Jump to content
Brasil Abaixo de Zero

Uma estranha parede de nuvens no Atlântico


Rafael
 Share

Recommended Posts

O Blog Verde recebeu de um colaborador fotos de uma estranha parede de nuvens que se estende mar adentro, feitas no início de julho de uma plataforma da Petrobras na Bacia de Campos. Parece desenho, feito a mão mesmo. O mistério não vai durar: na segunda-feira, o blog vai ouvir um meteorologista especialista no tema para explicar o fenômeno. Confiram desde já as fotos:

 

297_2551-alt-Nuvens1.jpg

 

297_2551-alt-Nuvens2.jpg

 

297_2551-alt-Nuvens3.jpg

 

297_2551-alt-Nuvens4.jpg

 

297_2551-alt-nuvens5.jpg

http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/post.asp?cod_post=208390&cx=0

Link to comment
Share on other sites

Será que havia uma frente fria passando pela região no dia da foto?

 

Informação fundamental! Outra coisa estranha é que em uma das fotos, aparentemente há 2 nuvens dessas, uma após a outra. Caso fosse roll cloud isso não poderia acontecer, já que existe apenas uma zona divisora entre o ar quente (ascendente) e frio (descendente).

Link to comment
Share on other sites

Será que havia uma frente fria passando pela região no dia da foto?

 

Informação fundamental! Outra coisa estranha é que em uma das fotos, aparentemente há 2 nuvens dessas, uma após a outra. Caso fosse roll cloud isso não poderia acontecer, já que existe apenas uma zona divisora entre o ar quente (ascendente) e frio (descendente).

 

É, duas nuvens arcos eu nunca vi ou é raríssimo! O detalhe é que acima o céu está limpinho.. Como se dá então a formação da Morning Glory?

Link to comment
Share on other sites

Nuvem vista em Campos seria a morning glory

 

297_2551-alt-Nuvens4.jpg

297_2739-alt-morning%20glory1.jpg

No alto, a imagem da Bacia de Campos; logo acima, registro do fenômeno na Austrália

 

O Blog Verde foi atrás de meteorologistas para explicar o estranho fenômeno de uma parede de nuvens na Bacia de Campos, como mostra o post de domingo (clique aqui). Mas, antes d posta científica, quem saiu na frente para explicar a formação rara foi o colaborador Rogério Lourival, morador da Austrália e, pelo visto, amante inveterado de planadores. Ele contou a fantástica história das "morning glory", uma espécie de pororoca dos que é literalmente surfada por pilotos aussies de motoplanadores. Ele explica que a formação de nuvem é de difícil previsão e, quando acontece, vale tanto para o piloto quanto uma onda perfeita para o surfista. É uma dessas interações especiais do homem com a natureza.

 

Leia abaixo, com gosto, o fantástico relato do Rogério:

 

A nuvem em questão é chamada de " Morning Glory", e o motivo vem a seguir:

 

As nuvens Morning Glory são raríssimas no mundo. Isto porque sua formação requer condições muito especiais, não encontradas facilmente em nosso planeta. Essas nuvens podem ter desde um par de quilômetros até 1500 quilometros de comprimento.

 

Uma Morning Glory se forma como uma "pororoca", em que o rio é represado pela maré cheia até que o equilíbrio se rompe e uma onda é formada. No caso da Morning Glory, ela se forma quando uma massa quente de ar tropical descendo do Equador para latitudes baixas encontra uma massa fria e não conseque transpô-la. A pressão se acumula no lado quente, e uma barreira estática de nuvem é formada.

 

Quando o sol nasce e esquenta o ar frio, o equilibrio se rompe, e a nuvem comeca a se mover. Por esse motivo o nome dado é Morning Glory (ou “Gloria da Manhã”): o fenômeno não acontece em hora nenhuma do dia, exceto logo após o nascer do Sol. A Austrália, mais precisamente no Golfo de Carpenteria, no extremo Norte australiano, é o lugar do mundo onde sua incidência é maior, ocorrendo basicamente (e somente) entre o fim de setembro e o fim de outubro.

 

Essa nuvem é tão extensa que pode ser vista por satélites como uma longa tripa. Uma vez formada, a nuvem se desloca para latitudes mais baixas a uma velocidade entre 30 e 50 km por hora, até desaparecer de repente, da mesma maneira que se formou.

 

Foto-satélite da Morning Glory (Nasa)

297_2739-satelite.jpg

 

Sua base normalmente fica entre 200 e 500 metros do solo, e seu topo entre 2000 e 6000 metros de altitude. A grande caracteristica da Morning Glory é que ela é uma nuvem rotativa - ou seja, quando inicia o deslocamento, roda como uma onda no mar, só que ao inverso, pois, ao invés de rodar para frente (como a onda), ela roda para trás. Melhor explicando: imagine se levantarmos a roda de uma bicicleta do chão e a rodarmos para trás, como se estivéssemos querendo forçá-la a andar em marcha ré. É isso exatamente o que acontece com a Morning Glory, e por isso ela é um grande negócio na Austrália.

 

Para pilotos de planadores e ultraleve de todo mundo (incluindo pilotos comerciais de jato, etc), a Morning Glory é o topo do topo no esporte de planeio. Em Outubro de cada ano, a pequena cidade de Burketown recebe centenas de pilotos, todos em busca do maior desafio do esporte: surfar uma Morning Glory. Sim, uma Morning Glory pode ser surfada em sua parede exatamente como os surfistas pegam uma onda do mar, só que por 1500 quilometros e com duracao de até 4 horas. Em Burketown, só existe uma maneira de saber se irá ou não ocorrer uma Morning Glory no dia seguinte: a porta de vidro do freezer do hotel de Burketown, onde as cervejas são guardadas. Se a porta estiver orvalhada por dentro, vai ter uma Morning Glory decente; caso contrário, bebe-se todo o conteúdo do freezer e espera-se pelo dia seguinte.

 

Em tempo: nenhum cientista do mundo sabe exatamente quando uma Morning Glory será gerada. Por isso, o Jeff do pub/hotel de Burketown já recebeu ofertas de mais de US$ 50.000 pelo freezer com mais de 20 anos de uso, e continua se recusando a vender seu instrumento de precisão. Risos.

 

Uma Morning Glory pode ter uma única nuvem ou um trem de nuvens, sendo que a primeira é sempre a verdadeira e a mais consistente para planeios. Às vezes existem duas iguais - uma no rastro da outra - e o piloto experiente sabe que se tentar passar de uma para a outra, a morte é certa, pois levara um "tapa de vento” de cima para baixo. Explico: enquanto a parte da frente da nuvem sobe numa ascendente tão forte que é capaz de colocar um pequeno avião com motor desligado a 3.000 metros de altitude em menos de três minutos, a parte de trás da nuvem desce na mesma velocidade em direção ao solo. (lembre-se que a Morning Glory está rodando para trás ao redor de um eixo imaginário longitudinal, ao mesmo tempo que avanca para frente.)

 

A melhor maneira de se surfar uma Morning Glory é com um motoplanador. O motivo é que, com raríssimas exceções, essas nuvens se formam somente no mar. No caso de Burketown, Austrália, avançam terra adentro para uma area de deserto e mangue coalhada de crocodilos. Se a nuvem se dissolver repentinamente, basta ligar o motor para retornar a base.

 

No entanto, muitos pilotos já morreram de sede e forme no deserto por se empolgarem demais com o planeio ao som de música clássica dentro da cabine. A nuvem desaparece repentinamente, deixando-os no meio do nada, sem uma alma viva num raio de 300 Km. Sobreviventes tiveram que gastar fortunas para retinar seus planadores de lug onde a estrada é voce quem faz, entre arbustos, areia, e áreas alagadas.

 

PS: O fato de uma Morning Glory deste tamanho ter sido fotografada no Brasil é algo incrivel. Talvez seja uma das únicas fotos existentes de uma verdadeira Morning Glory em território brasileiro.

http://oglobo.globo.com/blogs/blogverde/post.asp?cod_post=208882&cx=0

Link to comment
Share on other sites

Join the conversation

You can post now and register later. If you have an account, sign in now to post with your account.

Guest
Reply to this topic...

×   Pasted as rich text.   Paste as plain text instead

  Only 75 emoji are allowed.

×   Your link has been automatically embedded.   Display as a link instead

×   Your previous content has been restored.   Clear editor

×   You cannot paste images directly. Upload or insert images from URL.

 Share

×
×
  • Create New...

Important Information

By using this site, you agree to our Guidelines.