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Brasil Abaixo de Zero

Temas Gerais


Alexandre Aguiar
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E já faz um tempo que falávamos sobre isso, o caos está apenas começando, ou chove muito ou ano que vem tudo voltará ao normal ou pior em relação a seca. Algo precisa ser mudado, ontem se pediu para dar opiniões de como melhorar, hoje ao invés de moderar algumas frases trancam e logo excluem o tópico e simplesmente não se fala mais sobre o assunto.

 

Muito parecido, se exige mudanças e tudo continua igual.

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E já faz um tempo que falávamos sobre isso, o caos está apenas começando, ou chove muito ou ano que vem tudo voltará ao normal ou pior em relação a seca. Algo precisa ser mudado, ontem se pediu para dar opiniões de como melhorar, hoje ao invés de moderar algumas frases trancam e logo excluem o tópico e simplesmente não se fala mais sobre o assunto.

 

Muito parecido, se exige mudanças e tudo continua igual.

 

 

PIOR SERÁ SERÁ NO ANO QUE VEM, ENTRARÁ NA ESTAÇÃO SECA COMO0 SE ESTIVESSE SAINDO!

 

ASSIM COMO É DESNECESSÁRIO FICAR FRASEANDO IRONICAMENTE, ESPECIALMENTE NA ATUALIDADE, NÉ SR.MARFILE!

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E já faz um tempo que falávamos sobre isso, o caos está apenas começando, ou chove muito ou ano que vem tudo voltará ao normal ou pior em relação a seca. Algo precisa ser mudado, ontem se pediu para dar opiniões de como melhorar, hoje ao invés de moderar algumas frases trancam e logo excluem o tópico e simplesmente não se fala mais sobre o assunto.

 

Troy, Eu estava contando com a possibilidade de chuvas inclusive muito acima da média para SON.

 

E a coisa não vai.

 

Vamos dar um tempo para o fórum se acalmar.

 

Pela amizade com o André e o Artur.

 

Mais pela coisa pessoal....

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Concordo, mas era melhor se tivesse sido assim : Apaga as mensagens de discussão desnecessária e continua a discussão, COMO MELHOR O FÓRUM.

Viu ? Simples assim.

 

Não falo mais nada sobre o tema.

 

 

Coutinho, o pior vai ser quando começar a prejudicar a energia, afinal o verão está aí, maior consumo.

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Como meu chuveiro é de água da rua, tive que fazer uma gambiarra pra trazer água da caixa pro chuveiro.

 

Não tem nada pior do que chegar de noite, nesse calor, e não poder tomar um banho.

 

Comprei uma caixa d'água reserva pra deixar em 'stand by' e vou colocar uma bomba pra jogar água dela pra outra.

 

Quem paga somos nós pela incompetência dos governantes, sejam eles de qualquer partido.

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Não deem muita bola para a parte aquecimentista da coisa ....sem financiamento não há pesquisa.

 

Tem como base uma conversa telefônica com o Ronaldo.

 

Abstract in PortugueseUtilizamos um modelo físico-matemático de relações biosfera-atmosfera para estimar a climatologia da evapotranspiração regional (ETR) entre 1980 e 2009 no estado de São Paulo, o modelo SiB2 (Simple Biosphere model). Os cálculos utilizaram dados horários da reanálise CFSR, por meio de etapas de comparação das forçantes com dados observados de superfície, e com dados de fluxos de superfície observados no campo. Os padrões da reanálise mostraram-se satisfatórios no domínio do estado de São Paulo para caracterizar a climatologia de chuva e temperatura da região, com pequenos vieses no ciclo diurno e no total anual de precipitação. Foram utilizados 6 cenários com cobertura de superfície homogênea em todo o estado (floresta de mata atlântica, cerrado, eucalipto, cana-de-açúcar, pastagem, urbanização), além de dois outros cenários (vegetação nativa e vegetação atual), que produziram médias de ETR substancialmente distintas. No cenário de eucalipto obteve-se a maior média anual, de 3,7 mm dia-1, seguido pelos valores calculados para floresta atlântica e vegetação nativa, próximos entre si, e com máximos valores do saldo de radiação e fração evaporativa. O impacto da mudança do uso da terra nos totais de ETR no estado de São Paulo pode ser discutido a partir do cenário de vegetação nativa, com ETR média de 3,3 mm dia-1, ~20% superior à ETR da vegetação atual. Obteve-se uma caracterização da climatologia da ETR real no estado de SP, com média de 930 mm ano-1, comparável com a climatologia do DAEE de 980 mm ano-1 no estado como um todo, e bem comparada com a ETR em várias sub-bacias hidrográficas.

 

http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/14/14133/tde-24102011-182252/en.php

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Estava lendo agora no Estadão, como está a situação dos nossos principais reservatórios comparando outubro de 2013 com 2014. É assustador. Vejam só:

 

Nova Ponte(Bacia do Rio Paranaíba) 34%/15%

 

Itumbiara(Bacia do Rio Paranaíba) 46/15

 

São Simão(Bacia do Rio Paranaíba) 52/13

 

Furnas(Bacia do Rio Grande) 52/18

 

Marimbondo(Bacia do Rio Grande) 58/11

 

Ilha Solteira(Bacia do Paraná) 56/0

 

Três Irmãos(Bacia do Paraná) 61/0

 

Três Marias(Bacia do Rio São Francisco) 27/4

 

Segundo algumas empresas de consultoria, mantida a média de chuvas registradas até agora, as chances de um racionamento de energia a partir de maio de 2015, oscilam entre 30% e 40%.

 

Só nos resta a recorrer a São Pedro.

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A Sabesp deve estar mexendo no site para incluir a "segunda cota do volume morto" e amanhã magicamente o nível vai subir para uns 14,5% pra parecer que está tudo sob controle. Hoje foi a 3,9% (ou -14,6%).

 

http://ultimosegundo.ig.com.br/brasil/sp/2014-10-17/justica-libera-uso-da-2-cota-do-volume-morto.html

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Essa conta vai vir com juros, correções, acréscimos, etc, quando chegar a hora de encher os reservatórios.

 

Não sou especialista mas acho que esse imediatismo de agora só vai prolongar o tempo de recuperação do sistema.

 

Em quase todas as grandes secas do passado, a chuva voltou aos poucos.

 

Na grande seca de 1963, Sampa teve chuvas muito abaixo da média em setembro, outubro, novembro, dezembro e janeiro de 1964.

Apenas em fevereiro de 1964 é que choveu o normal.

 

Portanto, a chance de novembro e dezembro terem pouca chuva é bem plausível.

Se acontecer, como é que fica? :rtfm:

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Como a crise da água em SP pode secar também o seu bolso

 

São Paulo - É uma questão de tempo até que a crise de abastecimento de água no Estado de São Paulo chegue ao bolso das famílias paulistas, segundo especialistas e profissionais do setor de recursos hídricos.

 

Apesar de ser difícil precisar o tamanho do impacto nos orçamentos, Helio Mattar, presidente do Instituto Akatu, chega a palpitar que o custo da água será dez vezes maior do que o atual. E, caso o problema não seja resolvido, o céu é o limite para o aumento dos gastos.

 

“Se imaginarmos que vamos ficar sem água, quanto vale um litro? Qualquer coisa. Em um chute eu diria que uma casa que gasta 100 reais com água por mês deve passar a gastar 1 mil reais. Não tem chovido em outubro e a chuva de novembro é esperada com base em dados históricos, por isso eu chutaria que em dois meses o custo da água deve ser multiplicado por dez”, afirma Mattar.

 

A equação é muito simples: com uma redução na oferta de água e manutenção da demanda, o preço sobe. É a lei da oferta e demanda, quanto maior a demanda e menor a oferta, maior é a pressão sobre o valor do bem em questão.

 

Ocorre que, como a água é um recurso de necessidade básica os preços não flutuam tão livremente e de maneira tão óbvia quanto o preço de um tomate por exemplo, que sofre uma alta se a safra é ruim e não conta com subsídios.

 

Como o governo interfere nos preços da água, é difícil estimar com exatidão qual pode ser o comportamento dos preços, já que isso dependerá da forma como será gerenciada a crise daqui para frente.

 

O problema

 

A crise de abastecimento afeta a Grande São Paulo e a região de Campinas, onde cerca de 12 milhões de pessoas são abastecidas pelo Cantareira.

 

Neste momento, a Sabesp está usando o volume morto do Sistema Cantareira para abastecer os lares paulistas, um reservatório que armazena a água que fica no fundo das represas.

 

O uso dessa primeira reserva de volume morto deve durar até o dia 15 de novembro, segundo a concessionária, e o próximo passo é usar a segunda cota do volume morto. “Mesmo se usado o segundo volume morto, temos água apenas até abril do ano que vem, mas essa previsão pressupõe que ocorra o regime de chuva normal e isso absolutamente não se pode garantir”, diz Helio Mattar.

 

Segundo a Sabesp, o segundo volume morto seria suficiente para garantir o abastecimento até março de 2015, sem que seja decretado racionamento.

 

Mattar diz, no entanto, que o racionamento já começou, por mais que o governo não admita. Ele explica que o fluxo de água que sai do Sistema Cantareira era de 33 mil litros por segundo antes da crise, em novembro de 2014, em fevereiro passou a 31 mil litros, 20 mil litros em maio e no início de outubro passou a 16,5 mil litros por segundo.

 

 

“O governo afirmava que não havia racionamento, então como é possível não ter racionamento se o volume de água caiu pela metade? É óbvio que há racionamento e ele começou pela periferia, lentamente foi se aproximando do Centro e hoje está em todas regiões”, afirma Mattar.

 

Pesquisa do Datafolha, divulgada nesta segunda-feira, mostra que 60% das famílias da Região Metropolitana de São Paulo já ficaram sem água ao menos uma vez nos últimos 30 dias.

 

Veja a seguir alguns dos reflexos que a crise de abastecimento em São Paulo pode ter nos preços.

 

1) Aumento dos preços dos caminhões-pipa

 

O racionamento já começou a refletir na demanda por caminhões-pipa. De acordo com Rita Furquim, gerente da SR Transporte de Água, que fornece água por caminhões-pipa, a empresa recebe hoje 70 solicitações por dia, ante 15 solicitações antes da crise, um aumento de 466%.

 

E os preços já aumentaram. “O cliente fixo pagava 14 reais por metro cúbico de água e o esporádico 20 reais. Agora já aumentamos o preço do fixo para 20 reais e do esporádico para 35 a 60 reais”, afirma Rita.

 

Ela diz que antes os caminhões eram abastecidos em 20 minutos e hoje demoram uma hora e meia porque, com o aumento da demanda, a água tem sido bombeada diretamente dos poços artesianos para o caminhão, sendo que antes o caminhão retirava a água já bombeada para uma caixa d’água.

 

A maior demanda também passou a gerar filas que têm durado cerca de três horas, segundo Rita. Assim, se antes o abastecimento era feito em 20 minutos e não havia fila, agora todo o processo demora em média quatro horas e meia.

 

“Tivemos de contratar mais motoristas e estamos comprando mais caminhões. Também aumentou o gasto com diesel e com desgaste dos pneus. Não dá para saber exatamente quanto pode subir mais, mas se continuar a crise chegaremos a leiloar a água”, diz Rita.

 

Como os caminhões-pipa são uma das primeiras alternativas de abastecimento na falta de distribuição pela Sabesp, se a crise se agravar e a população começar a solicitar o serviço, o custo pode ser altíssimo, sobretudo se chegar ao ponto de haver uma necessidade de leilão.

 

2) Perfurações de poços artesianos

 

A fonte da água dos caminhões-pipa, os poços artesianos, também seriam uma nova possibilidade de abastecimento durante a crise.

 

 

Segundo o presidente do Instituito Akatu, os poços artesianos já têm uma vazão de 10 mil litros por segundo na cidade de São Paulo e nos municípios vizinhos, mas eles teriam capacidade para fornecer de 16 mil litros por segundo. “Hoje a Sabesp distribui 16,5 mil litros por segundo, portanto esses 6 mil litros dos poços representarim 40% do volume distribuído hoje, não é irrelevante”, afirma Mattar.

 

A retirada de água de poços artesianos deve ser autorizada pelo Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE). E, caso condomínios passem a fazer isso, essa também não será uma fonte de água barata.

 

Eduardo Zangari, diretor de relações institucionais da Associação das Administradoras de Bens Imóveis e Condomínios de São Paulo (Aabic) diz que alguns condomínios já estão estudando a possibilidade.

 

“A perfuração custa cerca de 70 mil reais. Mas se não chover e o volume morto chegar ao fim a projeção é péssima, cria-se um colapso porque todo mundo vai querer perfurar o solo e as empresas vão jogar o preço lá para cima”, diz Zangari.

 

Ao considerar o custo de 70 mil reais, a perfuração resultaria em uma despesa extra de 5.800 reais na taxa de condomínio de cada morador, em um prédio com 12 apartamentos e em um prédio de 14 andares, com quatro apartamentos por andar, cada morador pagaria 1.250 reais.

 

3) Aumento das contas de água

 

Para reduzir o nível de consumo, também existe a possibilidade de a Sabesp aumentar o preço da água.

 

“O aumento do custo é uma ferramenta que a concessionária tem na mão. Para inibir o consumo, esse seria o caminho natural com qualquer insumo, se há um descompasso de oferta em relação à demanda sobe o preço”, afirma Osvaldo Oliveira, engenheiro de aplicação da Deca e doutor em engenharia civil, na área de sistemas hidráulicos prediais pela Unicamp.

 

Ele ressalta que o governo estadual sempre subsidiou o preço da água, mas com a crise os preços fogem do seu controle. “A água sempre foi tratada como um direito do cidadão, por isso o estado sempre subsidiou seu custo. Mas, se o estado não oferece água para a população, ela cai na vala comum, deixa de ser um recurso básico e vira uma commodity e aí o mercado é que vai mostrar custo dela”, afirma Oliveira.

 

4) Gastos com reservatórios

 

O engenheiro da Deca também acredita que cada vez mais famílias e condomínios devem comprar caixas d’água para realizar a captação de água pluvial. Nesse caso, a instalação seria outro custo possível.

 

“As famílias podem implantar um sistema de captação das águas de chuva, mas o maior receio é a proliferação de doenças, porque a água da chuva tem poluição difusa e a água na caixa d’agua pode entrar em contato com fezes de bichos, como de pombas”, diz Oliveira.

 

Os valores de uma caixa d’agua podem variar muito de acordo com o porte, mas algumas caixas pequenas são vendidas a partir de 100 reais.

 

Algumas casas e condomínios afetados pelo racionamento já têm comprado caixas d’agua, segundo o presidente do Instituto Akatu, para reservar um volume maior de água nos períodos em que o abastecimento é normal, obtendo assim um volume de água suficiente para cobrir os períodos de interrupção no fornecimento.

 

A medida, no entanto, é extremamente prejudicial pois antecipa a crise. "Não tem milagre. Se as pessoas colocam caixas d'água maiores, elas estão roubando água de alguém, elas tomam um medida individual contra o coletivo. Elas ficam com a percepção de que estão conseguindo driblar o racionamento, mas ao fazer isso só antecipam o fim da água", diz.

 

5) Aumento das taxas condominiais

 

O eventual aumento nas contas de água pela Sabesp por si só pode gerar um aumento nas taxas condominiais, mas, além disso, os condomínios podem aumentar os investimentos com sistemas que driblem o problema da água.

 

Eduardo Zangari, diretor da Aabic afirma que os investimentos devem ocorrer mesmo se a atual crise for solucionada. “Se algum condomínio não investiu, agora vai investir para uma futura crise de água. É um problema real, não vai dar para ficar sem investir”, diz.

 

Além do reservatório, já citado, e da perfuração de poços artesianos, os condomínios podem implementar sistemas de reúso de água e aparelhos de medição para individualizar as contas.

 

Zangari afirma que os bônus garantidos pela Sabesp não surtiram grandes efeitos porque mais de 90% dos condomínios não têm contas individualizadas, portanto os moradores não se sentem mobilizados a economizar, uma vez que a economia fica para o condomínio.

 

“O maior custo do condomínio é com a folha de pagamento, a água representa uma parcela de 10% a 14% dos gastos. Por isso, se houver uma economia de 30% em algo que representa apenas 10% do total de gastos, a economia é de apenas 3% na taxa condominial”, diz o diretor da Aabic.

 

Segundo ele, os prédios antigos têm diferentes colunas de água para cada apartamento, por isso, para instalar um medidor, seria preciso quebrar a parede das casas e instalar o aparelho em cada ponto. Já os prédios novos possuem uma coluna apenas, facilitando a tarefa.

 

“O custo de implantação de um medidor para um prédio velho é sete vezes maior do que um prédio novo, por isso não vem acontecendo. Não seria uma solução de fácil implantação e o custo seria muito alto”, diz Zangari.

 

6) Encarecimento das garrafinhas

 

Os especialistas consultados também acreditam que o preço da água mineral, vendida em garrafas plásticas, deve aumentar.

 

Segundo a Lindoya Verão, empresa que comercializa água mineral, o preço das garrafinhas já teve um acréscimo de 10% neste ano, mas não apenas em decorrência da crise.

 

“Quanto aos preços, lembramos que o dissídio da categoria foi em setembro. Incluindo o custo Brasil, como por exemplo com o aumento de 20% na energia elétrica, o preço da água mineral, em média, teve acréscimo de 10%”, disse a empresa por meio de nota.

 

A companhia também afirmou que já está preparada para atender um aumento de até 50% na demanda atual.

 

“Eu apostaria que já houve um aumento na demanda por água mineral. As pessoas ficaram inseguras por achar que o governo não seria capaz de dar o tratamento adequado ao volume morto. Especialmente mães com filhos pequenos já têm comprado água de garrafinha”, diz Helio Mattar, do Instituto Akatu.

 

Fonte: http://exame.abril.com.br/seu-dinheiro/noticias/como-a-crise-da-agua-em-sp-pode-secar-tambem-o-seu-bolso

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Acho que o pessoal vai achar esse ponto de vista interessante:

 

10 mitos sobre a crise hídrica

 

Gostaria de desmistificar alguns pontos sobre a crise hídrica em SP, assunto que tangencia minhas pesquisas acadêmicas.

 

1- “Não choveu e por isso está faltando água”. Essa conclusão é cientificamente problemática. Existem períodos chuvosos e de estiagem, descritos estatisticamente. É natural que isso ocorra. A base de dados de São Paulo possibilita análises precisas desde o século XIX e projeções anteriores a partir de cálculos matemáticos. Um sistema de abastecimento eficiente precisa ser projetado seguindo essas previsões (ex: estiagens que ocorram a cada cem anos).

 

2- “É por causa do aquecimento global”. Existem poucos estudos verdadeiramente confiáveis em São Paulo. De qualquer forma, o problema aqui parece ser de escala de grandeza. A não ser que estejamos realmente vivendo uma catástrofe global repentina (que não parece ser o caso esse ano), a mudança nos padrões de chuva não atingem porcentagens tão grandes capazes de secar vários reservatórios de um ano para o outro. Mais estudadas são as mudanças climáticas locais por causa de ocupação urbana desordenada. Isso é concreto e pode trazer mudanças radicais. Aqui o problema é outro: as represas do sistema Cantareira estão longe demais do núcleo urbano adensado de SP para sentir efeitos como de ilha de calor. A escala do território é muito maior.

 

3- “Não choveu nas Represas”. Isso é uma simplificação grosseira. O volume do reservatório depende de vários fluxos, incluindo a chuva sobre o espelho d’água das represas. A chuva em regiões de cabeceira, por exemplo, pode recarregar o lençol freático e assim aumentar o volume de água dos rios. O processo é muito mais complexo.

 

4- “As próximas chuvas farão que o sistema volte ao normal”. Isso já é mais difícil de prever, mas tudo indica que a recuperação pode levar décadas. Como sabemos, quando o fundo do lago fica exposto (e seco), ele se torna permeável. Assim a água que voltar atingir esses lugares percola (infiltra) para o lençol freático, antes de criar uma camada impermeável. Se eu fosse usar minha intuição e conhecimento, diria que São Paulo tem duas opções a curto-médio prazo: (a) usar fontes alternativas de abastecimento antes que possa voltar a contar com as represas; (b) ter uma redução drástica em sua economia para que haja diminuição de consumo (há relação direta entre movimento econômico e consumo de água).

 

5- “Não existe outras fontes de abastecimento que não as represas atuais”. Essa afirmação é duplamente mentirosa. Primeiro porque sempre se pode construir represas em lugares mais e mais distantes (sobretudo em um país com esse recurso abundante como o Brasil) e transportar a água por bombeamento. O problema parece ser de ordem econômica já como o custo da água bombeada de longe sairia muito caro. Outra mentira é que não podemos usar água subterrânea. Não consigo entender o impedimento técnico disso. O Estado de São Paulo tem ampla reserva de água subterrânea (como o chamado aquífero Guarani), de onde é possível tirar água, sobretudo em momentos de crise. Novamente, o problema é custo de trazer essa água de longe que afetaria os lucros da Sabesp.

 

6- “O aquífero Guaraní é um reservatório subterrâneo”. A ideia de que o aquífero é um bolsão d’água, como um vazio preenchido pelo líquido, é ridiculamente equivocada. Não existe bolsão, em nenhum lugar no mundo. O aquífero é simplesmente água subterrânea diluída no solo. O aquífero Guaraní, nem é mesmo um só, mas descontínuo. Como uma camada profunda do lençol freático. Em todo caso, países como a Holanda acham o uso dessas águas tão bom que parte da produção superficial (reservatórios etc) é reinserida no solo e retirada novamente (!). Isso porque as propriedades químicas do líquido são, potencialmente, excelentes.

 

7- “Precisamos economizar água”. Outra simplificação. Os grandes consumidores (indústrias ou grandes estabelecimentos, por exemplo) e a perda de água por falta de manutenção do sistema representam os maiores gastos. Infelizmente os números oficiais parecem camuflados. A seguinte conta nunca fecha: consumo total = esgoto total + perda + água gasta em irrigação. Estima-se que as perdas estejam entre 30% e 40%. Ou seja, essa quantidade vaza na tubulação antes de atingir os consumidores. Água tratada e perdida. Para usar novamente o exemplo Holandês (que estudei), lá essas perdas são virtualmente 0%. Os índices elevados não são normais e são resultados de décadas de maximização de lucros da Sabesp ao custo de uma manutenção precária da rede.

 

8- “Não há racionamento”. O governo está fazendo a mídia e a população de boba. Em lugares pobres o racionamento já acontece há meses, dia sim, dia não (ou mesmo todo dia). É interessante notar que, historicamente, as populações pobres são as que sempre sentem mais esses efeitos (cito, por exemplo, as constantes interrupções no fornecimento de água no começo do século XX nos bairros operários das várzeas, como o Pari). A história se repete.

 

9- “É necessário implantar o racionamento”. Essa afirmação é bem perigosa porque coloca vidas em risco. Já como praticamente todas as construções na cidade têm grandes caixas d’água, o racionamento apenas ataca o problema das perdas da rede (vazamentos). É tudo que a Sabesp quer: em momentos de crise fazer racionamento e reduzir as perdas; sem diminuição de consumo, sem aumentar o controle de vazamentos. O custo disso? A saúde pública. A mesma trinca por onde a água vaza, se não houver pressão dentro do cano, se transformará em um ponto de entrada de poluentes do lençol freático nojento da cidade. Estaremos bebendo, sem saber água poluída, porque a poluição entrou pela rede urbana. Por isso que agências de saúde internacionais exigem pressão mínima dentro dos canos de abastecimento.

 

10- “Precisamos confiar na Sabesp nesse momento”. A Sabesp é gerida para maximizar lucros dos acionistas. Não está preocupada, em essência, em entregar um serviço de qualidade (exemplos são vários: a negligência no saneamento que polui o Rio Tietê, o uso de tecnologia obsoleta de tratamento de água com doses cavalares de cloro e, além, da crise no abastecimento decorrente dos pequenos investimentos no aumento do sistema de captação). A Sabesp é apenas herdeira de um sistema que já teve várias outras concessionárias: Cantareira Águas e Esgotos, RAE, SAEC etc. A empresa tem hoje uma concessão de abastecimento e saneamento. Acredito que é o momento de discutir a cassação dessa outorga, uma vez que as obrigações não foram cumpridas. Além, é claro, de uma nova administração no Governo do Estado, ao menos preocupada em entregar serviços público e não lucros para meia dúzia apenas.

 

Enfim, se eu pudesse resumir minhas conclusões: a crise no abastecimento não é natural, mas sim resultado de uma gestão voltada para a maximização de lucros da concessionária e de um Governo incompetente. Simples assim, ou talvez, infelizmente, nem tanto.

 

Gabriel Kogan

 

Link: http://cosmopista.com/2014/10/14/10-mitos-sobre-a-crise-hidrica/

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Tenho a impressão que não tem como fugir de uma componente política neste caso.

 

Vamos dizer que a culpa é só de São Pedro?

Infelizmente, o bom senso diz que não.

 

De 1991 a 2013 (23 anos), tivemos chuvas acima da média em 17 deles.

Fatalmente teremos anos com chuvas abaixo da média daqui para frente.

 

Isso, os técnicos da área estão carecas de saber.

Tudo bem, não dava para prever que ia ser em 2014, mas que vai ter, vai.

Como diz o Coutinho, não é uma questão de se mas de quando.

 

Logo, providências deveriam ter sido tomadas para encarar esse problema.

É possível que não desse para evitar totalmente, claro, mesmo com todas as providências.

Mas a verdade é que nada foi feito.

 

Temos interrupção diária no fornecimento de água na maior parte de Sampa, inclusive aqui em casa.

E o pior de tudo é ver a presidente da SABESP, a Dilma :sarcastic: , insistir que não está havendo cortes, que são problemas localizados.

Quem eles pensam que estão enganando? :mosking:

Por que não assumem de uma vez que estão racionando? :russian:

Será que estão com medo que o Aécio perca votos em SP? :sarcastic:

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Segundo especialistas no assunto (E é uma coisa intuitiva para nós leigos...), com a retirada do volume morto estão também rebaixando o lençol freático sob a represa.

Resultado: mais e mais chuva será necessária para recuperar tudo isso. :rtfm:

 

Ou seja: é mesmo uma tragédia anunciada...

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João,

 

O Nobre é um cientista "dono do INPE".

 

Sabemos o que aconteceu, mas desconhecemos as suas causas

 

:rofl: :rofl: :rofl: :rofl:

 

Eu também sei o que aconteceu e te juro também não sei a causa.

 

O sistema Cantareira sozinho pode fornecer água para 30.000.000 de pessoas.

 

Perceba que isto é quase tres vezes a população do teu belo estado e uns 70% da população total do estado de São Paulo.

 

Para reflezão:

 

A água para consumo humano não está faltando [ no sentido de volume ou de uso diário, acho que vou embananaqr o texto].

 

Perceba que há outras utilizações....que são diferentes do consumo humano direto.

 

Desculpe a péssima redação...

 

Reflita

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Uma coisa que o entrevistado diz e eu discordo é que enchentes no Mercadão em Sampa (E, por extensão, na cidade) eram coisa rara.

Eu mesmo presenciei várias, nas décadas de 60, 70...

 

Aqui tem algumas fotos: viewtopic.php?f=150&t=15611

Estão lá no fim do tópico.

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Todo mundo fala de falta de água, Cantareira,etc; mas, ninguém fala o que está acontecendo no setor elétrico. Já estamos sentindo no bolso, as bobagens que o governo federal vem fazendo.

Em Campos do Jordão, a energia subiu 38% mês passado. A partir de hoje em Taubaté, as contas ficarão 21% mais caras.

 

Outra coisa que não teve a repercussão que deveria, foi a fala do provável novo governador do RJ, que disse que se não começar a chover, o Rio deve enfrentar falta de água no próximos mês.

 

Às vezes, acho que a maioria das pessoas adoram criticar São Paulo.

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Todo mundo fala de falta de água, Cantareira,etc; mas, ninguém fala o que está acontecendo no setor elétrico. Já estamos sentindo no bolso, as bobagens que o governo federal vem fazendo.

Em Campos do Jordão, a energia subiu 38% mês passado. A partir de hoje em Taubaté, as contas ficarão 21% mais caras.

 

Outra coisa que não teve a repercussão que deveria, foi a fala do provável novo governador do RJ, que disse que se não começar a chover, o Rio deve enfrentar falta de água no próximos mês.

 

Às vezes, acho que a maioria das pessoas adoram criticar São Paulo.

 

 

A MÍDIA NACIONAL TEM FALADO DE VÁRIOS ESTADOS SOBRE A SECA, NÃO APENAS DE SP.

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Agência autoriza Sabesp a ampliar faixa de bônus a quem poupar água

 

Clientes que reduzirem consumo entre 10% e 20% também terão desconto.

Decisão da Arsesp passa a valer a partir desta quinta-feira (23).

 

http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2014/10/agencia-autoriza-sabesp-ampliar-faixa-de-bonus-quem-poupar-agua.html

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Outra coisa que não teve a repercussão que deveria, foi a fala do provável novo governador do RJ, que disse que se não começar a chover, o Rio deve enfrentar falta de água no próximos mês.

Às vezes, acho que a maioria das pessoas adoram criticar São Paulo.

1. Eu critico SP porque moro aqui e, como disse acima, já sinto o problema em casa. :sad:

Aliás, li na Folha de São Paulo de domingo último, que os descontos que a SABESP está dando para quem economiza água (Nós aqui em casa incluídos, que conseguimos diminuir bem o consumo, usando água da máquina de lavar roupa para limpeza de quintal, descarga, etc, etc) já diminuiu a receita em mais de R$ 1 bi.

E... imaginem: segundo a FSP, a SABESP já está acenando com aumento para compensar este rombo.

 

2. Antes que alguém diga alguma coisa, não votei (E não vou votar) na Dilma (Nem no Aécio), também não votei no Padilha (Nem no Alckmin)...

Porém, a verdade é que o governo de SP tem grande responsabilidade no enrosco em que estamos. :rtfm:

Já deviam ter começado algum tipo de racionamento em janeiro, pois dezembro já tinha sido muito seco.

Dava para fazer uma campanha de esclarecimento e até obter dividendos na eleição :mosking: , alegando responsabilidade com a população, planejamento sério, medidas preventivas, etc, etc.

Mas não. Aparentemente apostaram em São Pedro e deu no que deu.

 

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Agora, evidentemente o problema não é só em SP.

 

Em MG e Rio, o problema também é muito sério.

A região metropolitana do Rio depende enormemente das águas do rio Paraíba do Sul, que também está com volume baixíssimo.

 

Em MG já existem vários municípios racionando água há tempos.

 

O setor elétrico também vai sofrer muito se não chover.

Apesar das termoelétricas, se São Pedro não cooperar corremos o risco de repetir 2001.

 

Já estive em Pirapora-MG e conheço as corredeiras do rio São Francisco lá.

Quando o rio está cheio, chegam a 1 km nos pontos mais largos.

Pois bem, vi uma foto outro dia que me deixou estarrecido: um monte de pedras e só um canalzinho estreito de água no meio. :shok:

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Mais pelo menos esta na PAZ , com postagens boas e pontuais sem confusão !

 

De acordo!

 

Antes ter 15 ou 20 posts diários de qualidade do que ter uns 150/200 posts por dia, sendo que a maioria deles é discussão, confusão, polêmicas que acaba cansando bastante.

 

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Situação dos reservatórios das hidrelétricas ontem:

 

Sudeste/Centro oeste: 20,62%

Sul: 91,12%

Nordeste: 17,37

Norte: 35,38%

 

Enfim, apenas os reservatórios do sul brasileiro que estão em situações super tranquilas

 

Fonte: http://www.ons.org.br/home/

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