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Brasil Abaixo de Zero

A super onda de frio do inverno de 1955


Rafael
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Quarta - feira, 27 de julho de 1955. Naquela data - há 50 anos - tinha início a que talvez seja , a mais espetacular onda de frio já registrada oficialmente no Brasil. Inclusive, pode-se afirmar isto, comparando os dados colhidos durante aquela onda polar com outros episódios de frio intenso ocorridos no país no período 1912 - 2004, para o qual há dados meteorológicos suficientes.

 

E é a apresentação detalhada dos eventos daquele ano a que se destina este artigo.

 

Análise geral do evento:

 

A onda polar que atingiu o Brasil no final do mês de julho de 1955 foi marcante em pelo menos 5 aspectos, os quais fazem daquela uma onda de frio histórica.

 

O primeiro deles diz respeito à área de nosso território afetada pela massa polar. A análise dos dados meteorológicos disponíveis sobre o evento mostra que a onda de frio literalmente derrubou as temperaturas em mais de 60% do território nacional, ou seja, MAIS DE 5 MILHÕES DE QUILÔMETROS QUADRADOS FORAM AFETADOS POR ELA. E mais: embora não tenha sido possível obter as cartas sinóticas da ocasião, os dados indicam que a frente fria ULTRAPASSOU A LINHA DO EQUADOR.

 

Logo se percebe que poucas vezes houve outras ondas de frio tão abrangentes espacialmente no Brasil, como esta de 1955 e que talvez somente a onda polar de julho de 1975 a tenha superado.

 

O segundo aspecto, a extensão territorial afetada pelas geadas, também mostra quão excepcional foi a onda de frio. Estima-se que o fenômeno tenha ocorrido em até 90% da área total da Região Sul; chegou a gear na maior parte do litoral gaúcho - para não dizer todo - e também em boa parte do litoral catarinense e em algumas regiões do litoral paranaense.

 

Quanto ao terceiro aspecto, o que se refere à extensão, intensidade e duração das nevadas, pode-se dizer que este foi bem anormal, ou pelo menos, bastante raro. Nevou nos três estados sulinos em grande quantidade, acumulando no solo até 70 cm de neve na serra catarinense, segundo alguns dados indicam. Além disso, no alto da Serra Gaúcha, o fenômeno ocorreu durante 4 dias consecutivos, sendo a nevada mais duradoura já registrada na região até hoje.

 

E por fim, a extensão também foi maior que a habitual, tendo sido registrado o fenômeno em áreas de baixa altitude do Rio Grande do Sul e numa expressiva parte do Paraná.

 

Já o quarto aspecto - a questão das TEMPERATURAS MÁXIMAS - foi singular nesta onda de frio. Foram registradas máximas muito baixas em toda a Região Sul e parte do Sudeste; principalmente no auge do evento. Pode-se citar como exemplo o caso de São Joaquim (SC), que registrou MÁXIMAS ABAIXO DE 0ºC durante 3 dias seguidos.

 

O quinto e último aspecto refere-se às TEMPERATURAS MÍNIMAS, que também foram excepcionalmente baixas no dia mais frio. Inclusive, a onda de 55 cravou o recorde histórico de frio do Rio Grande do Sul e o da cidade de São Paulo, além de ter feito tiritar centenas de cidades brasileiras.

 

E além destes 5 aspectos, há ainda um fato muito relevante: quando se analisa o fator ABRANGÊNCIA ESPACIAL, em conjunto com o fator INTENSIDADE DA QUEDA DE TEMPERATURA, nota-se que NENHUMA OUTRA ONDA DE FRIO NOS REGISTROS CONSEGUIU DERRUBAR COM TANTA FORÇA A TEMPERATURA NUMA ÁREA TÃO GRANDE, AO MESMO TEMPO. Por exemplo: Em J0ulho de 1918, registrou-se a onda de frio mais intensa do século XX no Sul do Brasil, mas na mesma ocasião o Centro-Oeste não sofreu temperaturas tão baixas; em Cuiabá a mínima foi de 9,9ºC.Em outra onda, no mês de junho de 1925, as temperaturas caíram muito no Sudeste, Centro - Oeste e na maior parte da Região Sul, porém a mínima absoluta no Rio Grande do Sul e no litoral catarinense não foi tão baixa.

 

Da mesma forma, em julho de 1933, apesar do frio ter sido intenso, as mínimas foram relativamente altas em todo o litoral do Sul e em parte do Sudeste.

 

Já no caso da onda polar de 55 , a história foi outra: foram registradas temperaturas excepcionalmnte baixas em todo o Centro - Sul e parte da Amazônia, de maneira simultânea; até mesmo na faixa litorânea do Sul e do Sudeste.

 

E após uma comparação cuidadosa com os registros de outras grandes ondas polares que também marcaram época no país, pode-se afirmar com segurança que AO SE CONSIDERAR O TERRITÓRIO BRASILEIRO COMO UM TODO, A ONDA POLAR DE 1955 FOI A MAIS FORTE E POR ISSO A MAIS IMPORTANTE JÁ REGISTRADA OFICIALMENTE NO BRASIL.

 

Tais fatos demonstram a razão pela qual a onda de frio de 1955 merece o título de super.

 

O EVENTO DE 55 EM SI:

 

Obs: Todos os dados de temperatura divulgados abaixo são do INMET.

 

Terça - feira , 26 de julho de 1955:

 

No sul do Chile e sudoeste da Argentina configura-se uma invasão polar de trajetória continental, ao mesmo tempo que grande parte do Brasil encontra-se sob um forte veranico.

 

Quarta - feira , 27 de julho de 1955:

 

A massa de ar polar de grande intensidade que estava no sul do continente avança para o norte e chega ao Rio Grande do Sul.Durante o dia a temperatura despenca no estado e os registros do INMET revelam que NEVA a partir da tarde em Bom Jesus.Enquanto isso, o estado de São Paulo vive o começo da situação pré-frontal, com bastante vento.

 

Quinta - feira , 28 de julho de 1955:

 

A massa polar, apesar da grande intensidade, enfrenta muita resistência e por isso avança lentamente pelo Brasil. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina faz muito frio, além de nevar. Em Bom Jesus (RS), neva forte durante a tarde e a noite.

No Paraná, a temperatura só cai mesmo a partir do meio da tarde e no estado de São Paulo a pré-frontal continua com força. No interior, a massa polar avança em direção à Amazônia.

 

Na Argentina, a massa de ar irrompe com força total para o Brasil.

 

Sexta - feira , 29 de julho de 1955:

 

O bloqueio perde força, mas o ar polar ainda avança devagar através do Brasil. No Centro-Oeste, a onda de frio chega a Cuiabá e tem início uma forte friagem. Em São Paulo, o tempo muda à tarde com a chegada da frente fria e as temperaturas despencam.

 

Neva muito nas Serras Gaúcha e Catarinense. Em Bom Jesus (RS), consta nos registros intensa queda de neve durante as 24 horas do dia.

 

Em São Joaquim (SC), além da nevasca, a temperatura máxima foi negativa, tendo ficado na casa dos -1ºC.

 

Em Joaçaba, no interior catarinense, nevou a tal ponto que houve interrupção no tráfego de algumas ruas; a precipitação também durou o dia inteiro.

 

E até o fim do dia, a neve chegaria ao Paraná.

 

Na cidade de Porto Alegre (RS), a máxima foi de apenas 8,5ºC , uma das menores registradas até hoje.

 

Sábado, 30 de julho de 1955:

 

A onda de frio atua com fortíssima intensidade no Sul, em parte do Sudeste, na maior parte do Centro-Oeste e ainda em parte da Amazônia.

 

O dia amanhece gelado desde o Rio Grande do Sul até o Amazonas

 

Em Cuiabá a mínima chega a 4,3ºC e na cidade de Lages (SC), à casa dos -5ºC.

 

Neste dia, ainda neva nas Serras Gaúcha e Catarinense - já com menor intensidade - e intensamente numa vasta região do Paraná.Neste último estado, a cidade de Palmas recebeu de 30 a 50 cm de neve , quantidade esta pouco freqüente.

 

Neva também nas cidades paranaenses de Clevelândia , Francisco Beltrão, Santo Antônio, União da Vitória, Inácio Martins, Guarapuava, Cascavel e Pato Branco - além de outras - sendo que na última o fenômeno ocorreu com forte intensidade.

 

Também em Curitiba parece ter ocorrido o fenômeno. Jornais locais da época afirmam que caíram flocos de neve nos bairros do Bacacheri, Boqueirão e na região do Afonso Pena. Tal fato é perfeitamente plausível, já que segundo os mesmos jornais, a temperatura variou entre -2ºC e 3ºC na cidade naquele dia.

 

Também foi divulgado pela imprensa - inclusive em jornais de grande circulação - a queda de neve em Porto Alegre (RS). Todavia, tal ocorrência não é confirmada pelo INMET.

 

Outro fato digno de nota refere-se à máxima mais baixa registrada em São Joaquim (SC): apenas -2,0ºC. Só em 2 outras ocasiões oficialmente registradas houve máxima tão baixa - em julho de 2000, com -2,0ºC e em julho de 1993, com -2,4ºC.

 

Ao mesmo tempo que tudo isso ocorre no Sul, a massa polar avança mais e chega a Manaus (AM). Ao longo do dia o tempo abre em toda a Região Sul.

 

Domingo, 31 de julho de 1955:

 

A onda de frio atua no auge de sua força em todo o Centro-Sul e numa boa parte da Amazônia.

 

Na Região Sul, o céu limpo na madrugada favorece a queda da temperatura e a formação de fortes geadas. A FRIAGEM também atua com força total na Amazônia. Veja algumas mínimas registradas no Brasil naquele dia:

 

Guarapuava (PR): -8,4ºC.

São Joaquim (SC): -8,1ºC.

Ivaí (PR): -6,0ºC.

Curitiba (PR): -5,0C.

Aquidauana (MS): -0,9ºC.

Paranaguá (PR): 2,3ºC.

Laguna (SC): 2,4ºC.

Florianópolis (SC): 4,0ºC.

Cruzeiro do Sul (AC): 10,2C.

Manaus (AM): 18,5C.

 

 

Naquela manhã , as geadas devastaram as lavouras do Paraná.

 

Em São Paulo , geou apenas na cidade de Catanduvas, que registrou mínima de -1ºC. No leste do estado , o céu ficou limpo a partir da tarde e as temperaturas despencaram a noite.

 

No Amazonas, a onda polar ultrapassou a linha do Equador.

 

Obs: A temperatura máxima em São Joaquim(SC) foi apenas -1,2C.

 

Segunda, 01 de agosto de 1955 :

 

Durante a madrugada , o frio atingiu seu auge e o amanhecer foi frígido no Centro - Sul. Eis algumas mínimas:

 

Bom Jesus (RS): -9,8C. Recorde de frio histórico do estado.

Alegrete(RS): -3,0C.

Bagé(RS): -2,0C.

Iraí(RS): -4,3C.

Passo Fundo(RS): -2,5C.

Pelotas(RS): -3,4C.

Porto Alegre(RS): -1,2C.

São Luiz Gonzaga(RS): -1,2C.

Santa Maria(RS): -2,0C.

São Joaquim(SC): -6,4C.

Urussanga(SC): -4,6C.

Camboriú(SC): -1,2C.

Castro(PR): -7,5C.

Rio Negro(PR): -7,2C.

Ivaí(PR): -6,1C.

Jaguariaíva(PR): -2,7C.

Paranaguá(PR): 3,8C.

Avaré(SP): 0,3C.

São Paulo(Sp): 1,5C no Mirante de Santana e 0,7C no horto florestal.

Cuiabá(MT): 9,0C.

Alto Tapajós(PA): 11,1C.

Uaupés(AM): 18,1C.

Manaus(AM): 19,0C.

Iauaretê(AM): 16,5C. Obs: Iauaretê está localizada em 00 º18′ S.

Cruzeiro do Sul (AC): 9,6C.

Aquidauana(MS): -2,2C.

Corumbá(MS): 3,3C.

 

 

Obs:como se pode ver , a onda polar alcançou a linha do Equador.

 

As geadas foram muito intensas em toda a Região Sul e atingiram também boa parte de São Paulo.

 

Houve geadas nas cidades paulistas de Catanduvas, Limeira , Avaré, Itú, Monte Alegre do Sul , Tatuí e Presidente Prudente. Nesta última a mínima ficou na casa dos -1ºC.

 

Neste dia , a onda de frio começou a enfraquecer , mas ainda manteve as temperaturas baixas / amenas ao longo do dia.

 

Terça - feira , 02 de agosto de 1955:

 

A onda de frio perde força rapidamente, mas o dia foi marcado por frio intenso pela manhã , principalmente em São Paulo.Mínimas:

 

Camboriú(SC): -1,2C.

São Paulo(SP): -2,1C.

Santos(SP): 4,3C.

Iguape(SP): 3,2C.

Angra dos Reis(RJ): 9,9C.

Itajubá(MG): 1,2C.

Barcelos(AM): 18,3C.

 

 

No dia 03 ainda foram registradas mínimas negativas no Sul do país , mas no dia 04 o ar frio já se dissipava totalmente.

 

Mesmo assim, Teresópolis registrou 1,2C apenas.

 

Foi o fim da super onda polar do inverno de 1955.

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Sempre bom rever estas análises. Ficamos sempre tentando imaginar quanto não teria feito nas estações mais frias que temos hoje.

 

SJ-INMET com estes valores também é "insano". Dia 31, o dia para topos e dia 1°, o dia das baixadas.

 

-1,2°C em Camboriú. No Vale do Itajaí (Vale Europeu), deve ter ficado na casa dos -2°C pelo menos, nas áreas baixas.

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Uma onda de frio nunca consegue ser histórica para todos os lugares do Brasil simultaneamente. Mas todas as MPs que conseguem trazer frio forte para a maior parte do país, eu considero como sendo uma "super MP", e essa daí foi um belo exemplo, sem dúvidas!

 

Está no mesmo patamar dos eventos de 1975, 1979, 1985 e 2000.

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Tem -9,4°C em Palmas e -7,5°C em Apucarana, provavelmente IAPAR no dia 31. Tem -6,7°C em Porto União (acho que EPAGRI, não sei a data), e -7,5°C em Castro no dia 1°.

 

Eu tinha mais dados sobre esta onda de frio. Estão perdidos em algum lugar.

 

Uau,minima impressionate essa de Apucarana mas deve ter sido em uma baixadona sendo que essa mp de 55 teve minimas estrondosas no norte do Parana mas devido ao seco no geral foi bem mais fraca que 1975,1994,2000,2013 isoterma 0grau nem chegou por aqui.

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A maioria já deve saber mas nunca é demais repetir:

No dia 02/08/1955, a estação (Desativada) do INMET no Horto Florestal, zona norte de Sampa, registrou -3,9°C.

No mesmo dia, o aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, então uma simples base aérea, registrou -4,2°C.

 

Daria meu reino :laugh: para saber quanto deu no aeroporto Campo de Marte naquele dia.

O Mirante, um super topo, registrou -2,1°C.

Quanto teria registrado o Campo de Marte, na várzea do Tietê, num baixadão 70 m abaixo do Mirante?

Já vi diferença de 3°C na mínima, entre os 2 locais, a apenas 2 km um do outro.

 

A exemplo de 1975, esta histórica MP chegou na Amazônia mas mal passou do sul de MG, pouco afetando BH, por exemplo.

 

A mínima de -9,4°C em Palmas-PR é do INMET.

A estação do INMET em Palmas foi desativada nos anos 1990, se não me engano.

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  • 2 weeks later...
Olhando as temps em Sampa , creio que fez um frio respeitável ai !

 

Isso era o centro de Itapevi em meados da década de 1950... a população na época não passava de sete mil habitantes:

 

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Será que bateu -5ºC nessa onda de frio de 1955?

 

 

Facil ou até menos , até hoje surpreende as minimas ai kkk

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  • 2 years later...

Eu tinha 10 anos de idade, meu pai tinha uma Fazenda com plantação de café, a plantação estava com 3 \ 4 anos, em Paranavaí PR,  ouvimos no radio de pilha um dia antes que estava muito frio no Sul e quando chegou no norte do Parana, foi uma tristeza ver a plantação toda queimada. As geadas de 1953 e 1955 foi ruim ...mas a pior onda de frio pra mim foi a geada de Julho de 1963 Geada Negra...
"Em 1975 o Paraná ostentava 32% da população cafeeira nacional e a geada eliminou 200 milhões de pés, enquanto que 700 milhões foram severamente danificados"Jornal Folha de Londrina

Edited by lira gil
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  • 11 months later...

Algumas MÁXIMAS da onda de frio de 1955 (SC e RS):

28/07:

  • 1,5° São Francisco de Paula, RS
  • 2,6° Soledade, RS
  • 2,8° Caxias do Sul, RS
  • 3,2° Palmeira das Missões, RS
  • 3,6° Bom Jesus, RS
  • 4,0° Bento Gonçalves, RS
  • 4,1° Lagoa Vermelha, RS
  • 4,5° Vacaria, RS
  • 5,8° Santiago, RS
  • 6,1° Xanxerê, SC (invertida)
  • 6,8° São Joaquim, SC (invertida)

 

29/07:

  • -1,0° São Joaquim, SC
  • 0,5° Vacaria, RS
  • 0,7° Campos Novos, SC
  • 1,0° Caxias do Sul, RS
  • 1,5° Lagoa Vermelha, RS
  • 1,5° São Francisco de Paula, RS
  • 1,8° Soledade, RS
  • 2,5° Bento Gonçalves, RS
  • 3,0° Palmeira das Missões, RS
  • 4,0° Bom Jesus, RS
  • 4,6° Encruzilhada do Sul, RS
  • 5,5° Xanxerê, SC
  • 6,1° Santana do Livramento, RS

 

30/07:

  • -2,2° São Joaquim, SC
  • 0,4° Bom Jesus, RS
  • 2,0° São Francisco de Paula, RS
  • 3,0° Soledade, RS
  • 3,0° Vacaria, RS
  • 3,8° Caxias do Sul, RS
  • 4,0° Encruzilhada do Sul, RS
  • 4,5° Bento Gonçalves, RS
  • 4,6° Campo Alegre, SC
  • 4,9° Xanxerê, SC
  • 5,0° Piratini, RS
  • 5,3° Santana do Livramento, RS
  • 6,4° Bagé, RS
  • 8,5° Jaguarão, RS

 

31/07:

  • -1,6° São Joaquim, SC
  • 2,6° Bom Jesus, RS
  • 3,2° São Francisco de Paula, RS
  • 5,2° Caxias do Sul, RS

Dados do livro Neve no Brasil, de Nilson Wolf. Agradeço ao @stankevecz1 pelos dados.

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7 horas atrás, Tomás WRuas disse:

Algumas MÁXIMAS da onda de frio de 1955 (SC e RS):

28/07:

  • 1,5° São Francisco de Paula, RS
  • 2,6° Soledade, RS
  • 2,8° Caxias do Sul, RS
  • 3,2° Palmeira das Missões, RS
  • 3,6° Bom Jesus, RS
  • 4,0° Bento Gonçalves, RS
  • 4,1° Lagoa Vermelha, RS
  • 4,5° Vacaria, RS
  • 5,8° Santiago, RS
  • 6,1° Xanxerê, SC (invertida)
  • 6,8° São Joaquim, SC (invertida)

 

29/07:

  • -1,0° São Joaquim, SC
  • 0,5° Vacaria, RS
  • 0,7° Campos Novos, SC
  • 1,0° Caxias do Sul, RS
  • 1,5° Lagoa Vermelha, RS
  • 1,5° São Francisco de Paula, RS
  • 1,8° Soledade, RS
  • 2,5° Bento Gonçalves, RS
  • 3,0° Palmeira das Missões, RS
  • 4,0° Bom Jesus, RS
  • 4,6° Encruzilhada do Sul, RS
  • 5,5° Xanxerê, SC
  • 6,1° Santana do Livramento, RS

 

30/07:

  • -2,2° São Joaquim, SC
  • 0,4° Bom Jesus, RS
  • 2,0° São Francisco de Paula, RS
  • 3,0° Soledade, RS
  • 3,0° Vacaria, RS
  • 3,8° Caxias do Sul, RS
  • 4,0° Encruzilhada do Sul, RS
  • 4,5° Bento Gonçalves, RS
  • 4,6° Campo Alegre, SC
  • 4,9° Xanxerê, SC
  • 5,0° Piratini, RS
  • 5,3° Santana do Livramento, RS
  • 6,4° Bagé, RS
  • 8,5° Jaguarão, RS

 

31/07:

  • -1,6° São Joaquim, SC
  • 2,6° Bom Jesus, RS
  • 3,2° São Francisco de Paula, RS
  • 5,2° Caxias do Sul, RS

Dados do livro Neve no Brasil, de Nilson Wolf. Agradeço ao @stankevecz1 pelos dados.

Tomás WRuas,

As 2 menores máximas de Vacaria,Encruzilhada do Sul e Santana do Livramento nos dias 29 e 30 de julho foram menores do que as 2 menores máximas da onda de frio de julho de 1918 nas 3 cidades.

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13 horas atrás, marinhonani disse:

Tomás WRuas,

As 2 menores máximas de Vacaria,Encruzilhada do Sul e Santana do Livramento nos dias 29 e 30 de julho foram menores do que as 2 menores máximas da onda de frio de julho de 1918 nas 3 cidades.

 

Sim, Nani. Creio que as duas ondas de frio foram parecidas no RS, com 1918 tendo maior destaque nas mínimas. A maioria dos recordes de frio do RS é de 1918. Em compensação, a absoluta do estado é de 1955, os -9,8° de Bom Jesus.

 

Em Porto Alegre, 1918 teve uma sequência parecida com a da onda de frio de 1955:

image.png.38f332df956311f8380049ca4494e3a1.png

 

 

Mas creio que em 1918 as máximas foram com tempo ensolarado, considerando as mínimas tão expressivas.

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  • 1 month later...

É difícil de imaginar uma única massa polar provocando neve e temperaturas máximas negativas durante 3 dias consecutivos e atuando com toda essa intensidade por tanto tempo. É literalmente como se ela tivesse ficado estacionada por vários dias. Por isso me vem a dúvida: será que não foram dois pulsos? E se não foram dois pulsos, o que segurou esse ar polar em cima do BR por tanto tempo? As re-análises são muito vagas pra esse evento. Fiquei indagado com isso porque a de julho/1975, por exemplo, também foi uma super onda de frio, talvez uma das mais fortes do século, mas teve uma duração e uma trajetória relativamente comum. 

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8 horas atrás, Arthur Gama disse:

É difícil de imaginar uma única massa polar provocando neve e temperaturas máximas negativas durante 3 dias consecutivos e atuando com toda essa intensidade por tanto tempo. É literalmente como se ela tivesse ficado estacionada por vários dias. Por isso me vem a dúvida: será que não foram dois pulsos? E se não foram dois pulsos, o que segurou esse ar polar em cima do BR por tanto tempo? As re-análises são muito vagas pra esse evento. Fiquei indagado com isso porque a de julho/1975, por exemplo, também foi uma super onda de frio, talvez uma das mais fortes do século, mas teve uma duração e uma trajetória relativamente comum. 

Em 1955 a massa polar influenciou o tempo sobre o Brasil por muitos dias, o ar frio coincidiu com a umidade no Sul do país causando essas máximas baixas e a neve, depois secou a atmosfera e tivemos geadas até no Pantanal, o maior destaque foi o Oeste do país.

Sobre julho de 1975; houve uma onda de frio no início daquele mês, cuja massa polar entrou pela América do Sul na altura do paralelo 30S com uma pressão de 1022 hpa, o centro dela passou sobre o Sudeste do Brasil provocando muito frio em todo o centro-Sul. O segundo evento ( dias 14-19) foi muito mais intenso para o Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia e metade oeste do Brasil, a pressão isobarica da alta polar chegou a 1045 hpa em quase toda sua trajetória, um cavado sobre o sul e MT impulsionou umidade que permitinerários nevar em áreas pouco comuns (como em Curitiba, Ponta Pora, e sul de SP). Só que ela não conseguiu afetar todo o Sudeste pela falta de um ciclone extratropical.

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16 horas atrás, Arthur Gama disse:

É difícil de imaginar uma única massa polar provocando neve e temperaturas máximas negativas durante 3 dias consecutivos e atuando com toda essa intensidade por tanto tempo. É literalmente como se ela tivesse ficado estacionada por vários dias. Por isso me vem a dúvida: será que não foram dois pulsos? E se não foram dois pulsos, o que segurou esse ar polar em cima do BR por tanto tempo? As re-análises são muito vagas pra esse evento. Fiquei indagado com isso porque a de julho/1975, por exemplo, também foi uma super onda de frio, talvez uma das mais fortes do século, mas teve uma duração e uma trajetória relativamente comum. 

 

Eu já li que, apesar de ser uma massa polar poderosa, ela enfrentou forte bloqueio, o que a teria "segurado" por mais tempo no centro sul.

Tanto que a mínima em Belo Horizonte naqueles dias foi de 11,x°C.

Isto é, a capital mineira praticamente nem sentiu os efeitos daquela onda de frio.

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23 horas atrás, Aldo Santos disse:

 

Eu já li que, apesar de ser uma massa polar poderosa, ela enfrentou forte bloqueio, o que a teria "segurado" por mais tempo no centro sul.

Tanto que a mínima em Belo Horizonte naqueles dias foi de 11,x°C.

Isto é, a capital mineira praticamente nem sentiu os efeitos daquela onda de frio.

Então foi mais ou menos o que aconteceu em julho/2013, quando o bloqueio atmosférico segurou a MP e a nebulosidade da frente fria no centro sul, provocando máximas muito baixas e muita neve. A de 1955 deve ter sido bem mais forte em termos de pressão e a nebulosidade deve ter se dissipado no final, o que justificaria os -2,1 de SP. Mesmo assim, ainda é incrível imaginar uma MP atuando dessa forma por 8 dias... Hoje em dia se faz 3 dias de frio já consideram como onda de frio histórica 😁.

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A primeira alta derivada do ASPS transpôs os Andes na tarde do dia 26:

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Ao longo do dia 27, a alta transiente permaneceu no sul do continente, só recebendo suporte dinâmico do cavado em 500 e provavelmente de outro em altos níveis (o Jato Polar em geral acompanha a linha de 5520 mgp em 500 hPa). Ou seja, a alta estava lá só sendo alimentada por mais ar frio. O que impedia ali um avanço maior do ar frio era justamente a orientação do cavado, quase zonal. Ao fim do dia, as bordas da alta já tinham alcançado o RS e o ar frio já era sentido em SC também.

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Durante todo o dia 28, o cavado continuou praticamente estacionado, ainda quase zonal, mantendo o ar frio preso na Argentina e porções mais ao sul do Brasil. Em razão do ar frio ser pesado e não haver nada impedindo seu avanço pelo interior do continente, penso que o oeste do MS e sudoeste do MT já estavam gelando nesse dia. A partir da tarde, houve um discreto deslocamento do cavado para nordeste, e a alta acompanhou.

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O avanço da alta de fato ocorreu no dia 29, com atuação bem continental e atmosfera extremamente fria do Paraná para baixo. Reparem na imagem das 12Z, que há um reforço do ar frio sendo advectado pela interação entre uma nova transposição do ASPS bem no sul do continente com a baixa logo acima das Malvinas. Notem também que há um novo cavado sendo formado empilhado na baixa das Malvinas. Observem seu desenvolvimento nas imagens do dia 30.

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Dia 30, com ar muito frio atuando e solo já bastante resfriado pelo estabelecimento prolongado do ar polar não só nessa onda, mas em todo o mês de julho de 1955, a nova alta transiente recém-transposta começa a subir junto com um novo e intenso cavado, prolongando ainda mais a onda de frio.

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Durante o dia 31 houve a progressão dessa nova alta, junto com seu cavado, ainda com deslocamento lento pois o cavado continua transversal, de noroeste-sudeste, quase zonal.

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No dia 01/08, o Jato Polar passa sobre a região Sul e a alta é bem intensa. A configuração presente no Pacífico, sem a desagregação do ASPS no litoral do Chile, permite constante advecção de ar polar desde o dia 26 até o dia 2, sem interrupção, só com sua manutenção.

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Dia 2, com o gradual enfraquecimento do cavado, a tropicalização da alta está em curso, mas não sem antes provocar mínimas baixíssimas no leste da região Sul e Sudeste por conta do estabelecimento do núcleo da alta sobre estas regiões.

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CONCLUSÃO: Não havia um bloqueio no Atlântico, uma alta em 500hPa, impedido o avanço do ar frio. O que dificultou seu avanço, mas ao mesmo tempo provocou uma onda de frio espetacular no Sul, na Argentina e Uruguai foi a posição do cavado e sua orientação. Sem sair de lá, o ASPS também não saiu de lá, mas na tentativa de seguir seu curso natural como alta migratória foi mandando seus 'braços' para a América do Sul. Houve, muito provavelmente, uma frente secundária atuando no Sul durante o dia 30, que possivelmente provocou um segundo episódio de neve mais amplo, enquanto já havia ar frio atuando. Então, houve DOIS pulsos de frio durante o evento, mas bem pouco perceptível pelos dados pois não houve aquecimento algum entre eles.

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22 horas atrás, Vinicius Lucyrio disse:

A primeira alta derivada do ASPS transpôs os Andes na tarde do dia 26:

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Ao longo do dia 27, a alta transiente permaneceu no sul do continente, só recebendo suporte dinâmico do cavado em 500 e provavelmente de outro em altos níveis (o Jato Polar em geral acompanha a linha de 5520 mgp em 500 hPa). Ou seja, a alta estava lá só sendo alimentada por mais ar frio. O que impedia ali um avanço maior do ar frio era justamente a orientação do cavado, quase zonal. Ao fim do dia, as bordas da alta já tinham alcançado o RS e o ar frio já era sentido em SC também.

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Durante todo o dia 28, o cavado continuou praticamente estacionado, ainda quase zonal, mantendo o ar frio preso na Argentina e porções mais ao sul do Brasil. Em razão do ar frio ser pesado e não haver nada impedindo seu avanço pelo interior do continente, penso que o oeste do MS e sudoeste do MT já estavam gelando nesse dia. A partir da tarde, houve um discreto deslocamento do cavado para nordeste, e a alta acompanhou.

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O avanço da alta de fato ocorreu no dia 29, com atuação bem continental e atmosfera extremamente fria do Paraná para baixo. Reparem na imagem das 12Z, que há um reforço do ar frio sendo advectado pela interação entre uma nova transposição do ASPS bem no sul do continente com a baixa logo acima das Malvinas. Notem também que há um novo cavado sendo formado empilhado na baixa das Malvinas. Observem seu desenvolvimento nas imagens do dia 30.

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Dia 30, com ar muito frio atuando e solo já bastante resfriado pelo estabelecimento prolongado do ar polar não só nessa onda, mas em todo o mês de julho de 1955, a nova alta transiente recém-transposta começa a subir junto com um novo e intenso cavado, prolongando ainda mais a onda de frio.

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Durante o dia 31 houve a progressão dessa nova alta, junto com seu cavado, ainda com deslocamento lento pois o cavado continua transversal, de noroeste-sudeste, quase zonal.

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No dia 01/08, o Jato Polar passa sobre a região Sul e a alta é bem intensa. A configuração presente no Pacífico, sem a desagregação do ASPS no litoral do Chile, permite constante advecção de ar polar desde o dia 26 até o dia 2, sem interrupção, só com sua manutenção.

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Dia 2, com o gradual enfraquecimento do cavado, a tropicalização da alta está em curso, mas não sem antes provocar mínimas baixíssimas no leste da região Sul e Sudeste por conta do estabelecimento do núcleo da alta sobre estas regiões.

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CONCLUSÃO: Não havia um bloqueio no Atlântico, uma alta em 500hPa, impedido o avanço do ar frio. O que dificultou seu avanço, mas ao mesmo tempo provocou uma onda de frio espetacular no Sul, na Argentina e Uruguai foi a posição do cavado e sua orientação. Sem sair de lá, o ASPS também não saiu de lá, mas na tentativa de seguir seu curso natural como alta migratória foi mandando seus 'braços' para a América do Sul. Houve, muito provavelmente, uma frente secundária atuando no Sul durante o dia 30, que possivelmente provocou um segundo episódio de neve mais amplo, enquanto já havia ar frio atuando. Então, houve DOIS pulsos de frio durante o evento, mas bem pouco perceptível pelos dados pois não houve aquecimento algum entre eles.

Vinicius Lucyrio,

já foi feita a reanálise da onda de frio do período 23 a 26 de junho de 1945?

Quando Xanxerê registrou -11,6, em Lages marcou -7,3 e Porto Alegre registrou -1,9

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  • 3 years later...

Fala Galera! Há um tempo tenho um fascinio por essas ondas de frio e queria perguntar se tem ideia do quanto de temperatura fez em Guarujá/SP ??Acidade e s mínimas comparadas com santos geralmente variam 1 ou 2 graus a mais ou menos. Minha cidade é uma ilha cidade e em 1955 tinha muitas mais arvores,ate hj tem um parque de conservação ambiental da serra do mar...e a mata daqui continua sendo grande mas antigamente era bem mais natural.A população era média pra epoca de provaveis 80 mil habitantes,Santos era mais populosa e registrou 4,3 graus celsius isso é insano,sei que a população não interfere diretamente no clima mas o fenomeno das ilhas de calor,sim.Eu já pesquisei bastante e não consigo achar a temperatura minima historica de outra cidade da baixada santista.

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