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Brasil Abaixo de Zero

Ciclone Tropical


Rodolfo Alves
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APRENDIZADO BÁSICO SOBRE CICLONES TROPICAIS:

 

O que é:

Ciclones Tropicais é termo geral para Furacão e Tufão. São núcleos de baixa pressão simétricos de temperatura quente que se formam sobre o oceano e que tem como combustível pouco vento em altitude (shear) e águas quentes (acima dos 26C) e atmosfera úmida. A medida que encontram essas condições vão ganhando força refletida no aumento da velocidade dos ventos e na queda de pressão. Como o nome já diz, se formam na região dos trópicos de uma forma geral.

 

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Nomeclatura:

Ciclones Tropicais se formam em várias bacias do mundo e dependendo do local em que se formam, recebem uma nomeação diferente.

Primeiramente há 7 bacias reconhecidas pela Orgnização Mundial de Meteorologia, aonde se formam os ciclones tropicais: Atlântico Norte, Pacífico Leste, Pacífico Oeste, Índico Norte, Índico Sudoeste, Região da Austrália e Pacífico Sul. O Pacífico Central embora não seja uma bacia reconhecida, é uma bacia com formação de Ciclones Tropicais. O Pacífico Sudeste e no Atlântico Sul, não são bacias reconhecidas com formações de sistemas tropicais pela OMM, embora já tenha havido sistemas na última. No Atlântico e no Pacífico Leste recebem o nome de Furacão, no Pacífico Oeste Tufão, no Índico e Pacífico Sul não há uma nomeação especial, sendo definido como Ciclone Tropical. O mapa abaixo mostra as bacias.

 

4rr1.jpg

 

Bacias e Suas Temporadas:

Assim como cada Bacia tem sua nomeação, cada uma também tem a sua temporada, que é o período aonde climatologicamente mais ocorrem os ciclones tropicais.

No Atlântico e Pacífico Central por exemplo a temporada vai de 1 de Junho a 30 de Novembro, embora vários sistemas tenham se formado fora desse período também, especialmente nos meses de Maio e Dezembro. No Pacífico Leste, vai de 15 de Maio a 30 de Novembro, no Pacífico Oeste não há uma temporada com datas definidas, porém sabe-se que o pico maior ocorre entre Maio e Dezembro, mesmo exemplo do Índico Norte, aonde o pico ocorre nos meses de maio e de novembro/dezembro, devido ao posicionamento das Monções. No Hemisfério Sul, ocorre o contrário. Normalmente a temporada começa em novembro de um ano e termina por volta de abril do outro ano.

 

Bacias e Seus Centros Meteorologicos:

A Organização Mundial de Meteorologia, definiu Centros Meteorologicos Especializados, em cada uma das bacias para acompanhar os Ciclones Tropicais. Estes centros, tem como missão acompanhar, informar, e emitir avisos. Eis os Centros Principais:

 

- Atlântico Norte/Pacífico Leste: National Hurricane Center (NHC-Flórida) http://www.nhc.noaa.gov/

- Pacífico Central: Central Pacífic Hurricane Center (CPHC - Havaí) http://www.prh.noaa.gov/hnl/cphc/

- Pacífico Oeste: PAGASA (Somente para Filipinas - Manila) http://www.pagasa.dost.gov.ph/wb/tc_up.html

JMA (Todo o restante da Bacia - Tóquio) http://www.jma.go.jp/en/typh/

-Índico Norte: Serviço Meteorologico da Índia (Nova Delhi) http://www.imd.gov.in/section/nhac/dynamic/cyclone.htm

-Índico Sul: Meteofrance (Ilha de Reunião) http://www.meteo.fr/temps/domtom/La_Reunion/meteoreunion2/

-Austrália: Bureau Weather Austrália http://www.bom.gov.au/cyclone/?ref=dropdown

-Pacífico Sul: Centro Meteorologico das Ilhas Fiji http://www.met.gov.fj/

 

- JTWC (Joint Typhoon Warning Center) - Um orgão do governo americano que monitora os ciclones tropicais no Pacífico e Índico, afim de interesses para os EUA.

http://www.usno.navy.mil/JTWC/

 

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Estágios de um Ciclone Tropical:

Antes de chegar a um status de Tufão ou Furacão, todo Ciclone Tropical tem fases de estágio de evolução, que será abordado a seguir, numa forma generica:

 

- INVEST:

Essa é a fase primaria de um sistema tropical. É quando, temos a formação uma área de trovoadas (convectividade) sobre águas relativamente quentes e com pouco vento em altitude (shear), o que favorece a uma organização de um distúrbio meteorológico. Normalmente um distúrbio pode ser também uma onda tropical, que é um cavado de baixa pressão associado a ZCIT (Zona de Convergência Intertropical), ou ainda um sistema de baixa pressão, podendo ele ser associado a um sistema frontal também. A partir desse momento, esse distúrbio pode ser classificado de INVEST, que é a tradução para "Investigação". Um invest significa, que esse distúrbio apresenta condições para possível evolução em um sistema tropical, dado as condições atuais e projeções de modelos. Quem designa os invests são o National Hurricane Center no Pacífico Leste e Atlântico (incluindo o Atlântico Sul), Pacific Hurricane Center no Pacífico Central, e o JTWC nas demais bacias. Os invest's são numerados de 90 a 99, e vem acompanhados com uma letra para se referir a qual bacia corresponde. Como exemplo L (Atlântico), E (Pacífico Leste) W (Pacífico Oeste), ou SL/Q (Atlantico Sul).

 

- Depressão Tropical:

É o estágio inicial de um Ciclone Tropical. Quando o distúrbio apresenta uma circulação fechada de baixa pressão, sustentada por no mínimo 6 horas (pelo NHC), e ainda possui ventos de pelo menos 48km/h, é designado de Depressão Tropical, que basicamente seria um sistema de baixa pressão fechado com características tropicais. A partir daí, o sistema passa a receber uma numeração. Depressões Tropicais são muito comuns de se formarem.

 

- Tempestade Tropical:

Quando a área de baixa pressão ganha força e passa a apresentar ventos de 64km/h, ela passa a ser designada de Tempestade Tropical. Nessa fase, o sistema tropical começa a ganhar força, simetria e poder destruitivo. O NHC/CPHC já começam a emitir avisos e alertas nessa fase. Os Avisos de Tempestade Tropical (Tropical Storm Watches), indicam a possibilidade de ventos/condições de tempestade tropical nas próximas 36h. Já os Alertas de Tempestade Tropical (Tropical Storm Wanings) indicam condições esperadas de ciclones tropicais neste prazo. Outros centros pelo mundo também emitem seus avisos de acordo a seus critérios. A partir dessa fase, os sistemas começam a ser nomeados.

 

- Furacão/Tufão:

Quando o sistema ganha mais força ainda, e alcança ventos superiores a 120km/h, passando a ser designado de Furacão ou Tufão. Normalmente nessa fase há a presença de um centro bem definido de circulação (simetria), acompanhado de uma CDO (Central Dense Overcasting) e escoamento de canais em suas extremidades, indicando fortalecimento. A partir dessa fase, o NHC/CPHC emitem os mesmos avisos e alertas, só que para furacões (Hurricanes Watches e Warnings). Nessa fase, o sistema tropical encontra a triplice coroa de condições favoráveis. Aguas quentes, Pouco Shear e Atmosfera Umida.

 

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- Escala Saffir Simpson:

A partir do momento que o sistema atinge força de furacão ele entra na classificação Saffir Simpson, que mede a intensidade dos furacões. Ela vai de 1 a 5 e é classificada mediante a velocidade dos ventos sustentados.

 

Escala 1: Ventos de 120 a 153km/h

Escala 2: Ventos de 154 a 177km/h

Escala 3: Ventos de 178 a 209km/h

Escala 4: Ventos de 210 a 249km/h

Escala 5: Ventos acima de 250km/h

 

- Diferenças nas classificações:

O estágio apresentado, como dito, é genérico. Cada bacia tem sua classificação. O que é apenas um furacão de Categoria 2 no Atlântico, pode ser uma "tempestade

ciclonica severa" no Índico Norte. Major Hurricane e Super Tufão que seriam ciclones tropicais muito intensos e com enorme poder destruitivo tem classificações diferentes, e por aí vaí. Eis a relação.

 

ohp8.png

 

- Critério da Escolha de nomes de sistemas tropicais:

Cada Centro Meteorologico, possui um critério para nomeação de Ciclones Tropicais. No Caso do Atlântico e do Pacífico Leste, há uma lista anual para 6 anos, que depois é reciclada. Por exemplo, os nomes que são usados em 2013, serão repetidos novamente em 2019, e assim sussetivamente. Quando furacões causam grande poder de destruição, como no caso do Katrina, esses nomes são retirados dessa lista, e sendo substituido por outros. No Pacífico Oeste por sua vez, há 5 listas de nomes sugeridos por países da região, mais os EUA que é usada, de acordo com a formação de ciclones, sem delimitação de anos como no Atlântico.

 

 

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- Previsão de Ciclones Tropicais:

Normalmente quando se formam sistemas tropicais, os centros meteorologicos fornecem as previsões para esses tais sistemas. Porém como se trata de sistemas de complexa previsão e que podem variar muito de modelo para modelo, é usado o "Cone da Incerteza".Um exemplo vem abaixo. O Cone da Incerteza, é a previsão do trajeto do centro do Ciclone Tropical, e não dos seus impactos ou largura. Quanto mais largo, for o cone, maior é a divergência entre os modelos, para o possível rota do centro do ciclone. Normalmente o centro do cone é o chamado "Best Track", que é o local mais provável para a passagem do centro do ciclone tropical.

 

4me.gif

 

No Atlântico Norte e Pacífico Leste/Central, além dos modelos globais (GFS/ECMWF/NAVGEM/CMC), há também os chamados modelos dinâmicos, que são modelos especialmente projetados para prever trajetoria de ciclones tropicais e a intensidade deles (esse último sendo ainda o maior desafio dos modelos em prever sistemas tropicais) nas próximas 120h, como nos exemplos abaixo, com gráficos de previsão da rota e da estimativa de ventos do Furacão Earl na costa dos EUA em 2010.

 

jbla.png

bwy8.png

 

 

Além desses modelos dinamicos, essas bacias também contam com outros dois modelos de grade, especialmente projetados para furacões. O HWRF (WRF voltado para furacões) e o GFDL (esse último também roda no Atlântico Sul). Esses dois modelos diferentemente dos dinâmicos, não se limitam apenas a intensidade e trajetoria, e sim aos seus impactos e a dinamica da atmosfera, funcionando da mesma forma que os modelos operacionais globais. Abaixo o GFDL em projeção para Tempestade Subtropical Arani em 2011, e projeção do HWRF para Melissa em 2013.

 

dk.gif

dgq7.png

 

 

- Tecnica Dvorak

 

A Escala Dvorak, é uma escala usada para estimar a intensidade dos sistemas tropicais. A partir do momento que um sistema tropical recebe a classificação INVEST, ele automaticamente é enquadrado na escala Dvorak, aonde são divulgados a cada 6h a posição do centro da baixa, ventos estimados, valor de pressão e classificação em Tropical ou Subtropical. A Escala Dvorak vai de 1.0 (Distúrbio), a 8.0 (Sistema de Categoria 5), tendo como observação imagens de satelite. Ela também estima o valor mínimo de pressão. Normalmente, valores abaixo de 990hpas indicam furacões. Eis a escala abaixo:

 

n5u1.png

 

Há também uma definição local por bacia relacionada com sua classificação por ventos. Eis a escala também.

 

jn6x.jpg

 

Exemplo da Classificação de um sistema na Escala:

 

DATE | TIME | BASIN | MET | PT | DT | FT | CI | LAT | LON | PRESS | WNDSPD | ID | NAME | PCN | ANALYST

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131226 | 2332 | SE-IND | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | -13.3 | -120.9 | 1006 | 25 | 98S | 98S | 5 | AS

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131227 | 0532 | SE-IND | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | -13.4 | -121.5 | 1006 | 25 | 98S | 98S | 5 | ER

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131227 | 1132 | SE-IND | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | -14.5 | -122.0 | 1006 | 25 | 98S | 98S | 5 | ER

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131227 | 1732 | SE-IND | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | 1.0 | -14.3 | -121.0 | 1006 | 25 | 98S | 98S | 3 | EM

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131227 | 2332 | SE-IND | 2.0 | 2.0 | 2.0 | 2.0 | 2.0 | -14.7 | -120.9 | 1000 | 30 | 98S | 98S | 3 | AS

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131228 | 0532 | SE-IND | 2.0 | 2.5 | 2.5 | 2.5 | 2.5 | -15.4 | -120.9 | 997 | 35 | 98S | 98S | 3 | GG

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131228 | 1132 | SE-IND | 2.0 | 2.5 | 2.5 | 2.5 | 2.5 | -16.0 | -120.8 | 997 | 35 | 05S | CHRISTINE | 3 | GG

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

20131228 | 1732 | SE-IND | 2.5 | 3.0 | 3.0 | 3.0 | 3.0 | -16.4 | -120.4 | 991 | 45 | 05S | CHRISTINE | 3 | TS

----------|--------|--------|-----|-----|-----|-----|-----|-------|--------|-------|--------|-----|-----------------|-----|---------

 

Recentemente em 2013, o tufão Haiyan ultrapssou o limite da escala 8.0 na Dvorak. Algo até então sem precedentes.

 

96xz.gif

 

- MADDEN JULIAN OSCILATION (MJO)

Há estudos que mostram que a onda global MJO favorece a formação de ciclones tropicais por onde passa, pois a passagem dessas ondas pela bacia tem como fator a diminuição de ventos em altitude e uma maior disponibilização de umidade na atmosfera, fatores ideais para a formação de Ciclones Tropicais. Com isso especialistas em meteorologia tropical, sempre ficam de olho na passagem da MJO através desses diagramas para identificar prováveis períodos com maior incidência de formação de sistemas tropicais. Os números de 1 a 8 indicam o local de cada bacia.

 

4j1q.jpg

 

- SAARA E O ATLÂNTICO

Outro fator que influência a formação de sistemas tropicais, especialmente no Atlãntico, é a quantidade de poeira transportada do deserto do Saara sobre a bacia. Essa poeira é transportada através de circulação de ventos em médios/altos níveis da atmosfera e ao entrarem na bacia, e por conter ar seco também, dificulta muito a formação de trovoadas em torno de distúrbios tropicais, da ZCIT, ou mesmo de sistemas tropicais já formadas. Recentemente, as temporadas de 2012/2013 foram duramente afetadas pela grande quantidade de ar seco e empoeirado vindo do deserto africano.

 

ekxx.jpg

 

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- A Importância das Cartas de 200/500hpas para acompanhamento e previsão de Ciclones Tropicais

 

As cartas de altitude tem grande importância para a previsão e acompanhamento de Ciclones Tropicais, pois através delas pode-se ver sistemas que podem guiar, intensificar ou destruir sistemas tropicais. Eis alguns exemplos:

 

Nas cartas de 200hpas é possível observar sistemas de grande altitude troposferica, que causam correntes de jatos, portanto gerando os fortes ventos em altas camadas e o popular shear. Normalmente o shear é causado ou por correntes de jato, ou por circulações de VCAN (Upper Level Low), ou Anticiclones (Upper Level High) em suas bordas. Quando sistemas tropicais (baixa pressão em superfície) passam por correntes de jatos, ou na borda desses sistemas, eles não conseguem se organizar, ou simplesmente, enfraquecem, mesmo que a temperatura do oceano esteja quente. Quando o sistema tropical em superfície se compacta com um centro de circulação em alta troposfera, o sistema não encontra shear, e com isso ganha força, se envolvido em águas quentes.

 

1onz.gif

 

Já nas cartas de 500hpas, podemos encontrar sistemas que guiam os ciclones tropicais... Por exemplo. Anticiclones nessa altitude, servem como barreiras para o deslocamento de sistemas tropicais, como no exemplo abaixo.

 

a5c.gif

 

Cavados ou sistemas de Baixa Pressão produzem jatos (representados por valores baixos de geopotencial). Como a força do cavado é maior, o mesmo captura o ciclone tropical e o absorve, assim guiando para a direção do jato em processo de decipação. Muitos ciclones tropicais desviam dos EUA, ou rumo em direção ao Japão, por causa desses cavados.

 

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Porém em 2012, aconteceu algo que até então sem precedentes na meteorologia americana. O Furacão Sandy que deveria ter sido capturado pelo jato e ter indo em direção as águas abertas do Atlântico Norte (Como seria o natural), se fundiu com o Jato Subtropical, e se tornou uma supertempestade, avançando sobre os EUA, ao invés de enfraquecer.

 

odxe.png

 

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- Principais impactos de um Ciclone Tropical

Quando um ciclone tropical faz landfall, ou seja, ele chega ao continente, além do Vento Intenso, ele tem como principais impactos, a chuva torrencial (que passa dos 500mm em não raras vezes) o que causa inundações em áreas baixas e deslizamentos massivos de terra em áreas montanhosas. Em áreas costeiras, além das ondas que podem passar dos 10m em não raras vezes em casos de sistemas muito intensos, acontece o chamado "Storm Surge" que é o avanço repentino do mar, em direção a terra, inundando a costa. Em alguns casos, a divergência da intensa circulação em altos e baixos níveis, formam tornados também nas bandas de chuva associadas ao ciclones tropicais.

 

Landfall do Furacão Katrina:

5uee.gif

 

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- Diferença entre sistemas Híbridos ou Extratropicais

Ciclones Tropicais, nem sempre podem começar como sistemas tropicais, ou mesmo terminar como sistemas tropicais, podendo sofrer alterações de estado.

Mas antes, vale deixar claro a diferença entre Ciclones Tropicais, Subtropicais (Híbridos) e Extratropicais.

 

Ciclone Tropical:

Como já dito, um Ciclone Tropical (Furacão/Tufão), é um sistema que possuem dentro do seu núcleo temperaturas elevadas tanto em baixos, quanto em altos níveis. Esses tipos de ciclones são simétricos e possuem seu máximo de ventos em torno do centro da baixa, além de possuirem nuvens convectivas em torno do seu centro. No diagrama de Ciclofase, ele será representado por estar na área vermelha nas duas altitudes.

 

Diagramas mostrando as fases dos Ciclones de acordo com sua temperatura em baixa (primeiro diagrama) e alta troposfera.

d4t.gif

7jz.gif

 

Ciclone Subtropical (Híbrido):

Um Ciclone Subtropical normalmente possui núcleo quente em baixa troposfera e morno/frio em altitude, ou seja ele mistura a característica de ciclones tropical e extratropical, daí a expressão híbrido. Um Ciclone Subtropical pode ser tanto desprendido de sistema frontal (simétrico), quanto aclopado a um sistema frontal (assimétrico). Seu pico máximo de ventos normalmente se encontra em torno da periferia. Em alguns casos, se o ciclone estiver sobre águas quentes, pode haver a formação de nuvens convectivas, devido a evaporação da temperatura do mar em torno do seu centro de circulação, podendo fazer o ciclone a adquirir características tropicais. Nessa situação, o Ciclone Subtropical recebe uma classificação de INVEST e passa a ser monitorado para desenvolvimento em Ciclone Tropical.

 

Abaixo dois exemplos de Ciclone Subtropical. Ambos com núcleo quente em baixa troposfera e morno em altitude, porém o primeiro com convectividade em torno do seu centro, em transição para tropical, e o de baixo fraco com apenas nuvens ralas em torno do seu centro.

 

gpwa.jpg

t7m.gif

 

Ciclone Extratropical:

Um ciclone extratropical é um sistema de latitudes elevadas, portanto sempre possuem núcleo frio tanto em baixa quanto em alta troposfera. Seu máximo de vento sempre está na periferia do sistema, e não há crescimento de nuvens convectivas diferentemente de um sistema tropical o que torna seu centro sempre exposto com nuvens ralas. Em quase todos os casos um Ciclone Extratropical será assimétrico (associado a uma frente).

 

Abaixo um exemplo da diferença na estrutura entre um Ciclone Tropical no Golfo do México e um Extratropical próximo do Reino Unido.

xykl.jpg

 

Imagens do satélite OSCAT, destinado especialmente para acompanhamento de sistemas tropicais pelo mundo, exemplificam também a diferença de circulação de ventos de um Ciclone Tropical (nesse caso acima - Christine sobre a Austrália em dez/13), com o pico de ventos em torno do seu centro, e de um sistema extratropical que afetou o Reino Unido no Natal/13 (baixo), com ventos na periferia da circulação.

 

ed2o.png

7ifd.png

 

Muitas vezes, ciclones tropicais, podem se formar de sistemas híbridos ou extratropicais, quando encontram águas quentes e pouco shear como o Catarina no Brasil, ou evoluirem posteriormente em Extratropical como Sandy nos EUA, ao encontrarem águas frias e Jatos em altos níveis.

 

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- E no Atlântico Sul?

Como já dito, o Atlântico Sul oficialmente, não é uma bacia reconhecida pela OMM para formação de sistemas tropicais, ainda que tenha havido nos últimos anos a formação de várias depressões tropicais, e ao menos três sistemas tropicais. Em 1991 na costa da Angola, Catarina em 2004, e Anita em 2010. Com isso não há um centro responsável para monitoração e acompanhamento, ou mesmo designação de nomeação.

 

Diferentemente do Atlântico Norte, as condições para formações de sistemas tropicais no Atlântico Sul são hostis. Não tanto pelo fator temperatura do oceano, pois a mesma alcança os 26C (dito o ideal para formação de sistemas tropicais) em boa parte da costa do Brasil ao longo do verão, ainda que alguns sistemas tenham se formado com temperaturas menores e sim por dois fatores principalmente:

 

- Falta de distúrbios meteorologicos: Diferentemente do Atlântico Norte, não há as chamadas ondas tropicais que avançam da África em direção a costa do Brasil, durante o verão, associadas a ZCIT. Uma vez que um grande sistema de Alta Pressão sobre o Atlãntico Sul (Alta de Santa Helena), impede da ZCIT descer muito ao sul. Grande parte (se não quase todos) dos furacões e sistemas tropicais do Atlântico Norte, se formam através dessas ondas. Com isso a única forma de um sistema tropical se formar no Atlântico Sul, são áreas de baixa pressão que se formam a partir de sistemas frontais ou Zonas de Umidade (Como foi o caso de Catarina e Anita).

 

- Grande presença de Shear: Além da falta de distúbios, o Atlântico Sul é constantemente priveligiado por circulação permanentemente de ventos em altitude, o que gera shear. Então, mesmo que um distúrbio nasça de um sistema frontal ou de uma ZCAS por exemplo, ele enfrentará muito shear, o que normalmente não deixará evoluir. A exceção aconteceu com Anita e Catarina. Ambos os sistemas também enfrenteram cisilhamento, porém em um momento se acoplaram em um VCAN/Cavado em altos níveis, o que isolou o shear e possibilitou o seu desenvolvimento raro. A chance de um sistema tropical se formar e encontrar um VCAN e ainda compactar um com outro, é bem rara no Atlântico Sul, mas existente, o que não deixa nossa bacia livre de sistemas tropicais.

 

Furacão Catarina:

hpp1.gif

89de.jpg

 

Date/Time Lat Lon Dvorak Estimate (FT/CI)

25/2009Z 28.8S 42.3W T3.0/3.0

25/2339Z 28.7S 42.6W T3.0/3.0

26/0639Z 28.7S 43.1W T3.5/3.5

26/1145Z 28.9S 43.7W T4.0/4.0

26/1709Z 29.0S 44.3W T4.5/4.5

26/2300Z 29.0S 44.8W T4.5/4.5

27/0639Z 29.3S 45.6W T4.5/4.5

27/1145Z 29.5S 46.4W T4.5/4.5

27/1745Z 29.6S 47.4W T4.5/4.5

27/2309Z 29.3S 48.2W T4.5/4.5

28/0639Z 28.9S 49.7W OVERLAND

 

Tempestade Tropical Anita

o0rf.gif

p9yb.gif

ptu7.jpg

 

90Q INVEST 100310 1200 29.7S 47.5W ATL 40 1000

90Q INVEST 100310 0600 29.6S 48.0W ATL 40 1000

90Q INVEST 100310 0000 29.8S 48.2W ATL 35 1003

90Q INVEST 100309 1800 30.1S 48.4W ATL 30 1000

90Q INVEST 100309 1200 30.5S 48.2W ATL 30 1005

90Q INVEST 100309 0600 30.4S 46.6W ATL 30 1005

90Q INVEST 100309 0000 30.0S 45.5W ATL 30 1005

90Q INVEST 100308 1800 29.3S 44.3W ATL 30 1005

90Q INVEST 100308 1200 27.3S 42.6W ATL 30 1005

90Q INVEST 100308 0600 26.0S 42.6W ATL 30 1005

90Q INVEST 100308 0000 25.2S 42.6W ATL 30 1000

 

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Muito legal. :clapping:

Precisa de uma releitura com calma. :good2:

 

Eu desconhecia a existência de sistemas híbridos.

 

 

P.S.: Há tempos estou pensando em pesquisar e reunir informações para fazer um tópico mostrando as características de:

Frentes Frias

Frentes Quentes

Frentes Estacionárias

Frentes Oclusas.

 

Me lembro que, meses atrás, vários colegas mostraram dúvidas a respeito.

Mas estou pensando em fazer isso mais próximo do inverno quando (Acho...) haverá mais interessados no assunto.

 

Mas Rodolfo, se você tiver disponibilidade, fique à vontade para postar algo a respeito.

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Agradeço a todos pelos elogios! Qualquer erro que verem, ou duvida, ou alguma complementação, fiquem a vontade para se manifestarem, por favor.

 

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Aldo posso elaborar um tópico sobre frentes sim. Tenho um material de apoio aqui... Aí qualquer coisa, você complementa depois... Providencio para as próximas semanas :good2:

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