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Brasil Abaixo de Zero

Chuvas no verão de 2020 no Brasil


LeoP
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Criei este tópico pra eu e os demais colegas deixarem as informações registradas e disponíveis sobre esse verão espetacular em boa parte do Brasil, afinal merece ficar registrado. Seja aqui em Belo Horizonte, que foi excepcional e histórico pelo excesso de chuvas, ou no nordeste brasileiro pela recuperação após tantos anos frustrantes (como o caso de Queimada Nova, que o @Tstorm acabou de relatar) ou mesmo no sul (caso tenha ocorrido alguma historicidade pela seca). Tudo isso combinado com a estação mais fresca em quase 10 anos em parte do país. Considerei verão como o período JFM.

 

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Belo Horizonte - MG

 

O verão de 2020 foi, disparado, o mais chuvoso desde 1961 em Belo Horizonte. Deixou o segundo lugar beeem longe e o mais interessante: ocorreu apenas 6 anos após o mais seco já registrado (2014):

 

2020: 1624 mm acumulados em 54 dias com precipitação mensurável (1mm ou mais) e 416,4h de insolação. O segundo lugar é 1985, com cerca de 1500mm.

2014: 200,5mm acumulados em 15 dias com precipitação mensurável (1mm ou mais) e 709,7h de insolação.

 

Outros recordes:

Maior chuva em 24h: 171,8mm (dia 24/01)

Maior chuva em 48h: 312,5mm (dias 24 e  25/01)

Número de dias com mais de 100mm: 3 em jan/2020

 

É possível, inclusive, este também ser o ano mais chuvoso já registrado. Até o momento (13/04), temos 1700mm, de forma que faltam apenas 809,8mm pra ultrapassar 1983. Bem possível cair essa quantidade de água até o final do ano.

Edited by LeoP
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No sudeste, pela primeira vez desde o verão 2008/2009, finalmente tivemos um DJFM do começo ao fim com chuvas regulares e nenhuma incidência daqueles bloqueios, algo que tem sido bem recorrente na década de 2010. O que tivemos no máximo foram alguns períodos rápidos de redução das chuvas na região, mas que logo foram interrompidos pela chegada de uma frente fria.

Uma situação bem curiosa foi o fato de algumas ZCAS conseguirem trazer chuvas fortes no leste da Bahia, alcançando o recôncavo baiano.

 

Fevereiro em São Paulo, além de chuvoso (destaque para a chuvarada do dia 10), foi um mês com pouco sol e até mesmo algumas dias com sensação de frio (como no final de semana que antecedeu o carnaval e também os últimos dias deste mês).

Janeiro foi também um mês com bastante dias nublados, mas não tão chuvoso. A semana que compreendeu os dias 06 e 11, considero o período de maior desconforto deste verão devido aos dias marcados pela grande sensação de abafamento.

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42 minutes ago, Daniel85 said:

No sudeste, pela primeira vez desde o verão 2008/2009, finalmente tivemos um DJFM do começo ao fim com chuvas regulares e nenhuma incidência daqueles bloqueios, algo que tem sido bem recorrente na década de 2010. O que tivemos no máximo foram alguns períodos rápidos de redução das chuvas na região, mas que logo foram interrompidos pela chegada de uma frente fria.

Uma situação bem curiosa foi o fato de algumas ZCAS conseguirem trazer chuvas fortes no leste da Bahia, alcançando o recôncavo baiano.

 

Fevereiro em São Paulo, além de chuvoso (destaque para a chuvarada do dia 10), foi um mês com pouco sol e até mesmo algumas dias com sensação de frio (como no final de semana que antecedeu o carnaval e também os últimos dias deste mês).

Janeiro foi também um mês com bastante dias nublados, mas não tão chuvoso. A semana que compreendeu os dias 06 e 11, considero o período de maior desconforto deste verão devido aos dias marcados pela grande sensação de abafamento.

Realmente foi um verão bem melhor que os anteriores em termos de regularidade de chuvas e temperatura, mas endossaria mais os estados de MG, ES e RJ nesse quadro. Infelizmente o mês de março deu uma quebrada boa nisso no estado de SP, em muitas áreas a chuva ficou bem abaixo da média, principalmente na porção central e noroeste. Em Bauru (Unesp) acumulou apenas 14,7mm (mais seco da série desde 2001). Em Cafelândia (Cemaden) deu 46,2mm, em Marília 47,6mm com apenas 3 dias de chuva (>1mm), Lins com 33,6mm (INMet automática). Até fechar a primeira quinzena do mês praticamente não choveu em diversas estações que observei.👇👇

image.thumb.png.6e1cc1a966a664dd32a8d59826bee1a4.png

 

Mas no cômpito geral você tem razão, foi um verão joia e com grande destaque para fevereiro, que choveu muito aqui. E dando uma olhada no outro tópico de "Resumos Climáticos" em São Paulo Fevereiro foi o mais chuvoso dos últimos 26 anos (postagem do @Wallace Rezende), enquanto que março foi o 3º mais seco para o mesmo período. Mas é sempre assim, sempre tem algum mês que compensa (ou descompensa). 

SBBH.png

Edited by Lucas Centurion
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Guest Wallace Rezende

Apesar de toda a chuva desde janeiro, a estação convencional de Belo Horizonte não registrou a sua estação úmida (out/mar) mais chuvosa da história em 2019/2020.  De acordo com a notícia abaixo, do site O Tempo, entre outubro de 1984 e março de 1985 Belo Horizonte recebeu 2221 mm, e em 2019/2020 foram 1998,9 mm (a notícia é do dia 18/03, então somei os totais diários restantes de março para chegar ao valor final).

 

A vantagem de 84/85 foi "cavada" ainda na primavera de 1984, quando já começou a chover bem em BH depois de um primeiro semestre seco, enquanto 2019 terminou com um dezembro de pouca chuva e só em jan/2020 as chuvas "decolaram".  Não tenho o acumulado de dezembro de 1984 em BH, mas sei que houve uma chuva diária de 134 mm no mês (16/12), a maior do ano, o que sugere um mês chuvoso (graças ao anuário, http://www.bibliotecadigital.mg.gov.br/consulta/verDocumento.php?iCodigo=51563 ).

 

Depois disso, choveu 850,3 mm em janeiro (o mês mais chuvoso, até ser batido em 2020) e 412 mm em março (o segundo mais chuvoso, atrás de 1916) de 1985.  Infelizmente não tenho o total de fevereiro, mas somente janeiro e março de 1985 somaram 1262,3 mm.  Na falta do dado de fevereiro do INMET, estações da ANA nas proximidades registraram volumes na casa dos 200 mm em fevereiro de 1985, o que colocaria o total do primeiro trimestre em torno dos 1500 mm.

 

Daí pode-se ter certeza que o período janeiro/março de 1985 foi o segundo mais chuvoso, e não o de 2003.

 

Resumindo: o primeiro trimestre mais chuvoso ocorreu em 2020, mas não a estação úmida mais chuvosa, que foi a de 1984/1985.

 

E os anos mais chuvosos?

 

Bem, de acordo com dados do anuário de Minas Gerais (link acima), tirado  da base original do INMET, os anos mais chuvosos entre 1940 e 1993 em BH foram:

 

1983: 2509,8 mm

1985: 2338,3 mm

1945: 2268,3 mm

 

2020 certamente está na disputa com seus 1700 mm até agora, mas só no final do ano saberemos se os anos 80 vão perder a liderança.

 

SBBH.png.46933c04ec9b35b1a479aeab4d1d19fa.png

 

Edited by Wallace Rezende
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1 hora atrás, LeoP disse:

Criei este tópico pra eu e os demais colegas deixarem as informações registradas e disponíveis sobre esse verão espetacular em boa parte do Brasil, afinal merece ficar registrado. Seja aqui em Belo Horizonte, que foi excepcional e histórico pelo excesso de chuvas, ou no nordeste brasileiro pela recuperação após tantos anos frustrantes (como o caso de Queimada Nova, que o @Tstorm acabou de relatar) ou mesmo no sul (caso tenha ocorrido alguma historicidade pela seca). Tudo isso combinado com a estação mais fresca em quase 10 anos em parte do país. Considerei verão como o período JFM.

 

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Belo Horizonte - MG

 

O verão de 2020 foi, disparado, o mais chuvoso desde 1961 em Belo Horizonte. Deixou o segundo lugar beeem longe e o mais interessante: ocorreu apenas 6 anos após o mais seco já registrado (2014):

 

2020: 1624 mm acumulados em 54 dias com precipitação mensurável (1mm ou mais) e 416,4h de insolação. O segundo lugar, 2003, foi humilhado: 1143,2mm.

2014: 200,5mm acumulados em 15 dias com precipitação mensurável (1mm ou mais) e 709,7h de insolação.

 

Outros recordes:

Maior chuva em 24h: 171,8mm (dia 24/01)

Maior chuva em 48h: 312,5mm (dias 24 e  25/01)

Número de dias com mais de 100mm: 3 em jan/2020

 

Provavelmente, este também será o ano mais chuvoso já registrado. Até o momento (13/04), temos 1700mm, de forma que faltam apenas 460mm pra ultrapassar 2009. Bem fácil cair essa quantidade de água até o final do ano.

Vou divulgar os dados da sub-bacia do Rio Muriaé/Zona da Mata de Minas, já somei todo período chuvoso de outubro a março,foi o maior período chuvoso, desde o verão 1978/1979.Teve estação que passou de 2000 mm de outubro a março.

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11 minutes ago, Wallace Rezende said:

Apesar de toda a chuva desde janeiro, a estação convencional de Belo Horizonte não registrou a sua estação úmida (out/mar) mais chuvosa da história em 2019/2020.  De acordo com a notícia abaixo, do site O Tempo, entre outubro de 1984 e março de 1985 Belo Horizonte recebeu 2221 mm, e em 2019/2020 foram 1998,9 mm (a notícia é do dia 18/03, então somei os totais diários restantes de março para chegar ao valor final).

 

A vantagem de 84/85 foi "cavada" ainda na primavera de 1984, quando já começou a chover bem em BH depois de um primeiro semestre seco, enquanto 2019 terminou com um dezembro de pouca chuva e só em jan/2020 as chuvas "decolaram".  Não tenho o acumulado de dezembro de 1984 em BH, mas sei que houve uma chuva diária de 134 mm no mês (16/12), a maior do ano, o que sugere um mês chuvoso (graças ao anuário, http://www.bibliotecadigital.mg.gov.br/consulta/verDocumento.php?iCodigo=51563 ).

 

Depois disso, choveu 850,3 mm em janeiro (o mês mais chuvoso, até ser batido em 2020) e 412 mm em março (o segundo mais chuvoso, atrás de 1916) de 1985.  Infelizmente não tenho o total de fevereiro, mas somente janeiro e março de 1985 somaram 1262,3 mm.  Na falta do dado de fevereiro do INMET, estações da ANA nas proximidades registraram volumes na casa dos 200 mm em fevereiro de 1985, o que colocaria o total do primeiro trimestre em torno dos 1500 mm.

 

Daí pode-se ter certeza que o período janeiro/março de 1985 foi o segundo mais chuvoso, e não o de 2003.

 

Resumindo: o primeiro trimestre mais chuvoso ocorreu em 2020, mas não a estação úmida mais chuvosa, que foi a de 1984/1985.

 

E os anos mais chuvosos?

 

Bem, de acordo com dados do anuário de Minas Gerais (link acima), tirado  da base original do INMET, os anos mais chuvosos entre 1940 e 1993 em BH foram:

 

1983: 2509,8 mm

1985: 2338,3 mm

1945: 2268,3 mm

 

2020 certamente está na disputa com seus 1700 mm até agora, mas só no final do ano saberemos se os anos 80 vão perder a liderança.

 

SBBH.png.46933c04ec9b35b1a479aeab4d1d19fa.png

 

Aconteceu um bug muito louco aqui. Na hora de eu postar a minha tabela apareceu essa sua imagem "período chuvoso" do nada nos meus uploads. o.OxD

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30 minutos atrás, Wallace Rezende disse:

Apesar de toda a chuva desde janeiro, a estação convencional de Belo Horizonte não registrou a sua estação úmida (out/mar) mais chuvosa da história em 2019/2020.  De acordo com a notícia abaixo, do site O Tempo, entre outubro de 1984 e março de 1985 Belo Horizonte recebeu 2221 mm, e em 2019/2020 foram 1998,9 mm (a notícia é do dia 18/03, então somei os totais diários restantes de março para chegar ao valor final).

 

A vantagem de 84/85 foi "cavada" ainda na primavera de 1984, quando já começou a chover bem em BH depois de um primeiro semestre seco, enquanto 2019 terminou com um dezembro de pouca chuva e só em jan/2020 as chuvas "decolaram".  Não tenho o acumulado de dezembro de 1984 em BH, mas sei que houve uma chuva diária de 134 mm no mês (16/12), a maior do ano, o que sugere um mês chuvoso (graças ao anuário, http://www.bibliotecadigital.mg.gov.br/consulta/verDocumento.php?iCodigo=51563 ).

 

Depois disso, choveu 850,3 mm em janeiro (o mês mais chuvoso, até ser batido em 2020) e 412 mm em março (o segundo mais chuvoso, atrás de 1916) de 1985.  Infelizmente não tenho o total de fevereiro, mas somente janeiro e março de 1985 somaram 1262,3 mm.  Na falta do dado de fevereiro do INMET, estações da ANA nas proximidades registraram volumes na casa dos 200 mm em fevereiro de 1985, o que colocaria o total do primeiro trimestre em torno dos 1500 mm.

 

Daí pode-se ter certeza que o período janeiro/março de 1985 foi o segundo mais chuvoso, e não o de 2003.

 

Resumindo: o primeiro trimestre mais chuvoso ocorreu em 2020, mas não a estação úmida mais chuvosa, que foi a de 1984/1985.

 

E os anos mais chuvosos?

 

Bem, de acordo com dados do anuário de Minas Gerais (link acima), tirado  da base original do INMET, os anos mais chuvosos entre 1940 e 1993 em BH foram:

 

1983: 2509,8 mm

1985: 2338,3 mm

1945: 2268,3 mm

 

2020 certamente está na disputa com seus 1700 mm até agora, mas só no final do ano saberemos se os anos 80 vão perder a liderança.

 

SBBH.png.46933c04ec9b35b1a479aeab4d1d19fa.png

 

 

Vou guardar esse link. Sempre esqueço que na base de dados falta alguns anos da década de 80 (justamente os campeões em chuva), daí faço um levantamento errado. Vou corrigir lá.

 

Sobre a estação úmida mais chuvosa, eu já sabia que não era o caso, pois dezembro ficou devendo muita chuva por aqui. Outubro também ficou abaixo da média. O destaque mesmo foi o verão por si só.

 

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@Daniel85, ao fazer esse levantamento, algo interessante que notei é que a ASAS (em intensidade fraca a moderada) faz parte do verão no sudeste. Na maioria dos anos (ou em boa parte deles), um dos meses do quadrimestre DJFM temina com significativa anomalia negativa de chuvas, o que sugere atuação do sistema.

 

Podemos interpretar a estação chuvosa como marcada por pulsos mais úmidos seguidos de pulsos menos umidos. O mais comum é o pulso menos úmido ter chuvas irregulares de verão (que não dão conta de cobrir os grandes volumes médios da época), sendo que secar quase completamente como ocorreu em 2014 e 2015 é bem mais raro.

Edited by LeoP
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Guest Wallace Rezende
1 hora atrás, Lucas Centurion disse:

 

Mas no cômpito geral você tem razão, foi um verão joia e com grande destaque para fevereiro, que choveu muito aqui. E dando uma olhada no outro tópico de "Resumos Climáticos" em São Paulo Fevereiro foi o mais chuvoso dos últimos 26 anos (postagem do @Wallace Rezende), enquanto que março foi o 3º mais seco para o mesmo período. Mas é sempre assim, sempre tem algum mês que compensa (ou descompensa). 

SBBH.png

Só uma correção: os resumos que postei são do CGE (levando em conta a média das estações pluviométricas espalhadas pela capital paulista por eles), e de acordo com eles fevereiro de 2020 foi o quarto mais chuvoso dos últimos 26 anos na cidade de São Paulo, e março de 2020 realmente o terceiro mais seco.  O Mirante do Santana teve o fevereiro mais chuvoso da história (1945/2020) este ano, mas porque calhou de ser o lugar mais chuvoso da cidade no mês.

 

Agora falando do Rio de Janeiro, o primeiro trimestre de 2020 também terminou com chuvas acima da média, e foi fevereiro que "puxou o bonde" (janeiro foi um pouco seco e março normal).  Janeiro, apesar do volume relativamente baixo, teve boa cobertura de nuvens e chuvas frequentes, então não foi um mês "seco" clássico, já que a umidade do solo se manteve em níveis satisfatórios ao longo do mês. 

 

Março que acabou registrando o período mais longo sem chuva deste início de ano, quase duas semanas em alguns bairros, pois concentrou as chuvas no início do mês e nos dias 20/21 (como choveu muito em fevereiro, a irregularidade das chuvas em março não foi um problema, até porque março foi bem fresco).  Na verdade, este período seco do dia 5/6 até o dia 19 de março foi bom, pois entre o último dia de fevereiro e o primeiro dia de março choveu quase 200 mm em partes da zona oeste do Rio (com o solo já muito úmido de fevereiro), causando enxurradas de lama e alagamentos em alguns bairros, mas a pausa nas chuvas que veio logo depois afastou o risco de problemas mais graves e generalizados.

 

Os volumes registrados em média (33 pluviômetros) na capital fluminense em cada um dos meses, e os desvios para a média 1997/2019 (os registros de média municipal foram iniciados em 1997, com o Alerta Rio).

 

Janeiro: 107,4 mm (-63,9 mm)

 

Fevereiro: 324,3 mm (+212,9 mm) - fevereiro mais chuvoso desde o início do monitoramento (1997), superando os 281,3 mm de 2019.

 

Março: 152,2 mm (+9,3 mm)

 

Trimestre: 583,9 mm (+158,3 mm)

 

Olhando para cada uma das 33 estações pluviométricas da cidade do Rio, o menor volume mensal foi registrado no bairro de Sepetiba (extremo sudoeste da cidade do Rio) com 40,2 mm em janeiro (este foi também o menor volume de toda a Região Sudeste em janeiro), e o maior volume foi registrado no bairro do Alto da Boa Vista (zona norte) em fevereiro, com 540,2 mm.

 

Voltando um pouco mais, para pegar o início do verão, dezembro de 2019 também foi de chuvas abaixo da média na cidade do Rio (99,9 mm x 148,2 mm), mas com a mesma condição de janeiro (nebulosidade relativamente abundante e nenhum período prolongado sem chuva).

 

Edited by Wallace Rezende
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17 minutes ago, Wallace Rezende said:

Só uma correção: os resumos que postei são do CGE (levando em conta a média das estações pluviométricas espalhadas pela capital paulista por eles), e de acordo com eles fevereiro de 2020 foi o quarto mais chuvoso dos últimos 26 anos na cidade de São Paulo, e março de 2020 realmente o terceiro mais seco.  O Mirante do Santana teve o fevereiro mais chuvoso da história (1945/2020) este ano, mas porque calhou de ser o lugar mais chuvoso da cidade no mês.

 

Agora falando do Rio de Janeiro, o primeiro trimestre de 2020 também terminou com chuvas acima da média, e foi fevereiro que "puxou o bonde" (janeiro foi um pouco seco e março normal).  Janeiro, apesar do volume relativamente baixo, teve boa cobertura de nuvens e chuvas frequentes, então não foi um mês "seco" clássico, já que a umidade do solo se manteve em níveis satisfatórios ao longo do mês. 

 

Março que acabou registrando o período mais longo sem chuva deste início de ano, quase duas semanas em alguns bairros, pois concentrou as chuvas no início do mês e nos dias 20/21 (como choveu muito em fevereiro, a irregularidade das chuvas em março não foi um problema, até porque março foi bem fresco).  Na verdade, este período seco do dia 5/6 até o dia 19 de março foi bom, pois entre o último dia de fevereiro e o primeiro dia de março choveu quase 200 mm em partes da zona oeste do Rio (com o solo já muito úmido de fevereiro), causando enxurradas de lama e alagamentos em alguns bairros, mas a pausa nas chuvas que veio logo depois afastou o risco de problemas mais graves e generalizados.

 

Os volumes registrados em média (33 pluviômetros) na capital fluminense em cada um dos meses, e os desvios para a média 1997/2019 (os registros de média municipal foram iniciados em 1997, com o Alerta Rio).

 

Janeiro: 107,4 mm (-63,9 mm)

 

Fevereiro: 324,3 mm (+212,9 mm) - fevereiro mais chuvoso desde o início do monitoramento (1997), superando os 281,3 mm de 2019.

 

Março: 152,2 mm (+9,3 mm)

 

Trimestre: 583,9 mm (+158,3 mm)

 

Olhando para cada uma das 33 estações pluviométricas da cidade do Rio, o menor volume mensal foi registrado no bairro de Sepetiba (extremo sudoeste da cidade do Rio) com 40,2 mm em janeiro (este foi também o menor volume de toda a Região Sudeste em janeiro), e o maior volume foi registrado no bairro do Alto da Boa Vista (zona norte) em fevereiro, com 540,2 mm.

 

Voltando um pouco mais, para pegar o início do verão, dezembro de 2019 também foi de chuvas abaixo da média na cidade do Rio (99,9 mm x 148,2 mm), mas com a mesma condição de janeiro (nebulosidade relativamente abundante e nenhum período prolongado sem chuva).

 

Obrigado pela correção! Essa discrepância toda nos acumulados entre as regiões serranas da cidade do Rio e do estado (por exemplo Petrópolis) e as partes baixas da cidade é impressionante. Pelo que eu observo pra quem gosta de chuva é melhor sempre tá pertinho das serras.

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De uma forma geral, foi um verão bem chuvoso aqui na minha região da zona da mata, um verdadeiro alívio após tantos verões anormais. Além disso, foi o mais fresco desde a temporada 2010-2011. O principal destaque ficou por conta da forte ZCAS que atingiu todas as cidades do leste e do norte da zona da mata, trazendo prejuízos materiais importantes e vítimas fatais.

 

Mas curiosamente, em Juiz de Fora em si, praticamente não tivemos problemas com a chuva nesse verão. A ZCAS de Janeiro passou batida por aqui, e foi em Fevereiro que tivemos os eventos mais importantes, quando o rio paraibuna chegou a inundar em alguns bairros da cidade. Foi o Fevereiro mais chuvoso desde 2004.

 

A estação chuvosa como um todo (Out a Mar) teve chuvas acima da média na cidade, mas passou muito longe de recordes... o total acumulado ficou em 1468,3mm no INMET e 1466mm na minha estação, valores incrivelmente semelhantes né ? Foi a melhor estação chuvosa desde 2010-2011.

 

E como já disseram aqui, foi um verão sem bloqueios atmosféricos. Já nem me lembrava mais qual tinha sido a última vez assim... nós merecíamos muito um verão assim !

 

 

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15 horas atrás, LeoP disse:

 

@Daniel85, ao fazer esse levantamento, algo interessante que notei é que a ASAS (em intensidade fraca a moderada) faz parte do verão no sudeste. Na maioria dos anos (ou em boa parte deles), um dos meses do quadrimestre DJFM temina com significativa anomalia negativa de chuvas, o que sugere atuação do sistema.

 

Podemos interpretar a estação chuvosa como marcada por pulsos mais úmidos seguidos de pulsos menos umidos. O mais comum é o pulso menos úmido ter chuvas irregulares de verão (que não dão conta de cobrir os grandes volumes médios da época), sendo que secar quase completamente como ocorreu em 2014 e 2015 é bem mais raro.

 

Eu diria o seguinte em relação à cidade de São Paulo e região (O pessoal daqui pode corrigir ou acrescentar alguma coisa): um período seco de até 6 ou 7 dias seguidos no verão (D, J, F, M) é normal de acontecer, podendo se estender até um pouco mais em março.

Agora, quando passa de dez dias já começa sair da normalidade.

 

E, como ocorreu em janeiro, citado pelo Daniel, um mês de chuva abaixo da média aqui não é necessariamente seco.

 

Agora, a atuação da ASAS acompanhada de pouca chuva e calor infernal, como em alguns dos últimos anos, é coisa bem fora do normal.

Acontecia no passado sim, mas era coisa de 1 vez por década, uma vez a cada 15 anos, por aí.

 

Um episódio de ASAS no verão muito marcante e que caiu no esquecimento, sendo pouco citado, ocorreu em janeiro e fevereiro de 1971.

Nessa ocasião, o Mirante registrou 21 dias seguidos com temperaturas variando de 30° a 34,2°C, de 19/01 até 08/02/1971.

Nesse período, foram registrados apenas 35,0 mm de chuva com 4 dias acima de 1 mm.

No período de 1 mês, de 16/01 até 15/02, foram 82,4 mm em 9 dias com chuva acima de 1 mm.

 

Os totais mensais do verão 1970/71 no Mirante foram (Entre parênteses, a normal 1961-1990):

Dez/70 - 145,9 mm (200,9 mm)

Jan/71 - 187,5 mm (238,7 mm)

Fev/71 - 185,7 mm (217,4 mm)

Mar/71 - 299,7 mm (159,8 mm)

 

Ressaltando que em dezembro, principalmente na 1ª metade do mês, ainda pode haver penetração de massas polares e dias com atividade pós-frontal (Muitas nuvens a nublado, garoas, ventos marítimos, temperaturas amenas/baixas, etc).

Isto é, apesar do mês eventualmente registrar anomalia negativa de chuva, isso nem sempre implica em calor e situação de secura.

 

Edited by Aldo Santos
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Guest Wallace Rezende
16 horas atrás, Lucas Centurion disse:

Essa discrepância toda nos acumulados entre as regiões serranas da cidade do Rio e do estado (por exemplo Petrópolis) e as partes baixas da cidade é impressionante. Pelo que eu observo pra quem gosta de chuva é melhor sempre tá pertinho das serras.

 

Sim, é verdade!  O Rio de Janeiro tem um relevo muito acidentado, tanto a capital (com dois maciços inteiramente dentro da cidade e um parcialmente) quanto o estado (Serras do Mar e Mantiqueira, além de várias outras secundárias), e isso favorece gradientes pluviométricos por vezes extremos.  Na minha cidade natal, Teresópolis, a média anual cai de quase 3000 mm no extremo sul da cidade (borda da serra) para uns 1500 mm no Centro da cidade.  A distância entre os locais?  Uns 4 km!  No extremo norte de Teresópolis, zona rural, há pontos onde a média cai para menos de 1200 mm, na sombra de chuva da Serra dos Órgãos (variações parecidas ocorrem dentro dos municípios de Petrópolis e Nova Friburgo).

 

Dentro da cidade do Rio de Janeiro a média anual vai de quase 2500 mm no Alto da Boa Vista (chegando aos 3800 mm em anos muito chuvosos, como 1998) para 1100 mm nas terras baixas perto da Baía de Guanabara (nos anos mais secos, como 2014, 1984 e 1963, os bairros menos chuvosos da capital fluminense registraram pouco mais de 500 mm), tudo isso dentro da área urbana da cidade.

 

No estado do RJ, as menores médias anuais oscilam em torno dos 800 mm (um pouco mais ou menos) perto da foz do rio Paraíba do Sul (litoral de Campos) e na região de Búzios/Cabo Frio/Arraial do Cabo, e as maiores superam os 3000 mm em zonas habitadas nas encostas da Serra do Mar (como Theodoro de Oliveira, distrito de Nova Friburgo), mas possivelmente se aproximando ou alcançando os 4000 mm nos locais não monitorados e desabitados mais chuvosos (como ocorre em maior grau na Serra do Mar paulista).  Os extremos anuais podem ficar um pouco acima dos 300 mm nos locais mais secos em anos secos (caso do Farol de São Tomé/ANA em 1963) e na faixa dos 5000 mm nos locais mais chuvosos, em anos chuvosos.

 

Esta irregularidade se manifesta na maioria dos meses, com poucas exceções (fevereiro de 2020 foi um mês entre normal e muito chuvoso em todo o estado, e na capital nenhuma estação fechou o mês abaixo dos 220 mm, todas bem acima da média, o que não é muito comum).

 

Para não fugir completamente ao tópico, o resumo do verão 2019/2020 (verão do calendário) na cidade de São Paulo “by” CGE.  A estação registrou chuva dentro da média.

 

SSP.png.2d6eb3909afd25924a1a6a0c7c43ed53.png

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20 horas atrás, LeoP disse:

 

Vou guardar esse link. Sempre esqueço que na base de dados falta alguns anos da década de 80 (justamente os campeões em chuva), daí faço um levantamento errado. Vou corrigir lá.

 

Sobre a estação úmida mais chuvosa, eu já sabia que não era o caso, pois dezembro ficou devendo muita chuva por aqui. Outubro também ficou abaixo da média. O destaque mesmo foi o verão por si só.

 

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@Daniel85, ao fazer esse levantamento, algo interessante que notei é que a ASAS (em intensidade fraca a moderada) faz parte do verão no sudeste. Na maioria dos anos (ou em boa parte deles), um dos meses do quadrimestre DJFM temina com significativa anomalia negativa de chuvas, o que sugere atuação do sistema.

 

Podemos interpretar a estação chuvosa como marcada por pulsos mais úmidos seguidos de pulsos menos umidos. O mais comum é o pulso menos úmido ter chuvas irregulares de verão (que não dão conta de cobrir os grandes volumes médios da época), sendo que secar quase completamente como ocorreu em 2014 e 2015 é bem mais raro.

Exatamente.

Eu também percebo que no verão costuma ter um mês mais seco e os outros úmidos. Nesse últimos, os 4 meses foram úmidos.

Para um padrão pós-2010, foi algo fora da casinha. Deve ter sido porque não tivemos horário de verão pela primeira vez após 35 anos hehe

Pena que tudo isso não foi suficiente para solucionar essa problema em relação aos reservatórios do sistema elétrico, que vem sofrendo com os níveis baixos desde 2013. Esperemos que 2020/2021 tenhamos outro período chuvoso bom.

 

Os pulsos mais úmidos seriam a atuação de canais de umidade, enquanto os menos úmidos seriam a atuação de uma alta pressão na região.

Nesse último verão, os pulsos menos úmidos foram rápidos.

Tivemos algo mais significativo apenas entre o natal e o ano novo (o sul do Brasil foi mais atingido,  já o sudeste foi um pouco poupado, mas mesmo assim houve a supressão das chuvas na região).

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21 horas atrás, Lucas Centurion disse:

Realmente foi um verão bem melhor que os anteriores em termos de regularidade de chuvas e temperatura, mas endossaria mais os estados de MG, ES e RJ nesse quadro. Infelizmente o mês de março deu uma quebrada boa nisso no estado de SP, em muitas áreas a chuva ficou bem abaixo da média, principalmente na porção central e noroeste. Em Bauru (Unesp) acumulou apenas 14,7mm (mais seco da série desde 2001). Em Cafelândia (Cemaden) deu 46,2mm, em Marília 47,6mm com apenas 3 dias de chuva (>1mm), Lins com 33,6mm (INMet automática). Até fechar a primeira quinzena do mês praticamente não choveu em diversas estações que observei.👇👇

image.thumb.png.6e1cc1a966a664dd32a8d59826bee1a4.png

 

Mas no cômpito geral você tem razão, foi um verão joia e com grande destaque para fevereiro, que choveu muito aqui. E dando uma olhada no outro tópico de "Resumos Climáticos" em São Paulo Fevereiro foi o mais chuvoso dos últimos 26 anos (postagem do @Wallace Rezende), enquanto que março foi o 3º mais seco para o mesmo período. Mas é sempre assim, sempre tem algum mês que compensa (ou descompensa). 

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Depois de 3 meses bons, infelizmente março deixou a desejar em boa parte de SP.

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4 horas atrás, Aldo Santos disse:

 

Eu diria o seguinte em relação à cidade de São Paulo e região (O pessoal daqui pode corrigir ou acrescentar alguma coisa): um período seco de até 6 ou 7 dias seguidos no verão (D, J, F, M) é normal de acontecer, podendo se estender até um pouco mais em março.

Agora, quando passa de dez dias já começa sair da normalidade.

 

E, como ocorreu em janeiro, citado pelo Daniel, um mês de chuva abaixo da média aqui não é necessariamente seco.

 

Agora, a atuação da ASAS acompanhada de pouca chuva e calor infernal, como em alguns dos últimos anos, é coisa bem fora do normal.

Acontecia no passado sim, mas era coisa de 1 vez por década, uma vez a cada 15 anos, por aí.

 

Um episódio de ASAS no verão muito marcante e que caiu no esquecimento, sendo pouco citado, ocorreu em janeiro e fevereiro de 1971.

Nessa ocasião, o Mirante registrou 21 dias seguidos com temperaturas variando de 30° a 34,2°C, de 19/01 até 08/02/1971.

Nesse período, foram registrados apenas 35,0 mm de chuva com 4 dias acima de 1 mm.

No período de 1 mês, de 16/01 até 15/02, foram 82,4 mm em 9 dias com chuva acima de 1 mm.

 

Os totais mensais do verão 1970/71 no Mirante foram (Entre parênteses, a normal 1961-1990):

Dez/70 - 145,9 mm (200,9 mm)

Jan/71 - 187,5 mm (238,7 mm)

Fev/71 - 185,7 mm (217,4 mm)

Mar/71 - 299,7 mm (159,8 mm)

 

Ressaltando que em dezembro, principalmente na 1ª metade do mês, ainda pode haver penetração de massas polares e dias com atividade pós-frontal (Muitas nuvens a nublado, garoas, ventos marítimos, temperaturas amenas/baixas, etc).

Isto é, apesar do mês eventualmente registrar anomalia negativa de chuva, isso nem sempre implica em calor e situação de secura.

 

 

Aldo, fiz um levantamento dos meses que considero sob forte atuação de bloqueio aqui em Belo Horizonte e, realmente, o que você falou de Sampa também se aplica aqui. Para isso, considerei os meses de novembro, dezembro e janeiro com menos de 100mm e os meses de fevereiro e março com menos de 50mm (o que, na prática, correspondem a deficiências de 70 a 75% nos respectivos volumes mensais). Outubro, embora faça parte da estação chuvosa, não considerei pois é transição e os períodos secos ocasionais são esperados como resquícios do inverno.

 

 

01/1963: 61mm

03/1963: 7mm

11/1963: 89mm

12/1963: 86mm

03/1970: 13mm

01/1971:  85mm

01/1972: 60mm

02/1974: 41mm

11/1974: 84mm

01/1976: 52m

02/1977: 11mm

11/1979: 77mm

02/1981: 7mm

11/1982: 65mm

01/1990: 50mm

01/1995: 89mm

02/2012: 34mm

02/2014: 22mm

01/2019: 88mm

 

 

 

CONCLUSÃO:

 

  • Os bloqueios fortes são raríssimos na primavera (novembro e dezembro). A chuva nesses 2 meses é praticamente garantida (pode ficar abaixo da média, mais é quase certeza que vai "chover bem", ou seja, mais de 100mm). Marquei eles em amarelo na lista.
  • A grande maioria dos eventos fortes de ASAS ocorrem no verão mesmo (JFM), mas não são comuns
  • Por causa desse fator acima, os meses de verão (JFM) podem apresentar grande variabilidade pluviométrica de um mês para o outro, com destaque para janeiro.
  • A maioria das estações chuvosas têm chuva relativamente regular ao longo dos meses. Ou seja, temos os picos naturais mais e menos úmidos, mas a chuva não fica realmente escassa por muito tempo.
  • Nesses 60 anos de dados (2 normais), com um total de 300 meses considerados no cálculo (NDJFM de 1961 até 2020), foram apenas 19 meses sob forte atuação da ASAS (segundo o critério que usei) ou apenas 6,3% dos meses. Ou seja, de fato, a atuação intensa da asas é rara em nosso verão.
  • Já houve um precedente de irregularidade pluviométrica parecido com esse recente desta década. Ocorreu  entre 1971 e 1977, quando 3 meses de janeiro tiveram enorme déficit de chuvas (além de outros também importantes). 

 

DISCUSSÃO

 

Esse levantamento não é perfeito, pois tivemos 3 janeiros recentes (2014, 2015 e 2017) que ficaram poucos mm acima de 100mm e não entraram nessa lista. Mas dá pra ter uma ideia geral da frequência de bloqueios fortes no verão belo horizontino.

Também podemos pensar no que chamamos de bloqueio forte. Dezembro de 2019 e janeiro de 2014  tiveram entre 100 e 125mm acumulados, ambos foram bem abaixo da média, mas todos sabem que foram meses completamente diferentes. O primeiro bem mais encoberto e com chuvas (fracas) mais frequentes que o segundo.

Se alguém tiver alguma correção ou complemento, fique a vontade.

 

 

Bom, saiu um artigo, hehehe.

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Em 14/04/2020 em 22:34, LeoP disse:

 

Aldo, fiz um levantamento dos meses que considero sob forte atuação de bloqueio aqui em Belo Horizonte e, realmente, o que você falou de Sampa também se aplica aqui. Para isso, considerei os meses de novembro, dezembro e janeiro com menos de 100mm e os meses de fevereiro e março com menos de 50mm (o que, na prática, correspondem a deficiências de 70 a 75% nos respectivos volumes mensais). Outubro, embora faça parte da estação chuvosa, não considerei pois é transição e os períodos secos ocasionais são esperados como resquícios do inverno.

 

 

01/1963: 61mm

03/1963: 7mm

11/1963: 89mm

12/1963: 86mm

03/1970: 13mm

01/1971:  85mm

01/1972: 60mm

02/1974: 41mm

11/1974: 84mm

01/1976: 52m

02/1977: 11mm

11/1979: 77mm

02/1981: 7mm

11/1982: 65mm

01/1990: 50mm

01/1995: 89mm

02/2012: 34mm

02/2014: 22mm

01/2019: 88mm

 

 

 

CONCLUSÃO:

 

  • Os bloqueios fortes são raríssimos na primavera (novembro e dezembro). A chuva nesses 2 meses é praticamente garantida (pode ficar abaixo da média, mais é quase certeza que vai "chover bem", ou seja, mais de 100mm). Marquei eles em amarelo na lista.
  • A grande maioria dos eventos fortes de ASAS ocorrem no verão mesmo (JFM), mas não são comuns
  • Por causa desse fator acima, os meses de verão (JFM) podem apresentar grande variabilidade pluviométrica de um mês para o outro, com destaque para janeiro.
  • A maioria das estações chuvosas têm chuva relativamente regular ao longo dos meses. Ou seja, temos os picos naturais mais e menos úmidos, mas a chuva não fica realmente escassa por muito tempo.
  • Nesses 60 anos de dados (2 normais), com um total de 300 meses considerados no cálculo (NDJFM de 1961 até 2020), foram apenas 19 meses sob forte atuação da ASAS (segundo o critério que usei) ou apenas 6,3% dos meses. Ou seja, de fato, a atuação intensa da asas é rara em nosso verão.
  • Já houve um precedente de irregularidade pluviométrica parecido com esse recente desta década. Ocorreu  entre 1971 e 1977, quando 3 meses de janeiro tiveram enorme déficit de chuvas (além de outros também importantes). 

 

DISCUSSÃO

 

Esse levantamento não é perfeito, pois tivemos 3 janeiros recentes (2014, 2015 e 2017) que ficaram poucos mm acima de 100mm e não entraram nessa lista. Mas dá pra ter uma ideia geral da frequência de bloqueios fortes no verão belo horizontino.

Também podemos pensar no que chamamos de bloqueio forte. Dezembro de 2019 e janeiro de 2014  tiveram entre 100 e 125mm acumulados, ambos foram bem abaixo da média, mas todos sabem que foram meses completamente diferentes. O primeiro bem mais encoberto e com chuvas (fracas) mais frequentes que o segundo.

Se alguém tiver alguma correção ou complemento, fique a vontade.

 

 

Bom, saiu um artigo, hehehe.

LeoP,

todos os meses citados de pouca chuva em BH,foram de pouca chuva aqui em Laje do Muriaé e Patrocínio do Muriaé(estação pluviométrica da ANA, que fica apenas 11km linha reta daqui de casa,sendo referência para chuvas de 1935 a 1976), o único mês de todos que choveu muito aqui foi novembro 1979, com mais de 300 mm.

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  • 1 month later...

Foi mal pela demora, estava esperando o fim oficial da estação chuvosa por aqui, e obrigado pelo menção no tópico @LeoP!

 

Desde 2018, tenho postado o resumo das estações chuvosas em Queimada Nova no tópico de resumos climatológicos anuais. Pra não ficar igual ao post que ainda vou postar lá, decidir fazer este post com foco principal nas chuvas mais volumosas, e deixar a parte sobre os acumulados mensais e análises lá, vai ser até melhor por que vou conseguir colocar mais informações interessantes, já que serão 2 post.

 

 

A estação chuvosa de 2020, que desta vez compreendeu as chuvas entre 22 de outubro e 20 de maio, teve o acumulado de 1056 mm. Infelizmente não temos um monitoramento antigo na cidade então é difícil falar sobre recordes, mas arriscaria dizer com base nos pluviômetros próximos que essa foi a melhor estação chuvosa desde 1988 ou 1985. O acumulado do trimestre JFM (que é o mais chuvoso do ano) foi de 602 mm.


Em relação a dias chuvosos (>50 mm) nesta estação chuvosa ocorreram 6. Sendo que nas 2 últimas estações chuvosas não ocorreu nenhum dia assim. Aliás, se juntar o acumulado dessas 2 estações chuvosas não dá o que choveu na atual.

Então vamos a relação dos dias com acumulado acima de 50 mm deste "verão":

 

1. 08/12/2019 - 53 mm


Foram 4 chuvas diferentes neste dia, a primeira ocorreu às 5h da manhã com acumulado de 7 mm. Os 46 mm restantes ocorreram em 3 núcleos entre o final o da tarde até por volta das 22h30m, o que é bastante raro, já que dificilmente ocorre mais de uma chuva num período tão curto por aqui. Esse foi um dos 2 dias de chuva de dezembro.

 

2. 08/01/2020 - 60 mm

 

Núcleo muito grande que afetou todo o sudeste piauiense, como mostra as imagens de satélite daquela manhã. Os acumulados foram ainda maiores em cidades próximas como Lagoa do Barro do Piauí e São Francisco de Assis do Piauí, que teriam registrado mais de 100 mm segundo pluviômetros de moradores. Mas o maior acumulado ocorreu em Jacobina do Piauí que registrou 224 mm conforme noticiaram sites locais. As informações são condizentes com as imagens de radar do evento.

 

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3. 22/01/2020 - 59 mm

 

Foi uma chuva que ocorreu entre o fim da madrugada e a manhã. O núcleo que provocou a chuva era relacionado a um núcleo grande que provocou chuva principalmente no vale do São Francisco, causando inclusive 153 mm em Lagoa Grande - PE, o que provocou diversos alagamentos naquela cidade. Em Queimada Nova a chuva mais volumosa ocorreu ao sul e oeste da cidade, onde há algumas serras, o que deve ter contribuído com essa chuva.

 

4. 03/02/2020 - 65 mm

 

Temporal fortíssimo no fim da manhã, o rain rate com certeza foi superior a 100 mm/h por algum tempo, já que maior parte da chuva caiu em apenas meia hora.

 

 

Menção honrosa - 06/02/2020 - 44 mm

 

Embora não tenha passado dos 50 mm, essa foi uma das chuvas mais importantes do ano. Ela ocorreu entre o fim da madrugada e a manhã, causando valores bem maiores nas áreas do sul do município, que é onde nascem os riachos daqui, provocando uma grande cheia neles. Além disso, como havia chovido na tarde anterior o acumulado em 24h foi de 68 mm.

Foram núcleos enormes, tanto que 5 municípios do sertão de Pernambuco tiveram acumulados superiores a 100 mm neste dia e quase todo o sertão pernambucano teve acumulados superiores a 30 mm. Desde que acompanho o boletim da APAC nunca vi um dia tão chuvoso como esse no sertão de PE.

 

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Animação de satélite entre 19h30m e 8h30m.

 

5. 11/04/2020 - 109 mm

 

Foram 2 chuvas nesse dia. A primeira foi um forte temporal pela madrugada que causou 65 mm na cidade. A segunda ocorreu às 9h da manhã e foi provocada por um núcleo tão intenso quanto o primeiro, tanto que causou uns 65 mm no local da zona rural onde resido atualmente, na cidade o acumulado foi menor: 44 mm, totalizando os 109 mm. De acordo com informações de sites daqui alguns pontos do município ultrapassaram os 150 mm nesse dia, o que é muito provável pelas imagens de radar. Essa chuva foi a mais forte desde janeiro de 2016, mas nem imaginávamos que algo maior estaria por vi 2 dias depois...

 

As imagens abaixo são de um trecho da rodovia PI-459, que dá acesso ao município:

 

 

6. 13/04/2020 - 112 mm

 

Forte temporal de fim de tarde. Foram 1h50m de chuva, com muitos raios e trovões. Antes da chuva começar o céu ficou extramente escuro, anunciando o temporal que chegaria. Devido ao alto acumulado em tão pouco tempo e o solo já encharcado diversos pequenos reservatórios se romperam no interior do município. Além disso, ocorreu um cheia histórica nos riachos do município, no que passa ao lado daqui, a água cobriu a PI-459 por cerca de 250 metros, algo nunca visto aqui.

 

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Imagens de radar entre 15:00 e 17:40.

 

Depois da meia noite outro núcleo atingiu o município, provocando mais 42 mm, o que deixou o acumulado no intervalado de 15h em 152 mm. Com toda essa água a PI-459 rompeu-se em um ponto, deixando a cidade sem seu principal acesso e, dias depois, isolada.

 

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No total, entre os dias 11 e 14 de abril choveu 264 mm em Queimada Nova, cerca de 43% da média do ano todo.

 

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