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Brasil Abaixo de Zero

Tornados no Paraná


Luiz
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Valendo-me do célebre livro "Geografia Física do Estado do Paraná", do geógrafo alemão Reinhard Maack, encontrei dados sobre alguns tornados ocorridos no passado. Embora utilizando uma nomenclatura diferente (a chamar os tornados de "tufões" ou "ciclones"), confirma-se pelas fotos e relato, além de dados meteorológicos, a natureza tornádica dos eventos.

 

No capítulo sobre Ventos, há alguns parágrafos sobre o assunto. O autor começa com:

 

Força considerável têm os ciclones do tipo furacão que ocorrem nos meses de Abril e Maio no período de transição, durante o avanço dos anticiclones do Atlântico Sul e com o recuo das massas de ar tropical de pressão baixa.

 

E continua:

 

Em algumas ocasiões atingem proporções catastróficas, como em Maio de 1957, quando a ação de um tufão de largura de 300 a 400 m atingiu fazendas de Guarapuava até Cascavel, destruindo centenas de casas. A ventania gravou dua trilha bem delimitada nas matas, onde as árvores e copas das araucárias se amontoaram umas sobre as outras.

 

É interessante observar nas imagens a direção que apontam os galhos restantes nas araucárias, servindo de testemunho para o vento.

 

Outro forte tufão de NW castigou os campos de Guarapuava nas proximidades de Entre Rios e Pinhão em 27 de maio de 1965, destruindo aldeias e faixas de mata além de 200 km para oeste até a cidade de Planalto.

 

Deslocamento de leste para oeste? Ou seria apenas a citação? Continua:

 

Sua força atingiu tais proporções que arrancou árvores com raízes de até 30 cm de diâmetro, bem como centenas de casas. Os troncos de araucárias ainda de pé revelaram com seus galhos a direção do vento (figs. 26 e 27). Sob os escombros de uma escola em Entre Rios encontraram-se os cadáveres de uma professora com seu filhom registrando-se centenas de feridos em toda a região.

 

Maack lista mais alguns:

 

Tais tufões também podem ocorrer em setembro e outubro, durante o avanço das massas de ar de pressão baixa. Nessa época registraram-se os seguintes tufões em Arroio de Campina:

 

  • Em 18/09/1935 - Tempestade de E com força Beaufort 9 seguida de forte chuva e trovoadas;

  • Em 13/09/1935 - Tempestade de N com força Beaufort 10 acompanhada de chuva forte e trovoadas;

  • Em 04/10/1935 - Tufão de SE com força Beaufort 12 acompanhada de chuva e trovoadas.

 

Os dois primeiros seriam classificados como F0 e o último, um F1, com, ventos de 130 km/h:

 

fscale.sp.jpg (Univ. de Chicago)

 

Não encontrei informações sobre a localidade. Mas parece se tratar de um distrito de Quitandinha, a 72 km da capital e a 850 metros de altitude.

 

O ano de 1965 parece ter sido realmente propício a fenômenos extremos, tanto que o autor cita:

 

O último tufão destruidor, acompanhado de trovoadas ininterruptas e forte chuva com uma frente de 50 km (?), atingiu o Norte do Paraná entre Apucarana e Maringá na noite de 09 de julho de 1965. Pitanga, Marialva e Manoel Ribas foram fortemente atingidas. O vendaval arrancou pés de café com raízes, destruiu florestas e centenas de casas, registrando-se oito mortos em Pitanga e Marialva e mais de oitenta feridos. O tufão foi tão forte que arremessou uma casa inteira com seus moradores na estrada Keller a 148 m de distância, matando duas pessoas e ferindo gravemente uma criança. Outra criança de 4 anos de idade foi arrastada por 30 metros, sendo finalmente estraçalhada numa árvore (notícias da Impensa de 13 e 14 de julho de 1965).

 

Quando puder, digitalizarei as imagens.

 

Sds.,

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Bela contribuição Luiz!!!!

 

Isso nos mostra o que pode pegar uma Pato, uma Cascavel, uma Curitiba em um dia desses, assim como o Katrina foi o Big One que tantos falavam, um dia teremos o(s) nosso(s), e não no meio do mato, como supostamente vem acontecendo nos últimos anos, um dia, a maré vira...

 

Sds

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Bela contribuição Luiz!!!!

 

Isso nos mostra o que pode pegar uma Pato, uma Cascavel, uma Curitiba em um dia desses, assim como o Katrina foi o Big One que tantos falavam, um dia teremos o(s) nosso(s), e não no meio do mato, como supostamente vem acontecendo nos últimos anos, um dia, a maré vira...

 

Sds

 

O Rodolfo Souza também citou tornados no Paraná, mas não me recordo a data. Tenho que falar com ele.

 

Sds.,

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Bela contribuição Luiz!!!!

 

Isso nos mostra o que pode pegar uma Pato, uma Cascavel, uma Curitiba em um dia desses, assim como o Katrina foi o Big One que tantos falavam, um dia teremos o(s) nosso(s), e não no meio do mato, como supostamente vem acontecendo nos últimos anos, um dia, a maré vira...

 

Sds

 

Tomara que a maré não vire, Clóvis. Que estes monstros fiquem no meio do mato! [-o<

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Parabéns Luiz!!!

 

Eles sempre estiveram tão perto da gente... A questão do nome é que é interessante, são tantas denominações incríveis que já li e ouvi para tornados e manifestações mais violentas da natureza, depende muito da época, lugar:

 

Miniciclones, tufões, ciclones, furacões, pé de vento, redemoinho de vento... Mas, o que importa é que temos essas histórias de tormentas do passado para observarmos que alguém já se preocupava em transformar isso em narrativa, e assim algum interessado, no caso nós, podermos conferir no presente.

 

Bela pesquisa!

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  • 4 weeks later...

Esses livros antigos,são ótimos,poismesmo dando nomes diferentes a tornados, pelas pistas dá para sabermos que se tratava de um.

Nas minhas buscas também consegui notícias de outros tornados aíno Paraná:

 

Palmeira - PR (17 de maio de 1992)

O tornado destruiu plantações e destelhou casas.

 

Tamandaré - PR (17 de maio de 1992)

Ele formou-se na cidade vizinha de Palmeira (80 km de Curitiba), lá destruiu plantações e destelhou casas. Mas foi no caminho á Tamandaré que ganhou mais força, danificando 500 casas e deixando um saldo de 06 mortos e 33 feridos em estado grave.

 

Santa Lúcia - PR (28 de maio de 1992)

Nesta cidade do Oeste do Paraná foram 04 mortos e 15 feridos. O rastro foi de 10 quilômetros de comprimento por 200 metros de largura. Testemunhas do tornado disseram que "Na faixa por onde se formou o corredor de vento não ficou uma só casa em pé". O desabamento das casas matou um casal de idosos e uma moça vizinha. Um rapaz foi arrastado por mais de 40 metros, agarrado a um sofá, e morreu ao chocar-se com casas e árvores.

 

Nova Laranjeira - PR (13 de Junho de 1997)

Na cidade de Nova Laranjeiras, no Centro-Oeste do Paraná, pelo menos 50 pessoas foram internadas no hospital da cidade apresentando fraturas e ferimentos causados pelo destelhamento de casas. Parte do telhado de uma escola caiu sobre os alunos. A cidade está sem telefone e mais de mil pessoas ficaram desabrigadas porque as residências foram destruídas

_________________

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