Fernão Cardim, jesuíta, em meados de 1600, escreveu o seguinte sobre o clima do Brasil:
"O clima do Brasil geralmente he de bons, delicados e salutíferos ares, donde homens vivem até noventa, cento e mais annos; geralmente não tem frios, nem calores, ainda que no Rio de Janeiro até São Vicente há frios e calores, mas não muito grandes. Os céus são muito puros e claros, principalmente à noite. O inverno começa em março e acaba em agosto, o verão começa em setembro e acaba em fevereiro."
Ainda sobre o Rio:
"O inverno se parece com a primavera de Portugal: tem uns dias formosissimos tão aprazíveis e salutiferos que parece os corpos bebendo vida."
Sobre a atual região de São Paulo (na época Vila de Piratininga) Eu também dei uma adaptada no texto.
"É um clima como muito sadio, no inverno o clima é muito frio, com a ocorrência de geadas e dias muito límpidos. Terras são muito férteis, onde há grandes pinheiros, cujas pinhas são maiores do que as de Portugal e são tão abundantes, que há índios que se alimentam quase exclusivamente delas, e ainda que se planta muito trigo e cevada"
Sobre uma grande seca em Pernambuco em 1583:
"Houve tão grande seca (em 1583) que os engenhos d’agua não moeram muito tempo. Houve grande fome, principalmente no sertão de Pernambuco, pelo que desceram do sertão apertados pela fome socorrendo-se aos brancos, quatro ou cinco mil índios. Porém passado aquele trabalho da fome, os que puderam se tornaram ao sertão, excepto os que ficaram em casa dos brancos ou por sua, ou sem sua vontade."
Pero Vaz de Caminha em sua carta(se refere a meados de abril de 1500)
"até agora não pudemos saber que há ouro, nem prata, nem nenhuma cousa de metal, nem de ferro, nem lho vimos. Porém, a terra em si é de muitos bons ares, assim frios e temperados, como os de Entre-Douro-e-Minho, porque neste tempo de agora os achamos como os de lá"
Hans Staden, sobre sua estadia no Brasil entre 1553 e 1554 (eu cheguei a ler este o livro dele, também há partes mais específicas sobre certos locais, e até uma parte que fala sobre a Serra Catarinense)
“o país do Brasil está em parte entre os dois trópicos [...] a gente anda nua e em estação nenhuma do ano faz tanto frio como aqui em Michaelis, mas a parte da terra mais ao sul do Capricórnio é um pouco mais fria"
Gabriel de Souza, sobre a Bahia no ano de 1587:
"Os dias em todo o ano são quase iguais com as noites e a diferença que tem os dias de verão e os do inverno é uma hora até hora e meia. Começa-se o inverno desta província no mês de abril e acaba-se por todo o julho, em o qual tempo não faz frio que obrigue aos homens se chegarem ao fogo, senão o gentio, por que andam despidos. Nesta comarca da Bahia, em rompendo a luz da manhã, nasce com ela juntamente o Sol, assim no inverno como no verão. E em se recolhendo o Sol à tarde, escurece juntamente o dia e cerra-se à noite. Começa o verão em agosto, durando até o mês de março, no qual tempo reinam os ventos nordeste e leste-nordeste e correm as águas na costa ao som dos ventos da parte norte para o sul, pela qual razão se não navega ao longo desta costa senão com as monções ordinárias"
Claude Abbeville em 1612 sobre o clima de São Luís:
"Passando o sol continuamente sobre essa zona tórrida, de um trópico a outro, como em sua morada eterna ou magnífico palácio contempla seus súditos diretamente e de frente, e seus raios sendo perpendiculares e ortogonos, e a reverberação dos mesmos intensos, deve o calor ser extremado a ponto de terem pensado autores acatados (e ainda o pensarem) que somente com grandes dificuldades pode o homem adaptar-se. Mas por merce de Deus, observa-se o contrário na Ilha do Maranhão e terras adjacentes do Brasil, situadas precisamente sob a zona tórrida, a dois e meio graus do Equador, onde passando o sol duas vezes pelo seu zênite, seria de fato o calor insuportável não fosse a incomensurável providência divina atenuar e temperar tal ardor por meios muitas vêzes maravilhosos." (na época se acreditava que o clima perto do trópico seria insuportável de quente, e por não ser, diziam que era algum efeito divino)
Fonte
No final ainda há uma parte falando sobre o clima de Pernambuco, na época das invasões holandesas, mas por ser muito longo, decidi não colocar no post.