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Brasil Abaixo de Zero

TôBrabo

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  1. A foto das araucárias "toscas e espremidas" são, certamente, de um plantio com não mais que 60 anos, plantadas com espaçamento inadequado, e ainda bem pequenas. Não existe na natureza floresta que não saiba o espaçamento adequada entre seus indivíduos de maior porte, deixando espaço adequado para espécies de todos os tamanhos cresceram entre elas e para a fauna cumprir seus papéis nos complexos ciclos da natureza. Florestas de araucária no clímax foram praticamente extintas no meio do século XX. Estima-se que resta entre 3 e 7%, apenas em reservas, terras indígenas e locais pouco acessíveis. Originalmente as matas de araucária eram dominadas por gigantes, como a araucária multisecular de Nova Petrópolis. Imaginem áreas gigantescas dominadas por árvores daquele porte... Existem algumas imagens dos primórdios da colonização das serras em que as matas de araucárias gigantes aparecem. E no meio delas antas, veados, catetos, onças pintadas, harpias, culturas humanas intimamente conectadas às araucárias há milênios (proto-jês vivem entre as araucárias, se alimentando de pinhão, desde antes da cultura egípcia antiga surgir). Sem falar na história evolutiva quase inacreditável das araucárias: formaram as primeiras florestas lenhosas do planeta. Praticamente todo o carvão do mundo vêm de florestas de araucárias de eras atrás, até perderem a batalha evolutiva para as angiospermas e sobreviverem isoladas na Gondwana, com espécies primas entre si em boa parte dos continentes e ilhas do hemisfério sul depois da última separação dos continentes, cada espécie com sua beleza única (adoro as da Nova Caledônia), formando inclusive as extintas grandes florestas da Antártida. Recentemente começaram os estudos sobre a evolução recente da Araucaria Angustifolia, que mostram que sua área de abrangência já foi muito maior em épocas mais frias, ocupando o nordeste brasileiro, e provando que os indígenas Jês foram essenciais na expansão e manutenção dos pinhais. Eu, pessoalmente, acho Pinus em monocultura esteticamente deprimente, ainda mais sabendo dos impactos ambientais, sociais e econômicos que a monocultura causa, principalmente sobre os campos nativos (também campões de beleza a nível global). Agora, no seu ambiente nativo, no Caribe, México e Estados Unidos, são maravilhosas.
  2. Estou há mais de um mês com o céu que deveria ser azul cinza, a lua amarela em vez de branca. Minha cidade está dentro de uma bolha de poluição muito visível no horizonte há 50 anos, por causa do homem. Pense nisso acontecendo em todas as regiões densamente habitadas do planeta ao mesmo tempo. Vejo com facilidade o dedo do Homo Sapiens no clima. Acompanho diariamente o RAMMB e é notável a formação de rios voadores o tempo inteiro sobre a Amazônia verde mas não sobre os desmatamentos entre Xingu e Paresi. O grosso do desmatamento na Amazônia foi antes de 2007 mas teve muito depois disso. Cerrado sofreu além do limite neste tempo. Os campos sulinos praticamente desapareceram em 15 anos fora de unidades de conservação minúsculas. Adicione desmatamentos gigantescos na Argentina, Paraguai e Bolívia. Alguém disse aqui que é possível ter agricultura competitiva e sustentável e desmatamento. Agricultura competitiva e sustentável é muito possível. Quanto ao desmatamento desconheço uma única área de Pampa, Cerrado, Pantanal, Amazônia, Caatinga que possa dizer "aqui pode desmatar que não vai ser uma grande perda". Em biomas fora do Brasil o cenário é bem parecido, a crise do meio ambiente é global. Veja que falo bioma e não floresta, e floresta não se reconstroi com silvicultura. Também não falo de aquecimento global porque não é o fantasma dele que alimenta a necessidade de não desmatar. Uma possível refutação do aquecimento jamais seria licença pra desmatar mais. Na dúvida sobre as consequências (que pra mim não há, é ruim pra todo mundo), que se preservem o biomas.
  3. Em Porto Alegre 25 graus e muita fumaça do Chaco e Pantanal. Entre fumaça e umidade só consegui enxergar claramente o extremo sul da Serra Geral, a uns 75 km em linha reta, 4 vezes nos últimos 30 dias. A visão dos morros é meu medidor não-científico de percepção de qualidade do ar (e outros fatores envolvidos na visibilidade). Acredito ser o maior período sob influência de fumaça desde que comecei a acompanhar (2011). Foto do dia 28/09 e de hoje.
  4. Tenho a mesma dúvida. Procurei estudo sobre isso e não encontrei. O que sei é baseado em fotos antigas e conversas com biólogos e agrônomos com mais experiência. Minhas teorias: havia maior zelo pelas árvores, com podas frequentes (talvez mais agressivas do que é indicado hoje, mas nesse caso podem ser boas); havia mais espaço pra fauna e flora nativa em volta da cidade então as aves que espalham a praga não precisavam ocupar as árvores exóticas; as pragas (entendo que o que chamamos erva-de-passarinho são várias espécies com comportamento parecido) pode ser como sabiá, mesmo sendo nativas competem melhor em espaços urbanizados do que matas preservadas, um lapso evolutivo.
  5. A foto indica o que torna plátanos, liquidâmbares, tílias, carvalhos (já vi em eucaliptos, ciprestes, uva-do-japão e mesmo nativas mau cuidadas) fadados à morte em boa parte do Brasil, inclusive Porto Alegre. As ervas de passarinho, emaranhados verdes na copa que deveria estar nua, se não forem retirados crescem até matar a hospedeira. Acontece em 80% dos plátanos de Porto Alegre, no mínimo. O melhor controle é o manejo desses vegetais por técnicos capacitados, que façam podas corretas, raríssimos em prefeituras brasileiras, muito mais comuns no Uruguai e Argentina, que também são fora da área nativa destas ervas, portanto são lugares com árvores caducas do hemisfério norte geralmente mais saudáveis. Nos altos das serras, campos de altitude e pampas estas árvores se dão melhor sem tanto cuidado. Admiro a beleza delas, plantei duas liquidâmbares em Canela, mas em Porto Alegre aceitei que angicos, jacarandás, canafístulas, tipuanas, ipês, guapuruvus, que evoluíram no mesmo ambiente que as ervas e tem mais proteções naturais contra elas nestes ambientes desequilibrados, formam conjuntos igualmente lindos e proporcionam um rico espetáculo estacional. No momento, enquanto as decíduas do hemisfério norte renascem suas folhas verdes, as nativas de florestas deciduais do Brasil se cobrem de seus tons de amarelo e laranja para em breve perderem todas as folhas e florescerem amarelas, roxas, vermelhas, laranja. As datas variam entre as regiões de ocorrência numa dança milenar. De qualquer forma acho obrigação dos porto-alegrenses cuidar do que resta dos grandes plátanos plantados no passado, quando se davam melhor aqui, em vez de cortá-los e substituí-los (no caso do túnel de plátanos cortados este ano próximo a Igreja da Dores nem substituídos foram). Destaco os plátanos do bairro Boa Vista, Vila Conceição, bairro Petrópolis, quarto distrito, parque Marinha, hidráulica do Moinhos...
  6. Pampa e Cerrado estão 50% desmatados e cada ano aumenta; Mata Atlântica respira com ajuda de aparelhos, praticamente extinta já que a fragmentação a torna insustentável a longo prazo, e Amazônia segue o mesmo caminho de fragmentação. A Europa foi desmatada ao longo de milênios, as últimas florestas milenares tombaram há mil anos na Polônia, deixando impactos que são observados hoje em pesquisas, vários provavelmente imperceptíveis a quem os viveu, outros não. Uma diferença brutal é que isso aconteceu quando o resto do mundo estava praticamente intacto. O Brasil desmata, hoje, em um país e em um planeta que já passaram de suas cotas. Arqueologia contemporânea esclarece cada vez mais o papel de desastres climático-ambientais na história de grandes civilizações e suas quedas. Europa, Índia e China são exceções que conseguiram sobreviver a todas essas crises desde milênios. O Brasil, por seu tamanho, clima, talvez seja, mas talvez não seja, provavelmente não vai ser essa geração que vai saber. Escrevo isso em uma Porto Alegre abafada, iluminada por um sol amarelo-esquisito filtrado desde manhã pelas fumaças do centro do continente (como em todo agosto desde que me lembro por gente), que agora começa a pingar grosso e trovejar. Amanhã espera-se 12 graus.
  7. Incomparável as consequências climáticas e ambientais de uma floresta de eucaliptos (que é totalmente discutível chamar de floresta) com a Mata Atlântica ou qualquer floresta primária milenar, inclusive o Cerrado. Interferência humana na escala que está acontecendo nos biomas brasileiros não tem precedente e é impossível dizer todas as consequências. Esses biomas com seu funcionamento usual, seus ciclos, eram totalmente relacionados com o clima de todo continente do jeito que conhecíamos desde sempre e o recuo de quase 2000 km deles em relação ao centro populacional do Brasil em cinco décadas é um cheque em branco que assinamos quanto a manutenção do clima, água, biodiversidade...
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