas de d0 (dia do pico negativo da AAO) até d+5 (5 dias após o pico). H500 T850 Notem que há um certo padrão tripolar, em que há anomalias positivas de H500 a oeste da Península Antártica e a leste do Sudeste do Brasil; o primeiro padrão configura um bloqueio clássico, em que uma alta anômala permanece por vários dias estacionada numa região, o que provoca desvio do fluxo zonal (por conta da alta no meio do caminho ele toma uma orientação meridional) ou mesmo uma bifurcação. O segundo padrão não é formalmente reconhecido como bloqueio, mas podemos dizer que é. Entre estas duas regiões com anomalias positivas temos uma região com anomalias bem negativas de H500, que é caracterizada por um cavamento. A interação das duas circulações contrastantes acaba impulsionando muito ar frio de regiões polares para o sul do continente, e é bem perceptível que do pico negativo da AAO até vários dias depois a advecção de ar polar é intensa e praticamente constante. O padrão da H500 pode denotar um trem de ondas de Rossby, tema sobre o qual não me arrisco a falar muito agora pois meus conhecimentos são bem superficiais; devo aprofundar no próximo semestre e no início de 2021 pois farei as disciplinas de meteorologia dinâmica 1 e 2. Então, mesmo que o AAO negativo esteja relacionado a melhor troca de calor entre altas e baixas latitudes, não é possível fazer uma associação com eventos de frio intensos na região Sudeste. Contudo, a Argentina, Uruguai e sul do Brasil tem anomalias negativas de temperatura acentuadas quando há grande queda na AAO entre os meses de junho e julho. Vale lembrar que nada aqui é exato. A correlação é alta, mas não quer dizer que em 100% das vezes isso acontecerá.
  9. Moisés, lendo a sua mensagem me surgiram algumas dúvidas. 1 - O que seria exatamente "parâmetro de escoamento massa polar"? 2 - O que seria "condição isotérmica 850"?
  10. Considerando grandes quantidades de nuvens, não apenas uma fibrazinha ou um cumulus mediocris, as nuvens altas tem um papel importante no balanço radiativo, e explico o porquê. Nuvens altas refletem pouco da radiação solar incidente, mas refletem muita radiação terrestre (de ondas longas, infravermelho termal), e isso gera um feedback positivo, ou seja, tem um papel de aquecimento (mesmo que pouco, mas tem). Nuvens cumuliformes refletem muita radiação solar, e por este motivo tem feedback negativo (resfriamento), mas ao mesmo tempo há um feedback positivo causado pela refletância de radiação terrestre e pela emissão de radiação no infravermelho pela mesma. Em termos líquidos, nuvens baixas são resfriadoras e nuvens altas são aquecedoras.
  11. Vamos a alguns esclarecimentos. Segundo Espinoza et al. (2012), que estudaram ondas de frio a leste dos Andes e sua propagação da Argentina até a Amazônia peruana durante o inverno climático, as ondas de frio em geral seguem três trajetórias principais pela América do Sul: ao longo da costa Atlântica (o que a gente aqui no BAZ conhece por mp marítima), seguindo o curso do Rio Paraná, e por último pelo caminho entre os Andes e o Planalto Brasileiro. Se não há boi na linha, o caminho é livre para o ar frio na passagem mais fácil, entre o Planalto Brasileiro e os Andes. Ar frio é denso, prefere regiões mais baixas, não é comum ele ser espesso em latitudes menores. Pode notar que a "forçante" para uma onda de frio tipicamente oceânica é a presença de sistemas semiestacionários no Chaco que impedem a passagem de ar mais frio. Em meados de 2019, eu, minha orientadora (Drª. Michelle Reboita) e nosso estimado @Marcelo publicamos um artigo na Revista Brasileira de Climatologia com o objetivo de identificar picos intensos de frio sobre o nordeste do estado de SP e estudar suas características sinóticas médias. Identificamos o clássico padrão da interação entre alta com centro no norte da Argentina/oeste do Paraguai e uma zona de mais baixa pressão no Atlântico, próxima da costa, além de um cavado em médios níveis que acompanha ondulação em altos níveis com eixo de orientação predominantemente meridional. Um dos precursores das invasões frias é a aproximação da Alta Subtropical do Pacífico Sul (ASPS) por leste e que encontra os Andes no caminho. O ASPS interage com baixas no Atlântico, impulsionando ar frio para norte. Ao encontrar os Andes, parte da circulação anticiclônica transpõe a cordilheira numa porção de menores altitudes. Esta nova alta, transiente, ganha força devido ao ar frio em superfície e suporte dinâmico de sistemas em médios e altos níveis (os cavados). Então aqui vamos desfazer uma confusão comum: o ar frio não vem do Pacífico. O nosso ar frio pode vir do Mar de Bellingshausen (mais comum) ou do Mar de Weddel, ele é impulsionado pela circulação dos sistemas. Este padrão é médio, são características compostas de 12 casos específicos, obviamente ocorrem variações. Uma das variantes que podemos encontrar é a entrada e fortalecimento de uma alta transiente mas pelo sul do continente, sem passar pela barreira dos Andes. Isso em geral acontece devido ao impedimento causado por outros sistemas no caminho. Girardi (1983) descreveu a possibilidade de se prever geadas no Sul e Sudeste do país a partir de imagens de satélite, e neste trabalho analisou o caso de julho de 1975, bem emblemático, em que identificou a presença de uma região sem nuvens e bastante escura nas imagens, caracterizada por grande estabilidade e subsidência (fluxo de cima para baixo), típico de regiões de alta pressão. O nome "Poço dos Andes", que deu o título ao seu trabalho, foi dado em virtude da escuridão observada nas imagens. Um fato que quase ninguém conhece é que neste mesmo trabalho ele analisa outro caso em abril de 1971 e julho de 1982. Poço dos Andes não é raro, ele na verdade é bem presente em grande parte das invasões de ar frio nas quais há presença de alta semiestacionada no litoral do Chile. As referências que utilizei, além do meu artigo: (1) Espinoza, J. C., Ronchail, J., Lengaigne, M., Quispe, N., Silva, Y., Bettolli, M. L., ... & Llacza, A. (2013). Revisiting wintertime cold air intrusions at the east of the Andes: propagating features from subtropical Argentina to Peruvian Amazon and relationship with large-scale circulation patterns. Climate dynamics, 41(7-8), 1983-2002. https://doi.org/10.1007/s00382-012-1639-y (2) Girardi, C. (1983) O Poço dos Andes. Meteorologia, 39. http://www.repositorio.furg.br/bitstream/handle/1/1122/PESQUECLIMA Vulnerabilidade das Comunidades Pesqueiras à Variabilidade Climática, na Região Estuarina da Lagoa dos Patos.pdf?sequence=1#page=41 (3) Lucyrio, V., Reboita, M. S., & Albieri, M. C. G. (2019). Ondas de frio intensas sobre o Centro-Norte do Estado de São Paulo de 1961 a 2017. Revista Brasileira de Climatologia, n.15, v.25. https://revistas.ufpr.br/revistaabclima/article/view/68125/39661
  12. Prezado Peregrine, Não quero ser arrogante nem nada disso, mas é completamente ilógico pensar numa inversão da circulação de padrão zonal para meridional. O que podemos observar, e de fato ocorre, é a inversão no fluxo zonal equatorial na estratosfera a cada ~14 meses, que é conhecida como Oscilação Quase-Bienal (QBO). Agora, o fluxo zonal mudar para meridional a cada 30 anos, só se o eixo da terra inclinasse 90° e olhe lá. E quando você fala índice, em meteorologia entendemos que são indicadores. Modelo é conceito, índice é número. Seria interessante você trazer estudos relevantes sobre o assunto, caso contrário não tem como considerar essa hipótese que, na minha visão, não tem a menor lógica.
  13. Poderia me falar mais sobre este índice? Como ele é calculado? Quais as referências bibliográficas? Como ocorre essa "inversão" da circulação de zonal para meridional? Em quais níveis da atmosfera isso ocorre? Como isso interfere nas transferências de calor entre regiões polares e tropicais? Me explique, estou curioso.
  14. Como vem sendo discutido já pelos usuários, a partir dos próximos dias as fortes anomalias positivas devem sofrer reversão com a virada de chave (que pode ser alucinante). Vejam as anomalias das próximas 2 pêntadas pelo euro das 00Z: Apesar do Sudeste aparecer ainda quente na segunda pêntada, é provável que isso mude na primeira semana de julho com o ingresso de ar mais frio em boa parte do país. Prefiro usar palavras que não exprimem certeza pois ainda temos uma boa instabilidade para os pulsos de frio do início do próximo mês. Por ora, temos uma maior confiabilidade nos próximos dois pulsos que devem congelar a Argentina. Abaixo, picos em 850 hPa e 700 hPa: Como podem bem observar, temperaturas na casa de -15/-18°C em 850 hPa na Patagônia e em torno de -25°C em 700 hPa. Estes valores são extraordinários. Portanto, a Argentina deve se preparar para um longo período de frio intenso e que pode trazer problemas para o país. Boa parte do país deve ter temperaturas (muito) abaixo de 0°C e a neve deve ser ampla. Ok, mas por que esse porrete todo? Vocês vão achar irônico, mas: bloqueio. Sim, bloqueio. Explico: a partir do dia 24, uma alta pressão vai se estabelecer no Oceano Antártico, entre a Terra do Fogo e a Península Antártica, pouco a oeste, e deve permanecer ali por vários dias. Empilhada a esta alta em superfície tem outra em médios níveis, o que é característico de bloqueios de alta. (Observem no topo da imagem). Ela não apenas vai ficar semiestacionada como vai ganhar muita força. Essa configuração de bloqueio permite que a circulação anticiclônica advecte ar gelado de forma contínua e espessa (por conta da alta empilhada) diretamente da Península Antártica e do Mar de Weddel. Sobre a onda de frio do início de julho, EU considero altamente provável, mas olhando os modelos o cenário ainda é aberto e está distante. O mais certo no momento é o congelamento na Argentina. Vamos acompanhando.
  15. A próxima madrugada deve ter algumas mudanças de padrões em relação à anterior devido ao deslocamento do anticiclone para leste, o que fará predominar ventos de quadrante SE em toda a região Sudeste. No interior de SP os ventos devem ser mais persistentes, o que deve gerar sensação térmica mais baixa em vários locais do que na última madrugada, apesar de geral ter mínimas superiores. Nas baixadas protegidas de ventos deste quadrante a queda deverá ser intensa e comparável a ontem. Na Serra da Mantiqueira, principalmente porção interna (Minas Gerais), deve ter uma madrugada com pouco vento. A virada no quadrante do vento deve trazer ventos marítimos para boa parte do estado de SP e RJ, com formação de nebulosidade baixa ao longo da madrugada o que pode frear quedas maiores na temperatura. A umidade relativa do ar estará mais alta em todo o estado de SP em relação a ontem, indicativo de advecção de umidade. Contudo, regiões mais elevadas principalmente na Mantiqueira, terão umidade relativa mais baixa e menor quantidade de vapor na coluna atmosférica, o que sugere que a próxima madrugada seja tão ou mais fria que a última no extremo sul de MG. Regiões norte e oeste de SP, além do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, também tem chances de ter as marcas de hoje batidas na próxima madrugada.
  16. Mínimas hoje na porção central e norte de SP: 0,9°C Itirapina¹ 1,5°C Cordeirópolis¹ 1,7°C Mococa (Faz. Varginha)³ 1,8°C Corumbataí¹ 2,0°C Descalvado¹ 2,2°C São Simão¹ 2,6°C Vargem Grande do Sul¹ 2,9°C Barretos¹ 3,1°C Borborema¹ 3,1°C Ituverava² 3,3°C Pradópolis² 3,6°C Gavião Peixoto (Maringá)³ 3,6°C Ipeúna¹ 3,6°C Miguelópolis¹ 3,8°C Colina¹ 4,2°C São José do Rio Pardo¹ 4,6°C Pindorama¹ 4,6°C São Carlos² 5,3°C Araras¹ 5,3°C Mococa¹ 5,4°C Analândia¹ 5,5°C Batatais¹ 5,5°C Divinolândia¹ 5,5°C Ibitinga² 5,7°C Nuporanga¹ 5,8°C Brodowski¹ 5,9°C Rio Claro¹ 6,4°C Ribeirão Preto¹ 8,1°C Colômbia¹ ¹ IAC/Ciiagro; ² INMET; ³ PWS Em Matão fez 3,6°C, superando a marca de ontem, mas sem bater os 2,8°C de 2018. Aqui em Itajubá, o vento atrapalhou uma queda maior mas mesmo assim tivemos 4,8°C.
  17. Pense na seguinte situação: numa área existe uma região de topo (A) e uma de baixada (B) logo ao lado. Numa noite de estabilidade, sem vento e sem nuvens, com umidade absoluta constante (quantidade de vapor d'água no ar atmosférico) ocorre perda de radiação de onda longa pela superfície terrestre, e com isso perda de calor. A temperatura cai tanto em A quanto em B. O ar frio é mais denso, então ele tende a escorrer para regiões adjacentes mais baixas. Neste caso, de A para B. Em A não haverá acúmulo de ar frio e a temperatura cairá menos, enquanto em B a temperatura cairá mais. Conforme a temperatura cai, com umidade absoluta constante, vai-se aos poucos chegando na temperatura em que o vapor saturará, que é a temperatura do ponto de orvalho. Mas em A, como a temperatura cai menos, esse ponto de saturação fica mais difícil de ser atingido, enquanto em B, caso as condições de estabilidade permaneçam, a diferença entre a temperatura e o ponto de orvalho ficará cada vez menor, ou seja, umidade relativa mais elevada. Então, podemos concluir que em noites de muita estabilidade há grandes diferenças na umidade relativa entre uma região de topo e uma de baixada próximas. A umidade baixa numa região de topo, em geral, é indicativo de que regiões de vale/baixada próximos estão acumulando ar frio. Espero não ter sido confuso na explicação.
  18. Essa massa polar não é marítima, ela teve ingresso totalmente continentalizado. A diferença em relação ao pulso do final de semana é a posição da baixa/cavado em médios níveis, que está a leste da alta e afetando mais a região Sudeste, mas antes se configurou sobre a região Sul e juntamente com o ciclone impulsionou a alta para o Sudeste. Nos próximos dias, sim, a alta vai adquirir trajetória marítima. ----- Noite muito fria aqui em Itajubá, com 6,8°C. No bairro do Charco, em Delfim Moreira, -4,5°C.
  19. Permita-me responder mais essa, mas o tal do 'efeito baixada' tem duas variáveis importantes: a proteção do vento por elevações ao redor da baixada e o deslocamento de ar frio de regiões elevadas do entorno para a baixada, a brisa de montanha. Em noites calmas, a brisa de montanha tem um peso bem maior.
  20. Madrugada mais fria do ano no interior de SP e sul de MG! Tive mínima de 3,8°C lá em Matão, o segundo menor valor para maio desde o início dos meus registros. Aqui em Itajubá fez 5,2°C, atrás apenas dos 4,7°C de 21/05/2018, sendo que a estação foi instalada em abril de 2010. Amanhã deve bater as mínimas tanto aqui quanto em Matão. E na quinta há uma chance, embora menor, de bater as marcas de amanhã. Mínimas na região central e norte de SP: 2,6°C Cordeirópolis¹ 3,4°C Descalvado¹ 3,4°C Ituverava² 3,8°C Barretos¹ 3,8°C Borborema¹ 3,9°C São Simão¹ 4,6°C Gavião Peixoto (Maringá)³ 4,9°C São José do Rio Pardo¹ 5,0°C São Sebastião da Grama¹ 5,0°C Vargem Grande do Sul¹ 5,3°C Nuporanga¹ 5,4°C Miguelópolis¹ 5,7°C Batatais¹ 5,7°C Colina¹ 5,7°C Pindorama¹ 5,7°C Pradópolis² 5,9°C Ipeúna¹ 6,1°C Barretos² 6,3°C Divinolândia¹ 6,3°C Mirassol¹ 6,3°C Patrocínio Paulista¹ 6,4°C Ribeirão Preto¹ 6,6°C Araras¹ 6,6°C Brodowski¹ 7,0°C Franca² 7,1°C São Carlos² 7,2°C Gavião Peixoto (Embraer)³ 7,2°C Ibitinga² 7,4°C Pedregulho¹ 7,6°C Franca¹ 7,6°C Rio Claro¹ 7,9°C Analândia¹ ¹ Ciiagro, ² Inmet, ³ PWS
  21. Sim, essa elevação tem a ver com o vento. Quando o vento é fraco, só uma brisa, não há turbulência suficiente para misturar o ar frio mais próximo da superfície com ar adjacente ou superior. Com vento moderado a situação muda, ele remove essa camada de ar frio próximo da superfície e mistura com o ar ao redor, fazendo com que a temperatura suba.
  22. Bom, eu tenho teorias que fazem algum sentido. 1 - No caso da Mantiqueira, existe o fator do levantamento de ar forçado pela serra que gera condensação da umidade a barlavento e continuidade do fluxo mais quente e seco a sotavento. E isso é simples de explicar: uma parcela úmida sobe, se expande e resfria a uma taxa de 6°C/km, enquanto que uma parcela seca desce, se contrai e se aquece a uma taxa de ~10°C/km. Essa diferença no lapse rate explica o aquecimento adiabático. Considerando elevações menores em relação ao topo da serra, obviamente o efeito adiabático se torna relativo. Normalmente os fluxos se dão de SW para NE, ou de S para N, ou de SE para NW, ficando Campos do Jordão a barlavento (com temperatura menor e umidade mais alta) e Maria da Fé a sotavendo (com temperatura maior e umidade mais baixa). Hoje temos vento de WNW, o que torna a parte interna da serra (me refiro ao sul de MG) a barlavento e CDJ a sotavento. 2 - No caso de São Paulo, o mesmo quadrante de vento, o ar frio está ingressando de WNW e não por via marítima ou SW como é mais típico. Nestes casos, creio, é possível observar regiões mais ao norte e centro da capital com temperaturas maiores, embora haja o efeito da Cantareira no aquecimento da cidade como um todo. Digamos que nestas situações, como a de hoje, o negócio fica mais "igualitário". É uma teoria, quem tiver outras ou quiser me refutar fique a vontade.
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