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Brasil Abaixo de Zero

Subida ao Pico da Bandeira (2891 m) - 28 e 29/07/2018


Tomás WRuas
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No último fim de semana (28 e 29 de julho), fiz a trilha para subir a terceira montanha mais alta do Brasil: o Pico da Bandeira. Foi na última hora que ficou decidido que eu faria a subida com pernoite para ver o nascer do Sol no Pico. A ideia inicial era subir e descer no domingo mesmo. Só depois percebi como foi acertada a decisão de ter feito a trilha em dois dias. É muito cansativo.

 

A experiência foi absolutamente incrível. Especificamente sobre a meteorologia, tive uma aula impressionante de efeito baixada, tanto ao subir o Pico de madrugada (saímos às 3h da manhã do acampamento Terreirão), quanto no próprio acampamento à noite, onde fiquei perambulando com um termo-higrômetro pra medir as diferenças de temperatura que eu estava sentia muito forte na pele. Depois de experimentá-lo in loco e com tanta força (trago os dados mais abaixo), fiquei maravilhado com o efeito baixada e não serei mais capaz de apequenar o famoso "frio de buraco". Segue o relato:

 

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No último ponto acessível por carro do lado mineiro do Parque - o acampamento Tronqueira, a 1970 metros -, saímos eu, Sairo (o guia) e mais 9 pessoas que estavam no grupo, ali pelas 16h. Fazia uns 19°, sem vento.

 

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Uma das únicas araucárias do caminho. Neste ponto, tinha um pouco de neblina e a temperatura tinha despencado pra 11°.

 

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Chegando no Terreirão.

 

 

A subida levou cerca de 2h até o acampamento Terreirão (2370 metros), onde passaríamos a noite. Chegamos lá pelas 18h e o acampamento tinha acabado de ser sombreado. A temperatura estava desabando.

 

 

Subi em umas pedras para ver o pôr do sol e levei o termômetro. A temperatura desabou de 7° para 2° em cerca de 40 minutos no topinho que estava servindo de mirante. Foi de onde gravei este vídeo, com destaque (zoom) no Pico da Bandeira:

 

O ponto onde mais tarde eu registraria a menor temperatura é entre a mancha branca no chão e a mesa de madeira.

 

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Temperatura desabando.

 

 

Depois, comi alguma coisa e fui tirar umas fotos. Quando cheguei ao centro do acampamento (eu estava mais para o canto) senti que o ar estava MUITO gelado. As luvas não eram suficientes pro frio que fazia por lá. Voltei, peguei o termômetro que estava ao lado do alojamento estagnado em 2° e fui caminhando com ele na mão pelo acampamento. Já era 21h. Cheguei no centro do camping e tinha geada na grama e muito gelo nas barracas.

 

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O marcador do termômetro foi desabando. Marcou -2,9° no ponto mais frio, no centro do acampamento. Andei uns metros pro lado, ele subia, quase positivava. Pro outro lado, idem. Subi no ponto de onde tirei as fotos do pôr do Sol, uns dois metros verticalmente mais alto que o camping: 4,0° positivos. uma diferença de 7 graus em apenas 20 metros. No topinho ventava bem fraco. Fui então pra onde eu estava instalado, no alojamento, e lá fazia 3° e podia-se ficar sem luva tranquilamente. Detalhe: o alojamento era dentro da baixada. Ou seja, certamente havia diferenças de temperatura de mais de 7° dentro mesmo da baixada. Tudo graças ao frágil bolsão de ar frio de uma baixada rasa a 2370 metros de altitude em uma noite extremamente seca.

 

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Frio muito seco.

 

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Corri até a placa pra tentar bater foto com ela ao fundo, mas foi só o tempo de bater outra foto e...

 

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O termômetro já atualizou muito menos frio, dentro da baixada, sem diferença significativa de relevo nenhuma.

 

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No dia seguinte, acordamos às 2h30min e tomamos café. A temperatura no acampamento baixada havia se tornado homogênea, devido a um fraco vento que quebrara o bolsão de ar frio. Os comentários de que havia esquentado eram muitos. Fazia 5°. Iniciamos a subida às 3h da madrugada. A caminhada foi incrível. Pontos com vento, pontos sem. Temperatura em gangorra. Medi -0,7° em um ponto mais plano aos pés do Pico da Bandeira (como estava caminhando e a área mais fria era pequena, não deu tempo de deixar o marcador estabilizar, provavelmente fazia uns -2°) e até 5° em outros lugares. Tinha geada nas baixadas e um fiozinho d'água congelado no caminho.

 

 

Chegamos em torno das 6h40min. No Pico, um cenário único: o Sol nascendo de um lado e a Lua cheia se pondo do outro. Cobertura de nuvens abaixo de nós e nada, nada mesmo, acima. Uma experiência indescritível. Fazia 5° antes do sol nascer, salvo engano. Vento era fraco.

 

 

 

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Iniciamos a descida às 7h30min. Finalmente pude ver o cenário que tinha acabado de percorrer às escuras. Ainda havia pontos com geada e placas de gelo onde havia água e sombra.

 

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O Pico da Bandeira visto da trilha.

 

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Este é o ponto de baixada aos pés do Pico que registrei negativa e geada.

 

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Acampamento Terreirão (2370 m) visto de cima.

 

A trilha era praticamente só pedra do Terreirão até o Pico.

 

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Geada na volta em muitos pontos sombreados mais baixos.

 

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Terreirão.

 

Chegamos no Terreirão às 10h. Ficamos cerca de uma hora, lanchamos, e partimos. Já chegando ao Tronqueira, por volta das 12h, era este o cenário:

 

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Experiência única, que recomendo a todos que experimentem ao menos uma vez. Vale muito à pena o sofrimento!

 

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Tomás WRuas,

estou vendo as imagens com calma, gosto de observar detalhes, analisar a paisagem, por enquanto vi um vídeo, aquele que mostra a placa com altitude do Terreirão e as barracas com as casas de alvenaria.

Reparei na imagem de uns capins esbranquiçados num ponto mais baixo, será que era geada formando logo depois das 18 horas?

Muito legal sua aventura no Pico do Caparaó, mais tarde ou amanhã faço mais comentários.

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Massa o seu relato. Já fui algumas vezes ao Pico da Bandeira e sem duvida, o acampamento Terreirão tem um dos pontos mais frios. O frio mais intenso que já enfrentei no Caparaó foi no Terreirão. Estava sentado perto do banheiro, com 1º negativo e ao começar a andar alguns metros, o termômetro foi a 5º negativos. Tento imaginar como estava essa área naquele dia que deu todo aquele gelo no topo. Infelizmente não teve nenhum registro do terreirão.
Subo sábado agora para ver o sol nascer no domingo. Perspectiva de chuva por lá.

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  • 3 weeks later...
1 hora atrás, marinhonani disse:

Uma pena que não deixaram instalar uma estação PWS da Universidade Federal de Vitória no Terreirão.

 

Uma pena mesmo.

 

A nova administração do Parque (desde julho) é muito mais acessível e não dever ter tomado conhecimento desse projeto da universidade. Tenho certeza que acolheriam muito melhor a proposta.

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Em Monday, August 20, 2018 em 17:53, marinhonani disse:

Uma pena que não deixaram instalar uma estação PWS da Universidade Federal de Vitória no Terreirão.

Com certeza Nani, seria muito interessante acompanhar o clima da região e com certeza teríamos marcas incríveis. ..uma pena mesmo. ..

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16 horas atrás, ricardosilva disse:

Muito show...parabéns.

 

Tenho muita vontade de ir pra lá tbm...a subida é fácil? requer algum equipamento especial?

 

A subida, posto que é um pico de 2891 metros, é considerada fácil. Ou seja: não requer nenhum equipamento especial. Isso não quer dizer que seja tranquila. Cansa por demais e tem partes muito íngremes em pura rocha, principalmente na chegada ao Pico. Por isso que a chegada é uma vitória pessoal muito grande. 

 

Vale muito a pena fazer. Recomendo a subida com pernoite no Terreirão pra ver o nascer do sol no Pico, que é uma experiência fantástica. É bom consultar guias locais pra fazer essa.

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