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Brasil Abaixo de Zero

zeocit

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Posts posted by zeocit

  1.  

    Zeo, as ondas de frio mais fortes em Curitiba, com as menores mínimas, dias seguidos abaixo de zero, e as poucas vezes que nevou foram com massa polar continental e ciclone próximo ao sul do Brasil!!! Foi assim em 75, em 72(quando fez -5.2ºC), em junho de 78(-3.8ºC), em agosto de 91, em julho de 2000, etc...

     

    Quando o frio entra continental e sobe bastante ao norte impulsionado pelo ciclone, os 900mts de Curitiba fazem diferença em relação a regiões mais baixas!!!

     

    Sds.

     

    Eu sei, mas me referi à afirmação do Rodrigo, sobre a particularidade de ctba fechar abaixo da média, e PoA acima. Eu sei que aqui também faz mais frio em MPs continentais.

  2. Por fim, hoje ocorreu uma daquelas poucas coisas que me faz agradecer por estar vivo: o Jornal Nacional. Como sabem, hoje foi um dia "de ouro" para o esporte tupiniquim (cof cof). Se uma medalhinha de ouro num PAN AMERICANO (os americanos não devem nem saber o que é isso, mas enfim) já basta para transformar o felizardo numa quase celebridade nacional, com direito a entrevista, quase-documentários etc., imaginem com o desempenho de hoje. A Globo ia comemorar. O Jornal Nacional iria ser a coisa mais irritante e asquerosa. Teríamos o Circo Romano nos tempos modernos, um ritual coletivo de auto-afirmação e expurgação de todas as misérias, teríamos a Utopia do esporte, que vai transformar a nação; teríamos a mensagem sagrada iluminando as vidas de 60 milhões de miseráveis. Porém, a miséria tupiniquim veio explicitar-se justamente nesse dia.

     

    Daí, fantasmagoricamente, William Bonner abre o JN: "Tragédia em Congonhas...". Segue-se rápida imagem das chamas. Daí, aparece a Fátima Bernardes - a qual está incumbida de veicular a lavagem cerebral de brasilidade - e diz: "E foi mais um dia de conquistas para o Brasil!!!".

     

    Meu deus, eu me acabei de rir e ao mesmo tempo de ódio. "Este país não é sério".

     

    abs

  3. Eu acho que deveria ser feito um documentário, ou um filme, com um belo orçamento, que simulasse o momento no interior do avião. Tipo os rostos desesperados, as pessoas rezando. As crianças, eu imagino a cara das crianças. Sobretudo aquelas que não desenvolveram direito, ainda, a idéia de morte. Ingênuas, devem ouvir as palavras de consolo da mãe, provavelmente com algum mito aprazível do tipo "vai dar tudo certo" etc. Os corpos queimando, a gordura fritando na poltrona. Provavelmente os corpos frontais foram dilacerados, será que ocorreram gritos? Tudo isso deveria ser documentado, com closes nos olhos, nas peles etc.

     

    A versão externa tb deveria ser abordada, isto é, daqueles que devem ter sido atropelados por um avião a centenas de km/h. Imagine, estar andando pelas calçadas (horrorosas) de São Paulo, e um avião desviar pra cima. Seria no mínimo bizarro (talvez não menos bizarro do que o chão ruir "do nada" e te engolir - por causa de alguns engenheiros espertinhos que colaram na prova de física. Coisas do jeitinho. Mas esta tragédia já foi esquecida, já se tornou amorfa ao ser adicionada à verdadeira diacronia, ao verdadeiro filme de tragédias brutais da história tupiniquim.)

     

    Deveria-se tb entrevistar os filhos, pais, mães etc. etc. dos mortos. E com closes nas lágrimas. As gentes brigando por informações, as mães desmaiando, a série de memórias do ente querido que dispara como um flash, como que oscilando entre uma relembrança do ente perdido já implicando a aceitação da perda e a tentativa de revivê-lo numa falsa esperança. Alguns devem segurar fotos; outros devem transformar as imagens do aniversário, casamento etc. - antes a materialização simbólica da felicidade - em símbolos de dor terrível à qual os seres humanos vivem para esquecer. Imagine, isso tudo documentado. Após, as autoridades, os ministros, chefes, presidentes etc. desesperados procurando, calculando e planejando formas de se safar do tranco. Os controladores, engenheiros, políticos, sindicalistas etc. discutindo, acusando-se mutuamente. A falácia, a hipocrisia, a inércia, o interesse próprio. Em última instância, o jeitinho dá espaço à sua verdade objetiva, sua verdadeira face: um individualismo egoísta brutal e brutalizante, a selva feita sociedade, cultura, porém, dissimulada enquanto tal. Todos os homo sapiens buscando desesperadamente salvar-se da lamúria, de sujar a carreira, de cair em desgraça, mesmo que para tal seja necessário sujar as costas com 176 mortos. Mas tudo é brincadeira, e, pobres coitados, ninguém é culpado. Continuam-se os porcos blasfermando, discutindo... o documentário termina então com um pronunciamento do excelentíssimo presidente Lula afirmando as maravilhas da civilização brasileira e de seu governo. Ele afirma que o sistema áereo brasileiro é de primeiro mundo, com flashes do presidente da TAM, que corrobora a afirmação em entrevista dada à Roda Viva, em 2006. (Poderíamos colocar, também, como bis, o hino do BOPE - que os cariocas tanto devem se orgulhar.)

     

    Isso tudo deveria ir ao ar às 21:30, na Rede Globo. E deveria repetir. Deveria passar nos cinemas também. Assim, talvez, com uma probabilidade menos impossível de ocorrer (mas ainda assim MUITO improvável), as instituições e os agentes que compõem o espaço social tupiniquim comecem a transformar-se.

     

    O Brasil está em nós.

     

    abs

  4. Pô, mas precisa que 176 homo sapiens morram para se, finalmente, perceber que "este país não é sério"? Seria muito mais racional perceber isto antes que a miséria precise demonstrar-se da pior forma.

     

    Este tipo de tragédia é cinematográfica - choca mais - porém o próprio Brasil é uma tragédia. O que anda ocorrendo por trás do "PAN" não coaduna com a estética agradável que os brasileiros constroem para se refugiar da lamúria... o dia-a-dia de grande parte dos brazucas também é uma tragédia. Porém, são coisas as quais somos acostumados a não mais perceber - até que um pimpolho de 8 anos seja arrastado pelas ruas, é claro - aí o mundo acaba, a totalidade desaba, até mesmo os sublimados são finalmente chocados com a infindade da brutalidade. Mas vem Copa, vai Copa, vem Pan, vai Pan, vão-e-vem os escândalos e todos voltam ao blasé habitual.

     

    Não é a primeira, não será a última, e este discurso anti-tupiniquim vai se diluir quando os hormônios voltarem ao lugar, e o mito e a ilusão do "país do futuro" voltarem às engrenagens (sem isso, não sobrevivemos, precisamos crer de alguma forma que somos especiais; este país wannabe). Mais difícil do que desenvolver este país é destruir o mito de que está fadado ao desenvolvimento.

     

    abraços

     

    PS.: Provavelmente agora vai se iniciar a discussão interminável da procura dos culpados. Todos vão negar. Não são japoneses. Nenhum presidente de empresa irá praticar harakiri, isto é, suicídio, em culpa pelos mortos. Vão trocas acusações. Vai se iniciar um procedimento burocrático imenso, com dezenas de comissões, CPIs, investigações etc. etc. que, daqui a alguns meses, não terão mais que 7 segundos de espaço no noticiário globista, cuja natureza não será mais do que um mero e patético informe. Os investimentos de bilhões de reais anunciados "emergencialmente" nunca vão sair do papel - ou melhor, parte deles será desviado por algum doutô (que, no máximo, terá seu mandato cassado. Digamos, na pior das hipóteses.) As pessoas só irão falar do incidente por 1 semana, após irão voltar às camaradagens, às malandragens e aos jeitinhos. A investigação será terminada em uns 3 anos, com a conclusão mais-do-que-óbvia de que foi incompetência técnica misturada com má-vontade e inércia política. Os culpados irão fazer como o Sérgio Naya (LEMBRAM-SE???) e irão tomar champagne (o original, francês!) em copo de cristal, num brinde mórbido à habilidade de se safar da lei. Os organismos internacionais apontarão falhas, que a Força Aérea e a Infraero (e o governo) - passado o calor da discussão - irão negar veementemente (como todo brasileiro). Pelo contrário, daí todos já voltarão ao falso patriotismo habitual. E assim vai o paíz do futuro.

  5. Curitiba tende a se ressaltar em relação ao resto do Sul do país quando as MPs são de forte intensidade, porém com trajetória oceânica. Não é raro (ou era raro) fortes MPs desviarem pro oceano e continuarem a influenciar dias a fio o tempo curitibano - o reconhecidíssimo vento leste - enquanto a maior parte do Sul aquece.

     

    Talvez seja o caso destes anos com anomalia negativa em Ctba e positiva em PoA. Só vejo possibilidade disso com tempo bem úmido aqui, com vento leste. Seria o caso de verificar se não são as máximas a puxarem abaixo as médias (se forem as mínimas, a tese cai por água abaixo).

     

    Atualmente, como são bloqueios imensos que andam invadindo parte do Sul, esse cenário parece impossível. As MPs mal atingem a cidade.

     

    abs

  6. e SP pessoal qual seria a previsão caso os modelos estejam certos??????????

     

    Se essas saídas malucas do GFS, do Global, do Europeu e do Acoplado se confirmarem no sentido das mais extremadas, São Paulo capital iria ter um mínima em torno de 0oC.

     

    Como eu acho dificílimo isso acontecer, vocês poderão ter algo em torno de 4oC de mínima no final do mês. Em resumo, penso que, na melhor das hipóteses, poderemos ter algo semelhante a uma das ondas de frio de 2000, o que já seria FANTÁSTICO se considerarmos o retrospecto recente de Curitiba e (pior ainda) de SP.

     

    Por falar em retrospecto, tenho visto aqui no BAZ uma certa tendência dos colegas gaúchos de celebrar o inverno frio no RS e desdenhar do calor Curitibano esse ano. Nesse momento é legal lembrar aos amigos que, para ter neve de verdade (ou seja, com acumulação) na serra gaúcha (o que ainda não aconteceu esse ano), é preciso ter um ciclone na costa em invasão de uma potente alta continental, sme bloqueio no PR. Não consigo imaginar um gaúcho que goste de frio que fale "Ahhh o inverno de 2007!!" sem que esse tenha tido neve com acumulação na maior parte da serra. Se não tem neve, não é inverno histórico p... nenhuma. Então, recomendo aqueles que gostam de comparar tamanho de pirulito (como as comprações Ctba X POA, pois vejo que tem muito neguinho por aí adorando os bloqueios intermináveis mesmo com la Niña, torcendo para que na próxima normal POA seja a capital mais fria do país) que torçam pelo fim do bloqueio que inferniza o PR para que realmente o inverno de 2007 possa ser histórico no RS!

     

    Se um dia POA for a capital mais fria do país, será de um país sem neve!

     

    Perfeito.

     

    Abraços

  7. Agora, eu acho esta situação interessante para ressaltar que a particularidade curitiboca não é tão particular assim. Fala-se apenas de meio RS pra baixo. Os pólos de frio estão silenciados. Parece que quanto mais frações de grau de latitude acima, pior. Os efeitos acentuam-se. O padrão curitibano de invernos após 2001, neste julho, está "respingando" SC abaixo. É precisamente isso, só que restrito ao leste do PR ou ao PR: um imenso bloqueio, intenso e duradouro, que mantém o tempo aberto oscilando com dias fechados e frios (periferia do ar frio conjugado a frente fria), anomalias superiores a +2 (aqui chegam cronicamente a +4).

     

    É como se as MPs passassem a desviar mais abaixo, isto é, como se o tropical de altitude dessesse de 23ºS para 24/25º, nesta posição geográfica. Eu acho que isto está conjugado à falta de neve no planalto. A sincronia entre geadas e médias comportadas em Curitiba e neve em SJ é impressionante após o ano 2000, como que se as variáveis necessárias à neve ocorressem quando as MPs seguissem a trajetória que configurou às normais curitibanas anteriores os valores que possuem (e que atualmente parecem impossíveis de se registrar).

     

    abs

  8. O caso de Ctba é bastante singular e irrita qualquer curitibano apaixonado por frio. É realmente lamentável ver a cidade com anomalia de +3°C neste julho e Porto Alegre com anomalia de -1,5ºC. A situação é típica de bloqueio, mas não deve se sustentar no longo-prazo. Essa história de que o trópico desceu é bobagem. Fosse assim e o norte da Argentina não estaria com anomalias que chegam a até -3ºC. O problema de Ctba é a ausência de ciclones, a grande mola propulsora de ar frio para a região. Logo a engrenagem deve estar concertada.

     

    Negativo, a "mola" aqui já está "quebrada" desde o início de 2001. Isto é um padrão, e não excessão. Este ano está seguindo precisamente o padrão pós-2001; vc está percebendo só agora simplesmente pelo motivo de que os gaúchos, em geral, não se interessam pelo que ocorre "ali pra cima", e o discurso dominante anti-curitibano oscila entre a dominante justificativa da urbanização (conveniente por reificar a mudança climática) e um mais condolente "é passageiro".

     

    Os efeitos, aqui, batem precisamente com uma expansão de trópico. Isso nào quer dizer que o trópico se expandiu, mas que os fenômenos decorrentes no leste do PR são análogos a tal - sobretudo no inverno. A nossa lógica se aproximou muito do tropical de altitude, tanto nas temperaturas, insolação, precipitação etc. O que foge à regra é maio e setembro, apenas. Quanto à Argentina, ela está a oeste. Quanto mais próximo do trópico e mais a leste, pior, no inverno. Por quê? Por causa da trajetória das massas de ar frio sob estes bloqueios. Foz do Iguaçu certamente não está com nossas anomalias, somente por estar mais a oeste. É a particularidade desta região; e o trópico é uma das muitas variáveis que se conjugam com o relevo, a posição geográfica etc.

     

    Mas venho dizendo isso há três anos, e as mensagens já jogaram tanto bit fora...

  9. Esse tipo de neve deve ocorrer todos ou quase todos os anos nos locais mais frios da região de SJ. Porém, o nome "Vale da Neve" obviamente se dá pela realidade climática da região não ser a mesma dos locais reconhecidos como verdadeiramente frios, como climas temperados ou mesmo além (polares, sub-árticos etc.). É exatamente porque a neve não é comum ao mesmo tempo em que ocorre esporadicamente - e com intensidade significativa - que se ostentam estes títulos exagerados.

     

    Ao mesmo tempo que seu significado não seja igual à realidade dos locais que detém o "monopólio do frio" (os locais mais frios), ao mesmo tempo é um efeito da distinção com relação ao resto do país. É exatamente pelo fato de ali poder nevar, nevar, e poder nevar com intensidade significativa - em meio a um país tropical - que faz ser chamado "Vale da Neve".

     

    Obviamente, se ficasse na Argentina, nos EUA, no Japão etc., com a mesma realidade climática, não teria esse nome. Trata-se de exaltar um signo distintivo, que é real - pois lá neva - ao mesmo tempo mítico - pois não neva como seu sentido pode indicar (ie.: como nos locais mais frios).

     

    abs

  10. Ainda acho que a discussão econômica estava mais produtiva...

    Um bom começo para desmistificar o mistificado, e inclusive desmistificar os desmistificadores, é simplesmente ver os dados. Por que não se vê os dados? Os dados são frios, mas dizem muito. Ainda mais quando eles são rigorosos e completos (daí deixam de ser "frios", e basta somente alguma capacidade de abstração)(mas que sejam de fontes confiáveis...). As normais, temperaturas extremas etc. O Wunderground é uma boa fonte; meu passatempo nos tempos áureos era ficar vendo as grades de temperatura dia-a-dia, depois comparar com as médias. Lá é bom pois tem dados de vento, umidade etc.

     

    A maioria destas discussões cessariam ou seriam produtivas se as pessoas vissem e analisassem os dados. Caso isso não seja possível, então o silêncio contribui mais ao progresso do conhecimento não o piorando.

     

    abs

  11. Achei fantástico o "20 graus" que pro londrino não é frio. Por que pro londrino? Com essa temperatura eu estou de camisa curta. E pode estar ventando, chovendo, como preferir.

     

    O "é tudo relativo" também é relativo, quer dizer, os climas e as sensações não são idênticos, pois existem efeitos cuja variabilidade supera a capacidade de adaptação humana. Em simples termos: a Sibéria é mais fria para os siberianos do que NY para os Nova Iorquinos, tal como Curitiba é mais fria para os curitibanos do que o RJ o é aos cariocas. (No caso curitibano em especial, já que há o ideal de cidade fria, típica de regiões culturalmente ambivalentes e de fronteira climática.) Há diferenças significativas demais entre estes locais.

     

    Eu concordo com o Vicente que se maximiza os eventos de frio no Sul, sobretudo os pólos frios. Já se fizeram comparações realmente esdrúxulas por aqui. No entanto, o pessoal sulista, mesmo os mais regionalistas, pelo menos possuem algum compromisso com o debate, o conhecimento etc. Já o cacella e sua prole postam sempre com a intenção do ataque e da guerra simbólica dissimulada pelo maldito jeitinho tupiniquim.

     

    abs

  12. Essa manchinha aí coloca até ctba de baixo de neve. Bom, eu prefiro pensar que é mais uma escolha extremada do modelo. Assim como estão sendo estas saídas que não mostram nada de frio para Curitiba. É só os modelos colocarem estas saídas, que todos as ressaltam, no entanto, elas não tem mais valor que as outras, ou melhor, do que o padrão (isto é o padrõ?) Como acho improvável terminar um mês de junho julho consecutivos com uma anomalia de uns +4, espero um meio-termo entre os extremos, isto é, um frio comum.

     

    Quanto ao bloqueio, não é só Curitiba. Até aqui, este inverno só está sendo muito interessante de 28/29ºS pra baixo. O Morro ainda está "devendo", e se fala mais de PoA do que de SJ. Pelo menos desta vez não parece implicância ou ilusão curitiboca, como se só aqui tivesse aquecido. Este é o nosso padrão desde 2001.

     

    Sobre fechar na média, até agora estamos iguaizinhos ao padrão 2005/2006. TEM DE ter um agosto/setembro próximos à média, pois é comum 2 meses durante o inverno climático com anomalias leves ou próximas à média. Daí a primavera próxima normal, amenizando meio ano com +3/+4, fechando com média anual na casa de 18 graus, isto é, +1.5. Creio que isso deva se repetir, a não ser que este ano bata o recorde (2002) e inaugure um novo extremo.

  13. Só que esta onda de frio é fortíssima também para outras regiões bem mais distantes como a Patagônia. Bariloche marcou -19C. Diversas cidades em outras províncias bem ao sul na Argentina também tiveram frio recorde. Além de Buenos Aires e o Uruguai. Acho pouco provável que o bloqueio em 28/26S tenha posição tão marcante assim nas latitudes 35 a 40S.

     

    Sem dúvida, a MP é de forte intensidade em grande parte da Am. do Sul. No entanto, referi-me apenas às latitudes médias, tais como do RS. Não tenho dúvidas que a situação das regiões acima do bloqueio e abaixo dele estão relacionadas.

     

    Tanto que desta vez não foi apenas Ctba e as regiões imediatamente mais desfavorecidas nestas situações, isto é, bloqueio com MP continental, já que estão no border line e a leste, ou seja, na pior posição possível para receber frio (a última região do Sul). Quando é somente ctba parece discurso de saudosistas. Mesmo em SC o frio foi BEM diferente do que no RS. Os efeitos do bloqueio, mesmo que indiretos, fizeram-se sentir em grande parte do Sul. É muito provável que isso esteja relacionado à intensidade especial do frio no RS, ora, em alguns pontos se aproximou de 2000. Fez isso em SJ, Morro da Igreja etc.? Pra nos aproximarmos de 2000, aqui, faltou uns 7 graus... embora com termos do senso comum, não tenho dúvidas que esta situação de "frio represado" (termo de senso comum), o bloqueio etc. tenha gerado este fenômeno, que não é comum.

     

    Acho que se o bloqueio não estivesse tão forte, vocês não estariam passando tanto frio. Mas posso estar enganado.

     

    abs

  14. Com o bloqueio enfraquecendo, a tendência é que o frio se distribua sobre toda a região sul e não fique "represado" nas regiões logo abaixo do bloqueio. Apesar de ser um chute, creio que este frio fora do normal nestas regiões limítrofes seja produto exatamente do forte bloqueio logo acima. Daí a possibilidade de resfriarmos tanto quanto após o bloqueio, normalizando-se as diferenças históricas.

  15. Em termos culturais o Uruguay e a Argentina colocam o Brasil no chinelo. O nível de instrução destas duas nações eu considero elevado, mesmo comparando com economias mais fortes. A forte corrente conservadora (fechada) típica de países latino-americanos foi a grande causa para o baixo desenvolvimento destas nações se as compararmos com as economias emergentes asiáticas. Barreitas para o desenvolvimento econômico impediram que o desenvolvimento cultural fosse ainda mais alavancado pelo crescimento econômico. O Uruguay, como país é uma pena. Tinha tudo para ser a suíça latino-americana.

     

    Que bom que nesta mensagem ao menos, ao contrário do mainstream econômico, tratas a estrutura econômica como um elemento relacionado e determinado também por outras estruturas, tal como a social ou a cultural. A determinação é sempre mútua, assim como demonstrou Weber.

    Um dos principais elementos de "entrave" econômico e cultural - em relação à cultura dominante, pois não existe tal coisa como "desenvolvimento natural", reificado, como se tivesse caído do céu - é a lógica da dádiva e do dom que permeia as relações sociais e econômicas nos países latino-americanos. Esta economia propriamente doméstica é uma espécie de economia simbólica - a mesma do seio familiar - que consiste em dissimular o valor objetivo das trocas materiais e dos interesses envolvidos nas trocas (sociais em geral) numa defasagem entre a dádiva e a retribuição, como que dissimulando o interesse envolvido no intercâmbio. Assim cria-se a "ilusão" de uma troca desinteressada - dando margem ao encantamento, por meio de virtudes como solidariedade, amor fraterno etc. - que a economia propriamente econômica, monetária, moderna, capitalista (mas não somente esta) desmistifica e objetiva em valores explícitos, objetivados em forma de dinheiro. A lógica da dádiva dissimula o interesse dos agentes envolvidos na permuta, e produz uma dívida tácita, implícita, que nunca é explicitada, e que na verdade toma forma de uma dívida moral para com aquele que ofereceu a dádiva, isto é, aquele que fez um favor. É a mesma lógica do "sabe com quem está falando", da dominação moral exercida por aqueles que dominam os recursos econômicos, oferecendo dádivas e colocando a maior parte da população em estado de débito. Como a própria lógica da dádiva, por ser simbólica, impede com que a retribuição do favor seja imediata e sob a forma impessoal e "fria" de dinheiro, aquele que recebe a dádiva acaba ficando numa posição dominada moral e simbolicamente. A defasagem entre a dádiva e a retribuição é a própria condição do encantamento

    Daí a possibilidade, por exemplo, de se representar o Brasil como "povo feliz", como "extrovertido", etc. etc. É exatamente porque suas condições materiais e a imensa e brutal desigualdade moral de todas as relações sociais brasileiras estão dissimuladas pela lógica da dádiva, que é possível este encantamento - e é precisamente a partir dele que os brasileiros (e a Globo, sobretudo) afirmam-se, mesmo ocupando as piores posições dentro do sistema de valores e referenciais ocidentais: desenvolvimento, cultura, "organização", limpeza e outros valores ocidentais (europeus). (O tal "jeitinho", a "malandragem" etc. tb são efeito disso. Formas de dissimular as relações de força e a extrema desigualdade das relações sociais em representações e num mundo simbólico aprazível, onde todos são felizes, amigos, extrovertidos etc. - porém, um mundo falso.)

     

    Isso atinge todos os níveis - inclusive economia e política - manifestando-se, por exemplo, na representação dos políticos brasileiros (e latino-americanos em geral) em tratar seu ofício como um favor à população, e mais, como se estivessem fadados a ocupar a posição de poder, merecendo, por "natureza", estar nesta posição. Como seus recursos econômicos são muito maiores que os da populaçào em geral - e como este domínio econômico está dissimulado pelo encantamento da dádiva, já que os favores inscrevem no político e naquele que oferece a dádiva as virtudes mais cultivadas -, a população em geral está em um eterno estado de débito (moral, simbólico), já que não tem como retribuir em igualdade - e nem pode, já que subverter o "coronel", o "doutor", implicaria nos constrangimentos mais acentuados, até mesmo violência física, em última instância. É a "dívida eterna". Condição de possibilidade da desigualdade econômica do "país do futuro". Ela está em todos os níveis. (Inclusive na pompa jurídica dos "doutô".)

     

    A lógica da dádiva, que é a lógica pré-capitalista tipicamente feudal, encontrava-se (e encontra-se) presente a toda força nas sociedades coronelistas, como o Brasil Império, no Nordeste etc., mas não somente aí, já que encontra-se presente também no Sul, dada a proximidade histórica que sucedeu na medida em que o intercâmbio cultural afastava os imigrantes de sua origem européia. A cultura latino-americana em geral possui uma evolução histórica típica desta forma de economia e de relações sociais.

     

    A lógica propriamente individualista e econômica (aquela tipicamente burguesa, por exemplo) não é a dominante nas relações latino-americanas, e daí sua incompatibilidade sociológica com o "progresso" econômico. Não é coincidência, portanto, que o grau de desenvolvimento econômico é análogo à presença de migração européia, já que há uma importação dos padrões e da história européias que produziram a lógica individualista e econômica, compatíveis com este padrão e esta história. No entanto, o que predomina nos países latino-americanos é a lógica da dádiva, e até que seja completamente suprimida (o que é quase impossível), o "pais do futuro" continuará "do futuro".

     

    Daí somos conduzidos ao dilema da necessidade de destruir e reformar completamente a "cultura brasileira", de modo a alcançar e realizar os ideais de progresso, de desenvolvimento etc. que são propriedades particulares de uma lógica cultural e econômica propriamente européia. O estudo da instituição do capitalismo em sociedades não-européias, como a Ásia, pode oferecer pistas, no entanto, sua economica simbólica e econômica é muito diferente da lógica da dádiva e latina, e muito mais compativel com o progresso.

     

    Para mais informações, procurem ler "A ética protestante e o espírito do capitalismo", de Max Weber e "Ensaio sobre a Dádiva", de Marcel Mauss, em seu livro "Ensaios de Sociologia", além de Marshall Sahlins.

     

    abraços

     

    P.S.: Este tópico não tem razão de ser.

  16. Mas Evandrão, estamos na América Latina. Ou melhor, "latrinha". Todos os países aqui presentes são subdesenvolvidos (seja o que isso significar; economicamente, culturalmente, socialmente etc.).

    Os únicos verdadeiramente "desenvolvidos" são aqueles que definem os critérios do que é desenvolvido, aqueles que instituíram o sistema de valores, critérios e referenciais do mundo ocidental, quais sejam, Europa e EUA. O Japão conseguiu ascender dada uma particularidade histórica - já que sempre compartilharam elementos culturais homólogos aos europeus mesmo antes da segunda guerra mundial. (Como a imensa disciplina, a apologia à ordem, à organização etc.)

     

    No entanto, BsAs possui melhores índices do que as grandes capitais brasileiras. Vc pegou uma parte pobre, e essas partes existem em toda a Am. Latina. Exceto em cidades pequenas e relativamente ricas das regiões mais socialmente desenvolvidas, como SC. (Só que aí também não tem um mercado e uma sociedade muito complexos.) Se vc estabelecer como critérios um mercado rico e complexo, um grande acesso cultural etc - isto é, uma cidade grande, dotada de uma riqueza econômica considerável, necessariamente teremos graves problemas sociais, ou pelo menos problemas significativos.

     

    Mas isso nào quer dizer que eles sejam homólogos ao Brasil. É fato que a Argentina possui índices sociais melhores que os do Brasil. Acho que a única coisa que o Brasil "tem mais" é PIB, isto é, o mercado é maior em termos absolutos (tamanho absoluto do mercado). Em termos relativos, nem isso. Quer dizer, SP tem 18 milhões de hab, o Brasil tem uns 180. Se a Argentina atingir 30 milhões já é muito...

     

    Quanto ao Chile, eu reveria um pouco a sua posição, pois eles não são nada "cosmopolitas". O Chile é um dos países mais reacionários do mundo - e isto não é papo de esquerdista. Vc que é um cara "moderno" vai sentir bem o conservadorismo cultural dos caras. E eles também são latinos, seguem uma lógica latina e uma cultura latinas, apesar das reformas econômicas e do liberalismo que lá se assentou de maneira mais concreta. Eles são liberais econômicos, e tão somente, mas há de fato melhores índices econômicos, que refletem necessariamente em melhorias sociais. Definitivamente são os melhores referenciais disponíveis na Am. Latina, em se tratando de "desenvolvimento" social, cultural e econômico.

     

    Todos estes locais estão anos-luz de distância dos "países centrais", dos dominantes etc., o que não quer dizer que sejam todos iguais. O Brasil é e sempre será o monopolizador das brutalidades humanas, porém, transfiguradas e estilizadas pela aprazível estética da extroversão e "felicidade" dos "campos alegremente baldios" (ie.: favelas, depósitos humanos) - cultura a qual, não bastasse ter toda uma imensa emissora a subsumir, nosso espécime trocaliente carioquês contribui muito a se reproduzir.

     

    forte abraço

  17. Aliás, dá até um medo de ir pra BsAs, ver uma cidade semelhante a ctba urbanisticamente falando, maior proximidade cultural com a cultura dominante (européia, a qual "pago pau", só que explicitamente - assim, para não fazer parte dos "recalcados"), um cenário cultural de dar inveja à Cidade Maravilhosa, SP e qualquer capital tupiniquim, além de um clima que já pode ser considerado temperado, apesar de um inverno muito distante do centro-norte europeu, Tokyo, leste norte-americano etc. Como não sou nada bairrista (ao contrário dos nossos "recalcados"), talvez ficaria doido querendo não retornar ao país do futuro. Talvez o fato de a Argentina não estar "bem das pernas" economicamente, quero dizer, a longo prazo, fosse uma justificativa para o retorno, apesar disso implicar numa crença descabida e incoerente para com o "país do futuro".

     

    Enfim, vamos ver. (É off-topic, mas este tópico foi criado tão somente com objetivos cínicos.)

     

    Post-script Temos um especialista incompreendido neste fórum de meteorologia. Apesar de conhecer a maioria das normais climatológicas de cidades sulinas, dominar os regimes pluviométricos, de nivosidade; conhecer os extremos de temperatura das principais cidades nas últimas 2 normais e nos últimos 100 anos, analisar a mecânica climática de cidades sulinas no W underground; conhecer os registros europeus e norte-americanos para efeito de comparação e, de quebra, ter conhecimento de causa, pragmático, subjetivo etc., ele não é reconhecido como tal.

  18. Bruno, de fato, concordo plenamente... o fato é que, pelos constrangimentos econômicos, eu desconheço Santiago e BsAs. Mas por relatos de amigos e pelo conhecimento "indireto" (teórico), sei que são cidades fantásticas, quero dizer, não são nenhuma Paris, Londres etc. em termos culturais ou até mesmo climáticos, mas de fato tem um ar temperado muito mais presente e, cá entre nós, BsAs tem mais bibliotecas do que o Brasil inteiro junto (já Paris tem 3x mais bibliotecas do que BsAs, além da Nationale Française, que é a segunda maior do mundo, atrás da do Congresso dos EUA. Meu deus, estes caras são "fodas"...)

     

    Veja lá, não sou tão xenófobo, mas não agüento o "jeitinho", (e nós aqui temos um espécime que demonstra tal lógica genuinamente tupiniquim e latina a um nível quase estereotipado - ou melhor, ele é o estereótipo perfeito feito gente) o meu lance é lógica moderna levada ao extremo. Mas, assim como escolhi Curitiba através de critérios muito claros e objetivos p/ aproximar-me do "ideal", poderia muito bem morar nestas 2 cidades: estaria mais próximo do ideal. PoA é legal também, mas acho que o verão não compensa o inverno, e há problemas de ordem familiar e econômicos. (Apesar da UFRGS ser bem melhor do que a UFPR.)

     

    E não teria tanto problema de visto etc... apenas falar espanhol é o problema. Enfim, vamos ver.

     

    abraço

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