Sei que o tópico é um pouco antigo, mas deixo aqui a minha contribuição baseada na minha experiência na área de meteorologia até hoje.
Atualmente, eu destacaria as seguintes áreas de atuação do meteorologista:
1. Área acadêmica - Existem diversas áreas de pesquisa dentro da meteorologia (ou ciências atmosféricas), de mudanças climáticas ao estudo da atmosfera de outros planetas, a lista é bastante longa. Aqui no Brasil, universidades estaduais e federais oferecem bolsas de iniciação científica (normalmente inferior a R$500,00) para os alunos de graduação, bolsas de mestrado em torno de R$1500,00 e de doutorado entre R$2000,00 e R$3000,00, sendo este último uma boa oportunidade para estudar no exterior (chamado de doutorado sanduíche). A área vem crescendo nos últimos anos, foram abertas novas vagas para professores e pesquisadores com a criação do curso de meteorologia na UNIFEI em Itajubá-MG e na UNESP de Bauru-SP. Além das universidades, o CPTEC/INPE também oferece vagas para a atuação de mestres e doutores.
Prós: Estabilidade, acesso a comunidade científica e a pesquisa de ponta, independência do mercado de trabalho.
Contras: É pouco rentável até você conseguir um emprego como pesquisador/professor, prepare-se para um longo período de aperto financeiro dependendo de bolsa de estudos. Também pode ser entendiante se você não tiver o perfil acadêmico.
2. Previsão do tempo operacional - O clássico, aquilo que primeiro vem a cabeça de qualquer um quando se pensa em um meteorologista hehe. Existem empresas públicas e privadas com bastante tempo de atuação no mercado como a Climatempo e SOMAR, que fornecem desde previsão do tempo diária para o Brasil e o mundo até monitoramento em tempo real para empresas que exercem atividade de risco (como mineradoras e construtoras). Normalmente os meteorologistas que atuam com previsão trabalham no esquema de plantão, sendo normal jornadas de trabalho de 12 ou mais horas e turnos aos finais de semana. O trabalho é bastante dinâmico, exige um acompanhamento diário das condições meteorológicas e habilidade de comunicação (não precisa ser exemplar como um jornalista da globo, mas você vai precisar emitir boletins na rádio e escrever para jornais). Existe um setor menor, mas que vem crescendo, que é o da modelagem atmosférica dentro destas empresas, neste caso o perfil exigido é mais acadêmico e a rotina de trabalho é mais fixa, com raros plantões. Os salários vêm melhorando, em torno dos R$3000,00 iniciais e existem vagas para estágio também. Eu não tenho muito conhecimento da atuação nos órgãos públicos como o INMET e nos aeroportos operados pela aeronáutica, de ez em quando abrem-se editais de concursos, é preciso acompanhar.
Prós : Área que mais se assemelha ao que o pessoal do BAZ gosta (previsão, monitoramento, alertas), bastante dinâmica.
Contras : Os salários ainda deixam a desejar na maioria dos casos, além da jornada de trabalho não convencional.
3. Setor de energia - Acredito que a área mais interessante dos últimos anos, especialmente com o "BOOM" da energia eólica que aconteceu em 2008 e que até hoje continua a todo vapor. O setor elétrico oferece vagas para meteorologistas na parte de hidro, eólica e solar. Existem diferentes tipos de empresa que atuam neste mercado, como consultorias, comercializadoras de energia e empresas que desenvolvem todo o projeto energético. A atuação do meteorologista depende da matéria prima em questão:
- Hidro: Área mais antiga e consolidada no Brasil, onde estão a disposição séries de dados de quase 100 anos a respeito da precipitação e vazão das bacias hidrográficas brasileiras. Oferta mais escassa de vagas devido a atuação de muitos engenheiros no setor. O trabalho do meteorologista envolve muita previsão do tempo, na tentativa de estimar o preço que a energia será comercializada no curto prazo devido a sua relação diretamente proporcional com a quantidade de chuva.
-Eólica: Houve uma verdadeira corrida ao ouro nos últimos anos, já que pouco se sabia sobre as áreas com maior potencial eólico do país. Muitas empresas do setor contam com meteorologistas para auxiliar na busca de regiões que apresentam boas condições de vento, além de realizarem simulações com modelos de micro e meso escala para estimativa da geração de energia por parte das usinas eólicas. É ainda a área de grande destaque, apesar de ter perdido o fôlego no último ano graças a crise econômica no país
-Solar: Pouco existe de concreto na área de energia solar, mas algumas empresas já estão desenvolvendo pesquisas e projetos para a implementação de usinas no futuro. Existe uma expectativa de que ocorra um "BOOM" como o da eólica nos próximos anos. A presença do meteorologista é essêncial na busca de áreas com potêncial solar.
Prós : Expectativa de bons salários, atuação com profissionais de diversas áreas, inserção no mercado de trabalho empresarial
Contras : Instabilidade (flutuações no mercado rendem demissões, especialmente no momento atual do Brasil), pouco indicado para pessoas com perfil mais científico, ambiente empresarial (reuniões zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz)
4. Outros: Sensoriamento remoto (área pequena, mas em crescimento, trabalhar com radares, detecção de raios e medição de precipitação, vagas em órgãos públicos e universidades), poluição ambiental (existem start-ups e consultorias de impacto ambiental) e agrometeorologia (área que tenho menos conhecimento)
De maneira geral, a formação como meteorologista é muito interessante, porque você adquire uma boa formação de exatas (física, matemática, estatística e computação), o que possibilita atuar em áreas além das que eu citei (como no mercado financeiro, como programador, com ensino de física e matemática), cabendo a criatividade e interesse de cada um. É importante destacar que o mercado costuma ter um certo receio em contratar profissionais com a formação de meteorologista para áreas que não sejam a de meteorologia, normalmente optando por pessoas de outras carreiras de exatas (como físicos, matemáticos, estatísticos, programadores e engenheiros).